Microsoft Word - 18-Agra_15080.doc 1231 Original Article Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA DE CICLO SEMIPRECOCE E MÉDIO QUANTO À SEVERIDADE DE MANCHAS FOLIARES REACTION OF SEMIEARLY AND MEDIUM CYCLE SOYBEAN GENOTYPES TO LEAF SPOTS SEVERITY Analy Castilho POLIZEL1; Fernando Cezar JULIATTI2; Osvaldo Toshiyuki HAMAWAKI2; Edna Maria Bonfim da SILVA3 1. Professora, Doutora, Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas– ICAT, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Rondonópolis - MT, Brasil, analy@ufmt.br; 2. Professor, Doutor, Instituto de Ciências Agrárias– ICIAG, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia - MG, Brasil; 4. Professora, Doutora, Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas– ICAT, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Rondonópolis - MT, Brasil RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar 28 genótipos de soja, pertencentes ao ciclo semiprecoce/médio em quatro localidades. Estes materiais foram avaliados quanto à severidade de manchas foliares (mancha parda, mancha olho-de-rã, oídio e míldio) e produtividade de grãos. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. Verificou-se interações significativas entre genótipos x ambientes para as variáveis severidade de mancha parda, oídio, míldio, mancha olho-de-rã e produtividade. A linhagem UFUS 18, proveniente do cruzamento entre IAC 100 x Emgopa 302, mostrou-se produtiva e resistente às manchas foliares. Os genótipos UFUS 8 (IAS 5 x Emgopa 302), UFUS 22 (IAC 100 x Emgopa 302) e UFUS 23 (Cristalina x IAC 100) foram promissores, devendo ser indicados em Uberaba e Uberlândia, Uberaba e São Gotardo e Uberaba, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: Glycine Max. Interação genótipo x ambiente. Melhoramento genético. INTRODUÇÃO A cultura da soja é uma das principais atividades agrícolas no Brasil, aumentando anualmente o volume da produção, a produtividade e área plantada, especialmente em Mato Grosso. Como toda cultura exótica, a soja iniciou sua expansão com excelente sanidade nos principais países produtores do Cone Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia). Porém, com o avanço ao longo dos anos do cultivo comercial, as doenças começaram aparecer, passando a representar um dos fatores limitantes ao aumento e à estabilidade do rendimento. A importância das doenças varia de ano para ano, de uma região para outra, dependendo das condições climáticas, do surgimento de novas raças ou de novos patógenos, das estratégias de controle e dos níveis de controle obtidos (EMBRAPA, 2000). Entre as alternativas de controle disponíveis está o melhoramento genético para resistência a doenças. Sediyama et al. (1999) relataram que uma das maiores contribuições do melhoramento da soja tem sido o desenvolvimento de cultivares resistentes àa doenças. O melhoramento contínuo para produtividade de grãos e demais características agronômicas, desprezando as avaliações de severidade e/ou incidência das doenças, podem, ao longo do tempo, eliminar genes de resistência. Cultivares resistentes a determinadas doenças, quando modificadas, para atender certos interesses, podem perder parte da resistência se não forem devidamente avaliadas (YORINORI; 2002). A expressão da produtividade de grãos é função dos efeitos genéticos e ambientais, e da interação entre ambos. Além da produtividade, estabilidade de produção e ampla adaptação agronômica são características de uma boa cultivar. Parte da estabilidade de produção é conferida pela introdução de resistência a doenças, nematóides e insetos (EMBRAPA, 2002). O conhecimento da associação entre caracteres é de grande importância nos trabalhos de melhoramento, principalmente se a seleção em um deles apresenta dificuldades, em razão da baixa herdabilidade e/ou tenha problemas de medição e identificação. Em estudos genéticos é importante distinguir e quantificar o grau de associação genética e ambiental entre os caracteres (CRUZ; REGAZZI, 1997). A eficiência da seleção visual de qualquer caráter depende de sua herdabilidade, isto é, do grau de influência do ambiente sobre sua expressão fenotípica (VERNETTI, 1983). Tendo em vista a necessidade de obtenção de cultivares com resistência múltipla, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a reação de genótipos, de ciclo semi-precoce e médio, quanto à severidade de manchas foliares, e estudar a adaptabilidade e estabilidade fenotípica dos mesmos nos ambientes estudados. Received: 04/05/12 Accepted: 05/10/12 1232 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram instalados em quatro locais visando fazer uma análise conjunta do comportamento dos genótipos de soja em diferentes regiões do Estado de Minas Gerais (HIGERT et al., 1993). Os experimentos foram conduzidos nos municípios de Araguari, situado na latitude 18° 32’ S, longitude 48° 12’ W (altitude de 922 m e precipitação média anual de 1504,5 mm); São Gotardo, latitude 19° 20’ S, longitude 46° 03’ W (altitude de 1100m e precipitação média anual de 1197 mm); Uberaba, latitude 19° 59’ S, longitude 47° 53’ W (altitude de 764 m e precipitação média anual de 1388 mm) e Uberlândia, na Fazenda Capim Branco, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, situada na latitude 18o 55’ S, longitude 48o17’ W (altitude de 872 m e precipitação média anual de 1485,1 mm). As linhagens utilizadas pertencem ao ciclo semi-precoce e médio, provenientes de cruzamentos realizados no Programa de Melhoramento Genético de Soja da Universidade Federal de Uberlândia, estando em fase de ensaio regional. Adotaram-se como testemunhas as cultivares MGBR-46 (Conquista), UFV 19, M-soy 8800 e M-soy 8411, cultivares estas recomendadas para os locais de estudo. