1 Kátia Cordélia Cunha Cordeiro1 Nadirlene Pereira Gomes2 Fernanda Matheus Estrela3 Andrey Ferreira da Silva4 Júlia Renata Fernandes Magalhães 5 Josinete Gonçalves dos Santos Lírio6 Estratégias de educadoras no âmbito da escola para prevenção e enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes* 1 orcid.org/0000-0003-1850-8999. Universidade Federal da Bahia, Brasil. 2 orcid.org/0000-0002-6043-3997. Universidade Federal da Bahia, Brasil. 3 orcid.org/0000-0001-7501-6187. Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil. fmestrela@uefs.br 4 orcid.org/0000-0002-1038-7443. Universidade Federal da Bahia, Brasil. 5 orcid.org/0000-0003-0631-2374. Universidade Federal da Bahia, Brasil. 6 orcid.org/0000-0001-7610-3186. Universidade Federal da Bahia, Brasil. * Financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia, Brasil. Recebido: 26/02/2019 Submetido: 12/03/2019 Aceito por pares: 09/04/2019 Aceito: 28/06/2019 DOI: 10.5294/aqui.2019.19.3.8 Para citar este artigo / Para citar este artículo / To reference this article Cordeiro KCC, Gomes NP, Estrela FM, Silva AF, Magalhães JRF, Lírio JGDS. Strategies by Educators within the School Setting to Prevent and Cope with the Experience of Domestic Violence by Adolescents. Aquichan 2019; 19(3): e1938. DOI: https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.3.8 RESUMO Objetivo: identificar, no discurso de educadoras, que estratégias elas podem implementar, no âmbito da escola, para prevenir e enfrentar a vivência de violência doméstica pelos adolescentes. Método: estudo qualitativo, fundamentado na perspectiva crítico-liberta- dora de Paulo Freire, realizado com 20 educadoras de uma escola pública, em Salvador, Bahia, Brasil. Para a coleta de dados, utilizou-se a entrevista e, para a sistematização destes, o discurso do sujeito coletivo. Resultados: os discursos revelam as seguintes estratégias de enfrentamento da violência doméstica vivenciada pelos adolescentes: acionar o Conselho Tutelar; criar espaços de acolhimento e es- cuta para os escolares; estreitar laços entre escola e família; promover ações educativas e articular saberes. Conclusões: este estudo contribui para indicar caminhos para a prevenção e o enfrentamento de abusos familiares que comprometem a saúde física e mental de AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 Temática: promoção e prevenção. Contribuição para a disciplina: neste artigo, destaca-se a atuação do profissional de Enfermagem, fundamental no processo de articulação intersetorial, por ocupar, com frequência, espaços de gerenciamento de programas para promover a saúde e prevenir a violência. Esses profissionais são capacitados para reconhecer os sinais e os sintomas que identificam os adolescentes em situação de violência, o que os torna, portanto, coprotagonistas de ações que promovam a qualidade de vida desses indivíduos. http://orcid.org/0000-0003-1850-8999 http://orcid.org/0000-0002-6043-3997 http://orcid.org/0000-0001-7501-6187 mailto:fmestrela@uefs.br http://orcid.org/0000-0002-1038-7443 http://orcid.org/0000-0001-7610-3186 https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.3.8 http://orcid.org/0000-0003-1850-8999 http://orcid.org/0000-0002-6043-3997 http://orcid.org/0000-0001-7501-6187 http://orcid.org/0000-0002-1038-7443 http://orcid.org/0000-0003-0631-2374 http://orcid.org/0000-0001-7610-3186 https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.3.8 2 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 crianças e adolescentes, com impactos sobre o desempenho escolar. Sugere-se a contribuição da atenção primária à saúde por meio de ações vinculadas ao Programa Saúde na Escola e a inserção da temática da violência nos diversos cursos de graduação, visto que cuidar das crianças e dos adolescentes e defendê-los constituem obrigação de todos os cidadãos. PALAVRAS-CHAVE (FONTE: DECS) Violência doméstica; adolescente; adolescência; serviços de saúde escolar; instituições acadêmicas; professores escolares; docentes. Estrategias de educadoras en el ámbito de la escuela para prevención y enfrentamiento de la vivencia de violencia doméstica por los adolescentes* RESUMEN Objetivo: identificar, en el discurso de educadoras, qué estrategias pueden implementar, en el ámbito de la escuela, para prevenir y enfrentar la vivencia de violencia doméstica por adolescentes. Método: estudio cualitativo, basado en la perspectiva crítico-libertadora de Paulo Freire, llevado a cabo con 20 educadoras de una escuela pública, en Salvador, Bahía, Brasil. Para recolectar los