Microsoft Word - 1-revisado-599.doc Original Article Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 1 EFEITO RESIDUAL DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE A CULTURA DO ALHO VERNALIZADO RESIDUAL EFFECT OF PHOSPHATE FERTILIZATION OVER VERNALIZED GARLIC CULTURE Claudinei Paulo de LIMA1; Leonardo Theodoro BULL2; Fábio Augusto MANETTI11; Clarice BACKES1; Roberto Lyra VILLAS BOAS2; Leandro José Grava de GODOY3 1. Doutorando, Departamento de Produção Vegetal/Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Botucatu-SP; 2. Professor, Doutor, Departamento de Recursos Naturais/Ciência do Solo – FCA-UNESP; 3. Professor, Doutor, Unidade Diferenciada de Registro - UNESP RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual da adubação fosfatada na cultura do alho, cultivada em Neossolo Quartzarênico e Latossolo Vermelho distrófico. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x8: duas doses de P e oito combinações de fontes de P, com e sem calcário e micronutientes, e uma testemunha sem P, com três repetições. As fontes de P utilizadas foram: termofosfatos Yoorin Master®, Yoorin Master® com enxofre, Yoorin-Mg® e termofosfato Usifertil® e o superfosfato triplo. Realizou-se análise de solo antes da instalação do experimento e no período da diferenciação dos bulbos, a análise química das folhas. Não foram detectadas diferenças significativas com relação aos teores de P nas plantas em ambos os solos entre as fontes, diferindo apenas da testemunha. Com as doses ocorreu diferença estatística somente no solo argiloso. Observou-se na produção de bulbos diferença significativa apenas entre as doses de P no solo argiloso. O índice de formato somente foi afetado pelas fontes de P no solo argiloso. Analisando-se o Índice de Eficiência Agronômica pode-se constatar que todos os tratamentos envolvendo aplicação de termofosfato foram inferiores ao superfosfato triplo, em ambas as doses aplicadas ao solo argiloso. Resultados semelhantes ocorreram no solo arenoso na menor dose, à exceção do tratamento termofosfato Usifertil + micronutrientes entretanto, para a dose maior verificou-se que apenas os tratamentos Yoorin Master" com enxofre + micronutrientes e termofosfato Usifertil + micronutrientes obtiveram índices menores comparados ao obtido com o superfosfato triplo + calcário e micronutrientes. PALAVRAS-CHAVE: Allium sativum L.. Fontes de fósforo. Produção de bulbos. Eficiência agronômica. INTRODUÇÃO A produção nacional de alho, em crise a partir de 1994, depois que se iniciou a entrada de alho chinês em nosso mercado, começou a ressurgir na última década, a ponto de vislumbrar-se, em médio prazo, a auto-suficiência nacional do produto amparada pela pesquisa tecnológica que, ano após ano, tem permitido estabelecer novos recordes em produtividade, principalmente nas duas maiores regiões produtoras do País (Sul e Centro-Oeste). No ano de 2004 e 2005 o rendimento médio atingiu 8,1 toneladas por hectare (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS - IBGE, 2006). A produtividade da cultura depende, dentre outros fatores, do adequado suprimento de nutrientes, sendo o fornecimento de fósforo uma prática essencial nos solos brasileiros. Entretanto, para prevenir a deficiência deste nutriente é necessária a aplicação de grande quantidade devido à capacidade dos solos tropicais em reter o elemento em formas pouco solúveis, não prontamente disponíveis às plantas. Aplicam-se quantidades muito maiores de P no solo do que as plantas retiram (MALAVOLTA, 1981). Outro