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, sendo feita análise conjunta de 28 genótipos, semeados em quatro localidades, com três repetições. Cada parcela foi composta de quatro linhas de plantas de soja de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m, totalizando 336 parcelas de 9m2. Aos 57 dias após a semeadura de cada experimento, avaliaram-se três plantas, escolhidas ao acaso e sempre pertencentes às duas fileiras centrais de cada parcela, quanto à severidade de manchas foliares: mancha parda (Septoria glycines), mancha olho-de-rã (Cercospora sojina), oídio (Erysiphe diffusa) e míldio (Peronospora manshurica). Foram coletadas três folhas na parte baixeira, mediana e alta de cada planta, totalizando nove folhas planta-1. Com a observação destas, atribui-se notas através da escala visual para severidade de doenças conforme recomendações de Juliatti e Santos (1999). A epidemia foi de ocorrência natural. Para acompanhar a evolução de cada doença, foi avaliada a severidade de sintomas quinzenalmente, após a primeira avaliação, até a estabilização da evolução da doença, totalizando três avaliações por local. Quando as plantas estavam em estádio R8 operou-se a colheita manual, nas duas linhas centrais de cada parcela, eliminando-se 0,50 m da extremidade da parcela como bordadura. Após a colheita, pesaram-se os grãos obtidos em cada parcela para avaliação da produtividade de grãos. As notas de severidades obtidas foram transformadas em porcentagem para realizar a análise dos dados para cada doença através da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Todo o procedimento para obtenção da AACPD foi realizado através do programa AVACPD, da Universidade Federal de Viçosa. Pelo programa Sanest, procedeu-se a análise de variância, utilizando o teste de F e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, para todos os caracteres estudados. Posteriormente, realizou-se a análise de adaptabilidade e estabilidade dos genótipos pelo método da ecovalência proposto por Wricke (1965) relativa a doenças foliares (AACPD) e produtividade de grãos (kg ha-1). Também, estimou- se a herdabilidade ampla para cada local e análise conjunta com as médias dos genótipos (ALLARD, 1960). RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da AACPD de mancha parda em função do genótipo e local de cultivo da soja notou- se que a testemunha M-soy 8411 apresentou menor severidade da doença em todos os locais de cultivo, ou seja, resistência parcial, com exceção de São Gotardo (Tabela 1). Porém, nos demais locais, não houve diferença estatística entre M-soy 8411 e pelo menos 50% dos genótipos avaliados. Em Araguari, além de M-soy 8411, as linhagens UFUS 10 (IAC 100 x Emgopa 302), UFUS 20 (IAC 100 x Emgopa 302) e UFUS 23 (Cristalina x IAC 100) apresentaram tendência de serem menos suscetíveis à Septoria glycines. De maneira geral, Confiança x BR 4 (UFUS 2) em Araguari, IAC Foscarin x FT 2000 (UFUS 1), em Uberaba e Uberlândia e FT Cometa x FT 2000 (n°7), em Uberaba, obtiveram maior AACPD, demonstrando maior suscetibilidade ao fungo estudado. Nenhum material avaliado foi imune à S. glycines (Tabela 1). Para Azevedo (1998), as cultivares com resistência parcial possuem certa estabilidade no campo porque apresentam a somatória do efeito de genes, responsáveis também pela durabilidade dessas cultivares. Quanto ao local de cultivo, observou-se que, para a maioria dos genótipos estudados, a menor severidade de mancha parda ocorreu em Uberaba (Tabela 1). Isto pode ser explicado devido ser este local de menor altitude, menor umidade relativa e 1233 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 com uma menor precipitação média anual. Conforme Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2001), a maior severidade de mancha parda ocorre quando há chuvas freqüentes. Tabela 1. Médias dos dados (AACPD) de mancha parda em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Nº Genealogia Locais de Cultivo Médias Araguari São Gotardo Uberaba Uberlândia UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 1165 abA 960 aAB 835 aB 1188 aA 1037 UFUS 2 Confiança x BR 4 1233 aA 833 aBC 563 abcC 1023 abcAB 913 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 875 abcAB 855 aAB 733 abB 1103 abA 892 UFUS 4 BR 4x FT 2000 895 abcAB 853 aAB 710 abcB 1003 abcdA 865 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 1020 abcA 668 aB 793 abAB 1065 abA 887 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 1168 abA 728 aC 855 aBC 1103 abAB 964 