Microsoft Word - 36-Agra_19854 802 Original Article Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 EMERGÊNCIA E DESEMPENHO DE PLÂNTULAS DE CUBIU EM DIFERENTES SUBSTRATOS E PROFUNDIDADES DE SEMEADURA EMERGENCY AND PERFORMANCE OF COCONA SEEDLINGS IN DIFFERENT SUBSTRATES AND SOWING DEPTHS Marcelo de Almeida GUIMARÃES1; Caris dos Santos VIANA2; Jean Paulo de Jesus TELLO3; Leandro Amorim DAMASCENO4; José Furtado de MIRANDA5 1. Agrônomo, Professor e Doutor em Fisiologia Vegetal, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. mguimara@ufc.br; 2. Cientista Agrário-Ambiental, Professora, Universidade Federal do Amazonas, Benjamin Constant, AM, Brasil; 3. Cientista Agrário- Ambiental, Mestrando em Agronomia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 4. Agrônomo, Mestrando em Agronomia Tropical, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil; Cientista Agrário, Professor e Mestre em Agronomia Tropical, Universidade Federal do Amazonas, Benjamin Constant, AM, Brasil. RESUMO: O cubiu (Solanun sessiliflorum Dunal) é uma solanacea rústica, com alta capacidade de produção e múltiplas possibilidades de aproveitamento, podendo ser utilizado na medicina popular e/ou como alimento. Neste trabalho objetivou-se avaliar o efeito de diferentes substratos e profundidades de semeadura na emergência e desempenho inicial de plântulas de cubiu. O experimento foi conduzido em condições de laboratório (25 ± 2 °C), no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Tabatinga – AM. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, em esquema fatorial 2 x 5, duas profundidades de semeadura (“sobre” = 0 e “entre” = 1 cm) e cinco substratos (terra, areia, terra + areia (1:1), terra + esterco (1:1), terra + areia + esterco (1:1:1)). Foram avaliados: Índice de velocidade de emergência (IVE); Percentual de emergência (%E); Número de folhas (NF); Comprimento da raiz primária (CRP); Comprimento da parte aérea (CPA); Comprimento total (CT); Massa fresca da raiz primária (MFRP); Massa fresca da parte aérea (MFPA); Massa fresca total (MFT); Massa seca da raiz primária (MSRP); Massa seca da parte aérea (MSPA); e, Massa seca total (MST). A semeadura “sobre” os substratos favoreceu as características avaliadas para esta cultura. A combinação do substrato terra + areia + esterco (1:1:1), com a semeadura “sobre”, destacou-se dentre os tratamentos, podendo ser citada como a mais eficiente para a produção de plântulas de cubiu. PALAVRAS-CHAVE: Solanun sessiliflorum Dunal. Areia. Cama de frango. Terra. INTRODUÇÃO Dentre as espécies nativas existentes na região amazônica, o cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) destaca-se, podendo ser utilizado para a agroindústria, devido à rusticidade, facilidade de produção e alta capacidade de produção (SILVA FILHO et al., 2005). Originário da Amazônia, o cubiu é cultivado em regiões de clima quente (18 e 30 ºC), úmido (UR = 85%) e em altitudes que vão do nível do mar até cerca de 1.500 metros. Em condições favoráveis de cultivo a colheita de cada planta pode atingir até 14 kg ano-1 o que corresponde a aproximadamente 100 t ha-1 (BRASIL, 2010). O formato dos frutos varia de acordo com a etnovariedade, podendo ser redondo, quinado, achatado, cordiforme ou cilíndrico. Cada fruto possui de 500 a 2000 sementes glabras, ovaladas e achatadas, de coloração amarela e com comprimento variando de 3,2 a 4,0 mm (SILVA FILHO, 2002). Sua polpa possui níveis elevados de cálcio, fósforo, ácidos ascórbico e cítrico, além de algumas vitaminas como: tiamina, riboflavina, niacina, beta-caroteno, dentre