datos, se em- pleó la entrevista y, para sistematizarlos, el discurso del sujeto colectivo. Resultados: los discursos develan las siguientes estrategias de enfrentamiento de la violencia doméstica vivida por adolescentes: accionar el Consejo Tutelar; crear espacios de acogida y escucha para los escolares; estrechar vínculos entre escuela y familia; promover acciones educativas y articular saberes. Conclusiones: el es- tudio aporta caminos para prevenir y enfrentar abusos familiares que comprometen la salud física y mental de niños y adolescentes, con impactos sobre el rendimiento escolar. Se sugiere la contribución de la atención primaria a la salud por medio de acciones vinculadas al Programa Salud en la Escuela y la inserción de la temática de la violencia en las diversas carreras universitarias, ya que cuidar a niños y adolescentes y defenderlos constituyen obligación de todos los ciudadanos. PALABRAS CLAVE (FUENTE: DECS) Violencia doméstica; adolescente; adolescencia; servicios de salud escolar; instituciones académicas; maestros; docentes. * Financiado por la Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia, Brasil. 3 Estratégias de educadoras no âmbito da escola para prevenção e enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes l Kátia Cordélia Cunha Cordeiro e outros Strategies by Educators within the School Setting to Prevent and Cope with the Experience of Domestic Violence by Adolescents* ABSTRACT Objective: This work sought to identify, in the discourse of educators, which strategies they can implement, within the school setting, to prevent and cope with the experience of domestic violence by adolescents. Method: Qualitative study based on the critical-liberating perspective of Paulo Freire, conducted with 20 educators from a public school in Salvador, Bahia, Brazil. To collect the data, the interview was used and, to systematize them, the discourse of the collective subject. Results: The discourses reveal the following coping strategies of domestic violence experienced by adolescents: place into action the Guardianship Council; create reception and listening spaces for students; strengthen bonds between the school and family; promote educational actions, and articulate knowledge. Conclusions: The study provides paths to prevent and confront family abuses that compromise the physical and mental health of children and adolescents, with impact upon school performance. The study suggests the contribution of primary health care through actions linked to the Health in School Program and the insertion of the theme of violence in the different university careers, given that caring for children and adolescents and defending them constitutes an obligation for all citizens. KEYWORDS (SOURCE: DECS) Domestic violence; adolescent; adolescence; school health services; schools; school teachers; faculty. AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 * Financed by the Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia, Brazil. 4 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Introdução A violência doméstica consiste em uma condição de opressão que adoece física e psicologicamente crianças e adolescentes. Essa condição compromete seu desenvolvimento humano, sobre- tudo, pelas implicações sobre o desempenho escolar. A maior pro- ximidade desse público com os educadores coloca-os em posição estratégica para o reconhecimento precoce do agravo; além disso, é importante a preocupação da escola em adotar medidas que fa- voreçam uma práxis profissional para enfrentar o fenômeno. Perpetrada predominantemente no ambiente doméstico, o abuso intrafamiliar apresenta dados preocupantes. Estudo reali- zado em 30 países revelou os altos índices de maus-tratos infantis e de casos recorrentes, situações que indicam a necessidade de ações preventivas (1). Nos Estados Unidos, 2.203 escolares sofre- ram abusos infanto-juvenis vivenciados no lar e se expressaram por meio da negligência e da violência psicológica e física (2). Independentemente da forma de expressão, crianças e ado- lescentes que experienciam violência no ambiente doméstico ten- dem a apresentar problemas de saúde físico e psíquico. Pesquisa realizada nos serviços sentinela de urgência e emergência nos Estados Unidos apontou que fraturas, contusões e cortes corres- pondem aos tipos de lesões mais frequentes (2). Os prejuízos se estendem, além das marcas visíveis, propiciando a ocorrência de depressão, medo, comportamentos de retração, delinquência ou agressividade. Nesse contexto, é importante