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 933 abcA 1063 aA 895 aA 938 abcdA 957 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 875 abcA 750 aA 750 abA 858 abcdA 808 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 918 abcAB 773 aAB 708 abcB 1023 abcA 856 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 742 cA 835 aA 668 abcA 750 bcdA 749 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 980 abcA 793 aA 750 abA 898 abcdA 855 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 898 abcAB 750 aAB 625 abcB 1020 abcA 823 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 813 bcA 855 aA 708 abcA 878 abcdA 814 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 878 abcA 835 aA 810 abA 1003 abcdA 882 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 1083 abcA 1003 aAB 750 abB 1020 abcAB 964 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 853 abcA 875 aA 813 abA 940 abcdA 870 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 1023 abcA 813 aAB 668 abcB 833 abcdAB 834 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 770 bcA 770 aA 648 abcA 793 abcdA 745 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 873 abcA 750 aAB 500 abcB 873 abcdA 749 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 710 cA 750 aA 645 abcA 833 abcdA 735 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 790 bcA 793 aA 708 abcA 793 abcdA 771 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 770 bcA 813 aA 708 abcA 935 abcdA 807 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 750 cA 813 aA 415 bcB 630 cdAB 652 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 790 bcAB 875 aA 563 abcB 750 bcdAB 745 Conquista 858 abcAB 935 aA 608 abcB 725 bcdAB 782 UFV 19 1060 abcA 770 aB 770 abB 978 abcdAB 895 M-soy 8800 770 bcA 728 aA 563 abcA 768 bcdA 707 M-soy 8411 710 cA 793 aA 315 cB 605 dA 606 Médias 900 823 681 905 827 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Almeida (2001) selecionando genótipos resistentes à S. glycines, em casa de vegetação, observou que nenhum genótipo testado foi imune à mancha parda da soja. No entanto, as cultivares CTS-40, IAS-2, IAS-5, PI 230 975 e PI 204 332 exibiram menor porcentagem de área foliar necrosada e apresentaram maior período em dias para atingir 5% de severidade, caracterizando-se como resistência parcial. Os resultados demonstraram que o nível de severidade estabelecido baseado no número de dias para atingi- lo é um bom indicador para seleção de genótipos com resistência parcial a S. glycines. Ainda, métodos de melhoramento como a seleção recorrente, poderão utilizar essa resistência para obtenção de genótipos com maior nível de resistência, especialmente com genótipos já adaptados às condições brasileiras como IAS 2 e IAS 5. 1234 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 Através dos dados de severidade de mancha olho-de-rã notou-se que, em Araguari, não houve diferença estatística entre os materiais estudados (Tabela 2). Em São Gotardo, as linhagens UFUS 2 (Confiança x BR 4), UFUS 3 (IAC Foscarin x BR 4), UFUS 7 (FT Cometa x FT 2000), UFUS 9 (FT 2000 x Emgopa 302), UFUS 10 (IAC 100 x Emgopa 302), UFUS 14 (FT Cometa x FT 2000) e UFUS 16 (FT 2000 x Emgopa 302) foram suscetíveis. As linhagens oriundas do cruzamento de Cristalina x IAC 100 foram imunes à Cercospora sojina. Em Uberaba, FT 2000 x IAC 17 (UFUS 11) e IAC 100 x Emgopa 302 (UFUS 17 e 19) apresentaram maior AACPD, enquanto Cristalina x IAC 100 (UFUS 6), IAS 5 x Emgopa 302 (UFUS 8), IAC 100 x Emgopa 302 (UFUS 10) e FT Cometa x FT 2000 (UFUS 14) foram imunes a doença. Em Uberlândia, a testemunha UFV 19 mostrou-se altamente suscetível e diversos genótipos apresentaram imunidade. Tabela 2. Médias dos dados (AACPD) da mancha olho-de-rã em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Nº Genelaogia Locais de Cultivo Médias Ar aguari São Gotardo Ube raba Uber lândia UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 35 aAB 286 abcA 14 abB 0 bB 84 UFUS 2 Confiança x BR 4 62 aBC 870 aA 122 abAB 0 bB 264 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 0 aB 573 aA 17 abB 0 bB 148 UFUS 4 BR 4x FT 2000 0 aB 393 abcA 14 abB 17 abB 106 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 0 aB 294 abcA 71 abAB 0 bB 91 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 0 aB 264 abcA 0 bB 0 bB 66 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 0 aB 843 aA 14 abB 17 abB 219 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 0 aB 181 abcdA 0 bB 0 bB 45 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 0 aB 677 aA 9 abB 0 bB 172 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 548 aA 0 bB 0 bB 137 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 0 aB 241 abcA 235 aA 0 bB 119 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 27 aB 467 abA 14 abB 0 bB 127 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 41 aAB 216 abcA 9 abB 0 bB 67 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 0 aB 1080 aA 0 bB 0 bB 270 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 47 aAB 393 abcA 61 abAB 0 bB 125 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 155 