Microsoft Word - 5-Agra_21831 969 Original Article Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 TEMPERATURAS BASAIS E EXIGÊNCIA TÉRMICA PARA A MATURAÇÃO DE CAJU BASAL TEMPERATURES AND THERMAL REQUERIMENT FOR THE MATURATION OF CASHEW Victor Arlindo Taveira de MATOS1; Fernando PIVETTA2; Severino de PAIVA SOBRINHO1; Ana Silvia de Oliveira TISSIANI1; Ana Paula Meira Soares PEREIRA1; Fabrício Tomaz RAMOS1; José Holanda CAMPELO JÚNIOR3 1. Doutorando em Agricultura Tropical, Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Cuiabá, MT, Brasil. victor_arlindo@hotmail.com; 2. Mestrando em Agricultura Tropical, Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical - UFMT, Cuiabá, MT, Brasil. 3. Professor Titular; Departamento de Solos e Engenharia Rural - UFMT, Cuiabá, MT. RESUMO: O objetivo neste trabalho foi identificar as temperaturas basais e a exigência térmica para completar o processo de maturação de frutos de três clones de cajueiro-anão: FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11. Entre agosto e novembro de 2010, abril e novembro de 2011 e abril e agosto de 2012, em função da disponibilidade foram marcados semanal e aleatoriamente até dez frutos e pseudofrutos por clone, medidos e classificados quanto ao estádio de maturação até amadurecerem. Após obter os períodos de maturação, foram determinadas as temperaturas basais para cada clone utilizando o método do menor coeficiente de variação para a soma térmica (ST) e para as unidades fototérmicas (UF) acumuladas nos períodos. Verificou-se que o número de dias necessários para completar a maturação dos cajus foi menor nos meses com temperatura média do ar acima de 28 ºC e que as aproximações utilizando os métodos da ST foram mais úteis na previsão do tempo fisiológico necessário para completar a maturação do fruto do que a contagem do tempo cronológico em dias. As temperaturas basais inferiores determinadas pelo método da ST são iguais a 15,2; 13,8 e 10,0 ºC para FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11, respectivamente enquanto suas exigências térmicas foram de 437,3; 493,8 e 639,0 ºC dia. Devido o fotoperíodo não ter influenciado no tempo de maturação dos cajus, o método das unidades fototérmicas não foi ajustado. PALAVRAS-CHAVE: Anacardium occidentale. Soma térmica. ºC dia. Unidades fototérmicas. Fotoperíodo. INTRODUÇÃO O cajueiro-anão (Anacardium occidentale L.) é uma frutífera tropical, que se destaca no uso comercial entre as plantas da família Anacardiaceae. A cajucultura no Brasil apresenta grande importância socioeconômica por envolver cerca de 280 mil pessoas e ocupar uma área cultivada de 749 mil hectares (OLIVEIRA, 2008). Apesar de ser adaptado às condições ambientais do Centro-Oeste, nesta região o cajueiro- anão em sua maior parte é explorado de maneira extrativista. Entre suas exigências climáticas segundo Oliveira (2002), é requerido um regime pluviométrico entre 800 e 1.500 mm anuais, distribuídos de cinco a sete meses do ano e uma temperatura média do ar igual a 27 °C para um adequado florescimento e desenvolvimento dos frutos. A existência de uma estação seca bem definida e temperatura média do ar relativamente elevada são as principais características climáticas do bioma Cerrado, entretanto isto não se constitui um fator limitante para o cultivo de frutíferas tropicais, já que o déficit hídrico provocado pela ausência de chuvas pode ser contornado utilizando irrigação. Todavia mesmo que o déficit hídrico seja minimizado, esta região está sujeita a uma maior oscilação de temperatura do ar na época seca do ano, que pode ter efeitos significativos no tempo necessário à maturação de frutos (MASSIGNAM; ANGELOCCI, 1993; SENSHAN et al., 1995). Diante disso, o método da soma térmica, que se refere à soma de ºC dia necessária para a planta completar parte ou todo seu ciclo, tem sido utilizado para caracterizar as fases fenológicas e/ou a produção das plantas ao invés de uma média do número de dias do calendário civil (SOUZA et al., 2009). A estimativa do tempo de maturação de um fruto por meio da soma térmica depende do conhecimento das temperaturas