referir que, no sen- tido de conter a dor sofrida, muitos adolescentes apresentam a prática agressiva direcionada a si mesmo, que podem ir desde a autolesão até o pensamento suicida (3). Salienta-se que as repercussões físicas e psicológicas de- correntes da vivência de violência doméstica são agravos que também vulnerabilizam crianças e adolescentes a outros adoeci- mentos, repercutindo no comprometimento do desempenho aca- dêmico. Estudo realizado com 827 adolescentes de uma escola pública da Califórnia evidenciou que o baixo rendimento, a falta de assiduidade e a evasão escolar são consequências da vivência de violência doméstica (4). Tais repercussões podem ainda tra- zer problemas na vida adulta, como corrobora estudo internacio- nal que sinaliza para a interface entre menor rendimento escolar e maior dificuldade em conseguir melhores cargos no emprego (5). Percebe-se, pois, que a violência compromete o desenvolvi- mento dos indivíduos, com potencial de limitar suas conquistas pessoais e profissionais. Em que pese tais danos, é importante referir que estes nem sempre estão associados à vivência de abusos intrafamiliares. Estudo realizado na Costa da África Oriental aponta justamente para a necessidade do preparo de profissionais que atuam junto ao público infanto-juvenil, a exemplo dos profissionais da saúde e da educação, para investigar e discernir se as lesões foram causadas por acidentes ou por violência (6). Nesse processo, a educação permanente pode ser uma das estratégias utilizadas para que os profissionais possam se capacitar para reconhecer os casos e agir sobre eles (7). Diante dos danos da vivência de violência doméstica, os quais trazem comprometimentos para a saúde física e psicológica dos adolescentes, refletindo, em consequência, no rendimento escolar, pontua-se a importância dos(as) educadores(as) como aliados(as) no processo de prevenção e enfrentamento dessa problemática, tendo em vista a sua maior proximidade com os escolares. Assim, considerando a escola como lócus privilegiado para reconhecer o abuso intrafamiliar e realizar medidas preventivas e de combate ao agravo, este estudo objetiva identificar, no discurso de edu- cadoras, que estratégias elas podem implantar para prevenir e enfrentar a vivência de violência doméstica pelos adolescentes. Métodos Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, funda- mentado na perspectiva crítico-libertadora de Paulo Freire, que compreende a educação como uma forma de intervenção na vida coletiva, no sentido de atuar em uma determinada realidade para a manutenção ou a superação do vivido (8). Este estudo está vin- culado ao projeto matriz “Universidade e escola pública: buscando estratégias para enfrentar os fatores que interferem no processo ensino/aprendizagem”, sob o financiamento da Fundação de Am- paro à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). O cenário de estudo foi uma escola pública localizada na pe- riferia da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Essa instituição de ensino oferta educação a adolescentes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, tendo a predominância (53,97 %) de estudantes ho- mens, situação que justifica adotarmos em todo o estudo expres- sões relacionadas aos escolares no gênero masculino. A aproximação com a escola foi viabilizada por meio de ações extensionistas, previstas no projeto matriz, desenvolvidas no período de 2013 a 2017, em parceria com o componente Ação 5 Estratégias de educadoras no âmbito da escola para prevenção e enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes l Kátia Cordélia Cunha Cordeiro e outros Curricular em Comunidade e em Sociedade (ACCS) intitulada “Abordagem interdisciplinar e transdisciplinar dos problemas de saúde relacionados à violência”. Esse componente faz parte da estrutura curricular dos cursos de graduação da Universidade Fe- deral da Bahia (UFBA) e conta com a participação de estudantes de diversas áreas do conhecimento. A seleção das participantes da pesquisa se deu de forma in- tencional, de modo que todas as docentes permanentes do qua- dro de funcionárias que lecionavam há, pelo menos, seis meses na referida escola foram convidadas a participar do estudo. Ressalta-se que apenas uma profissional foi excluída, após duas tentativas de contato sem sucesso. Desse modo, 20 docentes integraram a pesquisa. Todas as educadoras participantes da pesquisa foram informadas acerca do objetivo do estudo e dos preceitos éticos que o orientam, descritos na Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Salienta-se que esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem da UFBA (Parecer Consubstanciado 384.208/2013). Como técnica de coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, guiada por um formulário construído pela au- tora principal e validado por professoras doutoras, que continha aspectos relacionados à caracterização das colaboradoras e a seguinte questão orientadora: que estratégias podem ser imple- mentadas, no âmbito da escola, para prevenir e enfrentar a vi- vência de violência doméstica pelos adolescentes? As entrevistas foram conduzidas pela pesquisadora principal e ocorreram nos meses de agosto a outubro de 2017, em uma sala reservada na escola-lócus, com o intuito de promover um espaço de privaci- dade, confiança e respeito entre entrevistadora e colaboradoras. As falas, que duraram entre 15 e 20 minutos, foram gravadas e transcritas, na íntegra, com o apoio do programa Microsoft Word ®. Para fins de manutenção do rigor metodológico, as transcrições foram disponibilizadas às participantes da pesquisa para validar seu conteúdo. Como ferramenta de apoio, consideraram-se os cri- térios preconizados pelo Reporting Qualitative Research (COREQ). Os dados foram sistematizados por meio do discurso do su- jeito coletivo (DSC) e validados pelas colaboradoras. Esse método consiste no agrupamento de falas, a fim de construir um discurso único, em primeira pessoa, de modo a sintetizar o entendimento de uma coletividade (9). A partir das entrevistas transcritas, foram retiradas as ideias centrais e as suas expressões-chave. Neste texto, as falas são referenciadas pelo código DSC mais o número de ordem da entrevista. Resultados As 20 educadoras, colaboradoras deste estudo, foram, em sua maioria, mulheres (70 %), motivo pelo qual decidimos adotar o feminino, de modo que o termo “educadoras” remete às educa- doras e aos educadores. A maioria das entrevistadas são soltei- ras (45 %), com idades entre 31 e 57 anos, que se autodeclararam negras (90 %), todas informaram ter nível superior completo e quase a totalidade referiu possuir especialização (90 %). No que tange ao conhecimento sobre violência, um pouco mais da metade (55 %) mencionou que a temática não foi abordada durante sua formação docente, o que contrastou com a grande parcela (90 %), que declarou ter trabalhado esse objeto durante a especialização em suas áreas de atuação. Com o intuito de organizar o pensamento coletivo das educa- doras acerca das estratégias identificadas, passíveis de serem implementadas no âmbito da escola para prevenir e enfrentar a vivência de violência doméstica pelos adolescentes, este estudo revelou as ideias centrais apresentadas nas próximas subseções. Ideia central 1: acionar o Conselho Tutelar Diante a identificação de casos de violência doméstica, o dis- curso coletivo assinala a necessidade de acionar o Conselho Tute- lar, a fim de que possam adotar as medidas cabíveis. Eu acredito que algumas situações de violência doméstica tam- bém cabem encaminhamento para o Conselho Tutelar resolver. Se eu tivesse conhecimento de algum caso, falaria com a direção para encaminhar para o Conselho Tutelar. Tem casos que só eles que têm condições de fazer alguma coisa: chamar os pais para conversar, os obrigariam a estarem mais próximos dos filhos. (DSC 1) Ideia central 2: criar espaços de acolhimento e escuta para adolescentes O discurso das educadoras revelou que uma das estratégias para enfrentar a violência doméstica contra adolescentes consiste 6 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 na criação de espaços com ênfase no acolhimento e na escuta. Busca-se, com isso, possibilitar aos escolares dialogarem e com- partilharem seus anseios e demandas. A gente tenta acolher e transmitir o carinho e atenção que eles não têm em casa, mas é preciso que haja um espaço como o núcleo de apoio psicopedagógico para que eles possam relatar as dificuldades. [...] um local para a comunicação mais aberta do aluno com o professor. Acredito que se você souber conversar, é possível conseguir uma melhora. Se houvesse esse espaço, acho que facilitaria. Por incrível que pareça, às vezes, a escola é o único cenário que eles podem contar. (DSC 2) Ideia central 3: estreitar laços entre escola e família Para as educadoras, a escola deve criar estratégias que possibi- litem a interação com a família. Acredita-se que o elo escola-família favoreça o conhecimento e a compreensão acerca do comportamen- to dos escolares, bem como situações de vulnerabilidades as quais se