aAB 528 aA 24 abBC 0 bC 177 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 9 aB 286 abcA 292 aA 0 bB 147 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 114 aA 9 cdAB 110 abA 0 bB 58 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 14 aB 253 abcA 363 aA 0 bB 158 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 310 abcA 14 abB 0 bB 81 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 45 aAB 322 abcA 14 abB 63 abAB 111 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 14 aA 144 abcdA 70 abA 17 abA 61 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 9 aAB 0 dB 76 abA 14 abAB 25 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 0 aB 292 abcA 9 abB 22 abB 81 Conquista 14 aB 288 abcA 110 abAB 17 abB 107 UFV 19 122 aA 55 abcdA 91 abA 494 aA 191 M-soy 8800 181 aAB 497 abA 205 abAB 31 abB 229 M-soy 8411 0 aA 14 bcdA 14 abA 17 abA 11 Médias 32 369 70 25 124 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Quanto ao local de cultivo notou-se que em São Gotardo houve uma maior severidade da doença, visto que, conforme dados apresentados na metodologia, esta localidade apresenta maior altitude. Ainda, ocorreram durante o período de condução do experimento condições predisponente à ocorrência da doença, conforme citação de Embrapa (1996), tais como alta temperatura e precipitação (Tabela 2). Para a reação de resistência à mancha olho- de-rã, observou-se que nenhum cruzamento foi imune ou resistente em todos os locais. Destacou-se um cruzamento entre Cristalina e IAC 100 que apresentou genótipo com imunidade em São Gotardo, local de maior ocorrência de mancha olho- 1235 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 de-rã (Tabela 2). Este resultado pode ser explicado devido ao fato da cultivar Cristalina, segundo Embrapa (2002), ser resistente às raças (Cs-15, Cs- 23, Cs-24, Cs-25 e misturas de raças). IAC 100 é suscetível apenas à raça Cs-24. Os materiais suscetíveis possivelmente não apresentam o gene de resistência à raça Cs-24. Em São Gotardo, provavelmente, estava presente esta raça, pois nos demais locais alguns materiais foram imunes outros resistentes. As médias de AACPD de oídio (Tabela 3) demonstraram que a linhagem UFU 1 (IAC Foscarin x FT 2000) apresentou maior susceptibilidade em todos os ambientes. Os demais genótipos apresentaram efeito variável dependendo do local de cultivo. Em Araguari não houve diferença estatística entre os materiais estudados. Em São Gotardo, a testemunha UFV 19 tendeu a ser a mais resistente, apesar de não diferir estatisticamente de IAS 5 x Emgopa 302 (UFUS 8 e 12), FT 2000 x Emgopa 302 (UFUS 15), IAC 100 x Emgopa 302 (UFUS 17, 18 e 22), Conquista, M-soy 8800 e M-soy 8411. Em Uberaba a cultivar Conquista foi imune. Em Uberlândia, os materiais IAS 5 x FT 2000 (UFUS 5), IAS 5 x Emgopa 302 (UFUS 8 e 12), IAC 100 x Emgopa 302 (UFUS 18, 19, 21), Cristalina x IAC 100 (UFUS 23), UFV 19, M-soy 8800 e M-soy 8411 apresentaram imunidade à Erysiphe diffusa. Tabela 3. Médias dos dados (AACPD) de oídio em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Nº Genealogia Locais de Cultivo Médias Araguari São Gotardo Uberaba Uberlândia UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 149 aB 1310 aAB 1452 aA 936 aAB 962 UFUS 2 Confiança x BR 4 14 aB 685 aA 729 abcA 17 bcdB 361 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 19 aB 1058 aA 1041 aA 179 abcdAB 574 UFUS 4 BR 4x FT 2000 65 aB 942 aA 1247 aA 587 abAB 710 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 0 aB 807 aA 933 abA 0 dB 435 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 0 aB 1332 aA 908 abcA 17 bcdB 564 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 80 aB 803 aA 1355 aA 227 abcdAB 616 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 0 aB 149 abA 130 abcdeA 0 dB 70 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 27 aB 762 aA 932 abA 227 abcdAB 487 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 14 aB 562 aA 300 abcdA 20 bcdB 224 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 0 aB 1016 aA 842 abcA 282 abcA 535 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 0 aB 534 abA 137 abcdeA 0 dB 168 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 14 aB 1090 aA 524 abcA 45 abcdB 418 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 22 aB 633 aA 1324 aA 32 abcdB 503 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 14 aB 407 abA 583 abcA 17 bcdB 255 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 9 aB 835 aA 1102 aA 14 cdB 490 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 533 abA 30 bcdeB 17 bcdB 145 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 497 abA 95 abcdeA 0 dB 148 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 855 aA 394 abcdA 0 dB 312 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 14 aB 954 aA 134 abcdeAB 17 bcdB 280 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 14 aB 778 aA 9 deB 0 dB 200 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 0 aB 457 abA 52 abcdeAB 17 bcdB 132 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 0 aB 667 aA 29 cdeB 0 dB 174 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 