Microsoft Word - 11-Agra_18197 563 Original Article Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 REAÇÃO DE PROGÊNIES DE MARACUJAZEIRO AZEDO À ANTRACNOSE EM CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO REACTION OF PASSION FRUIT PROGENIES TO THE ANTRACNOSIS UNDER GREENHOUSE CONDITIONS Marcelo Alves de Figueiredo SOUSA1; Márcio de Carvalho PIRES3; José Ricardo PEIXOTO1; Fábio Gelape FALEIRO2; Luiz Eduardo Bassay BLUM3 1. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília – UnB, Brasília, DF, Brasil. mcpires@unb.br ; 2. Pesquisador, Embrapa Cerrados, Brasília, DF, Brasil; 3. Instituto de Ciências Biológicas – UnB, Brasília, DF, Brasil. RESUMO: Neste trabalho objetivou-se avaliar e selecionar progênies de maracujazeiro- azedo com resistência à antracnose em condições de casa de vegetação. O experimento foi conduzido na estação experimental da biologia da Universidade de Brasília. Foram utilizadas sementes (propagação sexuada) coletadas no campo da fazenda Água Limpa. As progênies usadas nesse experimento foram: seleção MAR, 20#01, 20#05, 20#12, 20#15, 20#19, 20#21, 20#36, 20#40 e 20#2005, PL1, PL2, PL3, PL4, PL5, PL7, GA2, BRS Gigante Amarelo, MSC, BRS Sol do Cerrado, RC3, Roxo Australiano, AR01 e FB100. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcela subdividida com 24 tratamentos (progênies), 4 repetições e 6 plantas úteis por repetição. A progênie MAR20#19 apresentou as menores incidências na folha, planta e severidade, 89,2%, 87,5% e 3,71, respectivamente. A progênie MAR20#19 comportou-se como moderadamente resistente e as outras progênies como altamente susceptíveis. PALAVRAS-CHAVE: Passiflora edulis. Resistência. Colletotrichum gloeosporioides. INTRODUÇÃO A fruticultura tem obtido espaço na agricultura brasileira de maneira significativa, alcançando grandes avanços no que diz respeito à economia (ARAÚJO et al., 2012). O Brasil é o maior produtor mundial de frutas tropicais, com produção de maracujá correspondendo a 719 milhões de toneladas e produtividade média de 13,55 t ha-1 no ano de 2009 (IBGE, 2009). Por se tratar de uma cultura muito rentável, a cultura do maracujazeiro vem se destacando, sobremaneira, na região Nordeste em virtude de oferecer condições edafoclimáticas favoráveis ao bom desenvolvimento da cultura. Atualmente, a região responde por 73,60% da produção nacional com produtividade média de 11,25 t ha-1 considerada, portanto, baixa quando comparada com a região sudeste, de 18,40 t ha-1. A antracnose é comumente encontrada nas regiões produtoras de maracujá do Brasil, tendo também sido constatada em Passiflora edulis na Austrália, China, Florida, Japão, Nova Zelândia, Península Malaia e Havaí (FARR; ROSMAN, 2011). Ocorre, principalmente, em frutos desenvolvidos e se constitui na mais importante doença pós-colheita da cultura, reduzindo o período de conservação dos frutos. Em algumas regiões do País, a antracnose [Colletotrichum gloeosporioides (Penz.). Penz. & Sacc.] têm sido fator limitante à passicultura. Essa doença, quando favorecida por condições edafoclimáticas favoráveis, não é controlada de forma eficaz pelos métodos tradicionais de controle (JUNQUEIRA et al., 2011). O agente da antracnose é o fungo Glomerella cingulata (Stoneman) Spaulding et Schrenk, cuja fase anamórfica corresponde a Colletotrichum gloeosporioides (FISCHER et al., 2005). Dentre as espécies de Colletotrichum, C. gloeosporioides é considerada a mais disseminada, heterogênea e importante, principalmente nos trópicos. Seus conídios são hialinos e unicelulares, produzidos no interior de acérvulos subepidérmicos dispostos em círculos (FISCHER et al., 2005). O agente causal sobrevive em folhas infectadas caídas ou em outras plantas hospedeiras vizinhas dos pomares. Como os propágulos desse fungo são disseminados por respingos de água, a ação de C. gloeosporioides é favorecida por alta umidade, principalmente chuvas abundantes. A temperatura próxima de 27ºC favorece a produção dos esporos. Chuvas menos intensas favorecem o progresso da doença numa mesma planta já infectada, enquanto