encontram susceptíveis, a exemplo de abusos domésticos e o contexto para tal ocorrência. É importante ter um espaço de escuta para toda a família, pois não adianta trabalhar só com um filho. Deve-se envolver a todos. Tem famílias que nunca vão às reuniões, mas é papel da escola fazer essa aproximação. Enquanto instituição, podemos pensar em promover ações que aproximem essa família da comunidade escolar. Talvez até a escola visitar a casa do adolescente para tentar dialogar com os pais. [...] precisamos receber um “fee- dback” sobre como os alunos são em casa e na rua. Dessa forma, podemos saber: se o adolescente é agredido, quais as circuns- tâncias que levam à violência, se tem relação com álcool e outras drogas ou se os pais são naturalmente agressivos. (DSC 3) Ideia central 4: promover ações educativas Outra estratégia de prevenção e/ou enfrentamento da vio- lência doméstica consiste na promoção de ações educativas que, segundo as educadoras, podem ser realizadas sob o modelo de projeto pedagógico, inclusive através da linguagem do teatro. Para as educadoras, esse processo educativo permite discutir a problemática e auxilia no autorreconhecimento e no encontro de caminhos para a superação, além de possibilitar melhorar a rela- ção escolares-família. Seria muito bom se houvesse na escola ações educativas ou um projeto específico para cuidar desses meninos que estão apan- hando dentro de casa. Poderiam ser organizados fóruns, espaços de debate e palestras sobre a violência, tanto para alunos como para a família. Acho que o esporte e o teatro também podem ajudar. [...] trazer a discussão da violência para a sala de aula de modo teatral pode ajudar o aluno a se identificar e tomar medi- das para sair da situação. Muitas vezes, os pais não enxergam o potencial dos filhos, mas, quando participam destes projetos, percebem a capacidade deles e passam a valorizá-los. (DSC 4) Ideia central 5: articular saberes Considerando a complexidade da violência doméstica, as educadoras apontam à necessidade de a instituição escolar es- tabelecer parcerias no sentido de unir saberes para enfrentar o fenômeno. É importante que as articulações atentem para as ne- cessidades do escolar, que transcendem as questões próprias da adolescência, perpassando pelas diversas demandas relativas à vivência do abuso. Diante das situações de violência, seria necessário um trabalho de equipe com a parceria de profissionais de outras áreas porque o professor sozinho não dá conta de abordar esse tema. É neces- sária a participação de outras áreas do conhecimento. Existem questões próprias da fase da adolescência e outras resultantes da violência que são mais apropriadas para psicólogos, médicos e enfermeiras. (DSC 5) Discussão Conforme o discurso das educadoras, uma estratégia a ser adotada no âmbito escolar, diante da identificação de casos de violência doméstica, consiste no encaminhamento ao Conselho Tu- telar, conduta preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adoles- cente (ECA). Esse dispositivo jurídico determina a obrigatoriedade da notificação dos casos suspeitos ou confirmados de violência doméstica, sendo sua omissão entendida como infração adminis- trativa, passível inclusive de penalidades (10). Ressalta-se que a Portaria do Gabinete do Ministro (GM)/Mi- nistério da Saúde (MS) 1271/2014 orienta que as fichas de no- tificação nos casos de violência sejam preenchidas em três vias nos casos que envolvam crianças e/ou adolescentes: uma fica no serviço de saúde, outra deve ser encaminhada ao setor municipal 7 Estratégias de educadoras no âmbito da escola para prevenção e enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes l Kátia Cordélia Cunha Cordeiro e outros responsável pela Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos não Transmissíveis (Dant) e a terceira ao Conselho Tutelar e/ou a autoridades competentes, conforme exigência do ECA. Este orienta ainda que as situações de violência, de qualquer natureza, devam ser encaminhadas aos serviços de saúde, à assistência social em seu componente especializado, ao Centro de Referência Especiali- zado de Assistência Social (Creas) e aos demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, que deverão conferir máxima prioridade ao atendimento desse público, formu- lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar (10). O Conselho Tutelar é o órgão público encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes a partir da aplicação de medidas de proteção, atendimento e aconse- lhamento de pais ou