fator que interfere é o aproveitamento inicial do fósforo aplicado no primeiro ano, que é muito baixo, da ordem de 5 a 20% para a maioria das culturas (MALAVOLTA; KLIEMANN, 1985). Considerando o restante do P que permanece no solo, em formas de maior ou menor disponibilidade às plantas, o efeito residual passa a ser um componente muito importante na avaliação agronômica e econômica de práticas de adubação fosfatada (RESENDE et al., 2006). Segundo Moreira et al. (2002) os fosfatos solúveis e os termofosfatos estão entre os adubos fosfatados mais utilizados atualmente na agricultura brasileira. O superfosfato triplo, solúvel em água é obtido pela acidulação de rochas fosfatadas, que contém cerca de 20% de P, representando juntamente com o superfosfato simples, 50% dos fertilizantes fosfatados fabricados no mundo (FASSBENDER; BORNEMISZA, 1994). Já o termofosfato possui cerca de 8% de P, sendo a sua solubilidade grandemente influenciada pelo pH e pela matéria orgânica do solo. Por ser uma fonte rica em Ca e em Mg, atua muitas vezes como corretivo da acidez do solo (GOEDERT et al., 1985). Além do tipo de cultura, as fontes de P podem afetar o efeito residual dos adubos Received: 04/12/06 Accepted: 11/05/07 Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 2 fosfatados. Dessa forma o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito residual de fontes e doses de fósforo na cultura do alho vernalizado. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em cultivo protegido no Departamento de Recursos Naturais – Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas do "Campus" de Botucatu/UNESP, localizado a 22º51' S e 48º26' W, com altitude de 786m. Foram utilizados dois solos classificados como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO (solo arenoso) e LATOSSOLO VERMELHO distroférrico (solo argiloso) de acordo com a EMBRAPA (1999). Os materiais de solo, coletados nos primeiros 20 cm de profundidade, foram colocados em vasos de cimento amianto com capacidade para 15 litros. No primeiro ano de cultivo (2000) estudou- se a eficiência dos termofosfatos sendo o delineamento experimental adotado inteiramente casualizado, com três repetições, segundo o esquema fatorial 2 x 8, sendo duas doses de fósforo e oito combinações de fontes de fósforo, com e sem calcário e micronutientes, além de uma testemunha sem fósforo. As fontes de fósforo utilizadas foram: superfosfato triplo (ST), termofosfato "Yoorin Master" (YM), termofosfato "Yoorin Master" com enxofre (YMS), termofosfato "Yoorin-Mg" (YMg) e termofosfato Usifertil (TU). As doses de fósforo utilizadas corresponderam a 200 e 400 mg dm-3 de P, conforme resultados relatados por Büll et al. (1998). Todos os tratamentos receberam adubação complementar (NK) com nitrogênio e potássio. A especificação para os tratamentos aplicados é a que segue: - Testemunha = calcário + micronutrientes + NK - STc = superfosfato triplo + calcário + NK - STcm = superfosfato triplo + calcário + micronutrientes + NK -YM = Yoorin Master + NK - YMS = Yoorin Master + S + NK - YMg = Yoorin Magnesiano + NK - YMgm = Yoorin Magnesiano + micronutrientes + NK - TU = termofosfato Usifertil + NK -TUm = termofosfato Usifertil + micronutrientes + NK Para os tratamentos que envolveram calagem, aplicou-se calcário dolomítico (PRNT 95%), visando atingir saturação por bases de 80 % da CTC. A adubação nitrogenada de plantio foi realizada com nitrato de amônio, em quantidade equivalente a 30 mg dm-3 de N; as adubações de cobertura foram feitas aos 30 e 50 dias após