outras, tornando-os uma importante alternativa para redução dos níveis de glicose, colesterol e triglicerídeos no sangue (PARDO, 2004). De acordo com Brasil (2010) o cubiu está adaptado a solos alcalinos, neutros ou ácidos, bem como arenosos ou argilosos de diferentes fertilidades. Lopes e Pereira (2005) verificaram que o percentual germinativo, bem como a velocidade de germinação das sementes de cubiu é influenciado pela composição do substrato que, também exerce grande influência sobre a emergência das plantas. O substrato pode ser considerado suporte para que as sementes possam germinar, tendo como função manter as condições adequadas para germinação e desenvolvimento das plântulas (LIMA et al., 2010). Um bom substrato deve apresentar ausência de patógenos, riqueza em nutrientes essenciais, textura, estrutura e pH adequados, fácil aquisição e transporte (SILVA et al., 2001), deve reter água e apresentar porosidade para difusão de oxigênio necessária a germinação e respiração radicular. No entanto, nem sempre um determinado tipo de substrato apresenta todas as características desejáveis para a germinação de sementes e Received: 30/11/12 Accepted: 20/02/14 803 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 emergência de plântulas, procedendo-se assim a mistura de dois ou mais materiais para a obtenção de um substrato com características próximas do desejado para uma determinada espécie (LIZ; CARRIJO, 2008). Além do substrato, outro fator que pode influenciar o processo de germinação e formação de plântulas é a profundidade de semeadura. A semeadura muito profunda, particularmente quando se trata de espécies que se multiplicam por sementes pequenas, pode impedir a emergência da plântula, principalmente devido à ausência de energia suficiente no endosperma para a conclusão desse processo (TILLMANN et al., 1994). No entanto, a semeadura superficial ou rasa, pode deixar as sementes susceptíveis às condições adversas do meio. Castro, Kludge e Peres (2005) citam que a maioria das espécies cultivadas não necessita de luz para germinar, devido principalmente à interferência do homem no processo de seleção. No entanto, este pode não ser o caso do cubiu, já que trabalhos de seleção desta espécie tratam de aspectos relacionados à produtividade e não ao crescimento e desenvolvimento das plantas (BORÉM; LOPES; CLEMENT, 2009). Para o cubiu, pouco se sabe sobre mecanismos relacionados a seu processo germinativo e ao seu crescimento quando submetidos a diferentes tipos de substratos (LOPES; PEREIRA, 2005) e profundidades de semeadura. Baseado no exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da profundidade de semeadura e de diferentes substratos no crescimento e desenvolvimento de plântulas de cubiu. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido entre os meses de janeiro a março de 2013, em laboratório no Campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Tabatinga - AM. As sementes de cubiu foram obtidas a partir de frutos de plantas cultivadas por 10 meses na cidade de Benjamin Constant, AM. Conforme recomendação de Lopes e Pereira (2005), os frutos de cubiu foram cortados ao meio, sendo a massa de sementes retirada e colocada em peneira para lavagem em água corrente. Após a lavagem, as sementes foram colocadas à sombra, sobre papel absorvente para remoção do excesso de água. Quatro dias após o despolpamento foi feita a semeadura em bandejas plásticas com dimensões de 20 cm de largura, 25 cm de comprimento e 8 cm de profundidade, com capacidade total de 4 