1 Ronny Anderson de Oliveira Cruz1 Glenda Agra2 Jacira dos Santos Oliveira3 Maria Auxiliadora Pereira4 Maria Emília Limeira Lopes5 Marta Miriam Lopes Costa6 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas* 1 https://orcid.org/0000-0001-6443-7779. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. ronny.cruz@unipe.edu.br 2 https://orcid.org/0000-0002-7628-9029. Unidade Acadêmica de Enfermagem, Universidade Federal de Campina Grande, Brasil. 3 https://orcid.org/0000-0002-3863-3917. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. 4 https://orcid.org/0000-0002-0614-4051. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. 5 https://orcid.org/0000-0003-2391-6399. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. 6 https://orcid.org/0000-0002-2119-3935. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. * Extraído da dissertação “Cuidados de enfermagem para avaliação, prevenção e tratamento da xerose cutânea em pessoas idosas”, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, em 2019. Recebido: 18/03/2019 Submetido: 11/04/2019 Aceito por pares: 29/07/2019 Aceito: 02/08/2019 DOI: 10.5294/aqui.2019.19.4.3 Para citar este artigo / Para citar este artículo / To reference this article Cruz RAO, Agra G, Oliveira JS, Pereira MA, Lopes MEL, Costa MML. Nursing Care to Evaluate, Prevent, and Treat Cutaneous Xerosis in the Elderly. Aquichan 2019; 19(4): e1943. DOI: https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.4.3 RESUMO Objetivo: identificar os cuidados de Enfermagem realizados por enfermeiros para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas. Materiais e métodos: estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com 101 enfermeiros assistenciais que exercem atividades na clínica médica e na unidade de terapia intensiva de quatro hospitais da Paraíba, Brasil. A coleta dos dados ocorreu entre julho e setembro de 2018 por meio de um instrumento composto por variáveis sociodemográficas e por itens relacionados aos cuidados de Enfermagem. A análise estatística realizou-se por cálculos de distribuição e frequência, medidas de tendência central, desvio-padrão e teste qui-quadrado para variáveis categóricas. Resultados: a maioria afirmou sempre considerar a faixa etária (84,2 %), avaliar a coloração da pele (83,2 %), avaliar o turgor e a elasticidade da pele (64,4 %), buscar a existência de rachaduras (53,5 %), ob- servar a existência de lesões na pele (90,1 %). Dos profissionais participantes, 83,2 % disseram nunca ter usado equipamento importado para avaliar a hidratação da pele. Conclusões: o estudo demonstrou que os enfermeiros enfatizaram a importância em considerar a faixa etária, avaliar a coloração da pele, estar atento a áreas com hiperemia e observar a existência de lesões, bem como a necessidade da educação continuada para melhorar a qualidade do cuidado. PALAVRAS-CHAVE (fonte: DeCS) Enfermagem; cuidados de Enfermagem; envelhecimento da pele; terapêutica; saúde do idoso. AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 Temática: cuidado crônico. Contribuição científica para a disciplina: espera-se que este estudo possa contribuir para o direcionamento das intervenções de Enfermagem assim como para a realização de pesquisas futuras e para a criação de protocolos sobre a temática. Apresentou como base teórico-conceitual a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta, com a possibilidade de agregar os cuidados aqui apresentados ao considerar a hidratação inerente ao conjunto de necessidades psicobiológicas. https://orcid.org/0000-0001-6443-7779 https://orcid.org/0000-0002-7628-9029 https://orcid.org/0000-0002-3863-3917 https://orcid.org/0000-0002-0614-4051 https://orcid.org/0000-0003-2391-6399 https://orcid.org/0000-0002-2119-3935 https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.4.3 https://orcid.org/0000-0001-6443-7779 https://orcid.org/0000-0002-7628-9029 https://orcid.org/0000-0002-3863-3917 https://orcid.org/0000-0002-0614-4051 https://orcid.org/0000-0003-2391-6399 https://orcid.org/0000-0002-2119-3935 https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.4.3 2 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 Cuidados de Enfermería para evaluar, prevenir y tratar la xerosis cutánea en personas ancianas* RESUMEN Objetivo: identificar los cuidados de Enfermería realizados por enfermeros para evaluar, prevenir y tratar la xerosis cutánea en personas ancianas. Materiales y métodos: estudio descriptivo, con enfoque cuantitativo, realizado con 101 enfermeros asistenciales que ejercen actividades en la clínica médica y la unidad de terapia intensiva de cuatro hospitales de Paraíba, Brasil. La recolección de los datos