a emergência das plantas (DAE), com dose e fonte idênticas à do plantio. A adubação potássica foi realizada aplicando-se 6,3 g de cloreto de potássio em cada vaso, quantidade equivalente a 241 mg dm- 3 de K2O, conforme dados obtidos por Büll et al. (1998b). Os micronutrientes foram aplicados em quantidades equivalentes àquelas fornecidas pelos termofosfatos "Yoorin Master", utilizando-se H3BO3, ZnSO4.7H2O, MnSO4.H2O, CuSO e Na2MoO4.H2O. No ano seguinte em 14/05/2001, realizou-se novamente o plantio do alho (Allium sativum, L.), cultivar Roxo Pérola de Caçador, utilizando-se bulbilhos-sementes vernalizados a 4ºC por um período de 45 dias e apresentando peso entre 3 e 4 gramas. Plantou-se 6 bulbilhos por vaso em espaçamento de 8 cm entre plantas e 15 cm entre linhas. Como cobertura morta após o plantio colocou-se acícula de pinus. Os resultados da análise dos solos na implantação do experimento estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. A caracterização química dos macronutrientes do solo foi realizada de acordo com as metodologias descritas por Raij e Quaggio (1983). Os micronutrientes foram analisados através da extração com DTPA-TEA, método descrito por Camargo et al. (1986). O boro foi determinado através do método de cloreto de bário-microondas, método descrito por Abreu et al. (1994). Neste cultivo somente foi realizado a adubação com nitrogênio e potássio idênticos ao primeiro cultivo. No período da diferenciação dos bulbos, ao redor de 70 DAE, realizou-se a coleta de folhas para análise química, de acordo com Bataglia et al. (1983). Os dados de produção de bulbos foram obtidos após um período de cura de 30 dias, obtendo-se o valor de índice de formato (diâmetro vertical/diâmetro horizontal). O Índice de Eficiência Agronômica (IEA) dos fosfatos em estudo foi calculado com base no diferencial da produção obtido entre os fosfatos em teste e o superfosfato triplo, considerando-se a produção média de bulbos. Produção com fosfato – produção sem P IEA = Produção com superfosfato triplo – produção sem P X 100 Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey, utilizando-se o programa Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 3 ESTAT, com metodologia descrita por Banzato e Kronka (1989). Tabela 1. Análise do solo Neossolo Quartzarênico com diferentes fontes e doses de fósforo, antes da implantação do experimento. Botucatu, 2001. Fontes de P Doses P pH Presina Ca Mg V B Zn mg dm-3 CaCl2 mg dm -3 mmolc dm -3 % mg dm-3 200 5,5 84 19 5 54 0,05 0,3 STc 400 5,3 228 27 7 57 0,07 0,2 Média 5,4 156 23 6 56 0,06 0,3 200 5,1 61 15 4 49 0,11 6,5 STcm 400 5,1 191 22 5 53 0,27 16,2 Média 5,1 126 19 5 51 0,19 11,4 200 6,4 82 24 12 69 0,24 4,8 YM 400 7,0 164 33 19 78 0,41 5,9 Média 6,7 123 29 16 74 0,33 5,4 200 5,2 43 18 6 51 0,14 3,5 YMS 400 6,0 81 23 9 63 0,26 5,1 Média 5,6 62 21 8 57 0,20 4,3 200 6,6 99 27 14 69 0,08 0,6 YMg 400 7,1 195 38 20 78 0,09 0,7 Média 6,9 147 33 17 74 0,09 0,7 200 6,3 84 27 14 68 0,18 3,7 YMgm 400 6,9 164 35 20 78 0,37 8,4 Média 6,6 124 31 17 73 0,28 6,1 200 6,4 66 20 10 66 0,01 0,4 TU 400 6,9 105 25 14 72 0,01 0,5 Média 6,7 86 23 12 69 0,01 0,5 200 6,5 65 19 11 64 0,05 5,4 TUm 400 6,7 84 23 13 69 0,11 8,7 Média 6,6 75 21 12 67 0.08 7,1 200 6,0 73 21 10 61 0,11 3,2 Média de doses P 400 6,4 152 28 13 69 0,20 5,7 Testemunha 5,6 2 12 4 45 0,05 0,1 Tabela 2. Análise do solo Latossolo Vermelho distroférrico com diferentes fontes e doses de fósforo, antes da implantação do experimento. Botucatu, 2001. Fontes de P Doses P pH Presina Ca Mg V