267 Glaudston Silva de Paula1 Julia Fontes-Reis2 Luciana da Conceição-Dias2 Virgínia Faria Damásio-Dutra3 André Luiz de Souza-Braga4 Elaine Antunes-Cortez5 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar 1 Enfermeiro. Aluno especial do Mestrado Acadêmico em Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado da Saúde na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. glaudston.silva@bol.com.br 2 Enfermeiro graduado pelo Centro Universitário Plínio Leite, Niterói, Rio de Janeiro. juliafontes@msn.com 3 Doutoranda em Saúde Pública. Mestre em Saúde Mental. Professora do Centro Universitário Plínio Leite, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. virginia.damasio@gmail.com 4 Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente. Professor Assistente da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. andre.braga@globo.com 5 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro. nanicortez@hotmail.com Recibido: 24 de mayo de 2010 Aceptado: 29 de octubre de 2010 RESUMO A equipe de enfermagem muitas vezes não percebe os problemas de saúde ao qual esta exposta. O objetivo do trabalho foi identificar as condições de trabalho que levam o profissional de enfermagem da unidade hospitalar ao sofrimento psíquico, para que a partir desta, possam surgir estratégias de mudanças a fim de obtermos melhoria nas condições de trabalho e consequentemente na saúde física e mental do profissional. Esta pesquisa configura-se descritiva explicativa exploratória, com uma abordagem qualiquantitativa, realizada através de pesquisa de campo, no Hospital e Maternidade Luiz Palmier, onde entrevistamos profissionais técnicos de enfermagem e enfermeiros do setor hospitalar, através de um questionário com questões abertas e fechadas. Na análise de dados, os resultados nos mostraram que o profissional em questão está satisfeito, realizado, com um a relação interpessoal satisfatória com a Chefia. O resultado, apesar da satisfação, aponta que a visão do profissional técnico mediante a teu superior é de maneira inadequada. Apesar dos resultados, da visão distorcida, forjada pela inexistência de conceitos como Gerência e Chefia, os profissionais atuam com o espírito da Enfermagem: o cuidar. PALAVRAS-CHAVE Enfermagem, saúde mental, saúde do trabalhador, estresse psicológico, ambiente de trabalho. (Fonte: DeCs, BIREME). Suffering of Psychic Training Nursing Unit Hospital ABSTRACT The nursing staff often does not realize the dangers to which it is exposed. The objective of this study is to help identify elements in the work environment at hospitals that can cause psychological problems for nursing professionals and, on that basis, to facilitate strategies for changes to improve working conditions in the interest of better physical and mental health. This is an exploratory and explanatory AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 l 00-00 268 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 study of a descriptive nature, with a qualitative- quantitative approach. It was conducted through field work at the Luiz Palmier Maternity Hospital, where nursing professionals were interviewed and asked to complete a standard form with open and closed questions. An analysis of the collected data showed the professionals who were interviewed are satisfied, to some degree, with the general conditions and with their superiors. However, in spite of that satisfaction, the results show technical personnel have a poor view of their superiors. Regardless of the results and the distorted view, forged by the lack of concepts such as management and leadership, professional nurses perform in keeping with the spirit of nursing, which is based on care. KEY WORDS Nursing, mental health, employee health, stress, psychological, working environment. (Source: DeCs, BIREME). El sufrimiento psíquico del profesional de enfermería de centros hospitalarios RESUMEN El personal de enfermería a menudo no es consciente de los problemas de salud a que está expuesto. El objetivo del trabajo fue identificar las condiciones laborales en los centros hospitalarios que llevan al profesional de enfermería a sufrir enfermedades psíqui- cas, para que a partir de ahí, puedan surgir estrategias de cambio para mejorar las condiciones de trabajo y, en consecuencia mejorar la salud física y mental del profesional. Este estudio es descriptivo explicativo exploratorio, con un enfoque de cualicuantitativo, realizado a través de la investigación de campo en el hospital y la maternidad Luiz Palmier, donde se ha entrevistado técnicos de enfermería, en- fermeros del sector hospitalário , a través de un cuestionario con cuestiones abiertas y cerradas. En el análisis de datos, los resultados mostraron que el profesional afectado está satisfecho, realizado con una relación interpersonal satisfactoria con el liderazgo. El resultado, a pesar de los puntos de satisfacción, apunta que la visión profesional técnica mediante su superior es inadecuada. A pesar de los resultados, de la visión distorsionada, forjada por la falta de conceptos tales como la gestión y liderazgo, los profesionales trabajan con el espíritu de enfermería: el cuidado. PALABRAS CLAVE Enfermería, salud mental, trabajador de salud, estrés psicológico, ambiente de trabajo. (Fuente: DeCs, BIREME). 