que chuvas acompanhadas de ventos tendem a transportar o fungo para outras plantas. Em períodos de temperaturas mais baixas, a importância da doença diminui, sendo pequena a sua incidência nos meses de inverno, mesmo que ocorram chuvas (RUGGIERO et al., 1996). Os danos causados por este patógeno são mais expressivos em plantios adultos, geralmente após o primeiro pico de safra, chegando a provocar seca de galhos e morte de plantas. O fungo infecta tecidos novos e brotações, podendo permanecer em estado latente ou quiescente, sem mostrar sintomas até que as condições climáticas se tornem favoráveis Received: 21/09/12 Accepted: 20/02/14 564 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 e/ou a planta sofra algum tipo de estresse, quer seja nutricional, hídrico ou por excesso de produção. Quando isso acontece, geralmente as plantas começam a secar (JUNQUEIRA et al., 2005). Inicialmente, nos frutos, os sintomas são caracterizados pela presença de lesões marrons com halo esverdeado, às vezes na forma de pequenas pontuações verdes. Sob condições de armazenamento, as lesões adquirem coloração marrom, aumentam de tamanho, podendo atingir até 3 cm de diâmetro. Com o tempo, as lesões coalescem, tomando toda a superfície do fruto. Sobre as lesões, em condições de alta umidade, podem surgir frutificações de cor rosa e/ou pontuações escuras dispostas na forma de anéis concêntricos. A doença é mais severa nos frutos desenvolvidos durante o período chuvoso (JUNQUEIRA et al., 2003). O controle de doenças no maracujazeiro, assim como nas fruteiras em geral, deve ser iniciado no campo. Frutos com altas cargas microbianas, no momento da colheita, frequentemente desenvolvem sintomas de doenças, por melhores que sejam os métodos de pós-colheita empregados para seu controle (SIGRIST, 2003). Como medidas culturais de controle da antracnose que devem ser realizadas em campo, recomendam-se a realização de podas de limpeza e a remoção de restos culturais como folhas e frutos, utilização de mudas sadias produzidas em locais onde não ocorra a doença, manejo adequado da irrigação e adubação equilibrada. Na fase de pós- colheita, o manuseio cuidadoso dos frutos evitando ferimentos reduz a incidência do patógeno (VIANA; COSTA, 2003; JUNQUEIRA et al., 2003; FISCHER et al., 2005). Estudos recentes têm demonstrado que isolados de Trichoderma koningii Oudem apresentam potencial antagônico a C. gloeosporioides em frutos e plantas de maracujá, indicando a possibilidade de seu uso no controle da doença em campo (ROCHA & OLIVEIRA, 1998; FISCHER et al., 2005). Para a utilização de controle químico são citados os fungicidas do grupo dos benzimidazóis, cúpricos, ditiocarbamatos, chlorotalonil e tebuconazole (FISCHER et al. 2005). Durante a fase de frutificação, recomenda-se o uso de pulverizações preventivas com fungicidas protetores à base de cobre, mancozeb e clorotalonil (AGROFIT, 2008). Até o momento, não há registros de variedades ou cultivares de maracujá com algum tipo de resistência à antracnose (AGROFIT, 2008). Entretanto, estudos realizados no Distrito Federal mostraram que a cultivar Roxo-australiano foi resistente à antracnose na pós-colheita em comparação com as cultivares Maguari, Marília e Vermelho (JUNQUEIRA et al. 2003). A identificação de fontes de resistência à antracnose e a incorporação em variedades produtivas e de boa qualidade de frutos é de fundamental importância num programa de melhoramento genético de maracujazeiro. A ampla variabilidade do maracujazeiro-amarelo é passível de exploração no melhoramento genético (GONÇALVES et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2008). Nesse sentido, objetivou-se, neste trabalho, avaliar a reação de progênies elite de maracujazeiro- azedo quanto à incidência e a severidade de antracnose em folhas e plantas em condições de casa de vegetação e inoculação artificial. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação na Estação Experimental da Biologia - EEB/Setor de Fruticultura, no período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. A casa de vegetação foi protegida por tela anti-afídeo, com nebulização intermitente, temperatura variando entre 18 ± 8°C à noite e 35 ± 7°C ao dia e umidade relativa de 70% a 90%, sistema de irrigação por aspersão, com a utilização de “bailarinas”, a aproximadamente 1,5 m de altura da bancada, com vazão de 100 litros/hora, espaçados 3 metros de uma haste a outra e um turno de rega, três vezes/semana, equipada também com uma estação meteorológica. Os isolados de Colletotrichum gloeosporioides foram obtidos do banco de acessos da Embrapa Recursos genéticos e Biotecnologia e a suspensão de conídios utilizada na inoculação foi produzida no laboratório de Controle Biológico deste centro de pesquisa. Para a produção das colônias de C. gloeosporioides foi colocado um disco de micélio de (5mm de diâmetro) em uma placa de Petri (9mm de diâmetro) contendo meio BDA (Batata-Dextrose- Ágar), e estas foram armazenadas em câmara de crescimento tipo BOD com temperatura de 25ºC por sete dias. Discos de micélio foram retirados destas placas e foram transferidos para um erlenmeyer de 125 mL contendo BD (Batata-Ágar). Os frascos foram colocados sob agitação de 150 rpm a 25ºC, na ausência de luz, por sete dias. Para a extração de conídios de C. gloeosporioides foi feito o seguinte procedimento: as soluções foram transferidas para frascos de 100 mL contendo, aproximadamente, 25 ml de extrato, em seguida foram submetidos à centrifugação de 10.000 rpm por 10min para a retirada do 565 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 sobrenadante. Em seguida, o liquido suspenso foi dissolvido em água destilada. A solução foi filtrada em duas camadas de gaze e foi feita a contagem de conídios. A contagem de conídios foi feita em Câmara de Neubauer e, posteriormente, foi feito o cálculo da concentração de conídios. Uma vez determinado o número de conídios, foi realizado o ajuste para a concentração e o volume desejados. A viabilidade dos conídios foi determinada antes da inoculação, utilizando-se lâminas de microscópio como suporte para blocos de BDA, os quais receberam 100µ L da suspensão fúngica espalhada com alça de Drigalsk e, em seguida, o material foi incubado em câmara de crescimento BOD a 25ºC. Foram contados 100 conídios de cada amostra, 24h após a incubação, observando-se 100% de germinação. A inoculação foi realizada 60 dias após a repicagem das plantas, quando estas apresentavam de 5 a 6 folhas. Foram perfuradas três folhas de idade mediana com o auxílio de escova de cerdas de aço fino e, logo em seguida, foram inoculados 50 mL da suspensão de esporos na concentração de 5x106/mL, nas duas faces da folha. As plantas obtidas por sementes foram mantidas em casa de vegetação, onde foi proporcionado um ambiente úmido às mudas a partir de um sistema de nebulização de 10min por hora. As plantas permaneceram neste ambiente até o final do experimento. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcela subdividida com 24 tratamentos (progênies), 4 repetições e 6 plantas úteis por repetição. Foram realizadas 5 avaliações para o ensaio, levando-se em consideração a porcentagem de área foliar lesionada e de incidência (de folhas e plantas com sintomas) da doença. A primeira avaliação foi feita aos 5 dias após a inoculação, as avaliações subseqüentes foram realizadas num intervalo constante de 5 dias, atribuindo-se notas de 1 a 8, com base em valores de severidade, a partir de escala de notas proposta por Martins (2005), a qual foi adaptada por Sousa (2009). Entre as folhas previamente feridas, foram escolhidas três folhas localizadas na região central da planta (folhas de idade média) para avaliação. De acordo com Laranjeira (2005) citado por Martins (2005), é clara a ausência de chaves e escalas adequadas ao suporte de programas de melhoramento na passicultura. Segundo esse autor, para avaliações de experimentos desenvolvidos em casa de vegetação, é mais adequado fazer avaliações em folhas. Em função disto, para a realização da avaliação da severidade da doença em folhas de maracujazeiro, foi utilizada uma escala de notas de 1 