B Zn mg dm-3 CaCl2 mg dm -3 mmolc dm -3 % mg dm-3 200 5,3 51 46 19 58 0,03 0,7 STc 400 5,4 124 60 32 62 0,05 0,7 Média 5,4 88 53 26 60 0,04 0,7 200 5,0 49 39 16 55 0,05 5,9 STcm 400 4,9 86 40 15 52 0,29 13,2 Média 5,0 68 40 16 54 0,17 9,6 200 4,7 40 22 12 34 0,31 5,6 YM 400 5,4 109 43 31 65 0,56 14,8 Média 5,1 75 33 22 50 0,44 10,2 Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 4 200 4,3 32 17 7 25 0,17 5,7 YMS 400 4,6 69 26 13 41 0,32 7,3 Média 4,5 51 22 10 33 0,25 6,5 200 4,7 44 22 12 35 0,01 1,1 YMg 400 5,4 105 41 27 56 0,03 1,9 Média 5,1 75 32 20 46 0,02 1,5 200 4,5 58 23 11 29 0,25 8,0 YMgm 400 5,3 98 33 23 51 0,45 16,5 Média 4,9 78 28 17 40 0,35 12,3 200 4,5 61 21 13 36 0,03 0,9 TU 400 5,2 85 40 29 55 0,04 1,1 Média 4,9 73 31 21 46 0,04 1,0 200 4,4 39 19 12 34 0,15 5,3 TUm 400 5,3 84 38 27 63 0,30 18,2 Média 4,9 62 29 20 49 0,23 11,8 200 4,7 47 26 13 38 0,13 4,2 Média de doses P 400 5,2 95 40 25 56 0,26 9,2 Testemunha 5,0 6 31 14 50 0,03 0,7 RESULTADOS E DISCUSSÃO Apesar da extração do fósforo por ocasião do cultivo anterior, para o solo Neossolo Quartzarênico, restaram em média para as doses de 200 e 400 mg dm-3, teores de 73 e 152 mg dm-3 respectivamente, teores maiores comparados a testemunha 2 mg dm-3 (Tabela 1). Para o Latossolo Vermelho distroférrico, por se tratar de um solo argiloso, portanto, com maior fixação de P, observou-se menor teor médio, restando, o teor residual de fósforo de 47 e 95 mg dm-3, sendo o teor da testemunha de 6 mg dm-3 (Tabela 2). Nas Tabelas 3 e 4 verifica-se que os teores de fósforo nas plantas em ambos os solos não apresentaram diferenças entre as fontes, diferindo apenas da testemunha. Para as doses ocorreu diferença estatística somente no solo argiloso. Esses resultados evidenciam que mesmo com as diferenças nos teores de fósforo no solo, os mesmos forneceram quantidades suficientes para as plantas, pois os teores foliares de fósforo das plantas cultivadas em ambos os solos permaneceram na faixa de teor considerado adequado para a cultura do alho que vai de 30 a 60 g kg-1, segundo Raij et al, (1997). Nas plantas cultivadas em solo arenoso, verifica-se que para os teores foliares de Mg, houve diferença apenas para as fontes de P, não havendo interação entre doses e fontes. Os maiores teores foram proporcionados pelos termofosfatos, quando comparados ao superfosfato triplo, concordantes com os teores no solo (Tabela 1), entretanto, para as plantas cultivadas no solo argiloso não houve diferença entre os tratamentos (Tabela 4). Tabela 3. Concentração de nutrientes na matéria seca de plantas de alho submetidas a diferentes fontes e doses de fósforo no solo Neossolo Quartzarênico. Nutrientes Fontes de P Doses de P P Mg B Mn Zn mg dm-3 ------- g kg-1------ ---------------- mg kg-1 ----------------- 200 4,9 2,1 20 26 18 STc 400 5,0 2,5 21 32 9 Média 5,0 2,3bc 21d 29 14b 200 4,4 2,2 33 30 33 STcm 400 4,9 2,2 38 31 34 Média 4,6 2,2c 35a 31 34a 200 5,0 2,9 36 20 18 YM 400 5,5 3,2 37 15 14 Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 5 Média 5,3 3,1ab 36a 18 16b 200 4,9 2,4 32 38 24 YMS 400 4,0 2,8 36 45 18 Média 4,5 2,6abc 34a 41 21ab 200 5,2 3,3 23 17 26 YMg 400 4,6 3,2 25 16 7 Média 4,9 3,3a 24bcd 17 17b 200 4,5 3,2 30 24 18 YMgm 400 4,7 3,4 30 15 19 Média 4,6 3,3a 30abc 20 18b 200 5,0 3,2 24 22 13 TU 400 5,4 3,3 23 18 11 Média 5,2 3,3a 23cd 20 12b 200 5,0 3,3 25 21 22 TUm 400 4,8 3,6 36 22 19 Média 4,9 3,5a 31ab 21 21ab 200 4,9 2,8 28 25 22A Media de Doses P 400 4,9 3,0 31 24 16B Média Test. 3,3*2 2,8 29 39* 30 CV% 10 15 13 