269 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. Introdução As relações entre saúde mental e trabalho despontaram a partir da década de 1970 como marco fundamental da nova abordagem da saúde do trabalhador (1). Os profissio- nais mais suscetíveis aos problemas da saúde mental são aqueles que interagem, a maior parte do tempo, com indivíduos que necessitam de sua ajuda, como as enfermeiras, os professores, as assistentes sociais, entre outras profissões (2). Com relação ao profissional de enfermagem da área hospitalar, alguns fatores inter- ferem nas suas condições de trabalho. Entre eles encontramos o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia na área da saúde; a grande variedade de procedimentos reali- zados; o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido nessa área; a especialidade do trabalho; a hierarquização, dificuldade de circulação de informação; o clima de trabalho negativo; papéis ambíguos e falta de clareza das tarefas executadas; o ritmo de trabalho, ambiente físico, estresse do contato com o paciente e familiar; a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do hospital (3,4). O trabalho de enfermagem tem se apresentado como forma de prazer, mas também de sofrimento. Apresenta-se como fonte de prazer quando traz satisfação pessoal, quando o profissional desenvolve suas potencialidades humanas através de seu ofício e sente-se útil a sociedade. No entanto, quando existe submissão e repressão, o trabalho passa a ser uma mercadoria ou mero serviço prestado, podendo haver repressão das potencialidades humanas, gerando insatisfação, angústia e sofrimento psíquico. A equipe de enfermagem muitas vezes não percebe os problemas de saúde ao qual esta exposta nem associa seus sintomas às doenças. Dificilmente a equipe de enferma- gem tem idéia do que ocorre com ela, a ponto de comprometer o seu humor e seu estilo de vida, não percebendo a influência do trabalho e seu estado geral de saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (5) (OMS) há um favorecimento da saúde física e mental quando o trabalho se adapta as condições do trabalhador e quando os riscos para a saúde estão sob controle. Na enfermagem, vive-se uma realidade de trabalho cansativo e des- gastante para os trabalhadores, em que as pessoas convivem com a dor e o sofrimento. A alienação, a impossibilidade de agir criativamente na relação cotidiana de trabalho e os estreitos limites colocados pela organização do trabalho ao uso de seu saber surgem também como causa de sofrimento e desgaste (6). O objeto deste estudo foi o sofrimento psíquico do profissional de enfermagem. O objetivo foi identificar e caracterizar o perfil dos trabalhadores de enfermagem e as con- dições de trabalho que levam o profissional de enfermagem da unidade hospitalar ao sofrimento psíquico. Assim, podem surgir estratégias de mudanças a fim de obterem me- lhoria em suas condições de trabalho e conseqüentemente em sua saúde física e mental. Atualmente temos dados de pesquisa suficientes para afirmar que o cotidiano hospi- talar é gerador de sofrimento psíquico para os trabalhadores da área da saúde. O texto de 270 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 Pitta é marcante neste sentido, pois iden- tifica o trabalho no hospital como penoso e insalubre para toda a equipe envolvida (7). Nosso desejo é que esta pesquisa contribua para mostrar onde há possibili- dade de sofrimento psíquico no cotidiano dos profissionais de enfermagem decor- rente do trabalho cansativo e desgastante onde convivem com a dor e sofrimento de outras pessoas e a partir disso possam pensar em estratégias de mudanças a fim obterem melhoria nas condições de trabalho. Metodologia A pesquisa é descritiva explicativa e exploratória, com abordagem qualitativa realizada através de pesquisa de campo, no Hospital e Maternidade Luiz Palmier (HMLP) em São Gonçalo (RJ) com pro- fissionais de enfermagem do referido hospital. O projeto de pesquisa foi encami- nhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da EEAN/HESFA (UFRJ), conforme Resolução 196/96 (CNS). Respeitando os referen- ciais básicos da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência e justiça (8). Antes de iniciar a coleta dos dados, reali- zou-se esclarecimento sobre os objetivos gerais do estudo e os procedimentos da coleta, além de ser fornecido aos sujeitos que concordaram com a participação para assinarem o Termo de consentimento li- vre e esclarecido. Quanto aos sujeitos da pesquisa, en- trevistamos 40 indivíduos, o que repre- sentou uma amostra de 42% dos profis- sionais, técnicos e enfermeiros do setor hospitalar no horário diurno. A coleta dos dados foi realizada atra- vés de um questionário com 23 questões, onde os sujeitos da pesquisa estiveram livres para responder as perguntas que lhes convieram, e também puderam ex- pressar suas necessidades, dar suges- tões e opiniões sobre o assunto abordado. Ressalta-se que a amostragem quali- tativa privilegia os sujeitos sociais que de- têm os atributos que o investigador pre- tende conhecer, pois possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões (9). De acordo com Minayo, o questionário deve ser considerado um roteiro (ou guia) facilitador de abertura, de ampliação e de aprofundamento da comunicação. Desta- ca ainda que as abordagens qualitativas e quantitativas não são antagônicas, mais sim complementares. Portanto é possível uma interlocução entre ambas. Além dis- so, o que caracteriza a diferença