responsáveis, requisição de serviços e reali- zação de encaminhamentos à rede de referência (11). No entanto, vale ressaltar as dificuldades que esse órgão vem enfrentando, conforme demonstrou estudo realizado em Minas Gerais ao evi- denciar limitações como: ausência de formação continuada para o exercício da função, ações pautadas segundo preceitos e convic- ções pessoais, excesso de burocracia no andamento dos casos e falta de estrutura física adequada (12). Nesse sentido, ainda que se reconheça a importância do Conselho Tutelar, cabe considerar que a sua atuação é permeada por entraves, o que sinaliza a ne- cessidade de a instituição de ensino criar outras estratégias de enfrentamento dos abusos. Nessa perspectiva, outra estratégia elencada pelas educado- ras para enfrentar a violência doméstica consiste na criação de espaços de acolhimento e escuta para os escolares. Levando-se em conta que eles passam boa parte do tempo na escola, esse es- paço deve ser um lugar seguro para a expressão de seus medos e preocupações com relação à violência vivenciada em casa (13). Experiências na Europa apontam que esses espaços favorecem a criação de laços e comunicação efetiva entre educando-educador, o que possibilita o estabelecimento de relações de confiança, es- senciais para viabilizar a identificação de casos de abusos intra- familiares e os encaminhamentos necessários (14). Em que pesem as exitosas experiências mencionadas, é im- portante considerar que o reconhecimento do agravo, bem como de outras situações de vulnerabilidades a que os escolares se en- contram expostos, não está condicionada à existência de um es- paço físico, podendo tal identificação ocorrer em todo e qualquer processo de interação com o outro. A pedagogia freireana vem ratificar que a escola não é apenas um espaço físico com salas, lousas, horários e conceitos, mas um local de gente que lida com gente. Portanto, a escola não é lugar apenas para estudar, mas também para construir amigos, trocar experiências, dialogar e, sobretudo, espaço privilegiado para a libertação (8). Assim, mais importante que um espaço destinado para o acolhimento, é a postura profissional e sensível para tal. Nesse sentido, estudo realizado na Libéria destaca a importância de educadores e demais profissionais atuantes no ambiente escolar de, em todo e qualquer oportunidade de interação com os escola- res, estarem atentos a comportamentos que indiquem situações de violência doméstica (15). Segundo Freire (8), essa interação torna-se possível quando a relação entre educador e educando acontece de forma hori- zontalizada, que favorece o vínculo e o afeto. Nesse princípio da horizontalização, o processo de aprendizagem acontece de maneira dialógica e significativa, levando em consideração o contexto sociocultural do discente bem como suas vivências, o que possibilita a transformação da realidade e a superação da opressão. No entanto, a educação deixa de ser ferramenta para a libertação quando o(a) professor(a) acredita ser superior e detentor do conhecimento, e os discentes são meros depósi- tos de informações. Nesse modelo tradicional, em que a forma de relação é verticalizada, o(a) professor(a) reprime elementos emocionais e afetivos dos alunos. Nessa pedagogia, não há pos- sibilidade de acolhimento, tampouco a possibilidade de o discente superar a opressão (8). Para além da existência de espaços com fins no acolhimento dos escolares, as educadoras também assinalaram a necessidade de ações que viabilizassem a aproximação com os familiares, mencionando, inclusive, a realização de visitas domiciliares, já que alguns familiares não comparecem, quando solicitados, às reuniões escolares. A utilização da busca ativa de familiares e de escolares foi uma experiência desenvolvida na rede pública de ensino da cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. A inclusão da família no contexto escolar possibilita aos pais conhecerem as dificuldades de seus filhos, bem como participar de debates com os educadores. Essa experiência dialógica promove a mudança de antigos hábitos e a construção de novas atitudes (8), além de denotar a preocupação da escola com os discentes, ao passo que favorece a aproximação entre educadores, estudantes e seus pais no intuito de estreitar os vínculos e formar uma parceria para enfrentar a violência, conforme estudo realizado em Israel (16). 