67 39 (1) Letras maiúsculas comparam doses dentro de cada fonte de fósforo e médias de doses. Letras minúsculas comparam fontes dentro de cada dose de fósforo e médias de fontes. Comparação pelo Teste de Tukey 5%; (2) * = Testemunha difere do fatorial. Tabela 4. Concentração de nutrientes na matéria seca de plantas de alho submetidas a diferentes fontes e doses de fósforo no solo Latossolo Vermelho distroférrico. Nutrientes Fontes de P Doses de P P Mg B Mn Zn mg dm-3 ----------- g kg-1----------- --------------- mg kg-1 ------------------ 200 4,4 2,6 21 24 24 STc 400 4,9 2,8 26 21 21bc Média 4,6 2,7 23b 23b 23b 200 4,2 4,0 22 128 16 STcm 400 4,4 3,1 26 26 19bc Média 4,3 3,6 24b 77ab 17b 200 4,4 3,1 27 87 27 YM 400 4,4 3,9 30 40 22bc Média 4,4 3,5 28ab 64ab 25b 200 3,1 2,4 31 140 18B YMS 400 4,4 3,2 34 99 29Ab Média 3,8 2,9 33a 120a 23b 200 4,3 3,3 25 98 20 YMg 400 4,3 3,5 19 33 13c Média 4,3 3,4 22b 66ab 17b 200 4,0 3,1 26 119 28 YMgm 400 4,4 3,4 27 39 21bc Média 4,2 3,3 26ab 79ab 25b 200 4,0 3,2 25 116 22 TU 400 4,9 3,7 23 58 20bc Média 4,5 3,4 24b 87ab 21b 200 4,5 2,9 24 71 28B TUm 400 4,4 3,7 28 37 68Aa Média 4,4 3,3 26ab 54ab 48a Média de 200 4,1B 3,1 25 98A 23B Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 6 Doses P 400 4,5A 3,4 27 44B 27A Média Test. 3,3*2 2,7 26 42 27 CV% 11 23 17 73 19 (1) Letras maiúsculas comparam doses dentro de cada fonte de fósforo e médias de doses. Letras minúsculas comparam fontes dentro de cada dose de fósforo e médias de fontes. Comparação pelo Teste de Tukey 5%; (2) * = Testemunha difere do fatorial. Para os micronutrientes, as variações ocorreram para boro, manganês e zinco, com teores superiores naqueles tratamentos que os receberam (Tabelas 3 e 4). Para os teores foliares de boro verifica-se que houve influência apenas das fontes de P utilizadas, não havendo influência das doses e nem interação entre doses e fontes em ambos os solos cultivados. Nas plantas cultivadas no solo arenoso os maiores teores de B foram encontrados quando utilizou-se os termofosfatos que contêm micronutrientes em sua formulação ou quando estes foram adicionado separadamente. Para os tratamentos: superfosfato triplo (STc), termofosfato magnesiano (YMg), termofosfato usifertil (TU) e a testemunha o teor de boro ficou abaixo da faixa considerada adequada para a cultura do alho, que vai de 30 a 60 mg kg-1 (RAIJ et al. 1997). Para as plantas cultivadas no solo argiloso o teor de boro permaneceu na faixa de teor considerado adequado para a cultura do alho (RAIJ et al, 1997), somente para o tratamento Yorim Master com enxofre (YMS). Na Tabela 3 verifica-se que os teores de manganês nas plantas cultivadas em solo arenoso não apresentaram diferenças entre doses e fontes de P, diferindo apenas da testemunha.. Os tratamentos onde ocorreram teores adequados nas folhas de alho foram: termofosfato Yorim Master com enxofre (YMS) e a testemunha, ressaltando que a mesma recebeu micronutriente no plantio do primeiro cultivo. Já para o solo argiloso houve influencia das fontes e das doses de P aplicadas, não havendo interação entre os fatores. O tratamento que utilizou o Yoorin Master com enxofre (YMS) apresentou os maiores teores foliares de Mn quando comparado ao superfosfato triplo (STc), o qual proporcionou teores foliares abaixo da faixa considerada adequada para a cultura de alho (30 a 100 mg kg-1) segundo Raij et al. (1997). Para doses, os maiores teores foram obtidos quando aplicou-se 200 mg dm-3. Para os teores foliares de zinco verifica-se que nas plantas cultivadas