entre es- tas é a natureza dos dados coletados (10). Quanto ao cenário da pesquisa, O HMLP localiza-se na cidade de São Gon- çalo, que segundo o IBGE, conta como a terceira maior população do Estado do Rio de Janeiro, com aproximadamente 1 mi- lhão de habitantes (36). Sua população é majoritariamente de classe média. No que tange a parte física, no térreo do HMLP se localiza a emergência, ao qual não ti- vemos acesso por falta de disponibilidade de funcionários. No segundo andar, fica a Clínica Médica de ambos os sexos, Cen- tro Cirúrgico, Centro de Terapia Intensiva e Unidade Coronária, já no terceiro an- dar localiza-se a parte administrativa do HMLP que se subdivide em administração geral e administração de enfermagem, bem como a sala de estudos de estudos. A equipe de enfermagem muitas vezes não percebe os problemas de saúde ao qual esta exposta nem associa seus sintomas às doenças. Dificilmente a equipe de enfermagem tem idéia do que ocorre com ela, a ponto de comprometer o seu humor e seu estilo de vida, não percebendo a influência do trabalho e seu estado geral de saúde. 271 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. Para analisar os dados obtidos, ado- tamos os seguintes procedimentos: após a aplicação dos questionários, realizamos uma primeira leitura do material, organi- zamos os relatos e revimos o objetivo e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os dis- cursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesqui- sa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associa- ção de idéias e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utiliza- mos os passos de Minayo (10): ordena- mento dos dados, classificação dos dados e análise final. Ressalta-se que o referen- cial que orientou para a análise dos dados foi Dejours. Referencial teórico De acordo com o Ministério da Saú- de (11), no Brasil a saúde do trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objetivos a promoção e a prote- ção da saúde do trabalhador por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condi- ções de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreen- dendo procedimentos de diagnóstico, tra- tamento e reabilitação de forma integrada. A unidade hospitalar é parte integran- te de uma organização médica e social cuja função básica consiste em proporcio- nar assistência médica sanitária comple- ta, tanto curativa como preventiva (12), à população. No entanto, toda assistência deve ser humanizada. Quando as conve- niências da administração hospitalar e considerações econômicas pesam mais que o bem estar do paciente e o respeito a sua autonomia, podem acarretar a na- turalização do sofrimento e a diminuição do compromisso e da responsabilidade na produção da saúde (13). Na prática da enfermagem, o cuidado mais humano deve ser um elemento que se dá através da autenticidade, dignidade, solidariedade, afetividade e do respeito à individualidade humana (14). O Código de Ética dos profissionais de enfermagem (15) afirma que a enfermagem é uma pro- fissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade; atua na promo- ção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais. O profissional de enfermagem participa, como integrante da sociedade, das ações que visem sa- tisfazer às necessidades de saúde da po- pulação; respeita a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana em todo o seu ciclo vital, sem discriminação de qualquer natureza; exerce suas atividades com justiça, competência, responsabilidade e honestidade; presta assistência a saúde visando a promoção do ser humano como um todo. O Sistema de Enfermagem Hospitalar é definido pela Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (16) como um conjunto de unidades de enfermagem constituídas pelos recursos físicos e hu- manos em uma instituição de assistência à saúde. Os processos de atuação da en- fermagem hospitalar estão inseridos dire- tamente nos processos assistenciais do hospital e suas ações estão relacionadas diretamente com as finalidades da insti- tuição de saúde. Todavia, interage com os demais processos da instituição para produzir o efeito principal que é o cuidado, cuja qualidade ao final depende da eficiên- cia, eficácia e interação deles (17). Na prática da enfermagem, o cuidado mais humano deve ser um elemento que se dá através da autenticidade, dignidade, solidariedade, afetividade e do respeito à individualidade humana. 272 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 Os profissionais da Enfermagem Hos- pitalar são os responsáveis técnicos por este sistema e atuam em equipe, e ainda são os únicos profissionais dentro da ins- tituição hospitalar, que atuam diretamente com o cliente, diuturnamente, em um tra- balho contínuo e integrado. Sua ação vai além do cuidado direto ao cliente, envol- vendo ainda a gerência de todas as uni- dades assistenciais e afins da instituição hospitalar (17). Com essas percepções diferentes, torna-se compreensível que emirja o so- frimento psíquico (18) ao instalar-se o conflito entre a organização do trabalho e o funcionamento psíquico dos profissio- nais quando estão bloqueadas todas as possibilidades de adaptação entre a orga- nização do trabalho e desejo dos sujeitos. Para Dejours (19), a noção de sofri- mento é central e implica um estado de luta do sujeito contra as forças que estão empurrando em direção à doença mental. E o sofrimento