0 aC 871 aA 307 abcdAB 81 abcdB 315 Conquista 0 aB 108 abA 0 eB 14 cdAB 31 UFV 19 0 aA 14 bA 9 deA 0 dA 6 M-soy 8800 0 aB 304 abA 9 deB 0 dB 78 M-soy 8411 0 aB 307 abA 76 abcdeAB 0 dB 96 Médias 16 688 524 98 332 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Quanto aos ambientes em estudo, verificou- se que Araguari foi desfavorável a ocorrência de oídio, enquanto que São Gotardo foi o ambiente mais favorável ao desenvolvimento do patógeno 1236 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 (Tabela 3). Conforme descrito por Fundação MT (1999) o oídio é favorecido por altitudes acima de 1000m, portanto o único ambiente com esta característica foi São Gotardo (1100m). Conseqüentemente houve uma maior severidade de E. diffusa neste local. Ocorreu reação de resistência diferenciada de genótipos de soja a oídio nos diferentes locais. Não há estudos conclusivos sobre variabilidade patogênica do fungo E. diffusa, porém, a perda de resistência da cultivar MG/BR-46 (Conquista) que, na safra 1996/97, foi considerada imune a campo, indica que há variabilidade genética do patógeno (EMBRAPA, 2000). Para McGee (1992) as variações nas reações de algumas cultivares em diferentes estudos sugerem a existência de raças. Segundo Embrapa (2001), as cultivares resistentes ou moderadamente resistentes à oídio não apresentam reduções na produtividade em decorrência do ataque do fungo. Logo, é de suma importância a aquisição de materiais com esta característica. No presente experimento verificou-se que os materiais provenientes do cruzamento entre IAS 5 x Emgopa 302 e as cultivares testemunhas apresentaram variação de resistência moderada à imunidade entre os locais de cultivo. Analisando a reação das cultivares de soja ao ataque de oídio conforme dados de Embrapa (2002) notou-se que os resultados obtidos neste experimento foram concordantes, pois o genitor Emgopa 302 e a testemunha M-soy 8800 foram considerados moderadamente resistentes enquanto Conquista e M-soy 8411 foram resistentes. Não há dados disponíveis sobre a reação das cultivares UFV 19 e IAS 5. Pereira et al. (2008) avaliando a adaptabilidade e estabilidade de genótipos de soja para resistência à oídio verificaram os genótipos que apresentaram os melhores níveis de resistência durante as sete avaliações para o ambiente estudado, em geral, também foram os de melhor adaptabilidade e estabilidade, enquanto que os mais suscetíveis foram os de pior previsibilidade de comportamento. Pela AACPD de míldio em função do genótipo e do local de cultivo, notou-se que, em Araguari, os materiais UFUS 6 (Cristalina x IAC 100) e UFUS 14 (FT Cometa x FT 2000) foram imunes ao patógeno, não diferindo estatisticamente apenas da testemunha M-soy 8411 e da linhagem UFUS 7 (FT Cometa x FT 2000). Em Uberaba, vários materiais apresentaram suscetibilidade ao fungo, principalmente UFUS 1 (IAC Foscarin x FT 2000), UFUS 15 (FT 2000 x Emgopa 302) e UFUS 19 (IAC 100 x Emgopa 302), enquanto que a imunidade foi encontrada na linhagem UFUS 14 (FT Cometa x FT 2000). Em Uberlândia, os materiais UFUS 17 e 19 (IAC 100 x Emgopa 302) e UFV 19 mostraram maiores valores de AACPD, enquanto que UFUS 6 (Cristalina x IAC 100) e UFUS 14 (FT Cometa x FT 2000) foram imunes ao míldio (Tabela 4). Quanto ao local de cultivo a menor ocorrência foi observada em São Gotardo, porém mesmo assim houve diferença estatística entre os genótipos (Tabela 4). Um grande número de raças do fungo foi relatado nos EUA, porém, no Brasil, não há relatos de estudos à respeito (EMBRAPA, 2000). Tabela 4. Médias dos dados (AACPD) de míldio em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Nº Genealogia Locais de Cultivo Médias Araguari São Gotardo Uberaba Uberlândia UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 583 abA 0 cB 801 aA 709 abA 523 UFUS 2 Confiança x BR 4 482 abA 0 cB 552 abA 679 abA 428 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 250 abcdA 0 cB 359 abA 430 abA 260 UFUS 4 BR 4x FT 2000 27 cdeAB 0 cA 51 bcdA 60 bcdA 35 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 422 abA 0 cB 231 abA 503 abA 289 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 0 eB 0 cB 51 bcdA 0 dB 13 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 17 deA 0 cA 9 cdA 9 cdA 9 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 743 abA 71 abcB 486 abA 753 abA 513 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 317 abcA 0 cB 265 abA 155 abcA 184 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 221 abcdA 0 cB 305 abA 283 abA 202 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 320 abcA 0 cB 196 abcA 537 abA 263 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 243 abcdA 0 cB 238 abA 249 abA 183 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 293 abcA 0 cB 479 abA 311 abA 271 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 0 eA 0 cA 0 dA 0 dA 0 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 470 abA 20 bcB 907 aA 405 abA 451 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 477 abA 14 bcB 166 abcA 707 abA 341 1237 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 347 abcA 0 cB 