a 8, como descrita a seguir: 1. Ausência de sintomas; 2. de 1 a 10% da área lesada atingida; 3. de 10 a 25% da área lesada atingida; 4. de 25 a 50% da área lesada atingida; 5. de 50 a 100% da área lesada atingida; 6. rompimento do tecido; 7. desfolha; 8. seca de ponteiros. Com a escala de notas estabelecidas, foram consideradas como Resistentes (R) as plantas com ≥ 1 NM (numero médio) < 2; moderadamente resistentes (MR) as plantas com ≥ 2 NM ≤ 4; suscetíveis (S) as plantas com > 4 NM ≤ 6; e altamente suscetíveis (AS) as plantas com médias ≥ 6. Os materiais utilizados neste experimento foram obtidos por seleção massal de plantios comerciais dos seguintes materiais (Maguary “Mesa 1”, Maguary “Mesa 2”, Havaiano, Marília Seleção Cerrado (MSC), Seleção DF, EC-2-O, F1 (Marília x Roxo Australiano), F1 (Roxo Fiji x Marília), e RC1 - F1 (Marília (seleção da Cooperativa sul Brasil de Marília – SP) x Roxo Australiano) x Marília (pai recorrente)), com foco nos aspectos de produtividade, qualidade de frutos e resistência aos fitopatógenos, trazidos do município de Araguari - Minas Gerais, conforme descrito na Tabela 1. Tabela 1. Progênies de maracujazeiro azedo cultivadas em pomares comerciais no município de Araguari (MG) utilizados na seleção massal. 1 Maguary “Mesa 1” 2 Maguary “Mesa 2” 3 Havaiano 4 Marília Seleção Cerrado (MSC) 5 Seleção DF 6 EC-2-O 7 F1 (Marília x Roxo Australiano) 8 F1 [Roxo Fiji (introdução das ilhas Fiji) x Marília] 9 RC1 [F1 (Marília (seleção da Cooperativa sul Brasil de Marília – SP) x Roxo Australiano) x Marília (pai recorrente)]. 566 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 As progênies PL1, PL2, PL3, PL4, PL5, PL7, foram obtidas do campo experimental Embrapa cerrados e as progênies GA2, Gigante Amarelo, MSCA, Sol do Cerrado, RC3, Roxo Australiano, AR 01, AR 02 e Yellow Master FB100 foram obtidas conforme a Tabela 2. Tabela 2. Procedência de 8 progênies de maracujazeiro azedo avaliados no Distrito Federal, Fazenda Água Limpa (FAL) – UnB, 2011. Progênies Origem GA2 Híbrido entre duas plantas obtidas por seleção recorrente Gigante Amarelo (Redondão X MSC) MSC Marília Seleção Cerrado Sol do Cerrado GA2 X Redondão, cultivar lançada pela EMBRAPA CERRADOS RC3 Híbrido de seleção recorrente (Passiflora edulis f. flavicarpa x Passiflora setacea) Roxo Australiano Material introduzido da Austrália AR 01 Híbrido (RC1) de polinização controlada entre as cultivares Marília x Roxo Australiano retrocruzado para Marília, ou seja, F1 x Marília; AR 02 Seleção individual de plantas resistentes a antracnose de uma população de Roxo Australiano. Yellow Master FB100 Cultivar comercial. Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância, ao nível de 5% de probabilidade. As médias foram comparadas entre si, pelos testes de Tukey e Duncan, ao nível de 5%. Não houve interação significativa entre progênies e épocas de avaliação (resultados). As análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do “software SANEST” de autoria de Zonta e Machado (1995). A partir dos dados foi obtida a curva de progresso da doença, calculando-se a área abaixo da curva tanto para severidade quanto para incidência da doença, a fim de avaliar a possibilidade de esta vir a ser também empregada como parâmetro de diferenciação de progênies quanto à resistência à doença avaliada. Foi utilizado o programa de computador QW-BASIC, programado por Luiz A. Maffia, do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa da incidência e severidade da antracnose nas épocas de avaliação. A incidência em planta atingiu 100%, 10 dias após a inoculação e a incidência em folha atingiu 100%, 15 dias após a inoculação. A severidade, a partir de 15 dias após a inoculação foi maior que 7 (Tabela 3). Tabela 3. Severidade, incidência de antracnose em planta e em folha em 24 progênies de maracujá azedo em condições de casa de vegetação, quanto as 5 épocas de avaliação Estação Biológica - UnB 2011. Épocas Incidência planta* Incidência folha* Severidade* 1 98,63 a 98,21 a 5,21 a 2 100 b 98,83 ab 5,95 b 3 100 b 100 b 7,45 d 4 100 b 100 