ocurrió entre julio y septiembre del 2018 por medio de un instrumento compuesto por variables sociodemográficas y por ítems rela- cionados con los cuidados de Enfermería. El análisis estadístico se realizó por cálculos de distribución y frecuencia, medidas de tendencia central, desviación estándar y prueba chi-cuadrado para variables categóricas. Resultados: la mayoría afirmó siempre considerar el rango de edad (84,2 %), evaluar la coloración de la piel (83,2 %), evaluar la hinchazón y la elasticidad de la piel (64,4 %), buscar la existencia de hendiduras (53, 5 %), observar la existencia de lesiones en la piel (90,1 %). De los profesionales participantes, el 83,2 % dijo nunca haber usado equipo importado para evaluar la hidratación de la piel. Conclusiones: el estudio encontró que los enfermeros enfatizaron la im- portancia de considerar el grupo de edad, evaluar la coloración de la piel, estar atento a áreas con hiperemia y observar la existencia de lesiones, así como la necesidad de la educación continuada para mejorar la calidad del cuidado. PALABRAS CLAVE (fuente: DeCS) Enfermería; cuidados de Enfermería; envejecimiento de la piel; terapia; salud del anciano. * Extraído de la diseración “Cuidados de enfermagem para avaliação, prevenção e tratamento da xerose cutânea em pessoas idosas”, del programa de posgrados en enfermería de la Universidade Federal da Paraíba, 2019. 3 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas l Ronny Anderson de Oliveira Cruz e outros Nursing Care to Evaluate, Prevent, and Treat Cutaneous Xerosis in the Elderly* ABSTRACT Objective: Identify nursing care performed by nurses to evaluate, prevent, and treat cutaneous xerosis in the elderly. Materials and Methods: Descriptive study with quantitative approach, conducted with 101 care nurses working in the medical clinic and in the intensive care units of four hospitals in Paraíba, Brazil. The data collection took place between July and September 2018 through an instrument composed of sociodemographic variables and by items related with nursing care. The statistical analysis was performed by distribution and frequency calculations, central tendency measures, standard deviation, and chi-squared test for categorical variables. Results: The majority stated always considering the age range (84.2 %), assessing skin color (83.2 %), evaluating skin turgor and elasticity (64.4 %), looking for the existence of skin fissures (53.5 %), and noticing the existence of lesions on the skin (90.1 %). Of the participating profes- sionals, 83.2 % reported never having used imported equipment to evaluate skin hydration. Conclusions: The study showed that nurses emphasized the importance of considering age range, assessing skin color, being aware of areas with hyperemia, and noticing the exis- tence of lesions, as well as the need for continuing education to improve the quality of care. KEYWORDS (SourCe: DeCS) Nursing; nursing care; aging skin; therapy; health of the elderly. AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 * Extracted from the dissertation: “Nursing care for the evaluation, prevention, and treatment of cutaneous xerosis in the elderly”, in the Graduate Nursing Program at Universidade Federal da Paraíba, in 2019. 4 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Introdução A estrutura etária da população tem sido marcada nos últimos anos por mudanças, sobretudo, no tocante à longevidade. Porém, não basta ampliar a quantidade de anos vividos, mas sim realizar melhorias das condições de vida da pessoa idosa para que possa usufruir de uma velhice ativa, saudável e com qualidade de vida (1). O processo de envelhecimento traz consigo inúmeras altera- ções — fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e funcionais — em todo o organismo, deixando-o mais susceptível às agressões intrínsecas e extrínsecas. Nesse contexto, a pele seca ou a xerose cutânea apresenta elevada frequência e contribui para a ocor- rência de desconforto e para as alterações do aspecto visual e sensorial da pele. Dentre as características da xerose cutânea, podem-se observar: descamação, fissuras, tensão, hiperemia e, ocasionalmente, sangramentos (2). A xerose cutânea tem prejudicado a qualidade de vida de muitos idosos e afetado entre 15 % e 20 % da população mundial; quando grave, pode interferir na produtividade do trabalho e nas ativida- des da vida diária, especialmente, quando as mãos são afetadas. A base do tratamento é a reidratação e a reparação da pele, muito importantes para recuperar a função de barreira epidérmica (3). Para que a pele apresente um estado adequado de funcionamen- to, dois processos básicos agem em conjunto: a limpeza e a hidrata- ção cutâneas. A limpeza contribui para a remoção de debris externos, secreções cutâneas naturais bem como micro-organismos. Já a hidratação tem o papel primordial de manter o conteúdo de água na epiderme e manter a barreira epidérmica dentro dos parâme- tros de normalidade (4). Prevenir, avaliar e tratar uma lesão são responsabilidades im- portantes inerentes à equipe de saúde, sobretudo, no que tange à Enfermagem. Nesse sentido, são necessários conhecimentos so- bre fatores de risco, fisiologia, anatomia, processo de cicatriza- ção e produtos para prevenir e tratar. Esse conhecimento passa a ser fundamental para realizar um diagnóstico preciso e indicar tecnologias adequadas. Tanto a prevenção como o tratamento são dinâmicos e devem acompanhar as evoluções científicas, e esse aspecto tem sido potencializado por meio da oferta de cur- sos e da fundamentação do cuidado a partir do Processo de En- fermagem (PE) (5). Com a finalidade de orientar, direcionar e organizar o cuidado profissional de Enfermagem, os enfermeiros encontram, no PE, seu método de trabalho, para o qual se necessita um suporte teórico que subsidie o percurso da assistência. No Brasil, o modelo teórico mais utilizado tem sido a Teoria das Necessidades Humanas Bá- sicas (TNHB) de Horta, que orienta o cuidado de Enfermagem nas dimensões psicobiológica, psicossocial e psicoespiritual (6). Assim, no contexto da construção de um campo de conheci- mentos próprios, os Sistemas de Linguagem Padronizada (SLP) organizam informações e estão relacionados ao desenvolvimento do conhecimento da disciplina de Enfermagem, já que permitem a construção de bancos de dados em relação aos diagnósticos, às intervenções ou aos resultados de Enfermagem, além de dar visi- bilidade para a contribuição da Enfermagem à saúde das pessoas (7). Existem diversos SLP para nomear os fenômenos de Enferma- gem, tais como a Classificação dos Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-I (8), a Classificação das Intervenções de Enfermagem (9) e a Classificação de Resultados de Enfermagem (10). É fato que há uma fragilidade no que se refere a estudos que tratam especificamente de produtos e tecnologias utilizadas pe- los profissionais de Enfermagem para o tratamento da xerose cutânea; além disso, observa-se que tanto a prevenção quanto o tratamento de lesões já instalados demandam grande atenção por parte da equipe, apresentam custo elevado e necessitam dos enfermeiros uma prática de capacitação e educação permanente com vistas à qualificação para atuar com eficiência e eficácia (11). Assim, este estudo tem como objetivo identificar os cuidados de Enfermagem realizados por enfermeiros para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas. Materiais e métodos Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Foi realizado em quatro hospitais da região metropolitana de João Pessoa, no estado da Paraíba, Brasil. A escolha pelas insti- tuições se deu pelo fato de receberem rotineiramente um número elevado de pessoas idosas, além de servir como instituições de ensino e formação para discentes de graduação e residência mul- tiprofissional em saúde hospitalar em atenção à saúde do idoso e ao paciente crítico. A população foi composta por 120 enfermeiros que atuavam nos setores de clínica médica e de Unidade de Terapia Intensiva 5 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas l Ronny Anderson de Oliveira Cruz e outros (UTI) nos três turnos de trabalho. A amostra não probabilística e por conveniência foi constituída por 101 participantes que aten- deram aos critérios de inclusão e concordaram em participar da pesquisa. Considerando um erro amostral de 5 % e nível de con- fiança de 95 %, a amostra mínima considerada suficiente era de 92 sujeitos. Foram considerados critérios de inclusão: enfermeiros que atuassem nas unidades como assistenciais, estar no serviço há pelo menos seis meses, utilizar o processo de Enfermagem como método para a assistência, além de estar em atividade durante o período de coleta de dados, que ocorreu entre julho e setembro de 2018. Foram excluídos da pesquisa enfermeiros que atuassem apenas em funções administrativas, estivessem afastados por li- cença ou de férias no período de coleta. Para a coleta de dados, foi utilizado um instrumento compos- to por duas partes: a primeira com dados sociodemográficos de identificação dos participantes e a segunda com questões objeti- vas agrupadas em três domínios e classificadas a partir de uma escala Likert de cinco pontos, de 1 (nunca), 2 (quase nunca), 3 (às vezes), 4 (quase sempre) até 5 (sempre). Os domínios foram: 1. avaliação da pele do idoso; 2. produtos