dm3, preenchidas com 3,5 dm3 de diferentes formulações de substratos (tratamentos): sobre terra (ST); entre terra (ET); sobre areia (SA); entre areia (EA); sobre terra + areia (STA; 1:1); entre terra + areia (ETA; 1:1); sobre terra + esterco (STE; 1:1); entre terra + esterco (ETE; 1:1); sobre terra + areia + esterco (STAE; 1:1:1); e entre terra + areia + esterco (ETAE; 1:1:1). Para os tratamentos entre substratos (entre), as sementes foram semeadas a uma profundidade de 1,0 cm e cobertas com o mesmo tipo de substrato usado no tratamento. Para os tratamentos sobre substrato (sobre), as sementes foram semeadas superficialmente (0,0 cm). As características química e física dos substratos são apresentadas na Tabela 1. Para a constituição do substrato, a terra e o esterco (cama de frango curtida) foram peneirados em peneira de 0,5 x 0,5 mm e a areia foi lavada. A umidade do solo foi mantida próxima à capacidade de campo. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. Após a semeadura, as bandejas foram colocadas à temperatura de 25 ± 2 °C, sob luz branca fornecida por lâmpadas fluorescentes (20 W ou 20 mmol.m- 2.s-1) e intercaladas com lâmpadas incandescente (100 W ou 100 mmol m-2 s-1) por um período de 10 horas diárias. Diariamente, sempre no mesmo horário, após a semeadura, foi realizada a avaliação do número de plântulas emergidas, com o intuito de se determinar o índice de velocidade de emergência (IVE; MAGUIRE, 1962), sendo conduzido até a observação de emergência zero de todos os tratamentos, o que ocorreu aos 23 dias após a semeadura (DAS), data em que foi avaliado o percentual de emergência (E) de cada um dos tratamentos. Consideraram-se como plântulas emergidas aquelas que elevaram seus cotilédones acima do solo. O IVE foi calculado empregando-se a fórmula modificada do índice de velocidade de germinação de Maguire (1962). Foram analisadas as seguintes variáveis: índice de velocidade de emergência (IVE); percentual de emergência (%E); número de folhas (NF); comprimento da raiz primária (CRP; cm); comprimento da parte aérea (CPA; cm); comprimento total (CT; cm); massa fresca da raiz primária (MFRP; mg); massa fresca da parte aérea (MFPA; mg); massa fresca total (MFT, mg); massa seca da raiz primária (MSRP; mg); massa seca da parte aérea (MSPA; mg); e, massa seca total (MST, mg). 804 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 Tabela 1. Características químicas e física de substratos. Tabatinga-AM, UFAM, 2011 Características avaliadas T1 TA TE TAE pH em água 6,90 6,90 6,50 6,70 P (mg dm-3) 62,00 62,00 62,00 62,85 K (mg dm-3) 46,00 38,00 100 62,80 Ca2+ (cmolc dm-3) 13,80 6,00 15,60 7,80 Mg2+ (cmolc dm-3) 0,70 0,50 3,40 1,20 Al3+ (cmolc dm-3) 0,00 0,00 0,00 0,00 H + Al (cmolc dm-3) 1,64 1,08 2,02 1,48 Sb (cmolc dm-3) 14,62 6,60 19,26 10,61 t (cmolc dm-3) 14,62 6,60 19,26 10,61 T (cmolc dm-3) 16,26 7,67 21,28 12,08 m% 0,00 0,00 0,00 0,00 V% 89,92 85,98 90,49 87,79 M.O. (dag kg-1) 6,15 2,18 11,78 5,41 B (mg dm-3) 0,70 0,60 1,50 1,00 Zn (mg dm-3) 66,80 53,00 68,10 62,40 Cu (mg dm-3) 4,60 6,10 1,70 2,30 Fe (mg dm-3) 53,50 72,00 37,00 55,10 Mn (mg dm-3) 37,20 66,50 53,10 79,80 S (mg dm-3) 13,30 10,40 53,00 41,60 Prem (mg L-1) 40,90 57,30 52,90 56,80 Grupamento Textural* Tipo 2 - Média Tipo 1 - Arenosa Tipo 2 - Média Tipo 1 - Arenosa 1T (terra), TA (terra + areia), TE (terra + esterco) e TAE (terra + areia + esterco). *O grupamento textural foi realizado de acordo com a Instrução Normativa No 2 do MAPA de 09 de outubro de 2008. Aos 40 DAS cinco plântulas de cada repetição foram retiradas do substrato