303 abA 762 aA 353 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 195 abcdA 14 bcB 346 abA 526 abA 270 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 625 abA 0 cB 781 aA 801 aA 552 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 223 abcdA 0 cB 126 abcA 230 abA 145 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 206 abcdA 0 cB 575 abA 110 abcA 223 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 404 abA 91 abcA 432 abA 416 abA 336 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 310 abcA 0 cB 263 abA 402 abA 244 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 261 abcdA 0 cB 250 abA 534 abA 261 Conquista 294 abcA 14 bcB 683 aA 259 abA 313 UFV 19 740 abA 191 abA 722 aA 835 aA 622 M-soy 8800 755 aA 413 aA 999 aA 812 aA 745 M-soy 8411 60 bcdeA 0 cB 250 abA 199 abA 127 Médias 332 30 387 417 292 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Pelos dados médios de produtividade de grãos apresentados na Tabela 5, verificou-se que os materiais diferiram entre si em cada local quanto ao comportamento produtivo. Em Araguari o genótipo UFUS 22 (IAC 100 x Emgopa 302) obteve uma melhor performance, mas diferiu significativamente apenas dos genótipos UFUS 2, 12 e 13 e das testemunhas M-soy 8800 e M-soy 8411. Em São Gotardo a testemunha Conquista apresentou maior produtividade, diferindo estatisticamente das linhagens UFUS 2, 3 e 14. Nos demais locais a cultivar M-soy 8411 mostrou-se mais produtiva, apesar de não diferir estatisticamente de mais de 50% dos genótipos. Segundo Eberhart e Russel (1966) o mesmo genótipo apresentará comportamento diferenciado em função dos locais de cultivo. Os resultados obtidos pela Embrapa (2002) também podem ser confirmados no presente trabalho. Segundo a mesma, não há genótipo que apresentasse superioridade aos demais em todas as características avaliadas. Mas há genótipos que apresentam uma boa combinação de características. Para uso comercial, algumas delas são fundamentais, como resistência ao cancro da haste, à mancha olho de rã e uma boa produtividade. Outras são desejáveis, como resistência a outros patógenos. Portanto, analisando conjuntamente todas as variáveis, verificou-se que a linhagem UFUS 18 (IAC 100 x Emgopa 302), demonstrou ser altamente ou medianamente produtivo e com imunidade ou resistência a diversos patógenos foliares, com exceção de míldio. Porém, segundo Rane e Ruhl (2003), o míldio raramente causa perdas significativas no rendimento de grãos. Além disso, existem diversos materiais promissores que devem ser recomendados por local, tais como a linhagem UFUS 8 (IAS 5 x Emgopa 302), UFUS 22 (IAC 100 x Emgopa 302) e UFUS 23 (Cristalina x IAC 100), em Uberaba e Uberlândia, Uberaba e São Gotardo e Uberaba, respectivamente. Tabela 5. Médias da produtividade de grãos (Kg ha-1) em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Nº Genealogia Locais de Cultivo Média s Araguari São Gotardo Uberaba Uberlândia UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 3444 abcA 3012 abcA 3218 abA 3199 abcA 3218 UFUS 2 Confiança x BR 4 2582 cA 2072 bcA 3026 abA 1942 cA 2406 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 3556 abcA 2250 bcA 2797 bA 2124 bcA 2682 UFUS 4 BR 4x FT 2000 3815 abcA 2761 abcAB 4130 abA 2314 bcB 3255 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 3082 abcAB 3608 abAB 3755 abA 2204 bcB 3162 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 3354 abcA 2855 abcA 3762 abA 2374 bcA 3086 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 4048 abcA 2622 abcAB 3559 abAB 2281 bcB 3128 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 3826 abcA 3216 abcA 3331 abA 3391 abcA 3441 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 3766 abcA 2858 abcA 3580 abA 3108 abcA 3328 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 3817 abcAB 3118 abcB 4906 abA 3380 abcB 3805 1238 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 3240 abcA 2783 abcA 3220 abA 3128 abcA 3093 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 2767 bcA 3354 abA 3182 abA 2962 abcA 3066 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 2578 cA 3080 abcA 2948 abA 3238 abcA 2961 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 3595 abcA 1085 cB 3416 abA 3056 abcA 2788 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 3760 abcA 3071 abcA 4166 abA 4117 abA 3779 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 3830 abcA 3626 abA 3892 abA 2680 bcA 3507 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 3521 abcAB 3185 abcAB 4291 abA 2440 bcB 3359 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 3799 abcA 3379 abA 3631 abA 3259 abcA 3517 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 3857 abcA 2575 abcA 4040 abA 3091 abcA 3391 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 3827 abcA 3648 abA 3444 abA 3033 abcA 3488 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 4752 abA 2749 abcB 3760 abAB 3036 abcB 3574 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 5011 aA 3358 abB 3257 abB 2492 bcB 3530 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 3672 abcAB 3228 abcAB 4469 abA 2861 bcB 3558 