basais, inferior – Tb, temperatura abaixo da qual o crescimento dos frutos é desprezível ou nulo; e superior – TB, acima da qual o desenvolvimento dos frutos cessa. Received: 05/03/13 Accepted: 05/02/14 970 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 Portanto, esse método parte do princípio que exista relação linear entre o desenvolvimento dos frutos e a temperatura média do ar (ARNOLD, 1959). Contudo, há ocasiões em que a relação linear de dependência é baixa, e esta falta de linearidade pode ocorrer em razão do método da soma térmica não levar em consideração o efeito do fotoperíodo, mas apenas o da temperatura média do ar (BARROS et al., 2010). Villa Nova et al. (1983) desenvolveram um método alternativo, denominado unidade fototérmica – UF, que além da temperatura média do ar, incorpora o fotoperíodo. A utilização das UFs vem sendo abordada para determinar o estádio de maturação de diferentes culturas e os resultados obtidos foram satisfatórios (VILLA NOVA et al., 2007; BARROS et al., 2010). O estádio de maturação final do caju é caracterizado pela alteração na cor da castanha que fica cinza, pela mudança da coloração do pseudofruto para amarelo ou vermelho alanrajado (de acordo com a cultivar), alteração na textura do pseudofruto e pela facilidade no desprendimento, quando tocado com as mãos. Desta maneira, uma das maiores causas de perdas na produção, principalmente para o consumo in natura, ocorre pela queda do pseudofruto no solo, pois quando maduro facilmente desprende-se da planta mãe devendo ser recolhido em pouco tempo. Nesse contexto, o surgimento de informações referentes ao desenvolvimento de plantas de caju, entre elas a determinação do efeito de parâmetros meteorológicos sobre o tempo de maturação de frutos e de pseudofrutos em pomares irrigados nas condições de Cerrado poderá incentivar e criar perspectivas na elaboração de estratégias de manejo, que possibilitem obter uma produção mais adequada às exigências do mercado, no que diz respeito ao consumo in natura e ao uso agroindustrial. Diante disso, o objetivo neste trabalho foi analisar o efeito da temperatura e do fotoperíodo sobre o desenvolvimento de frutos e pseudofrutos de caju, determinando suas temperaturas basais por meio dos métodos: da soma térmica proposto por Ometto (1981) e das unidades fototérmicas desenvolvido por Villa Nova et al. (1999), para determinar a exigência térmica necessária para completar a etapa de amadurecimento de três clone de cajueiro-anão: FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no pomar da Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, em Santo Antônio de Leverger - MT (coordenadas 15°51’S e 56°04’O, altitude de 140 m, a 33 km de Cuiabá), em que o clima da região segundo a classificação de Köppen é do tipo Aw, tropical úmido, caracterizado por uma estação chuvosa e outra seca, temperatura média anual em torno de 26ºC, precipitação média de 1360 mm e umidade relativa do ar de 66% (MIRANDA; AMORIM, 2000). O solo da área experimental foi classificado como NEOSSOLO QUARTIZARÊNICO Órtico êutrico, A moderado, fase cerrado, relevo plano (EMBRAPA, 2006). Para o estudo foram selecionadas três clones: FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11, plantas adultas de cajueiro-anão, plantadas em 2003 no espaçamento 7 x 8 m. Para cada cultivar foram selecionadas 10 plantas. Durante os meses de agosto a novembro de 2010, abril a novembro de 2011 e abril a agosto de 2012, em função da disponibilidade de frutos jovens foram marcados semanal e aleatoriamente até dez por clone, devendo obrigatoriamente apresentar pseudofrutos com comprimento entre 9 e 15 mm, medidos e classificados quanto ao estádio de maturação semanalmente até amadurecerem. Foi considerado que o fruto e pseudofruto amadureceram na mesma data. Foi elaborada uma escala para a identificação do estádio de maturação, sendo atribuídas as seguintes notas: 0 – o fruto e o pseudofruto estão rosados; 1 – o fruto e pseudofruto estão completamente verdes; 2 – o fruto começa a secar e o pseudofruto cede ao tato; 3 – o fruto está seco e pseudofruto maduro. No período