e lavadas em água corrente para eliminação de impurezas. Para determinação da MFT, MFPA e da MFRP as plântulas foram pesadas em balança analítica e cortadas separando-se a parte aérea da raiz, utilizando-se para medição das partes aérea e radicular das plântulas uma régua graduada em milímetros. Para determinação da massa seca, as plântulas foram colocadas em envelopes de papel e em seguida transferidas para estufa com circulação de ar forçada a temperatura constante de 60 °C, onde permaneceram por 48 h (MOREIRA et al., 2008). Em seguida, as amostras foram colocadas em dissecador para estabilizar a temperatura próxima a ambiente, sendo então pesadas em balança analítica. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância sendo as médias comparadas através do teste de Scott-Knott a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tratamentos diferiram significativamente para todas as características avaliadas. Na Tabela 2, são apresentados os valores de emergência (%E), índice de velocidade de emergência (IVE) e número de folhas (NF) de plântulas de cubiu. Para o % E, pode-se observar que todos os substratos associados à profundidade de semeadura “sobre”, foram superiores estatisticamente àqueles associados à profundidade “entre”. Em média, a semeadura “sobre” os diferentes substratos foi capaz de proporcionar 74,00% de emergência de plântulas, contra 15,40% da semeadura “entre”. Quanto ao IVE, observou-se resposta semelhante ao do % E, sendo que todos os substratos associados à semeadura “sobre”, foram capazes de proporcionar maiores velocidades de emergência de plântulas do que a semeadura “entre”, em média 4,00 e 0,86 plântulas dia-1, respectivamente. De todos os tratamentos avaliados, os ST e STAE puderam ser destacados como os que proporcionaram os maiores valores de IVE, 5,45 e 6,04 plântulas dia-1, respectivamente, sem, no entanto, diferenciar-se entre si, mas dos demais tratamentos. Os resultados obtidos neste trabalho corroboram com as observações feitas por outros pesquisadores que, estudando espécies cultivadas em diferentes formulações de substratos, recomendaram a mistura de solo + areia + esterco para a produção de plantas de nêspera (PIO et al., 2004a) e maracujá amarelo (PIO et al., 2004b), uma vez que a nespereira apresentou melhores resultados na germinação e, ambas as culturas, no desenvolvimento do comprimento da parte aérea, 805 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 quando submetidas a esta composição de substrato, no entanto, discordam dos resultados apresentados por Lopes e Pereira (2005). Tabela 2. Emergência (%E), índice de velocidade de emergência (IVE) e do número de folhas (NF) de plântulas de cubiu em diferentes substratos e profundidades. Tabatinga-AM, UFAM, 2011 *Substratos %E IVE NF **Profundidade Profundidade Profundidade Sobre Entre Sobre Entre Sobre Entre (%) (%) - - - - T 90 Aa 7 Bb 5,45 Aa 0,39 Bb 6,20 Ba1 2,00 Db A 55 Ca 19 Ab 2,30 Ca 0,49 Bb 5,00 Cns 5,00 Cns TA 79 Ba 16 Ab 3,90 Ba 1,00 Bb 6,30 Ba 5,40 Bb TE 55 Ca 22 Ab 2,34 Ca 1,89 Ab 6,00 Bns 6,30 Ans TAE 91 Aa 13 Bb 6,04 Aa 0,54 Bb 7,00 Aa 5,70 Bb CV = 12,17% CV = 17,70% CV = 6,16% 1Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott em nível de 5% de probabilidade. ns= não significativo. *T = terra, A = areia, TA = terra + areia, TE = terra + esterco e TAE = terra + areia + esterco. **Sobre = 0,0 cm de profundidade e Entre = 0,5 cm de profundidade. Para a cultura do brócolo a formulação terra + areia + esterco também foi considerada por Lopes, Mauri e Freitas (2009) como uma