b 7,05 c 5 100 b 100 b 7,32 cd CV 11,22% 3,81% 2,91% *1=5 dias após a inoculação (DAI), 2 = 10 (DAI), 3 = 15 (DAI), 4 = 20(DAI) e 5 = 25 (DAI) avaliados em novembro a dezembro de 2010. * Severidade, segundo escala de notas. Médias seguidas com a mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Tukey. ** Não houve interação significativa entre progênies e épocas de avaliação. Houve diferença significativa entre as progênies tanto para a incidência da doença na planta e folha quanto para severidade. A progênie MAR20#19 apresentou as menores incidências na folha e na planta e severidade, 89,2%, 87,5% e 3,71, sendo a única considerada como moderadamente resistente, sendo as outras progênies consideradas como altamente susceptíveis (Tabela 4). 567 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 Tabela 4. Severidade, incidência em planta, incidência em folha (%), severidade (notas) e grau de resistência a Antracnose em 24 progênies de maracujazeiro azedo em condições de casa de vegetação, Estação Biológica - UnB 2011. Progênies Incidência planta Incidência folha Severidade GR Mar 20#19 89,20 a* 87,50 a* 3,71 a* MR PL 2 100,00 b 100,00 b 7,09 fgh S PL 3 100,00 b 100,00 b 7,10 gh AS Gigante Amarelo 100,00 b 100,00 b 6,73 cdefgh AS MSC 100,00 b 100,00 b 6,47 bcde AS PL1 100,00 b 100,00 b 6,78 cdefgh AS PL4 100,00 b 100,00 b 6,64 cdefg AS Roxo Australiano 100,00 b 100,00 b 6,82 cdefgh AS Sol do Cerrado 100,00 b 100,00 b 6,47 bcd AS RC3 100,00 b 99,70 b 6,53 bcdef AS PL 5 100,00 b 100,00 b 7,00 defgh AS PL 7 100,00 b 100,00 b 7,09 fgh AS GA2 100,00 b 99,40 b 6,02 b AS Mar 20#15 100,00 b 100,00 b 6,55 bcdefg AS Mar 20#2005 100,00 b 100,00 b 6,45 bcd AS Mar 20#12 100,00 b 100,00 b 6,91 defgh AS Mar 20#01 100,00 b 100,00 b 6,27 bc AS Mar 20#05 100,00 b 100,00 b 7,03 efgh AS Mar 20#21 100,00 b 100,00 b 6,91 defgh AS AR02 100,00 b 100,00 b 7,23 h AS Yellow Master FB100 100,00 b 100,00 b 6,81 cdefgh AS AR01 100,00 b 100,00 b 6,51 bcde AS Mar 20#36 100,00 b 99,70 b 6,58 bcdefg AS Mar 20#40 100,00 b 100,00 b 6,62 cdefg AS CV 3,29% 2,91% 7,26% *Médias seguidas com a mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Tukey. 1=5 dias após a inoculação (DAI), 2 = 10 (DAÍ), 3 = 15 (DAÍ), 4 = 20(DAÍ) e 5 = 25 (DAÍ). ** Não houve interação significativa entre progênies e épocas de avaliação. Bouza (2009) trabalhando com a progênie Gigante Amarelo, propagada via sexual, observou a menor incidência na folha e na planta, 62,91% e 71,50%, respectivamente, e a menor severidade 4,06. No presente trabalho a mesma progênie teve uma incidência na planta 100% e 6,73 de severidade, Sousa (2009) observou que quando propagada vegetativamente, esta progênie apresentou incidência na planta de 82,73% e severidade superior a 4,5. Bouza (2009) observou a maior severidade para progênie Rubi (7,07) material obtido por propagação sexuada. A progênie MAR20#19 apresentou sete plantas resistentes e as progênies MAR20#36 e GA2 apresentaram uma planta cada moderadamente resistente. Bouza (2009) observou plantas resistentes em Gigante amarelo. As plantas resistentes foram transferidas para sacos plásticos para posteriores avaliações de resistência. Conforme a Tabela 5 houve diferença significativa para a área abaixo da curva de progresso da severidade onde a progênie MAR20#19 apresentou o menor progresso da doença (75,04). 568 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 Tabela 5. Área abaixo da curva de progressão da doença (AACPD), incidência e severidade (Colletotrichum gloeosporioides) em 24 progênies de maracujazeiro azedo avaliados, Brasília, Estação Biológica- UnB. Progênies AACPD Incidência* AACPD Severidade* Mar 20#19 1719,38 a 75,04 a GA2 1988,75 b 121,76 b Mar 20#36 1992,50 b 132,41 bcde RC3 1992,5 b 131,94 bcde Gigante Amarelo 1996,25 b 136,97 bcde Planta 2 2000,00 b 139,65 cde MSCA 2000,00 b 130,62 bcd Planta1 2000,00 b 137,76 bcde Planta3 2000,00 b 143,73 cde Roxo Australiano 2000,00 b 138,38 bcde Sol do Cerrado 2000,00 b 130,75 bcd Planta 7 2000,00 b 149,44 bcde Planta 4 2000,00 b 136,14 bcde Planta 5 2000,00 b 141,74 