de agosto a novembro de 2010 e maio a outubro de 2011 as plantas foram irrigadas utilizando microaspersores e um turno de rega semanal com um volume aproximado de 334 L planta-1. Entretanto, no ano de 2012 as plantas não foram irrigadas em virtude do período chuvoso ter se estendido até julho. Os valores diários de temperatura mínima e máxima e umidade relativa do ar foram obtidos por meio do registro das observações meteorológicas efetuadas na Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter, que faz parte da rede do 9º DISME/INMET, instalada a aproximadamente 1 km do local do experimento. Após a obtenção dos períodos de amadurecimento foi determinada a temperatura basal inferior – Tb e superior – TB de cada clone utilizando os métodos: da soma térmica (OMETTO, 1981) e das unidades fototérmicas (VILLA NOVA et al., 1999). Como o cajueiro-anão é uma frutífera de clima tropical, as temperaturas basais foram 971 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 selecionadas estimando, a priori, temperaturas entre 1 e 20 °C para Tb e entre 30 e 40 °C para TB. A soma térmica expressada em ºC dia foi calculada diariamente utilizando uma das seguintes fórmulas: Se TB ≥ Tb ≥ TM ≥ Tm: GD = 0; (1) Se TB ≥ TM ≥ Tm ≥ Tb: ; (2) Se TM ≥ TB ≥ Tm ≥ Tb: GD = ; (3) Se TB ≥ TM ≥ Tb ≥ Tm: GD = ; (4) Se TM ≥ TB ≥ Tb ≥ Tm: (5) Em que: GD: ºC dia; Tm: Temperatura mínima diária do ar (°C); TM: Temperatura máxima diária do ar (°C); Tb: Temperatura basal inferior do clone (°C) e TB: Temperatura basal superior do clone (°C). Para o cálculo das unidades fototérmicas foi utilizada a Equação 6: (6) Em que: UF: Unidades fototérmicas; n: Número de dias no período de uma semana; GD: ºC dia acumulados no período; Ni: Duração astronômica do dia (horas e décimos de horas) no início do período, e Nf: Duração astronômica do dia (horas e décimos de horas) no final do período. Sendo que Nf e Ni serão determinadas por: Nas Equações 7 e 8, φ corresponde a latitude do local, δ corresponde a declinação solar na latitude local, e DJ o dia juliano. Para realizar a simulação das temperaturas- basais nos dois métodos utilizou-se uma ferramenta de otimização disponível no Excel® e denominada Solver, na qual, através de uma estimativa inicial, foi iniciado um processo interativo até alcançar o critério estabelecido, respeitando as restrições impostas a cada variável. Foram selecionadas as temperaturas basais que apresentaram menor coeficiente de variação– CV para completar a etapa de amadurecimento. Após a determinação das temperaturas basais foi verificada a exigência térmica de cada clone somando-se a quantidade de ºC dia exigida ao amadurecimento. A dispersão dos valores da soma térmica e das unidades fototérmicas acumuladas foram analisadas comparando os CVs obtidos em relação ao do determinado pela contagem do tempo cronológico em dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de estudo, 52 frutos e pseudofrutos de caju chegaram à maturação final, sendo 17 da FAGA 1, 20 oriundos da FAGA 10 e 15 pertencentes à FAGA 11. Observou-se que a temperatura média do ar no local sempre permaneceu acima de 24 ºC (Figura 1). A duração dos períodos de maturação foi variável entre os três clones e dentre os cajus de cada clone, sendo o menor, de 35 dias para atingir a (7) (8) 972 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 maturação, verificado em um caju da FAGA 10 e o maior de 56 dias para um da FAGA 1. Figura 1. Temperaturas médias do ar em Santo Antônio de Leverger – MT, de 2010 a 2012. Os meses com temperaturas mais amenas, de maio a julho em 2011 e 2012, apresentaram médias de aproximadamente 24 ºC e justamente os cajus marcados integralmente ou que tiveram uma coleta de medidas nesse período, necessitaram de mais tempo para chegarem à maturação. Essa diferença no tempo de maturação entre os meses com temperaturas mais elevadas foi notória nos três clones. Na FAGA 1, os frutos marcados no período de abril a julho necessitaram em média de aproximadamente 48 dias para alcançar a maturação, enquanto nos meses de agosto a novembro foi necessária uma média entorno de 38 dias. Resultado