alternativa interessante. Já que, além das boas condições físicas deste substrato, como aeração e drenagem, que favorecem o desenvolvimento radicular, sua composição de nutrientes minerais essenciais também foi satisfatória (Tabela 1). No entanto, diferentemente do observado neste trabalho, Lopes e Pereira (2005), testando diferentes substratos e profundidades para o cubiu, verificaram que os tratamentos contendo areia em sua composição na faixa de temperatura de 20 a 30 ºC foram os que apresentaram as maiores germinação e índice de velocidade de germinação, sendo o substrato TAE considerado um dos tratamentos menos efetivos para o desenvolvimento, já que apresentaram baixos valores para ambas as características avaliadas. Apesar da porcentagem de germinação e índice de velocidade de germinação não terem sido avaliados neste trabalho, as observações feitas por Lopes e Pereira não seguem o padrão de % E e IVE determinados neste experimento. Sabe-se que, no geral, para que haja a emergência de qualquer espécie, primeiramente a semente emite sua radícula, ou seja, germina. Se não houver a germinação provavelmente não ocorrerá também à emergência dos cotilédones e formação da plântula. Se tomarmos tal colocação como verdadeira para o cubiu, supõe-se que os tratamentos STAE e ST, que apresentaram maior emergência neste trabalho, também apresentariam maiores percentuais de germinação. No entanto, há de se considerar que a profundidade de semeadura, e não o tipo de substrato, apenas, parece influenciar mais nas características avaliadas. Isso porque, quando se compara as médias das profundidades de semeadura, independentemente do tipo de substrato, verifica-se que para quase todas as características avaliadas a semeadura “sobre”, apresentou maiores valores do que quando as sementes foram semeadas “entre”. Pearson et al. (2003) observou que espécies com sementes pequenas, como ocorre com o cubiu, geralmente requerem luz para a germinação, o que pode resultar no impedimento do processo germinativo em profundidade no solo. Concomitante a isso, a baixa concentração interna de tecidos de reserva pode colaborar para a obtenção de baixos percentuais de emergência, já que maiores quantidades de energia durante esta fase serão despendidas, podendo prejudicar o desenvolvimento normal destas plântulas que seriam esgotadas antes que as mesmas alcançassem a superfície do solo e iniciassem o processo fotossintético (CARDOSO et al., 2008). Para a característica NF, pode-se observar na tabela 2 que tanto a profundidade de semeadura como os diferentes tipos de substrato foram capazes de interferir significativamente. A semeadura realizada “sobre” os substratos possibilitou, no geral, a maior obtenção de folhas de cubiu aos 40 DAS quando comparada a semeadura realizada “entre”, sendo em média 6,10 e 4,88 folhas planta-1, respectivamente. Dentre os tratamentos avaliados, o 806 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 STAE, destacou-se dentre os demais substratos e suas combinações de profundidade, já que as plântulas obtidas neste tratamento apresentaram em média 7,00 folhas planta-1, diferenciando-se estatisticamente dos demais. Resultados similares foram obtidos por Pio et al. (2004b), em sementes de maracujazeiro amarelo semeadas no substrato terra + areia + esterco, que promoveu maior número de folhas nas plântulas, e por Pio et al. (2004a) para plântulas de nespereira, semeadas sobre a formulação 2:1:1 de terra + areia + esterco. O comprimento da raiz primária (CRP) na semeadura “sobre” os substratos foi maior que