8 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Considerando que o processo educativo é de responsabilidade de toda a sociedade, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional (LDB) de 1996 prevê, em seu artigo 12, o dever da escola em promover articulação com a comunidade e com a família do escolar. Deve-se, ainda, existir a preocupação com o desempenho acadêmico do estudante, buscando compreender situações indi- viduais e coletivas que podem estar afetando sua aprendizagem (17). Essas preocupações também foram compartilhadas pelas educadoras entrevistadas, as quais defendem que o laço esco- la-família possibilita aos educadores estarem mais próximos das dificuldades que o discente enfrenta, de seu contexto, bem como de seus anseios e expectativas. Assim, o espaço educacional, me- lhor articulado com pais e alunos, constitui-se como importante fonte de informação, o que permite identificar situações de vulne- rabilidade e conflito (17). Esses conflitos dentro do contexto familiar e social, muitas vezes, são próprios da adolescência, visto que essa fase é marcada pela busca de uma identidade própria, além das descobertas e emoções intensas (18). O anseio por novas experiências, com fre- quência, leva o jovem ao envolvimento com álcool e outras drogas ou a buscar uma identidade sexual condizente com seus desejos (18). Na maioria das vezes, essas condutas geram embates den- tro do contexto familiar que culminam em condutas de violência, uma vez que existe o entendimento pelos pais e/ou responsáveis de que essa é a melhor forma de resolução dessas situações (17). Nesse sentido, instituições escolares sensibilizadas para as especificidades dessa fase de vida é essencial para o movimento de compartilhamento de estratégias para a resolução pacífica de conflitos e, em consequência, para a promoção de relações mais amistosas entre pais e filhos. Para além de espaços de apro- ximação e escuta para discentes e seus familiares, as ações educativas, conforme sugerida no discurso coletivo, também representam importantes estratégias de enfrentamento dos abusos domésticos. Estudo realizado no sudeste do Brasil de- fende que ações educativas como discussões de situações-pro- blema entre pais, filhos e escola, dramatizações e dinâmicas de grupo são de suma relevância para que os indivíduos resolvam situações conflituosas de forma respeitosa (19). Estudo da Áfri- ca do Sul, realizado com adolescentes expostos a situações de violência, evidencia que as experiências educativas minimizaram questões de conflitos que geravam violência (20). No processo de utilizar ações educativas como meio de pro- moção à saúde, o teatro revela-se como tática que, no olhar das educadoras, favorece o reconhecimento dos conflitos por parte dos discentes e a elaboração criativa de soluções/saídas. Es- tudos realizados na Colômbia e na Espanha evidenciaram que a dramatização, a exemplo do teatro, faz com que discentes parti- cipem de forma ativa, deixando que aflorem emoções, apareçam conflitos reprimidos, o que gera transformações e produz mudan- ças (21, 22). Ademais, outro estudo espanhol revela que o uso de videogames educacionais proporciona ao discente a descoberta de potencialidades e habilidades, fazendo com que ele melhore seu desempenho escolar com benefícios inegáveis no aprimora- mento do conhecimento linguístico, além de estimular o respeito ao próximo, visto que desenvolve formas de pensar e agir diante de suas vivências e práticas sociais (23). O discurso coletivo revela ainda que, para lidar com a com- plexidade que permeia os abusos intrafamiliares e as diversas demandas da pessoa vitimizada, urge a articulação de saberes, o que remete a parcerias com outros espaços. Considerando que todo e qualquer profissional deve estar apto a reconhecer e inter- vir diante desse agravo, necessária se faz a inserção da temática no currículo básico dos cursos dos diferentes campos do saber. Cabe destacar a experiência da UFBA, que vem ofertando a disci- plina optativa “Abordagem interdisciplinar e transdisciplinar dos problemas de saúde relacionados à violência”. Na modalidade de ACCS, esse componente já foi cursado por futuros profissionais da área de saúde, educação, dentre outras áreas (3). Para além da formação de profissionais com aptidão para o re- conhecimento, dentro do contexto escolar, de casos de violência doméstica, cabe referir acerca da importância de parcerias interse- toriais, com o enfoque na articulação entre os saberes interdiscipli- nares, para que haja ações que contemplem, de maneira holística, as demandas dos adolescentes (24). Assim, a inserção de equipes multiprofissionais na escola, em estudo realizado em Israel, opor- tuniza o