e Mar 20#15 2000,00 b 133,10 bcde Mar 20#2005 2000,00 b 130,87 bcd Mar 20#12 2000,00 b 139,65 bcde Mar 20#01 2000,00 b 126,47 bc Mar 20#05 2000,00 b 141,38 cde AR 02 2000,00 b 145,72 de Yelow Máster FB100 2000,00 b 137,64 bcde AR 01 2000,00 b 132,46 bcde Mar 20#21 2000,00 b 140,24 cde Mar 20#40 2000,00 b 135,19 bcde CV 0,89% 5,11% *Médias seguidas com a mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Duncan. A reação de resistência de genótipos oriundos de retrocruzamentos com espécies selvagens, como: RC-3, PES-7 e PES-9, ou de cruzamento intraespecífico, como: o GA-2, Rubi gigante, foi também verificado por Junqueira et al. (2005) por avaliação em campo. Martins et al (2008), trabalhando com 72 genótipos de maracujazeiro azedo de propagação por sementes sob condições de casa de vegetação e com inóculo artificial de Colletotrichum gloeosporioides, 62 genótipos foram classificados como altamente suscetíveis, oito como suscetíveis (Redondão, RC3,GA2, AR2, MAR20#30, MAR20#16, Rubi Gigante e Roxo Médio Alongado) e dois como moderadamente resistentes (PES 7 e PES 9). No presente trabalho quase todas as progênies foram classificados como altamente suscetíveis, salvo a progênie MAR20#19, que se comportou como moderadamente resistente (MR) à antracnose. Resultados semelhantes foram encontrados por Junqueira et al. (2003) em trabalho realizado com reação de 11 genótipos de maracujazeiro-azedo de propagação sexuada à antracnose. Os experimentos foram realizados em condições de campo, avaliando-se frutos, sem o uso de agrotóxicos e com inóculo natural. Independentemente dos parâmetros utilizados para avaliar a resistência dos genótipos ao fungo C. gloeosporioides, houve diferentes níveis de reações destes ao fungo, o que pode ser um indicativo de resistência horizontal do maracujazeiro à doença. As progênies serão novamente avaliadas em condição de campo e 569 Reação de progênies... SOUSA, M. A. F. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 563-570, Oct./14 reavaliadas em condições controladas, utilizando também outros isolados da doença. CONCLUSÃO As progênies foram consideradas altamente suscetíveis à antracnose, sob condições controladas, a exceção da progênie Mar20#19, que foi considerada moderadamente resistente. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Ao CNPq pela bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor. ABSTRACT: In this work, the objective was to evaluate and select progenies of passion fruit with resistance to anthracnose disease under conditions of a greenhouse. The experiment was conducted at the experimental station of biology of the University of Brasília. It was used seeds (sexual propagation) collected from the farm Água Limpa field water. The progenies used in this experiment were the selections MAR, 20#01, 20#05, 20#12, 20#15, 20#19, 20#21, 20#36, 20#40, 20#2005, PL1, PL2, PL3 , PL4, PL5, PL7, GA2, BRS Gigante Amarelo, MSCA, BRS Sol do Cerrado, RC3, Purple Australian, AR01 and FB100. The experimental design was randomized block with split plot with 24 treatments (progenies) 4 replicates and 6 plants per repetition. The progeny mar20#19 had the lowest incidences leaf, plant and severity, 89.2%, 87.5% and 3.71, respectively. The progeny mar20#19 was observed as moderately resistant and the other progenies as highly susceptible. KEYWORDS: Passiflora edulis. Resistance. Colletotrichum gloeosporioides. REFERÊNCIAS AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acessado em: 11 de dezembro de 2008. Araújo, H. F; Costa, R. N. T; Crisóstomo, J. R; Saunders, L. C. U; Moreira, O. C; Macedo, A. B. M. Produtividade e análise de indicadores técnicos do maracujazeiro-amarelo irrigado em diferentes horários. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16 n. 2 Campina Grande Feb. 2012. BOUZA, R. B. Reação em progênies de maracujá-azedo à antracnose, septoriose, cladosporiose e bacteriose em condições de campo e casa de vegetação. 2009. 160p. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia). 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