na semeadura “entre” (3,38 e 2,62 cm pl-1, respectivamente), sendo que nos substratos T e TAE, associados à semeadura “sobre”, houve maior crescimento aos 40 DAS, com 3,83 e 3,97 cm pl-1, respectivamente (Tabela 3). Resultados similares foram obtidos por Pio et al. (2004a; 2004b) para plântulas de nespereira e maracujazeiro amarelo. Tabela 3. Comprimento da raiz principal (CRP, cm), comprimento da parte aérea (CPA, cm), comprimento total (CT, cm) de plântulas de cubiu em diferentes substratos e profundidades. Tabatinga-AM, UFAM, 2011 *Substratos CRP CPA CT **Profundidade Profundidade Profundidade Sobre Entre Sobre Entre Sobre Entre T 3,83 Aa1 2,16 Bb 2,33 Ca 1,20 Eb 6,16 Ba 3,36 Db A 2,72 Cns 2,52 Bns 1,75 Dns 1,57 Dns 4,47 Ea 4,09 Cb TA 3,22 Bns 2,92 Ans 2,67 Ba 1,90 Cb 5,89 Ca 4,82 Bb TE 3,14 Ba 2,36 Bb 2,20 Cb 2,68 Aa 5,34 Da 5,04 Bb TAE 3,97 Aa 3,16 Ab 3,08 Aa 2,25 Bb 7,05 Aa 5,41 Ab CV = 14,17% CV = 10,20% CV = 5,34% 1Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott em nível de 5% de probabilidade. ns= não significativo. *T = terra, A = areia, TA = terra + areia, TE = terra + esterco e TAE = terra + areia + esterco. **Sobre = 0,0 cm de profundidade e Entre = 0,5 cm de profundidade. Com relação ao comprimento da parte aérea (CPA), quase todos os substratos avaliados, associados com a profundidade “sobre”, proporcionaram maior desenvolvimento aos 40 DAS (2,46 e 1,73 cm pl-1, respectivamente) à exceção do substrato TE, cujo resultado foi superior quando associado à profundidade de semeadura “entre” (2,68 e 2,20 cm pl-1, respectivamente). No entanto, de todos os tratamentos avaliados, o STAE pode ser selecionado como o melhor, por ter proporcionado maior desenvolvimento da parte aérea das plantas (3,08 cm pl-1; Tabela 3). Torres et al. (2007), testando diferentes profundidades de semeadura para a cultura do milho, obtiveram plantas com maiores comprimentos de parte aérea quando estas foram semeadas a maiores profundidades, discordando dos resultados obtidos neste trabalho, enquanto Silva, Teixeira e Campos (2004) não verificaram diferença significativa para a altura de plantas de soja semeadas em diferentes profundidades. Essas diferenças observadas para a mesma característica avaliada pode estar associada ao fato de que quando sementes possuem elevada reserva energética, como o milho e a soja, outros fatores como temperatura e disponibilidade de água, passam a influenciar de maneira mais decisiva para proporcionar maiores taxas de crescimento e desenvolvimento das plantas, se comparadas a sementes que possuem menores reservas energéticas como é o caso do cubiu, que necessitam emergir rapidamente para iniciarem o processo fotossintético antes que suas reservas sejam exauridas (CARDOSO et al., 2008). Quanto ao comprimento total das plantas (CT; Tabela 3) todos os substratos testados em associação à semeadura “sobre”, foram significativamente superiores em média 19%. Dentre os tratamentos avaliados, o STAE, pode ser destacado como o melhor, já que a combinação da semeadura “sobre” o STAE possibilitou maior comprimento total médio das plantas de cubiu aos 40 DAS (7,05 cm pl-1). Os resultados obtidos concordam com as observações feitas por Cardoso et al. (2008), que 807 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 trabalhando com a espécie Erythrina velutina, semeada em diferentes profundidades, observaram redução no comprimento total das plantas oriundas de sementes semeadas a maiores profundidades. Para as características MFRP, MFPA e MFT (Tabela 4) à exceção do substrato A, todos os outros