psíquico é uma vivência sub- jetiva intermediária entre a doença mental descompensada e o bem-estar psíquico. Neste contexto, quando o profissional é impedido de ser sujeito de seu comporta- mento e surgem conflitos decorrentes do confronto entre a personalidade e o de- sejo do profissional e a organização do trabalho que não lhe oferece a liberdade necessária para que possa usar suas apti- dões no exercício do trabalho, culmina no sofrimento e na alienação. As pressões no trabalho, como o con- flito de interesses e a sobrecarga, contri- buem para o desequilíbrio. E o estresse não resolvido leva à deterioração da saú- de mental manifestada por depressão e pela síndrome de burnout (3), considera- da por Harrison (20) um tipo de estresse persistente, vinculado às situações de trabalho, resultante da constante e repe- titiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos. A partir das primeiras leituras que fize- mos, consideramos que enquanto os profis- sionais não se conscientizarem dos riscos que correm e exigirem de suas chefias me- lhores condições de trabalho, esse quadro não mudará e só tende a se alastrar. Faz- se necessário que a chefia também tenha uma visualização do que ocorre com seus funcionários para que não se prejudique todo o trabalho de uma equipe. As chefias devem estar abertas às queixas de seus funcionários e tomar as devidas providên- cias para que estes possam exercer de forma eficaz o seu ofício e não passem a ser cuidados ao invés de cuidadores. Resultados e discussão dos dados Resultados Os dados dos 40 questionários res- pondidos foram organizados inicialmente em tabela, utilizando o software Micro- soft Excel na versão 2003, que nos per- mitiu visualizar, formatar e analisar as informações coletadas que serão apre- sentadas. Os resultados demonstram que a equipe de Enfermagem do Hospital e Maternidade Luiz Palmier é representada por 77,5% de profissionais do sexo femini- no, o que representa uma proporção de 3 mulheres para cada homem. Ressaltamos que ao serem abordados por nós os sujeitos do estudo, observa- mos que 90% apresentaram relutância em contribuir com a pesquisa, sugerindo As pressões no trabalho, como o conflito de interesses e a sobrecarga, contribuem para o desequilíbrio. E o estresse não resolvido leva à deterioração da saúde mental manifestada por depressão e pela síndrome de burnout. 273 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. o vínculo contratual com a instituição em questão. De acordo com o resultado supracita- do evidencia-se a predominância do sexo feminino na equipe de enfermagem, refor- çando o aspecto histórico da enfermagem como uma profissão feminina. Dos entrevistados, 54% são da Clínica Médica, 10% do Centro Cirúrgico, 8% da Coronária, 8% do Centro de Tratamento Intensivo e 20% de outros setores. Des- tes, 24 são solteiros, 13 são casados, 1 é viúvo e 2 são divorciados. Referindo-se a patermaternidade, 50% dos entrevistados não têm filhos. No que concerne ao grau de instrução, dividem-se em dois grupos: a prevalência é o nível técnico (82%) e o grupo de nível superior (18%). No tocante ao tempo de atividade profissional dos participantes na pesqui- sa, os resultados mostram que os que se agrupam até 5 anos de atuação profissio- nal somam 23%, de 6 a 10 anos equivale a 25%, 11 a 15 anos unem-se em 25% e acima de 16 anos somam 27%. Sendo assim, denota-se que a maioria trabalha na Clínica Médica, são solteiros, do nível técnico e com mais de 16 anos de atuação profissional. Porém, no que tange a freqüência do tempo de ativida- de profissional, observa-se que está bem distribuído. Indagados quanto ao anseio que leva- vam à escolha profissional, observamos que 59% dos entrevistados tiveram como fator motivacional a aptidão; 18% se re- feriram a “outros motivos”, tais como a demanda profissional no mercado de tra- balho e a facilidade de acesso pelo custo baixo; 13% chegaram ao denominador co- mum que a curiosidade foi fator prepon- derante na escolha e 10% direcionaram sua escolha pelas doenças familiares. Ressalta-se desta forma que a maio- ria escolheu a profissão por aptidão, e a aptidão evidente sugere-nos a satisfação em fazer o que ama. Quando abordados sob a segurança em seu trabalho relacionada à experiência prática, os que se sentem seguros totali- zam 80%, enquanto que o 20% restante abrange o grupo de inseguros. Como se observa, prevalecem os profissionais se- guros com sua prática de trabalho. Os resultados referentes à educação continuada ou permanente são 47,5% dos entrevistados participam de programas e cursos em favor da renovação do conheci- mento e 52,5% não participam de nenhum meio em prol da atualização educacional. É instigante, porém preocupante, o relato dos profissionais no que se refere a falta de motivação dos profissionais, de- vido a desunião da equipe, o descaso com a profissão e a baixa remuneração. Evi- dencia-se que a desunião da equipe não contribui para um ambiente salutar que se torna fator desencadeante no processo que culminará nos transtornos oriundos do estresse nos profissionais. Desta for- ma, as mudanças essenciais no âmbito do trabalho devem focar em estratégias para a união da equipe, valorização da profis- são e melhora na remuneração. Entretanto, os resultados também mostram que a plenitude profissional nos retorna aos primórdios da profissão, quando os sujeitos dos estudos relatam que a melhora do paciente, a realização e o altruísmo são os elementos que trazem plenitude profissional. É instigante, porém preocupante, o relato dos profissionais no que se refere a falta de motivação dos profissionais, devido a desunião da equipe, o descaso com a profissão e a baixa remuneração. Evidencia-se que a desunião da equipe não contribui para um ambiente salutar que se torna fator desencadeante no processo que culminará nos transtornos oriundos do estresse nos profissionais. 