trabalho com as demandas pessoais vivenciadas pelos estudantes e seus familiares, principalmente no que tange às experiências de violência doméstica, tendo em vista a bagagem teórico-metodológica que possuem (24). Em estudo realizado em um município da Bahia, constatou-se que a parceria com serviços socioassistenciais reduz o número de casos de violência, conflitos e até dificuldades de aprendiza- gem, uma vez que teriam os encaminhamentos e acompanha- mentos adequados para o tratamento da questão (7). Outra experiência de parceria intersetorial exitosa consiste no Programa Saúde na Escola, que merece destaque devido à articulação das 9 Estratégias de educadoras no âmbito da escola para prevenção e enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes l Kátia Cordélia Cunha Cordeiro e outros redes públicas de saúde e de educação que vem favorecendo o desenvolvimento da cidadania e da qualificação das políticas pú- blicas brasileiras, além do reconhecimento dos casos de violên- cia doméstica (19). Importante salientar que os estabelecimentos de parcerias, assim como as demais estratégias pontuadas pelas educado- ras, representam possibilidades a serem consideradas pela gestão educacional a fim de prevenir e enfrentar não só abusos intrafamiliares, como também outras situações de opressão a que os escolares se encontram expostos. O desvelamento de tais vulnerabilidades é essencial para que a escola repense seu planejamento de modo a criar condições para um pleno desen- volvimento humano desses adolescentes, conforme preconiza o ECA. Nesse sentido, entender a escola como um espaço de construções sociais e simbólicas requer a compreensão desse ambiente como formador não só de saberes, mas também de construção de cidadania. Conclusões O discurso coletivo das educadoras revelou as seguintes estratégias possíveis de serem implementadas no âmbito da es- cola, no sentido de possibilitar a prevenção e o enfrentamento da vivência de violência doméstica pelos adolescentes: acionar o Conselho Tutelar, criar espaços de acolhimento e escuta para adolescentes, estreitar laços entre escola e família, promover ações educativas e articular saberes. Embora este estudo seja limitado por não evidenciar a imple- mentação de tais estratégias na escola investigada, contribui para indicar caminhos para a prevenção e o enfrentamento de abusos fa- miliares que possam comprometer a saúde física e mental de crian- ças e adolescentes, com impactos sobre o desempenho escolar. Considerando que a vivência de violência prejudica o desen- volvimento pleno do potencial das pessoas, é essencial a imple- mentação de tais estratégias, sobretudo aquelas cujas interações com os adolescentes e familiares possibilitam a compreensão de que a violência doméstica tem sérias repercussões sobre a saúde e a qualidade de vida dos escolares. Nesse sentido, destaca-se a promoção de espaços dialógicos, seja a partir do fortalecimento de vínculos com escolares e familiares, seja por meio de ações educativas voltadas para esses grupos. Diante das repercussões da vivência de violência domésti- ca, salienta-se a relevância da Atenção Primária à Saúde, por meio de ações vinculadas ao Programa Saúde na Escola. Tal parceria pode favorecer o reconhecimento dos casos mediante a inserção de profissionais da saúde na comunidade escolar ao tempo que envolvem os educadores em uma observação mais sensível para a possibilidade de ocorrência desse agravo. Por- tanto, urge a necessidade de uma formação que contemple a temática nos diversos cursos de graduação, visto que cuidar das crianças e dos adolescentes e defendê-los constituem obri- gação de todos os cidadãos. Conflito de interesses: nenhum declarado.s 10 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - AGOSTO 2019 l e1938 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Referências 1. Viola TW, Salum GA, Kluwe-Schiavon B, Sanvicente-Vieira B, Levandowski ML, Grassi-Oliveira R. The influence of geo- graphical and economic factors in estimates of childhood abuse and neglect using the Childhood Trauma Question- naire: A worldwide meta-regression analysis. Child Abuse & Neglect [Online]. 2016 [cited 2018 Sept 22]; 51:1-11. DOI: https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2015.11.019 2. Haynie DL, Farhat T, Brooks-Russell A, Wang J, Barbieri B, Iannotti RJ. Dating Violence Perpetration and Victimization Among U.S. Adolescents: Prevalence, Patterns, and Associations With Health Complaints and Substance Use. 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