semelhante foi verificado na FAGA 10, cujo número médio de dias exigidos, no período de abril a julho, foi de 46 dias, entretanto de agosto a novembro foi de aproximadamente 36 dias. Na FAGA 11 nos meses do primeiro semestre do ano, os frutos amadureceram em aproximadamente 44 dias e para os meses com as temperaturas médias acima ou igual a 28 ºC por volta de 36 dias. As médias termais mais elevadas reduziram o tempo necessário para os frutos amadurecerem, provavelmente pelo cajueiro-anão ser uma planta tropical e requerer temperaturas próximas de 27 ºC para o seu ótimo desenvolvimento (ALMEIDA et al., 2002). Esta diferença entre o número de dias exigidos à planta em função da temperatura do ar justificou o uso do somatório de unidades térmicas para estimar o tempo de maturação de cajus em relação ao número de dias do calendário civil. Levando em consideração a soma térmica, as temperaturas basais determinadas estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Temperatura-base inferior (Tb), temperatura-base superior (Tb) e coeficiente de variação (CV) dos períodos de maturação de caju pelos métodos da soma térmica em Santo Antônio de Leverger – MT, de 2010 a 2012. Clone Método Tb (ºC) TB (ºC) CV (%) FAGA 1 Soma térmica 15,2 30,0 5,67 FAGA 10 Soma térmica 13,8 30,0 4,36 FAGA 11 Soma térmica 10,0 30,7 3,73 A Tb em cada um dos clones abordado neste estudo encontra-se dentro ou próximo da faixa estipulada por Cooper; Tainton (1968), de 10 a 15 °C para frutíferas tropicais. Além disso, o valor da Tb da FAGA 11 foi idêntica às obtidas para manga (Mangifera indica L.), fruta da família Anacardiaceae, por Silva (1996) e Chaudhri (1976), que obtiveram um valor igual a 10 °C, sendo este empregado por Lucena (2006) quando utilizou mangas da cultivar Tommy Atkins no Vale do São Francisco – CE. Carpentieri-Pípolo et al. (2008) no município de Londrina no Estado do Paraná desenvolveram uma pesquisa com acerola, outra fruta tropical e determinaram uma Tb de 10 ºC, análoga à alcançado para FAGA 11. Utilizando mamão, outra fruta tropical, Nakasone (1988) no município de Linhares no Espírito Santo encontrou 973 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 uma Tb igual a 15 ºC, valor perto do determinado para FAGA 1 pelo método da soma térmica. Em trabalhos envolvendo banana (Musa spp.), pseudofruto tropical originária da Ásia, Umber et al. (2011) utilizaram duas variedades e determinaram Tb de 17,0 °C para variedade F916, valor superior aos obtidos para os três clones de caju avaliadas neste estudo e 13,9 °C para a variedade F918, valor próximo ao da FAGA 10 e intermediário aos da FAGA 1 e FAGA 11. Em outro trabalho com banana, Tixier et al. (2010) obtiveram uma Tb igual a 19,8 °C para a variedade Figue Rose Naine, valor superior à todos determinados para aos três clones de cajueiros abordadas neste estudo. Em frutas de clima temperado como, a uva, Roberto et al. (2004) e Nagata et al. (2000) afirmaram que a Tb de 10 ºC é a mais adequada à espécie, enquanto Souza et al. (2009), utilizando figueira encontraram uma Tb igual a 8°C. As TBs determinadas pelo método da soma térmica foram iguais a 30 °C para FAGA 1 e FAGA 10 e 30,7 ºC para FAGA 11. Os valores obtidos para as temperaturas basais encontram-se próximos aos obtidos para outras culturas, no entanto no presente trabalho verificou-se que os resultados de Tb e TB podem ser diferentes dentro de uma espécie, incentivando assim, sempre que possível, o uso de mais de uma variedade para determinação das temperaturas basais de uma espécie. A exigência térmica média em ºC dia para completar a maturação dos cajus, foi igual a 437,3; 493,8 e 639,0 ºC dia para FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11, respectivamente (Tabela 2). Tabela 2. Período de observação, número de dias do período (N), quantidade frutos observados (Qtde), média da temperatura do ar (Tmed) e soma térmica acumulada (ΣGD) para cada caju que completou a maturação, Santo Antônio de Leverger – MT, de 2010 a 2012. Clone Marcação N Qtde Tmed (ºC) Σ GD (ºC dia) Inicial Maduro FAGA 1 20/08/2010 24/09/2010 36 1 27,9 400,3 