utilizados para prevenir e tratar a xerose cutânea; 3. cuidados de Enfermagem prescritos na presença do diagnóstico de Enfermagem “integridade da pele prejudicada relacionada à xerose cutânea”. O instrumento construído passou pelo processo de validação de conteúdo por cinco juízes, o que permitiu verificar as proprie- dades para medir o fenômeno pesquisado. A validação de con- teúdo é indispensável ao desenvolvimento de ferramentas de medição, já que envolve o processo de elaboração e julgamento por especialistas na definição do universo teórico e das diferen- tes dimensões do conceito a ser observado e medido (12); neste estudo, foi realizada com a finalidade de identificar itens que por- ventura não estivessem adequados aos objetivos propostos. Após a coleta, os dados foram tabulados e armazenados no programa Excel para Windows e posteriormente transporta- dos para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0. Para os dados, foram realizadas análises estatísticas descritivas de distribuição e frequência e calculadas medidas de tendência central e desvio-padrão; para as variáveis categóricas, foi realizado o teste qui-quadrado. A pesquisa foi realizada de acordo com o que preconiza a Re- solução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre a ética relacionada a pesquisas que envolvem seres hu- manos, direta ou indiretamente, certificando, entre outros pon- tos, a garantia ao direito à privacidade dos participantes (13). Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciên- cias da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, sob o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 89318318.3.0000.5188 e Parecer 2.731.985. Resultados A amostra foi constituída por 101 enfermeiros e houve um predomínio do sexo feminino (84,2 %), com idade média de 36,51 (DP = 7,67; mínimo = 24, máximo = 62). O tempo de exercício laboral dos participantes apresentou uma média de 9,33 anos (DP = 7,99; mínimo = 6 meses, máximo = 35 anos), e foi obser- vado que a maioria tinha o título de especialista (59,4 %). Foi constatado que 65 enfermeiros (64,4 %) não tinham ne- nhum curso na área de prevenção e/ou tratamento de lesões de pele. Quanto ao número de vínculos de trabalho, a maioria dos sujeitos relatou atuar em mais de um emprego (60,4 %) e, destes, 52 (85,2 %) referiram atuar com dois vínculos empregatícios. A jornada semanal variou entre 20 e 74 horas por semana com mé- dia de 42,63 horas (DP = 12,8) conforme os dados apresentados na Tabela 1. Na Tabela 2, encontram-se a distribuição das frequências de resposta para os itens do instrumento. Destaca-se que a maioria afirmou sempre considerar a faixa etária (84,2 %), avaliar a co- loração da pele (83,2 %), avaliar o turgor e a elasticidade da pele (64,4 %), observar a temperatura do paciente (54,7 %), considerar o excesso de umidade (63,4 %), buscar a existência de rachaduras (53,5 %), observar a existência de lesões na pele (90,1 %), a pre- sença de descamação (61,4 %) e de prurido (63,4 %), ficar aten- to(a) para a exposição ao frio (52,5 %) e considerar a avaliação da pele para escolher o tipo de hidratante (53,5 %). A maioria dos enfermeiros (83,2 %) disse nunca ter usado equipamento importado para avaliar a hidratação da pele. Dos 34 itens do instrumento, apenas oito não obtiveram escores com valores acima de 50 % para cuidados sempre ou quase sempre prescritos, o que pode estar relacionado ao tempo de exercício profissional bem como a uma boa qualidade na formação universitária. 6 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Tabela 1. Distribuição das variáveis sociodemográficas dos enfermeiros participantes (n = 101) na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2018 Variável N % Média (desvio-padrão; mínimo-máximo) Idade 101 100 % 36,51 (DP = 7,67; 24-62) Sexo Masculino 16 15,8 % - Feminino 85 84,2 % - Tempo de exercício profissional 101 100 % 9,33 (DP = 7,99; 0,6-35) Titulação Graduado 33 32,7 % - Especialista 60 59,4 % - Mestre 6 5,9 % - Doutor 2 2 % - Anos de atuação com processo de Enfermagem 101 100 % 7,48 (DP = 6,25; 0,6-35) Possui cursos na área de prevenção e tratamento de lesões de pele Sim 36 35,6 % - Não 65 64,4 % - Atua em mais de um emprego Sim 61 60,4 % - Não 40 39,6 % - Se sim, quantos? 2 empregos 52 85,2 % - 3 empregos 9 14,8 % - Jornada de trabalho semanal, considerando todos os empregos 101 100 % 42,63 (DP = 12,8; 20-74) Fonte: elaboração própria. 