substratos associados à semeadura “sobre”, foram significativamente superiores em relação à semeadura “entre”. Tabela 4. Massa fresca da raiz principal (MFRP, mg), massa fresca da parte aérea (MFPA, mg), massa fresca total (MFT, mg) de plântulas de cubiu em diferentes substratos e profundidades. Tabatinga-AM, UFAM, 2011 *Substratos MFRP MFPA MFT **Profundidade Profundidade Profundidade Sobre Entre Sobre Entre Sobre Entre T 9,30 Ba1 2,40 Bb 87,10 Ba 8,50 Cb 96,40 Ba 10,90 Cb A 4,80 Dns 5,20 Ans 41,15 Cns 33,80 Bns 45,95 Dns 39,00 Bns TA 8,90 Ba 5,20 Ab 83,50 Ba 40,63 Bb 92,40 Ba 45,83 Bb TE 7,20 Ca 5,70 Ab 77,50 Ba 67,35 Ab 84,70 Ca 73,05 Ab TAE 11,70Aa 5,33 Ab 135,40 Aa 74,60 Ab 147,10 Aa 79,93 Ab CV = 15,12% CV = 16,81% CV = 15,03% 1Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott em nível de 5% de probabilidade. ns= não significativo. *T = terra, A = areia, TA = terra + areia, TE = terra + esterco e TAE = terra + areia + esterco. **Sobre = 0,0 cm de profundidade e Entre = 0,5 cm de profundidade. As combinações da profundidade “sobre” com cada um dos substratos T, TA, TE e TAE, proporcionaram a produção de 9,28 mg pl-1 para a MFRP, 95,88 mg pl-1 para a MFPA e 115,15 mg pl-1 para a MT. De todos os tratamentos avaliados, o STAE foi o que apresentou os maiores valores para as três características. Pesquisadores observaram resultados semelhantes com diferentes culturas. Para nespereira (PIO et al., 2004a) e para o maracujazeiro amarelo (PIO et al., 2004b) também observou-se que o uso do substrato terra + areia + esterco possibilitou maior obtenção de massa fresca de raiz e parte aérea quando comparado ao efeito de outros substratos. Lopes, Mauri e Freitas (2009) trabalhando com a cultura do brócolos também obtiveram plantas com maiores massas fresca de raiz e parte aérea quando utilizaram a mistura solo + areia + esterco. Segundo estes pesquisadores, esta formulação de substrato apresenta melhores condições físicas, como aeração e drenagem, além de possuírem maiores concentrações de nutrientes necessários para o desenvolvimento das mudas, do que quando comparados aos substratos formados somente por solo ou areia. Quanto às avaliações MSRP, MSPA e MST, com exceção dos substratos A e TE, todos os demais, quando associados à semeadura “sobre”, foram significativamente superiores às combinações dos mesmos com a semeadura “entre” (Tabela 5). As médias de produção de massa seca da raiz principal de plantas de cubiu crescidas nos substratos T, TA, TE e TAE, e da massa seca da parte aérea e total nos substratos T, TE e TAE, semeados “sobre” foram, em média, 845%, 170% e 162% superiores quando comparados na profundidade “entre”. De todos os tratamentos avaliados, destaque merece ser feito ao STAE, que apresentou valores superiores de MSRP (1,73 mg pl- 1), MSPA (8,77 mg pl-1) e MST (10,50 mg pl-1) em comparação aos demais tratamentos, tendo se diferenciado estatisticamente de todos. Para a cultura do brócolos, Lopes, Mauri e Freitas (2009) também obtiveram resultado similar ao observado neste trabalho. Tais pesquisadores verificaram que o composto terra + areia + esterco foi capaz de promover maiores acúmulos de massa seca da parte aérea, quando comparado a outros substratos. 