15/04/2011 27/05/2011 43 1 25,6 435,5 29/04/2011 10/06/2011 43 1 24,5 392,2 24/06/2011 18/08/2011 56 1 24,4 487,4 01/07/2011 18/08/2011 49 1 24,8 440,1 15/07/2011 30/08/2011 47 3 25,5 438,9 05/08/2011 16/09/2011 43 1 27,1 454,0 18/08/2011 23/09/2011 37 1 27,5 404,9 18/08/2011 29/09/2011 43 1 27,7 477,8 26/08/2011 29/09/2011 35 2 28,9 422,8 02/09/2011 07/10/2011 36 1 29,0 437,8 16/09/2011 21/10/2011 36 1 29,3 453,2 07/10/2011 11/11/2011 36 1 29,0 453,6 28/05/2012 16/07/2012 50 1 24,2 434,1 FAGA 10 03/09/2010 08/10/2010 36 1 28,4 480,0 17/09/2010 22/10/2010 36 1 29,2 500,2 15/04/2011 24/05/2011 40 1 25,7 478,5 29/04/2011 10/06/2011 43 1 24,5 467,7 06/05/2011 17/06/2011 43 1 24,8 481,7 26/08/2011 29/09/2011 35 1 28,9 484,8 02/09/2011 07/10/2011 36 1 29,0 501,6 09/09/2011 14/10/2011 36 3 29,2 512,4 16/09/2011 21/10/2011 36 2 29,3 517,0 14/10/2011 18/11/2011 36 1 28,8 514,7 21/10/2011 25/11/2011 36 1 29,0 519,4 07/05/2012 21/06/2012 46 1 25,0 524,8 21/05/2012 02/07/2012 43 1 24,6 473,5 11/06/2012 28/07/2012 48 1 24,5 494,0 25/06/2012 15/08/2012 52 3 24,0 533,3 FAGA 11 20/08/2010 24/09/2010 36 1 27,9 599,8 974 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 03/09/2010 08/10/2010 36 1 28,4 616,3 10/09/2010 15/10/2010 36 2 29,1 633,0 17/09/2010 22/10/2010 36 3 29,2 637,9 15/10/2010 19/11/2010 36 1 27,4 606,4 06/05/2011 17/06/2011 43 1 24,8 637,1 15/07/2011 26/08/2011 43 1 25,1 620,6 15/07/2011 30/08/2011 47 1 25,5 692,3 16/09/2011 21/10/2011 36 2 29,3 654,1 29/09/2011 04/11/2011 37 1 29,0 668,6 21/10/2011 25/11/2011 36 1 29,0 655,7 Observou-se maior CV quando a estimativa da maturação foi determinada pela contagem do tempo cronológico em dias para a FAGA 1 (15,11%), FAGA 10 (15,61%) e FAGA 11 (9,36%), chegando a apresentar uma relação próxima de 1:3 em detrimento ao CV encontrado pela média de ºC dia acumulados pelo método da soma térmica para cada clone, e portanto tem-se maior confiabilidade neste método. A determinação das temperaturas basais através das UFs também foi simulada e os resultados estão apresentados na Figura 2. Figura 2. Coeficiente de variação das unidades fototérmicas simulando diferentes valores de temperatura-base inferior para FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11 em Santo Antônio de Leverger – MT, de 2010 a 2012. Nota-se que o CV das UFs foi reduzindo na medida em que eram utilizadas Tb amenas, atingindo o valor de 12,92% para a FAGA 1, de 9,63 % para FAGA 10 e 6,17 % para FAGA 11 quando utilizada a menor temperatura considerada, de 1 °C. Ainda assim, os CVs obtidos para UFs foram maiores que os encontrados pela soma térmica. Pelo fato do cajueiro-anão ser uma frutífera tropical, era esperado que a Tb fosse superior a 1 °C, e provavelmente próxima às obtidas com a soma térmica. Utilizando unidades fototérmicas em mangas da variedade Alpha, Barros et al. (2010) determinaram uma Tb de 10 °C, superior à determinada para cajus neste trabalho utilizando o mesmo método. Em pesquisas com maracujá, frutífera tropical, Souza et al. (2010) afirmaram que o uso das UFs não foi adequado em estimar o crescimento de partes vegetativas do maracujazeiro, provavelmente pela extensão relativamente curta do período de observação (cinco meses), associada à variação relativamente estreita do fotoperíodo na latitude do local no período de estudo. No presente trabalho, embora as avaliações tenham ocorrido ao longo do ano, o fotoperíodo não interferiu no tempo de desenvolvimento dos cajus, todavia neste caso o motivo pode estar relacionado ao curto período necessário para os frutos e pseudofrutos de caju chegar à maturação. Para analisar se o efeito do fotoperíodo interferiu nos períodos de desenvolvimento de cajueiros foram observados os estádios fenológicos da planta ao longo do ano citado por Mesquita et al. (2002) para a localidade de Fortaleza, no estado do Ceará e contrastados com os encontrados neste estudo em Santo Antônio de Leverger – MT, e, diante disso, foi elaborado um gráfico comparando a 975 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 duração astronômica do dia nas duas localidades (Figura 3). Figura 3. Duração