7 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas l Ronny Anderson de Oliveira Cruz e outros Tabela 2. Distribuição da frequência de respostas ao instrumento na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2018 Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre Domínio Item N % N % N % N % N % D I Av al ia çã o da p el e do id os o 1. Considero a faixa etária. - - 2 2 % 1 1 % 13 12,9 % 85 84,2 % 2. Avalio a coloração da pele. - - 2 2 % - - 15 14,9 % 84 83,2 % 3. Avalio o turgor e a elasticidade da pele. - - - - 8 7,9 % 28 27,7 % 65 64,4 % 4. Observo a temperatura do paciente. 2 2 % - - 16 15,8 % 25 24,8 % 58 57,4 % 5. Não considero o excesso de umidade. 64 63,4 % 6 5,9 % 9 8,9 % 7 6,9 % 15 14,9 % 6. Busco a existência de rachaduras. 4 4 % 2 2 % 12 11,9 % 29 28,7 % 54 53,5 % 7. Observo a existência de lesões na pele. - - - - 4 4 % 6 5,9 % 91 90,1 % 8. Observo a presença de descamação. - - - - 5 5 % 34 33,7 % 62 61,4 % 9. Observo a presença de prurido. 4 4 % - - 10 9,9 % 23 22,8 % 64 63,4 % 10. Fico atento(a) para a exposição ao frio. 3 3 % 2 2 % 16 15,8 % 27 26,7 % 53 52,5 % 11. Utilizo equipamento importado que avalia a hidratação da pele. 84 83,2 % 8 7,9 % 6 5,9 % 3 3 % - - D II Pr od ut os u til iz ad os p ar a pr ev en ir e tr at ar a x er os e cu tâ ne a 12. Para escolher o tipo de hidratante, não considero a avaliação da pele. 54 53,5 % 15 14,9 % 11 10,9 % 3 3 % 18 17,8 % 13. Uso produtos à base de ácidos graxos essenciais. 9 8,9 % 9 8,9 % 30 29,7 % 28 27,7 % 25 24,8 % 14. Utilizo cremes à base de ureia a 10 % ou 20 %. 32 31,7 % 19 18,8 % 19 18,8 % 20 19,8 % 11 10,9 % 15. Faço uso de creme de barreira. 10 9,9 % 11 10,9 % 30 29,7 % 21 20,8 % 29 28,7 % 16. Emprego qualquer hidratante que estiver disponível. 16 15,8 % 12 11,9 % 24 23,8 % 18 17,8 % 31 30,7 % 17. Aplico formulações à base de Aloe vera. 20 19,8 % 24 23,8 % 40 39,6 % 9 8,9 % 8 7,9 % 18. Utilizo formulações à base de triglicérides de cadeia média. 27 26,7 % 29 28,7 % 26 25,7 % 17 16,8 % 2 2 % 19. Aplico óleo mineral. 30 29,7 % 21 20,8 % 21 20,8 % 10 9,9 % 19 18,8 % D II I Cu id ad os d e En fe rm ag em p re sc ri to s na p re se nç a do d ia gn ós tic o de E nf er m ag em “ in te - gr id ad e da p el e pr ej ud ic ad a re la ci on ad a à xe ro se c ut ân ea ” 20. Inspeciono as condições da pele diariamente. 2 2 % 8 7,9 % 5 5 % 16 15,8 % 70 69,3 % 21. Registro os achados acerca da pele do paciente. 1 1 % 2 2 % 6 5,9 % 12 11,9 % 80 79,2 % 22. Identifico pacientes em risco de lesões de pele devido ao ressecamento. 1 1 % 5 5 % 8 7,9 % 11 10,9 % 76 75,2 % 23. Realizo a hidratação da pele com os produtos adequados. 2 2 % 10 9,9 % 20 % 12 11,9 % 57 56,4 % 24. Estou atento a áreas de maceração. 1 1 % 4 4 % 3 3 % 27 26,7 % 66 65,3 % 25. Estou atento a áreas de hiperemia. - - 2 2 % 3 3 % 10 9,9 % 86 85,1 % 26. Avalio com atenção os membros inferiores, principalmente os espaços interdigitais. - - 10 9,9 % 25 24,8 % 26 25,7 % 40 39,6 % 27. Proporciono higiene corporal sempre que necessário. - - - - 8 7,9 % 15 14,9 % 78 77,2 % 28. Proporciono higiene íntima sempre que necessário. 3 3 % - - 2 2 % 16 15,8 % 80 79,2 % 29. Retiro os resíduos aderidos à pele proveniente de fixadores. 6 5,9 % 4 4 % 6 5,9 % 23 22,8 % 62 61,4 % 30. Discuto com a equipe de Enfermagem a necessidade de aumentar a hidratação oral ou parenteral. 3 3 % 6 5,9 % 15 14,9 % 26 25,7 % 51 50,5 % 31. Oriento os familiares sobre os sinais de ressecamento da pele do paciente. - - 6 5,9 % 10 9,9 % 26 25,7 % 59 58,4 % 32. Oriento a equipe de Enfermagem em relação à temperatura da água. 8 7,9 % - - 11 10,9 % 28 27,7 % 54 53,5 % 33. Oriento a equipe de Enfermagem em relação ao uso do sabonete adequado. 11 10,9 % 8 7,9 % 19 18,8 % 26 25,7 % 37 36,6 % 34. Oriento para o autocuidado. - - 3 3 % 8 7,9 % 18 17,8 % 72 71,3 % Fonte: elaboração própria. 8 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Com a finalidade de avaliar a associação entre a escolha dos itens e ter ou não cursos na área de prevenção e tratamento de lesões de pele, foi realizado o teste qui-quadrado e analisados os respectivos valores de p conforme a Tabela 3. Após a realização do teste, verificou-se que existem relações estatisticamente significativas nos itens 19, 20, 25, 28, 30, 32, 33 e 34, cujos p-valores foram respectivamente 0,014, 0,050, 0,024, 0,043, 0,001, 0,007, 0,017 e 0,007. Os resultados revelam que, a um nível de 95 % de significância, a escolha por esses itens independe do fato de ter ou não curso na área de prevenção e tratamento de lesões de pele. Discussão As alterações que ocorrem em decorrência da redução da quantidade de água no Estrato Córneo (EC) comprometem a fun- ção da barreira transepidérmica e trazem como complicações a descamação e o ressecamento. O EC tem em sua composição corneócitos com seus fatores naturais de hidratação e uma bi- camada lipídica intracelular, que, quando estão funcionando em harmonia, são