274 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 Não obstante as dificuldades relata- das pelos profissionais, no que tange a satisfação pessoal em relação ao traba- lho, observamos que encontram-se satis- feitos (80%) o não satisfeitos (20%). No cenário de realização profissional nota- mos que os realizados somam 65%; e 35% encontram-se no grupo de não realizados profissionalmente em sua área atuante. Observa-se que a maioria dos profis- sionais estão satisfeitos e realizados pro- fissionalmente, mas um percentual repre- sentativo não está. Tal resultado subsidia uma intervenção junto aos profissionais não satisfeitos e não realizados profissio- nalmente, de forma que estes se satisfa- çam e se realizem na profissão. Quanto às questões inerentes a satis- fação e a realização, nossos entrevistados dissertaram algumas justificativas, dentre as quais destacamos: “Estou satisfeito e realizado, pois gos- to do que faço” (Questionário 17). “Realizada eu sempre fico quando eu vejo um paciente sair do hospital recupe- rado, apesar de não estar satisfeita com os colegas que não se unem, com a falta de recursos que temos e com a remunera- ção que não equivale a nossa responsabi- lidade” (Questionário 32). Não obstante as notórias queixas re- ferentes à remuneração, desunião, dentre outras, as taxas apontam que a realização e a satisfação se confirmam no âmbito de trabalho em questão. No que concerne a relação interpesso- al, o interagir com a chefia foi questiona- do. Os resultados mostram que 55% dos entrevistados mantém uma boa relação, enquanto que 45% responderam que não. Destaca-se algumas expressões que nos direcionaram às exigências e aos pa- radigmas criados sob a gerência e chefia. “É dada a oportunidade, porém eles querem da forma deles, e nem sempre eles estão corretos” (Questionário 09). “É muito autoritarismo aqui, eles até chegam a nos ouvir, mas colocam em prá- tica o que querem e não o melhor para nós” (Questionário 21). Os entrevistados apontam o autori- tarismo da chefia como um problema nas relações interpessoais no hospital. Tal resultado é importante, pois uma relação autoritária influencia diretamente na saú- de do trabalhador de enfermagem e con- sequentemente no cuidado. Discussão Dejours (21) define o sofrimento como o espaço de luta que cobre o campo situ- ado entre o bem-estar e a doença mental. O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediá- ria entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico (18). Cecagno e Siqueira (22) afirmam que os danos acarretados ao ser humano e seu comportamento são devidos às tensões no ambiente de trabalho, levando ao es- tresse profissional, conseqüente da insa- tisfação profissional. Mediante o resultado da pesquisa, no- tamos que o tempo de trabalho não inter- fere na satisfação do trabalhador, e sim na relação direta com a equipe e chefia. É notório que a pressão psicológica é fator desencadeante do sofrimento. Jus- tificamos a postura aversiva dos entre- O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico. 275 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. vistados, pois não são respaldados, visto que sua inserção na instituição foi contra- tual, e o medo da perda do emprego leva à não exigência de um meio favorável, ou da participação ativa na organização do trabalho. Sendo assim, vislumbra-se a realiza- ção da mesma pesquisa em um cenário e com sujeitos que estejam seguros, mini- mizando os vieses da pesquisa. Porém, é relevante a realização de outras pesqui- sas com sujeitos que possuam as mesmas características de forma a corroborar ou não com os resultados evidenciados e que com esses, estratégias sejam elaboradas e implementadas para a promoção da saúde deste trabalhador. Com a precari- zação das relações trabalhistas na área da saúde, estes profissionais represen- tam um quantitativo expressivo nos ce- nários de cuidado e merecem condições dignas de trabalho. No que concerne ao posicionamento dos sujeitos do estudo, para tentar “con- torcer” ou camuflar o sofrimento, os tra- balhadores usam ideologias defensivas, como deixar de tomar iniciativas e assu- mir responsabilidades, se fechar, não se comunicam com os outros e passam a se preocupar somente consigo, desconfian- do dos colegas de trabalho que poderiam tentar prejudicá-los de alguma maneira. Assim, o relacionamento é rompido para evitar conflitos (23). O estudo de Graça (24) corrobora a satisfação apontada pelos entrevistados quando disserta que a satisfação no tra- balho resulta da avaliação periódica que cada um de nós faz, instantaneamente e empiricamente, do grau de realização dos seus valores, necessidades, preferências e expectativas profissionais. Os enfermeiros apontam o autorita- rismo da chefia como um problema nas relações interpessoais no hospital. A prio- ri cabe-nos descrever alguns conceitos necessários para o entendimento das di- visões dos labores