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 3607 abcA 2630 abcA 3218 abA 3217 abcA 3168 Conquista 4328 abcA 4420 aA 4589 abA 3307 abcA 4161 UFV 19 3588 abcA 4050 abA 4178 abA 3050 abcA 3717 M-soy 8800 2492 cB 3349 abAB 4055 abA 3160 abcAB 3264 M-soy 8411 2432 cB 3515 abB 5009 aA 5075 aA 4008 Médias 3570 3052 3744 2983 3337 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Os resultados de adaptabilidade dos genótipos de soja quanto à produtividade, mancha parda, mancha olho de rã, oídio e míldio estão apresentados nas Tabelas 6 e 7. Quanto à produtividade de grãos, verificou-se que a cultivar M-soy 8411 foi um dos materiais mais produtivos, porém apresentou uma menor adaptabilidade e estabilidade fenotípica. Quanto às doenças foliares observou-se que o material mais estável em relação a uma variável não foi necessariamente o mais estável para as outras. Analisando todos os caracteres avaliados (produtividade de grãos e AACPDs de manchas foliares) notou-se que os genótipos com menor contribuição para interação genótipo x ambiente foram UFUS 10 (IAC 100 x Emgopa 302), UFUS 11 (FT 2000 x IAC 17), UFUS 12 (IAS 5 x Emgopa 302) e UFUS 24 (Cristalina x IAC 100). Tabela 6. Estimativas de ecovalência de 28 genótipos de soja, conduzidos em quatro locais (Araguari, São Gotardo, Uberaba e Uberlândia), quanto às características de rendimento de grãos (kg ha-1), mancha parda (AACPD) e mancha olho-de-rã (AACPD), segundo o método descrito por Wricke (1965). N° Genealogia Produtividade Mancha Parda Mancha olho-de-rã Médias Kg ha-1 Wi Wi (%) AACP D Wi Wi (%) AACP D Wi Wi (%) Wi (%) UFUS 2 Confiança x BR 4 2406 63117 0,3 913 10942 5 14,5 264 17738 9 9,2 8,0 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 3328 118231 0,5 856 14285 1,9 172 91209 4,7 2,4 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 3517 119075 0,5 745 6446 0,9 58 12125 7 6,3 2,5 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 3086 204666 0,8 964 76073 10,1 66 4118 0,2 3,7 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 3093 237741 0,9 855 8974 1,2 119 45158 2,3 1,5 UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 3218 284164 1,1 1037 16819 2,2 84 4179 0,2 1,2 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 3441 386409 1,5 808 11480 1,5 45 17087 0,9 1,3 UFUS 23 Cristalina x IAC 3558 387849 1,5 652 46131 6,1 25 97445 5,0 4,2 1239 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 100 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 3507 395529 1,6 870 16166 2,1 177 32021 1,7 1,8 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 3168 396303 1,6 745 25363 3,4 81 3201 0,2 1,7 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 3391 397729 1,6 749 15351 2,0 158 95765 5,0 2,9 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 3488 422863 1,7 735 13499 1,8 81 870 0,0 1,2 Conquista 4161 550733 2,2 782 43665 5,8 107 7427 0,4 2,8 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 2682 559369 2,2 892 27045 3,6 148 43865 2,3 2,7 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 3359 612212 2,4 834 20386 2,7 147 55257 2,9 2,7 UFV 19 3717 613851 2,4 895 23569 3,1 191 30940 9 16, 0 7,2 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 3805 697122 2,8 749 24653 3,3 137 37914 2,0 2,7 UFUS 4 BR 4x FT 2000 3255 714203 2,8 865 5594 0,7 106 3504 0,2 1,3 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 3779 721695 2,9 964 9073 1,2 125 1501 0,1 1,4 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 3066 758534 3,0 823 21630 2,9 127 13354 0,7 2,2 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 3128 764433 3,0 957 37974 5,0 219 19317 9 10, 0 6,0 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 3162 1031742 4,1 887 62527 8,3 91 2985 0,2 4,2 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 2961 1117233 4,4 814 9295 1,2 67 14611 0,8 2,1 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 3574 1267322 5,0 771 13617 1,8 111 6282 0,3 2,4 M-soy 8800 3264 1356881 5,4 707 1018 0,1 229 13165 0,7 2,1 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 3530 2500527 9,9 807 16907 2,2 61 35263 1,8 4,7 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 2788 2775925 11, 0 882 15101 2,0 270 42680 6 22, 1 11,7 M-soy 8411 4008 5687821 22, 6 606 64707 8,6 11 79399 4,1 11,8 Wi: estimativa de ecovalência, Wi (%)=estimativa de ecovalência em %. Tabela 7. Estimativas de ecovalência de 28 genótipos de soja, conduzidos em quatro locais (Araguari, São Gotardo, Uberaba e Uberlândia), quanto à severidade de oídio (AACPD) e míldio (AACPD), segundo o método descrito por Wricke (1965). N° Genealogia Oídio Míldio Médias AACPD Wi Wi(%) AACPD Wi Wi(%) Wi(%) UFUS 2 Confiança x BR 4 361 45060 0,9 428 44468 2,5 1,7 UFUS 9 FT 2000 x Emg. 302 487 91982 1,8 184 38644 2,2 2,0 UFUS 18 IAC 100 x Emg. 302 148 95694 1,9 270 30782 1,7 1,8 UFUS 6 Cristalina x IAC 100 564 352320 6,9 13 87104 4,9 5,9 UFUS 11 FT 2000 x IAC 17 535 77172 1,5 263 48734 2,7 2,1 UFUS 1 IAC Fosc. X FT 2000 962 379142 7,4 523 105730 5,9 6,7 UFUS 8 IAS 5 x Emg. 302 70 181566 3,5 513 96230 5,4 4,5 UFUS 23 Cristalina x IAC 100 174 156102 3,0 244 7866 0,4 1,7 UFUS 16 FT 2000 x Emg. 302 490 