astronômica do dia (horas e décimo de horas) de um ano para os municípios de Fortaleza – CE e de Santo Antônio de Leverger – MT. Como Fortaleza está localizada próxima à linha do Equador com latitude igual a 3º43’ S e pela latitude representar o principal fator na duração do fotoperíodo, nota-se pequena flutuação na duração astronômica do dia ao longo do ano. Por outro lado, Santo Antônio de Leverger – MT está mais abaixo da linha do Equador, apresentando uma latitude de 15º47’ S e, havendo assim uma diferença maior em alguns dias de até duas horas na duração astronômica do dia entre os solstícios de inverno e verão. Durante todo o período de coleta das informações os cajueiros floresceram e tiveram em quase todas as semanas frutos jovens marcados, todavia os meses com maior produção foram os de agosto até meados de outubro, por combinar o período de ausência de chuvas e baixa umidade relativa do ar. O período mais produtivo do cajueiro, conforme Mesquita et al. (2010) ocorre nos meses de agosto a novembro, e o florescimento ocorre entre os meses de abril a novembro, semelhante aos encontrado neste experimento. Analisando o fotoperíodo nas cidades de Fortaleza – CE e Santo Antônio de Leverger – MT, observou-se que a maturação dos frutos e pseudofrutos do cajueiro-anão não foi influenciada por esse parâmetro, ou nas localidades onde os resultados foram comparados, todas as exigências fotoperiódicas dos respectivos materiais genéticos foram atendidas. Portanto o método das unidades fototérmicas não pôde ser utilizado na determinação das temperaturas basais no local de estudo. CONCLUSÕES As temperaturas basais inferiores determinadas pelo método da soma térmica para completar a maturação de cajus são iguais a 15,2; 13,8 e 10,0 ºC para FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11, respectivamente. Os valores encontrados para as temperaturas basais superiores são de 30 ºC para a FAGA 1 e FAGA 10 e 30,7 ºC para FAGA 11. A exigência térmica em ºC dia para completar a maturação dos cajus é de 437,3; 493,8 e 639,0 ºC dia para FAGA 1, FAGA 10 e FAGA 11, respectivamente. O fotoperíodo não teve influência no tempo de maturação dos cajus, portanto o método das unidades fototérmicas não pôde ser ajustado. AGRADECIMENTOS À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Ensino Superior – CAPES pela concessão das bolsas de Mestrado e Doutorado e à Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso – FAPEMAT pelos recursos obtidos pelo projeto. ABSTRACT: The objective of this study was to identify the base temperatures and the thermal requirements needed to complete the fruits maturation process of three clones of dwarf cashew trees: FAGA 1, FAGA 10 and FAGA 11. Between August and November 2010, April and November 2011, and April and August 2012, due to availability issues, 976 Temperaturas basais... MATOS, V. A. T. et al. Biosci. J., Uberlandia, v. 30, n. 4, p. 969-977, July/Aug. 2014 up to ten fruits and pseudo fruits were tagged weekly and randomly until mature, measured and classified according to their maturity stage. After obtaining the periods of maturation, base temperatures were determined for each clone using the lower variation coefficient method for the thermal sum (TS) and for the photothermal units (FU) accumulated in the cycles. It was found that the number of days required to complete the cashew maturation was lower on months in which the mean air temperature was above 28 °C and that the approximations using the TS methods were more useful in predicting the physiological time required to complete the fruit maturation than the chronological time counted in days. The lower base temperatures determined by the TS method were 15.2, 13.8 and 10.0 ºC for FAGA 1, FAGA 10, and FAGA 11, respectively, while its thermal requirements were 437.3, 493.8, and 639.0 ºC day. Due to the fact that the photoperiod did not influence the cashews maturation time, the photothermal units method was not adjusted. KEYWORDS: Anacardium occidentale. Thermal sum. Degree-day. Phototermal units. Photoperiod. 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