inerentes a cada grupo dos profissionais da enfermagem. Segun- do o Dicionário Aurélio (25), chefia condiz à dignidade de chefe, repartição onde exerce suas funções, governo, direção, comando; administração significa a ação ou o feito de administrar, o conjunto de normas e funções que têm por fim orde- nar a estrutura e funcionamento de uma organização; e gerência é a ação de gerir, assim como gestão e funções de gerente. Posto que o conceito de gestão se confundir com o termo menos amplo – administração –, convém trazer à tona a dificuldade de conceituação. A gestão se preocupa com o controle da cadeia de su- primento, o conhecimento dos clientes e os seus desejos através da pesquisa de mer- cado, aproximando do conceito do sistema aberto (biologia). Com relação à adminis- tração, entende que tem um foco operacio- nal, principalmente no que tange à venda, à fabricação, à contabilidade, à engenharia e à compra. Dessa forma, se na gestão existe a preocupação com o conhecimento e os desejos dos clientes e trabalhadores, deve-se pensar que a valorização dos des- tes aspectos, principalmente dos traba- lhadores, possa interferir positivamente e diretamente nos cuidados. Compreende-se que a função ge- rencial pode ser conceituada como um instrumento para desenhar políticas e, tecnicamente, organizar o processo de trabalho com o objetivo de torná-lo mais qualificado e produtivo na oferta de uma assistência, de um cuidado de enferma- gem universal, igualitário e integral (26). No que concerne ao posicionamento dos sujeitos do estudo, para tentar “contorcer” ou camuflar o sofrimento, os trabalhadores usam ideologias defensivas, como deixar de tomar iniciativas e assumir responsabilidades, se fechar, não se comunicam com os outros e passam a se preocupar somente consigo, desconfiando dos colegas de trabalho que poderiam tentar prejudicá-los de alguma maneira. 276 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 Deste modo, a gerência pode ser encara- da como um instrumento para a efetiva- ção das políticas, pois ela pode favorecer a manutenção ou a transformação de um determinado contexto. Na enfermagem nos dias de hoje, gerência de unidade consiste na previ- são, provisão, manutenção, controle de recursos materiais e humanos para o funcionamento do serviço, e gerência do cuidado que consiste no diagnóstico, pla- nejamento, execução e avaliação da as- sistência (26). Assim, gerenciar é cuidar, pois quando planejam, organizam, avaliam e coordenam se espera que o cuidado seja realizado da melhor forma possível (27). Para Aguiar (28), a liderança é algo essencial no processo de trabalho geren- cial do enfermeiro. Trata-se basicamente da coordenação de grupos, destacando que nas organizações, o significado atri- buído à liderança, aos líderes e ao grupo reflete a filosofia, a política de pessoal e as propostas de trabalho dessas organiza- ções. Segundo esta autora, cabe também à gerência um caráter articulador e inte- grativo, desde quando a ação gerencial é determinada e determinante no processo de organização de serviços de saúde e fundamenta-se na efetivação de políticas sociais e, em específico, as de saúde. Pelos resultados, observa-se que os subordinados vêem enfermeiro chefe se distancia do papel de gerente que o en- fermeiro tem e se limita a administrar a unidade da que é responsável. Neste ínte- rim, vale lembrar que a enfermagem gal- ga o rol participativo e não supostamente designativo. No entanto, para os entrevis- tados a chefia tem sido um fator desmoti- vador, dificultador e que afasta dos princí- pios humanísticos proposto pelo cuidado, pois ela não tem a visão de gestão e sim de administração, ou seja, preocupa-se apenas com o foco operacional e não com o processo e o produto final, que no caso da enfermagem, é o processo de trabalho de enfermagem e o cuidado de enferma- gem respectivamente. No que concerne à distância entre o nível técnico e superior na enfermagem, torna-se evidente, dentro da pesquisa que a hierarquia com seus paradigmas, tra- zem à luz conflitos entre as subdivisões profissionais, na execução das responsa- bilidades cotidianas, além de conflitos nas relações interpessoais. Os conflitos são manifestações das configurações do poder na organização; portanto, devem compreender-se nas suas formas declaradas ou silenciosas e podem ser tratados ou negados (29). Uma estratégia a ser pensada é a in- clusão da educação permanente no cená- rio da pesquisa. A educação permanente é crucial para o trabalhador, pois mesmo com a segurança adquirida através do tempo de trabalho, as tecnologias utiliza- das em unidade hospitalar se renovam a todo instante, as condições de vida e de saúde dos usuários se modificam coti- dianamente. Destaca-se que a educação permanente por ter como premissa a aprendizagem significativa, ou seja, ba- seada na experiência do profissional, na realidade vivenciada e na participação do profissional é benéfica para o cuidado, as- sim como para a relação interpessoal dos profissionais. A educação permanente em saúde foi elaborada para aprimorar o método edu- cacional em saúde, tendo o processo de trabalho como seu objeto de transforma- Deste modo, a gerência pode ser encarada como um instrumento para a efetivação das políticas, pois ela pode favorecer a manutenção ou a transformação de um determinado contexto. 