no solo arenoso, houve influência tanto para fontes como para doses de P, não havendo interação entre estes fatores. Os maiores teores de Zn foram observados quando utilizou-se o superfosfato triplo + micronutrientes (STcm), não diferindo porém quando utilizou-se o Yoorin Master com enxofre (YMS) e termofosfato Usifertil + micronutrientes (TUm). Apenas o STcm e a testemunha apresentaram teores adequados as plantas. Os maiores teores de Zn foram obtidos quando aplicou-se 200 mg dm-3. Para as plantas cultivadas no solo argiloso houve interação entre as fontes e a maior dose de P aplicada para os teores foliares de Zn atingindo maiores valores quando aplicou-se o termofosfato Usifertil + micro. Quando comparadas às doses dentro de cada fonte de P verifica-se que os produtos Yoorin Master com S e termofosfato Usifertil com micronutrientes na dose de 400 mg kg- 1 apresentaram os maiores teores. Foi observada diferença significativa na produção de bulbos (Tabela 5) apenas entre doses de fósforo no solo argiloso. A não ocorrência de diferença no experimento pode ser atribuída ao fato dos tratamentos suprirem as necessidades de fósforo das plantas, uma vez que o teor foliar se manteve numa faixa considerada adequada para a cultura. Entretanto, embora com menores níveis de nutrientes no solo, a produção de bulbos do segundo cultivo foi sensivelmente superior àquela do primeiro cultivo, sobretudo no solo argiloso, confirmando o efeito residual dos tratamentos utilizados. Büll et al. (2004) ao estudarem doses de fertilizantes fosfatados, utilizando como fonte o superfosfato triplo, verificaram um efeito quadrático para a produção de bulbos, atingindo 102 e 100 gramas (média de 4 plantas) para as doses de 200 e 400 mg dm-3 respectivamente, para o solo Neossolo quartzarênico e 110 e 100 gramas (média de 4 plantas) para o solo Latossolo Vermelho distroférrico. No presente trabalho a produção de bulbos de 4 plantas (Tabela 5) foi semelhante apenas para o solo argiloso 86 e 100 gramas para as doses de 200 e 400 mg dm-3 respectivamente, entretanto, para o solo arenoso a produção de bulbos foi inferior (57 e 55 gramas para as doses de 200 e 400 mg dm-3 ) ao encontrado por Büll et al. (2004). O índice de formato, parâmetro relacionado à qualidade do bulbo em função do seu aspecto visual, somente foi afetado pelas fontes de fósforo no solo argiloso. Os menores índices de formato foram obtidos quando utilizou-se o superfosfato triplo (STc) e o termofosfato Usifertil (TU). Estes Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 7 tratamentos proporcionaram bulbos mais achatados, com melhor aspecto visual e, portanto maior valor comercial. Para os demais tratamentos não ocorreu diferença para este parâmetro avaliado. O Índice de Eficiência Agronômica (Tabela 6) revelou que todos os tratamentos envolvendo aplicação de termofosfato foram inferiores ao superfosfato triplo, em ambas as doses aplicadas ao solo argiloso. Resultados semelhantes ocorreram no solo arenoso na menor dose, à exceção do tratamento TUm entretanto, para a dose maior verificou-se que apenas os tratamentos YMgm e TUm obtiveram índices menores comparados ao obtido com o STcm, demonstrando um maior efeito residual do superfosfato triplo comparado as outras fontes. Tabela 5. Produção de bulbos e índice de formato de bulbos (diâmetro vertical/diâmetro horizontal) de plantas de alho submetidas a diferentes fontes e doses de fósforo em dois solos. Botucatu, 2001. Solos NQ LV NQ LV NQ LV Fontes de P Doses de P Produção de bulbos Peso