262310 5,1 341 144422 8,1 6,6 1240 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 UFUS 24 Cristalina x IAC 100 315 80002 1,6 261 34740 2,0 1,8 UFUS 19 IAC 100 x Emg. 302 312 53168 1,0 552 118522 6,7 3,9 UFUS 20 IAC 100 x Emg. 302 280 218710 4,3 145 29730 1,7 3,0 Conquista 31 255885 5,0 313 112517 6,3 5,7 UFUS 3 IAC Fosc. x BR 4 574 175050 3,4 260 4546 0,3 1,9 UFUS 17 IAC 100 x Emg. 302 145 135750 2,6 353 112078 6,3 4,5 UFV 19 6 304910 5,9 622 42414 2,4 4,2 UFUS 10 IAC 100 x Emg. 302 224 25916 0,5 202 6040 0,3 0,4 UFUS 4 BR 4x FT 2000 710 254962 5,0 35 70075 3,9 4,5 UFUS 15 FT 2000 x Emg. 302 255 65752 1,3 451 188565 10,6 6,0 UFUS 12 IAS 5 x Emg. 302 168 76090 1,5 183 11723 0,7 1,1 UFUS 7 FT Cometa x FT 2000 616 400194 7,8 9 89684 5,0 6,4 UFUS 5 IAS 5 x FT 2000 435 148454 2,9 289 40708 2,3 2,6 UFUS 13 IAC Fosc. x FT 2000 418 134316 2,6 271 20400 1,1 1,9 UFUS 21 IAC 100 x Emg. 302 200 214028 4,2 223 127464 7,2 5,7 M-soy 8800 78 166000 3,2 745 34446 1,9 2,6 UFUS 22 IAC 100 x Emg. 302 132 122963 2,4 336 3100 0,2 1,3 UFUS 14 FT Cometa x FT 2000 503 530112 10,3 0 94894 5,3 7,8 M-soy 8411 96 133414 2,6 127 33266 1,9 2,3 Wi: estimativa de ecovalência, Wi (%)=estimativa de ecovalência em %. As variâncias genéticas e fenotípicas, herdabilidades, diferenciais de seleção e ganhos com seleção em 24 genótipos de soja e quatro locais de cultivo encontram-se na Tabela 8. Observando cada local isoladamente, verificou-se para todos os caracteres variação na herdabilidade conforme o local de cultivo. Em relação à análise conjunta, as variáveis manchas pardas, olho de rã e produtividade apresentaram baixa herdabilidade, demonstrando o efeito ambiental presente sobre os genótipos em questão. Prado et al. (2001) avaliando a adaptabilidade e estabilidade de cultivares de soja em cinco épocas de plantio no cerrado de Rondônia quanto à produtividade obtiveram valores de herdabilidade variando de 0,33 a 0,78. Estes valores foram semelhantes aos encontrados no presente trabalho sendo uma variação de 0,20 a 0,81. Tabela 8. Estimativa dos parâmetros genéticos estudados em diferentes linhagens cultivadas em locais distintos. Parâmetros genéticos Mancha parda Mancha olho-de-rã Araguari Uberaba Uberlândia Análise conjunta Araguari São Gotardo Uberaba Análise conjunta Média geral 900 681 905 827 32 369 70 124 Var. fenotípica 26079,41 16257,71 26445,49 14039,45 1,12 1,26 1,77 0,71 Var. genética 15225,66 9395,82 9362,38 5850,09 0,55 1,01 0,66 -0,08 Herdabilidade 0,58 0,58 0,35 0,42 0,49 0,8 0,37 -0,11 Diferencial de seleção -133 -223 -275 -98 -32 -364 -66 -113 Ganho de seleção -77 -129 -96 -41 -16 -291 -24 12 Oídio Araguari São Gotardo Uberaba Uberlândia Análise conjunta 1241 Reação de genótipos... POLIZEL, A. C. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 29, n. 5, p. 1231-1242, Sept./Oct. 2013 Média geral 16 688 524 98 332 Variância fenotípica 0,95 0,24 2,17 2,49 1,07 Variância genética 0,31 0,16 1,27 1,46 0,53 Herdabilidade 0,33 0,67 0,59 0,59 0,50 Diferencial de seleção -16 -539 -505 -96 -295 Ganho de seleção -5 -361 -298 -57 -148 Parâmetros genéticos Míldio Produtividade Arag. São Gotard o Uberaba Uberl. Análise conjunta Araguari São Gotardo Uberlândia Análise conjunta Média geral 332 30 387 417 292 3570 3052 2983 3337 Variância fenotípica 1,61 0,65 1,55 1,93 1,16 464215,16 353698,57 354210,77 269441,51 Variância genética 1,35 0,23 0,96 1,58 0,77 159834,88 285398,40 167379,76 52838,04 Herdabilidade 0,84 0,35 0,62 0,82 0,66 0,34 0,81 0,47 0,20 Diferencial de seleção -327 -30 -382 -414 -288 1312 575 1134 240 Ganho de seleção -275 -11 -237 -339 -190 446 466 533 48 CONCLUSÕES A linhagem 18, proveniente do cruzamento entre IAC 100 x Emgopa 302, mostra-se produtiva e com maior resistência às manchas foliares (mancha olho de rã, mancha parda e oídio). Os genótipos 8 (IAS 5 x Emgopa 302), 22 (IAC 100 x Emgopa 302) e 23 (Cristalina x IAC 100) são promissores, devendo ser indicados por local, considerando os patógenos incidentes em cada ambiente. A cultivar M-soy 8411 é altamente produtiva, com menor adaptabilidade e estabilidade fenotípica. Os genótipos com menor contribuição para interação genótipo x ambiente, com maior adaptabilidade e estabilidade fenotipica são provenientes do cruzamento entre: IAC 100 x Emgopa 302, FT 2000 x IAC 17, IAS 5 x Emgopa 302 e Cristalina x IAC 100. ABSTRACT: This study evaluated 28 semi-early and medium cycle soybean genotypes in four locations. These were evaluated for leaf spots (brown spot, frogeye leaf spot, powdery and downy mildews) severity and yield productivity. The statistical design was randomized blocks with three repetitions. There was a significant interaction between genotype x environment variables for the severity of brown spot, powdery mildew, downy mildew, frogeye leaf spot and yield productivity. Line 18, from the crossing IAC 100 x Emgopa 302, was more productive and presented resistance reaction to leaf spots. The genotypes 8 (IAS 5 x Emgopa 302), 22 (IAC 100 x Emgopa 302) and 23 (Cristalina x IAC 100) are promising and should be indicated by location. 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