277 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. ção, com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços, visando alcançar equidade no cuidado, tornando os trabalhadores mais qualificados para o atendimento das necessidades da população (30). Paixão (31) nos embasa dizendo que a educação é um processo global, que não é só fornecer conhecimentos, mas desen- volvimento pleno da pessoa permitindo conhecer a realidade. Desta forma, a educação permanente não se preocupa somente com a transmissão de conheci- mentos técnicos, mas também com a ex- periência real que o trabalhador vivencia e com as relações interpessoais no am- biente de trabalho, pois estas influenciam diretamente no cuidado de enfermagem. Quando abordados quanto a moti- vação profissional, a prevalência rumou para a essência da profissão: o cuidar. Ou seja, a maior motivação é o próprio cuidar do outro. Segundo Pacheco (32), a definição de cuidar abrange a prestação atenciosa e continuada de forma holística a uma pes- soa enferma, realçando desta maneira o direito à dignidade da pessoa cuidada. Este resultado nos leva a fonte da profissão, personificada em Florence Ni- ghtingale, que em seu imo fundamentava- se nos conceitos religiosos de caridade, amor ao próximo, doação, humildade, as- sim como pelos preceitos de valorização do ambiente adequado para o cuidado, divisão social do trabalho em enfermagem e autoridade sobre o cuidado a ser pres- tado (33). O imo da profissão sobressai nas cri- ses. A prevalência da essência da enfer- magem, nos alerta para a satisfação do profissional. O mesmo culmina na plenitu- de da realização profissional, em fazer o que gosta, não obstante os dissabores e conflitos no meio. Neste contexto, corroboramos com Damásio, Melo e Esteves (34) quando afir- mam que os enfermeiros desempenham atividades de assistência direta e indire- ta, por meio de ações individuais e coleti- vas atingidas em diferentes intervenções terapêuticas visando, à autonomia e a qualidade de vida dos usuários do serviço de saúde. Deste modo, as atribuições do enfermeiro estão ligadas ao cuidado de enfermagem no âmbito individual, fami- liar e coletivo. Ou seja, a realização das funções de cuidar e administrar atende as necessidades do modelo clínico de assis- tência à saúde, que marca a enfermagem hospitalar. A desunião dentro da equipe de enfer- magem foi apontada como um problema gerador de sofrimento. Segundo Araujo, Busnardo e Marchiori (35) os profissio- nais chegam a este denominador comum por não abrirem mão de seus interesses pessoais para facilitar o trabalho do co- lega, no que se refere à carga horária de trabalho e à tarefa do cuidar. De tal modo, a equipe de enfermagem enfrenta no coti- diano do trabalho hospitalar o sofrimento gerado pelos problemas de relacionamen- to entre colegas, chefia e direção geral, e a dicotomia entre o cuidado humanizado que se propõem enquanto enfermeiros e a insatisfação com o vínculo e condições de trabalho. No entanto, se colocam como re- alizados, pois dizem gostar do que fazem e ressaltam a essência do cuidado como fator facilitador neste processo. Por fim, evidencia-se que há uma con- tradição nesta análise, pois se os profis- As atribuições do enfermeiro estão ligadas ao cuidado de enfermagem no âmbito individual, familiar e coletivo. Ou seja, a realização das funções de cuidar e administrar atende as necessidades do modelo clínico de assistência à saúde, que marca a enfermagem hospitalar. 278 AÑO 10 - VOL. 10 Nº 3 - CHÍA, COLOMBIA - DICIEMBRE 2010 AQUICHAN - ISSN 1657-5997 sionais se sentem realizados por gosta- rem de cuidar do outro, e se a essência do cuidado é um facilitador nesse processo, deve-se pensar em investimentos no cui- dado do outro, mas do outro trabalhador, e não somente daquele que está inter- nado, para que os mesmos mantenham essa essência de cuidar e cuidem uns dos outros, melhorando os problemas de re- lacionamento e minimizando a dicotomia supracitada. Considerações finais Na pesquisa que nos propusemos a fazer, atingimos o nosso objetivo, iden- tificando os fatores que permitem o de- sencadear do sofrimento psíquico do profissional de enfermagem, onde nossos dados comprovam que o maior sofrimento está diretamente ligado a organização do trabalho e não com a profissão. Percebe- mos que o orgulho de ser enfermeiro se conflita com uma condição de trabalho insatisfatória gerada pela dificuldade de relacionamento entre os profissionais, sejam eles chefes ou colegas de trabalho. Nossos resultados nos levam a essên- cia da profissão, que se fundamenta no cuidar com amor ao próximo, com doação e humildade, pois a grande maioria dos entrevistados se consideram realizados e felizes em sua profissão. Desta maneira, retomamos aos primórdios da profissão, cujas bases foram erigidas por Florence Nightingale, galgadas pelo rol do altruís- mo. O cuidado em enfermagem está di- retamente ligado ao envolvimento e ao comprometimento da pessoa com a insti- tuição e com a profissão. E a produtivida- de deste profissional não pode ser medida por quantidade de procedimentos, pois os resultados de sua atuação nem sempre serão visíveis, palpáveis ou mensuráveis. Os resultados também nos mostram o quanto a educação permanente é im- prescindível, pois promove um ambiente saudável, visando alcançar a equidade no cuidado com propostas educativas que motivam ao autoconhecimento e aperfei- çoamento. Ademais, com a educação per- manente, o cuidado não ficará limitado ao cliente, e sim a todos que participam do processo do cuidado, minimizando o so- frimento psíquico dos trabalhadores, ao pensar em estratégias de melhorias nas condições de trabalho gerada, principal- mente, pela dificuldade de relacionamento entre os profissionais. REFERÊNCIAS 1. Camarotti H, Teixeira HA. Saúde mental e trabalho: estudo da Regional Norte de Saúde do DF. Revista de Saúde do Distrito Federal (RSDF) 1996; 7(1): 29-40. 