capazes de garantir a integridade cutânea e a hi- dratação (14). Por ser a hidratação uma condição essencial à vida e neces- sária à homeostase, relaciona-se intrinsecamente com a TNHB de Wanda Aguiar Horta, que tem como princípios a hemostasia, o ho- lismo e a adaptação. Representa um modelo teórico metodológico que fundamenta a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), auxilia no reconhecimento da realidade e na definição de papéis que promovem a qualificação e a melhora do desempenho profissional (15). Identificar como os enfermeiros têm realizado o cuidado de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas apresenta grande relevância, sobretudo pela in- cidência e pela prevalência desse agravo nessa população, bem como pelo processo de transição demográfica que tem sido apre- sentado não só nos países desenvolvidos, mas também naqueles em desenvolvimento. Tabela 3. Análise da significância entre ter cursos na área de prevenção e tratamento de lesões da pele na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2018 Ter cursos na área de prevenção e tratamento de lesões de pele Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre Total X 2 p-valor 19. Aplico óleo mineral. Sim 17 5 8 4 2 36 12,425 0,014Não 13 16 13 6 17 65 Total 30 21 21 10 19 101 20. Inspeciono as condições da pele diariamente. Sim 1 0 4 7 24 36 9,414 0,050Não 1 8 1 9 46 65 Total 2 8 5 16 70 101 25. Estou atento a áreas de hiperemia. Sim 0 0 3 1 32 36 9,483 0,024Não 0 2 0 9 54 65 Total 0 2 3 10 86 101 9 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas l Ronny Anderson de Oliveira Cruz e outros Neste estudo, houve uma prevalência de enfermeiros com aproximadamente uma década de atuação na assistência de En- fermagem e com título de especialistas. Nos últimos, anos têm-se observado um incremento na procura por especializações nos di- versos campos do saber em Enfermagem, em que se reitera que, para manter a qualidade na prática assistencial, é necessário que os profissionais tenham cada vez mais domínio dos conheci- mentos nas áreas de trabalho em que atuam, o que possibilita o atendimento das demandas sociais e de saúde da população (16). Em contrapartida, 65 enfermeiros (64,4 %) relataram não ter nenhum curso referente à prevenção ou ao tratamento de lesões de pele, dado relevante, já que os enfermeiros assumem papel importante no gerenciamento de ações voltadas para o cuidado de pessoas durante a avaliação, a prevenção e o tratamento des- tas lesões. Assim, ao se observar a importância em ter ou não curso específicos para cuidados com a pele, é possível inferir a necessidade de educação continuada e permanente como pontos fundamentais para melhorar a qualidade dos cuidados. Ter cursos na área de prevenção e tratamento de lesões de pele Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre Total X 2 p-valor 28. Proporciono higiene íntima sempre que necessário. Sim 3 0 1 8 24 36 8,145 0,043Não 0 0 1 8 56 65 Total 3 0 2 16 80 101 30. Discuto com a equipe de Enfermagem a necessidade de aumentar a hidratação oral ou parenteral. Sim 3 2 11 8 12 36 18,252 0,001Não 0 4 4 18 39 65 Total 3 6 15 26 51 101 32. Oriento a equipe de Enfermagem em relação à temperatura da água. Sim 6 0 6 12 12 36 11,991 0,007Não 2 0 5 16 42 65 Total 8 0 11 28 54 101 33. Oriento a equipe de Enfermagem em relação ao uso do sabonete adequado. Sim 7 4 10 4 11 36 12,083 0,017Não 4 4 9 22 26 65 Total 11 8 19 26 37 101 34. Oriento para o autocuidado. Sim 0 0 6 2 28 36 12,117 0,007Não 0 3 2 16 44 65 Total 0 3 8 18 72 101 Fonte: elaboração própria. 10 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Nessa perspectiva, há que se considerar que apenas oito dos 34 itens listados independem do enfermeiro ter ou não curso na área de prevenção e tratamento de lesões de pele, o que reforça que avanços científicos na Enfermagem e na saúde exigem co- nhecimentos específicos e habilidades, bem como ressalta a im- portância que os enfermeiros devem ter em se manter atentos e presentes em programas de aperfeiçoamento/qualificação para que o cuidado prestado seja efetivo e eficaz (17). Dos participantes, 85 (84,2 %) afirmaram sempre conside- rar a faixa etária da pessoa idosa, e esse resultado corrobora com a afirmação de vários autores sobre a relação entre a idade avançada e o surgimento de lesões de pele. Estudo realizado no Hospital de Clínicas do Triângulo Mineiro, Brasil, revelou que 44 % dos idosos internados nas unidades de clínica médica ou cirúrgica apresentavam algum tipo de lesão cutânea (18). Sobre isso, neste estudo, 70 enfermeiros (69,3 %) afirmaram sempre realizar a inspeção diária das condições da pele dos ido- sos. Esse