808 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 Tabela 5. Massa seca da raiz principal (MSRP, mg), massa seca da parte aérea (MSPA, mg), massa seca total (MST, mg) de plântulas de cubiu em diferentes substratos e profundidades. Tabatinga-AM, UFAM, 2011 *Substratos MSRP MSPA MST **Profundidade Profundidade Profundidade Sobre Entre Sobre Entre Sobre Entre T 1,47 Ba1 0,45 Bb 5,79 Ba 0,32 Cb 7,26 Ba 0,94 Cb A 0,80 Cns 0,90 Ans 2,70 Cns 2,60 Bns 3,50 Dns 3,50 Bns TA 1,49 Ba 0,48 Cb 5,62 Ba 2,50 Bb 7,11 Ba 2,98 Bb TE 0,84 Ca 0,45 Cb 5,09 Bns 5,09 Ans 5,93 Cns 5,54 Ans TAE 1,73 Aa 0,96 Ab 8,77 Aa 4,64 Ab 10,50 Aa 5,60 Ab CV = 15,67% CV = 16,42% CV = 11,91% 1Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott em nível de 5% de probabilidade. ns= não significativo. *T = terra, A = areia, TA = terra + areia, TE = terra + esterco e TAE = terra + areia + esterco. **Sobre = 0,0 cm de profundidade e Entre = 0,5 cm de profundidade. CONCLUSÕES A semeadura “sobre” os substratos favoreceu as características avaliadas para esta cultura; A combinação do substrato terra + areia + esterco (1:1:1), com a semeadura “sobre”, destacou- se dentre os tratamentos, podendo ser citada como a mais eficiente para a produção de plântulas de cubiu. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à direção do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Tabatinga-AM, pela infraestrutura cedida para a realização deste trabalho. ABSTRACT: Cocona (Solanun sessiliflorum Dunal) is a rustic solanaceae, with high capacity and multiple possibilities for use and can be used in folk medicine and/or as food. This work aimed to evaluate the effect of different substrates and sowing depth on emergence and early seedling performance of cocona. The experiment was conducted under laboratory conditions (25 ± 2 °C), at the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Tabatinga – AM. Were used a completely randomized design with four replicates in a factorial 2 x 5, two sowing depths ("on" = 0 and "between" = 1 cm) and five substrates (soil, sand, soil + sand (1:1), soil + manure (1:1), soil + sand + manure (1:1:1)). Were evaluated: Emergence speed index (IVE); Percentage of emergency (% E); Number of leaves (NF); Length of primary root (CRP); Length of shoot (CPA); Total length (CT); Fresh mass of primary root (MFRP); Fresh mass of shoot (MFPA); Total fresh mass (MFT); Dry mass of the primary root (MSRP); Dry mass of shoot (DMAP); and, Total dry mass (MST). Sowing on the substrates, favored the characteristics assessed for this crop. The combination of substrate soil + sand + manure (1:1:1), with sowing "on", stood out among the treatments, and may be suggested as the most efficient for the production of cocona seedlings. KEYWORDS: Solanun sessiliflorum Dunal. Sand. Poultry litter. Soil. REFERÊNCIAS BORÉM, A.; LOPES, M. T. G.; CLEMENT, R. C. Domesticação e Melhoramento: Espécies Amazônicas. Viçosa: UFV, 2009. 486 p. 809 Emergência e desempenho... GUIMARÃES, M. A. et al Biosci. J., Uberlandia, v. 30, supplement 2, p. 802-810, Oct./14 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de hortaliças não-convencionais. Brasília: Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo - Mapa/ACS, 2010. 92 p. CARDOSO, E. A.; ALVES, E. U.; BRUNO, R. L. A.; ALVES, A. U.; ALVES, A. U.; SILVA, K. B. Emergência de plântulas de Erythrina velutina em diferentes posições e profundidades de semeadura. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 9, p. 2618-2621, dez. 2008. CASTRO, P. R. C.; KLUGE, R. A.; PERES, L. E. P. Manual de Fisiologia Vegetal: Teoria e Prática. São Paulo: Editora Universitária Ceres, 2005. 650 p. LIMA, J. F.; SILVA, M. P. L.; TELES, S.; SILVA, F.; MARTINS, G. N. Avaliação de diferentes substratos na qualidade fisiológica de sementes de melão de caroá (Sicana odorifera (Vell.) Naudim). 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