2. Baba V, Galaperin BL, Lituchy TR. Occupational mental health: A study of work-related depression among nurses in the Caribbean. International Jour- nal of Nursing Studies. 1999; 36(1): 163-9. 3. Santos MS, Trevizan MA. Sofrimento psíquico no trabalho do enfermeiro. Nursing Rev Téc Enf 2002; 52(1): 23-28. 4. Moos RH, Cronkite RC, Finney, JW. Health and daily living form Manual. 2ª ed. California: Mind Garden; 1990. 5. Brasil. Organização Mundial de Saúde (OMS). Brasí- lia: OMS; 1985. 6. Silva DMPP, Marziale MHP. Absenteísmo de traba- lhadores de enfermagem em um hospital universi- tário. Rev latino-am Enferm 2000; 8(5): 20-33. 7. Pitta AM. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec; 1990. 8. Gil AC. Como elaborar projeto de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas; 2002. 9. Minayo MCS. Quantitativo e qualitativo em indica- dores de saúde: revendo conceitos. In: Costa MFL, Souza RP. Qualidade de vida: compromisso histó- rico da epidemiologia. Belo Horizonte: Coopmed; 1994. p. 25-33. 10. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec; 2004. 11. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 1.125/GM Dis- põe sobre os propósitos da política de saúde do trabalhador para o SUS. Brasília; 2005. 12. Brasil. Ministério da Saúde. Programa de Humani- zação da Assistência Hospitalar: Programas e Rela- tório 20. Brasília: MS; 2001. 279 O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar l Glaudston Silva de Paula, Julia Fontes-Reis, Luciana da Conceição-Dias e outros. 13. Pessini L, Bertachini L. Humanização e cuidados paliativos. São Paulo: Edunisc/Loyola; 2004. 14. Erdmann AL. Sistema de cuidados de enfermagem. Florianópolis: Universitária; 1996. 15. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Co- fen 240/2000. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Cap. I. Dos princípios fundamentais. Rio de Janeiro: Cofen; 2000. 16. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen 168/93. Normas para anotação da responsabilida- de técnica de enfermeiro, em virtude de chefia de serviço de enfermagem, nos estabelecimentos das instituições e empresas públicas, privadas e filan- trópicas onde é realizada assistência à saúde. Rio de Janeiro: Cofen; 1993. 17. Silva MA, Erdmann AL, Cardoso RS. O sistema de enfermagem hospitalar: visualizando o cenário das políticas gerenciais. Rev Elet Enferm 2008; 10(2): 448-59. 18. Dejours, C. A loucura do trabalho: estudo de psi- copatologia do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Cortez; 1992. 19. Dejours, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 1999. 20. Harrison, BJ. Are you to burn out? Fund Raising Ma- nagement. New York: McGraw-Hill; 1999. 21. Dejours, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações In: Chanlat, JF. O indivíduo na or- ganização. 3ª ed. São Paulo: Atlas; 1996. 22. Cecagno D. Qualidade de vida e o trabalho sob a ótica do enfermeiro. Curitiba: Cogitare, 2002; 7(2): 54-9. 23. Milanesi K, Collet N, Viera CS, Oliveira BRG. Sofri- mento Psíquico em Dejours. Seminário Nacional: Estado e Políticas Sociais no Brasil. Cascavel: Edu- nioeste. 2008. 24. Graça L. A satisfação profissional dos profissionais de saúde nos centros de saúde. In: Instrumentos para a melhoria contínua da qualidade. Lisboa: Di- reção de Saúde; 1999. p. 1-19. 25. Ferreira ABH. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira; 1980. 26. Greco RM. Ensinando a administração em enferma- gem através da educação em saúde. Brasília: Rev Bras Enferm 2004; 57(4): 504-7. 27. Vaguetti H. Percepções dos enfermeiros acerca das ações administrativas em seu processo de traba- lho. Brasília: Rev Bras Enferm 2004; 57(3): 316-20. 28. Aguiar AB, Costa RSB, Weirich CF, Bezerra ALQ. Ge- rência dos serviços de enfermagem: um estudo bi- bliográfico. Rev Elet Enferm 2005; 7(3): 319-27. 29. Cecílio LCO, Moreira ME. Disputa de interesses, me- canismos de controle e conflitos: a trama do po- der nas organizações de saúde. Rev Adm Publ 2002; 36(4): 587-608. 30. Ceccim RB. Educação permanente: desafio ambicio- so e necessário. Interface-Comunic, Saúde e Educ 2005; 9(18): 161-77. 31. Paixão W. Páginas de história da enfermagem. Rio de Janeiro: Universidade do Brasil; 1951. 32. Pacheco S. Cuidar da pessoa em fase terminal: perspectiva ética. Loures (Portugal): Editora Luso- ciência; 2002. 33. Padilha MICS, Mancia JR. Florence Nightingale e as irmãs de caridade: revisitando a história. Rev. Bras. Enferm. 2005; 58(6): 723-26. 34. Damásio VF, Melo VC, Esteves KB. Atribuições do enfermeiro nos serviços de saúde metal no contex- to da reforma psiquiátrica. Rev Enferm UFPE. 2008; 2(4): 367-73. 35. Araújo MD, Busnardo EA, Marchiori FM. Formas de produzir saúde no trabalho hospitalar: uma inter- venção em psicologia. Cad Psicol Soc Trab 2002; 5 (7): 37-49. 36. IBGE. Censo demográfico 2000. Resultados do universo. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 out. 2009.