cuidado permite a prevenção de lesões, já que uma avaliação criteriosa direciona para a implementação de medidas eficazes (19). A avaliação da coloração da pele foi apontada como um cuidado realizado por 84 (83,2 %) enfermeiros, bem como sempre estar atento às áreas com hiperemia, apontado por 86 (85,1 %) parti- cipantes. Com o avançar da idade, ocorre a redução do número de melanócitos e, consequentemente, o surgimento de manchas hipocrômicas, bem como a formação de sardas que surgem no rosto e no corpo, sobretudo naqueles com pele muito clara. Com frequência, há a presença de melanose, hiperemia, palidez, cia- nose, icterícia e dermatografismo. Em situações mais graves e na presença de complicações sistêmicas, a coloração pode sinalizar estados necróticos (2). Um quantitativo de 65 (64,4 %) dos enfermeiros considera- ram sempre avaliar o turgor e a elasticidade da pele da pessoa idosa. Estudo propôs construir uma escala que avaliasse o turgor da pele de idosos em São Paulo utilizada pelos profissionais de saúde com finalidade de avaliar a hidratação cutânea. A água que hidrata a pele provém da epiderme e da derme e evapora-se a partir de um fenômeno denominado “perda de água transepidér- mica”. Já o manto hidrolipídico permite a manutenção da hidrata- ção e previne o ressecamento. Uma pele hidratada tem um turgor normal, representado por maciez, elasticidade e suavidade, que estão relacionadas ao teor de umidade no estrato córneo (20). No que se refere ao excesso de umidade, 64 (63,4 %) enfer- meiros disseram que este é um cuidado que nunca deixam de con- siderar em relação à assistência ao idoso com xerose cutânea, bem como 66 (65,3 %) afirmaram sempre estar atentos às áreas de maceração. Essa condição é corroborada com os resultados de um estudo de validação de conteúdo do diagnóstico de Enfer- magem “risco de úlcera por pressão”, em que 24 especialistas em cuidados com a pele apontaram a umidade como um fator de risco muito importante, principalmente quando relacionada à urina e às fezes, às forças de abrasão, à fricção e ao cisalhamento, que aumentam a maceração e predispõem à ulceração (21). A termorregulação ocorre, principalmente, através de centros regulatórios da temperatura localizados no hipotálamo e pela cir- culação cutânea, que contribui como isolante de calor variável. Quanto mais próxima da pele, maior a troca de calor, o que carac- teriza um benefício em ambiente quente e uma perda no frio. Na pessoa idosa, com a diminuição da espessura da camada da pele associada ao ressecamento, observa-se que a regulação se torna menos eficiente (22). Assim, 58 (57,4 %) enfermeiros disseram sempre observar a temperatura e 53 (52,5 %), estar atentos à exposição ao frio. Estudo realizado, em Berlim, Alemanha, com 280 idosos resi- dentes em instituições de longa permanência concluiu que, de um total de 60 doenças dermatológicas, a xerose cutânea foi a mais frequente, o que perfaz um total de 99,1 % destas (23). A xerose cutânea tem como características morfológicas: pele pruriginosa, seca, com presença de fissuras e descamação, o que reitera a importância dada por 54 (53,5 %) enfermeiros no que concerne a sempre buscar a existência de rachaduras, a 62 (61,4 %) que observam a presença de descamação e a 64 (63,4 %) que sempre observam a presença de prurido. Neste estudo, 76 (75,2 %) participantes disseram que sempre identificam o risco de lesões associadas ao ressecamento da pele, e 91 (90,1 %) observam a existência de lesões. Estudo realizado em Curitiba, Brasil, com 19 enfermeiros assistenciais sobre o exame físico de pessoas idosas hospitalizadas, revelou que a avaliação da integridade da pele foi o item mais referido pelos enfermeiros e, nesta, são consideradas características como umidade, textura, 11 Cuidados de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas l Ronny Anderson de Oliveira Cruz e outros espessura, temperatura, elasticidade, sensibilidade e presença de lesões nas diversas regiões do corpo. O estado da pele de- monstra os sinais de envelhecimento a partir da perda do tecido de sustentação, da gordura subcutânea, da diminuição de pelos, das glândulas sudoríparas e sebáceas, deixando-as mais propen- sas a lesões e a processos infecciosos (24). Dos entrevistados, 84 (83,2 %) afirmaram que nunca utiliza- ram equipamento importado para avaliar a hidratação da pele de pessoas idosas. Estudo realizado por farmacêuticas do estado de São Paulo, Brasil, apontou quatro instrumentos disponíveis do mercado: o Corneometer CM 825, que se baseia no princípio da capacitância, o Skincon 200 EX e o Dermalab, que se baseiam no princípio da condutância, e, por fim, o Nova Derm Phase Meter DPM 9003, que utiliza o método da impedância. O Corneometer CM 825 tem se mostrado como o mais eficaz para avaliar a pele seca (25), no entanto, mesmo na ausência de equipamentos espe- cíficos, 70 (69,3 %) enfermeiros afirmaram que realizam a inspe- ção diária das condições da pele. Já 80 (79,2 %) enfermeiros disseram sempre registrar os achados em relação às condições da pele da pessoa idosa. O re- gistro de Enfermagem é um dos meios de comprovar a prestação dos cuidados e um indicador de qualidade da assistência. Assim, o preenchimento incorreto e, sobretudo, a falta de periodicidade são fatores que impossibilitam, de forma irreversível, processos avaliativos, de certificação e até mesmo sindicâncias periciais que possam, inclusive, amparar juridicamente o profissional e a instituição (14). Para 54 (53,5 %) enfermeiros, é importante sempre conside- rar as alterações observadas durante a avaliação para escolher o tipo de hidratante, o que pode ter justificado a variabilidade de respostas no tocante aos produtos utilizados. Estudo realizado com 50 pacientes com idade entre 61 e 70 anos verificou que 39,3 % utilizavam ácidos graxos essenciais para prevenir ou tratar le- sões cutâneas (26). Neste estudo, houve destaque para produtos à base de Aloe vera, citados por 40 (39,6 %) entrevistados. No tocante às orientações para a realização do autocuidado, 78 (77,2 %) enfermeiros enfatizaram as questões de higiene cor- poral e 80 (79,2 %) a higiene íntima, bem como 54 (53,4 %) consi- deraram orientar a equipe de Enfermagem acerca da temperatura da água. O banho com água quente deve ser evitado, uma vez que reduz a oleosidade natural e piora a condição do ressecamento; além disso, atentaram para o uso do sabonete com pH ácido, que é o mais recomendando, já que apresenta menor efeito deletério na microbiota cutânea (27). Em Berlim, estudo realizado em hospitais e Instituições de Longa Permanência (ILPs) com 835 sujeitos observou que 48,8 % das pessoas idosas apresentavam pele seca, com uma prevalên- cia maior nas ILPs e destaque para as áreas dos pés e pernas, o que ressalta a importância de realizar intervenções voltadas para o autocuidado (28). Conclusões O estudo possibilitou analisar como enfermeiros atuantes em clínica médica e UTI têm realizado o cuidado de Enfermagem para avaliar, prevenir e tratar a xerose cutânea em pessoas idosas. Dentre os cuidados, destacam-se a importância em considerar a faixa etária, avaliar a coloração da pele, estar atento às áreas com hiperemia e observar a existência de lesões. A valorização do olhar voltado à existência de lesões de pele reforça o modelo cura- tivista e faz um contraponto com os cuidados preventivos, refor- çado pela ausência de equipamentos que podem colaborar com a avaliação do grau de hidratação e o estabelecimento de condutas. Com uma média de formação profissional aproximada de 10 anos e com a maioria dos participantes sem cursos de preven- ção ou tratamento de lesões de pele, infere-se que a vivência e a construção de conhecimentos durante o exercício profissional podem ter contribuído para melhores escores relacionados a al- guns itens do instrumento, bem como para o desenvolvimento das tecnologias digitais. No entanto, ao se observar a relevância em ter ou não cursos específicos para cuidados com a pele, conclui-se que há a neces- sidade de educação permanente com a finalidade de melhorar a qualidade dos cuidados. Outro aspecto importante encontra-se na carência de instrumentos ou protocolos validados para o processo de cuidar em Enfermagem voltados às condições de ressecamen- to da pele em pessoas idosas. Assim, espera-se que este estudo possa contribuir para o di- recionamento das intervenções, bem como para a realização de novas pesquisas e para a criação de protocolos. 12 AÑO 19 - VOL. 19 Nº 4 - CHÍA, COLOMBIA - OCTUBRE-DICIEMBRE 2019 l e1943 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 - eISSN 2027-5374 Limitações do estudo Uma limitação do estudo a ser considerada foi a amostragem que, apesar de ser significativa, sinaliza para a necessidade de uma amostra com a finalidade de transpor barreiras geográficas e possibilitar um diagnóstico real e ampliado. Cabe ainda salien- tar que, em se tratando dos cuidados para as pessoas idosas com xerose cutânea, há uma tímida produção científica sobre a temática nos países da América Latina, onde é possível inferir que estudos realizados em escalas amostrais maiores poderão dirimir resultados influenciados por questões culturais, de formação aca- dêmica e econômicas inerentes a cada região. Conflito de interesse: nenhum declarado. Referências 1. 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