médio bulbo Índice de formato ----mg dm-3--- -----g (4 plantas)--- -----------g----------- -------cm cm-1------ 200 67 99 17 25 0,74 0,61 STc 400 82 103 21 26 0,74 0,65 Média 63 101 16 25 0,74 0,63b 200 57 100 14 25 0,76 0,67 STcm 400 56 113 14 28 0,75 0,68 Média 56 106 14 27 0,76 0,68ab 200 56 86 14 22 0,76 0,67 YM 400 57 110 14 28 0,78 0,68 Média 56 98 14 25 0,77 0,68ab 200 45 67 11 17 0,74 0,68 YMS 400 59 96 15 24 0,75 0,67 Média 52 81 13 20 0,75 0,67ab 200 52 80 13 20 0,72 0,66 YMg 400 56 92 14 23 0,75 0,66 Média 54 86 14 22 0,74 0,66ab 200 55 81 14 20 0,76 0,71 YMgm 400 46 84 12 21 0,76 0,73 Média 50 82 13 21 0,76 0,72a 200 56 84 14 21 0,71 0,62 TU 400 69 110 17 28 0,72 0,64 Média 62 97 16 24 0,71 0,63b 200 71 91 18 23 0,73 0,64 TUm 400 40 95 10 24 0,77 0,72 Média 54 93 14 23 0,75 0,68ab 200 57 86B 14 22 0,74 0,66 Média de doses de P 400 55 100A 14 25 0,75 0,68 Média da testemunha 39 59*2 10 15 0,81 0,69 CV% 34 20 34 20 5 6 (1) Letras maiúsculas comparam doses dentro de cada fonte de fósforo e médias de doses. Letras minúsculas comparam fontes dentro de cada dose de fósforo e médias de fontes. Comparação pelo Teste de Tukey 5%; (2) * = Testemunha difere do fatorial. Estes resultados podem ser atribuídos aos valores de pH atingidos com a calagem em relação àqueles alcançados com os termofosfatos (Tabelas 1 e 2), ou seja, para o solo argiloso, em função do Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 8 elevado poder tampão, a menor dose de termofosfato não foi suficiente para criar condições de reação adequadas ao desenvolvimento da cultura, não dispensando, portanto, a prática da calagem; para o solo arenoso, mesmo a menor dose foi suficiente para suplantar os valores de pH alcançados com a calagem. Vale ressaltar o menor desempenho da fonte YMS, aquela com enxofre elementar. Outro fator relacionado ao melhor desempenho do superfosfato no solo argiloso deve estar relacionado à menor disponibilidade de fósforo (Tabela 2) de todos os tratamentos envolvendo aplicação de termofosfatos. Em análise generalizada, pode-se inferir que as condições de reação do solo foram mais limitantes à cultura do alho, conforme também observado por Nakagawa et al. (1998), do que as relacionadas à disponibilidade direta de fósforo ou de micronutrientes, e que todas as fontes de fósforo utilizadas apresentaram efeito residual, nutrindo adequadamente as plantas em fósforo e/ou micronutrientes. Stefanutti et al. (1995), quando avaliou a recuperação do P residual de um termofosfato magnesiano com diferentes granulometrias, comparando-o com o superfosfato simples granulado concluiu que o uso do termofosfato na forma pó apresentou efeito residual semelhante ao do superfosfato simples e que a granulometria mais grosseira do produto termofosfato resultou menor aproveitamento do fósforo residual. Tabela 6. Índice de Eficiência Agronômica (IEA) para a produção de bulbos de plantas de alho submetidas a diferentes fontes e doses de fósforo em dois solos. Botucatu, 2001. Solo NQ LV Doses de P (mg dm-3) Fontes de P 200 400 200 400 ----------------------------------------IEA-------------------------------------------- STc 156 253 98 81 STcm 100 100 100 100 YM 94 106 66 94 YMS 33 118 20 69 YMg 72 100 51 61 YMgm 89 41 54 46 TU 94 176 61 94 TUm 178 6 78 67 CONCLUSÕES A produção de bulbos apresentou diferença apenas entre doses de P no solo argiloso, com maior produção na dose de 400 mg dm-3 de P. O índice de formato, característica associada à qualidade de bulbos, foi influenciado apenas pelas fontes de P no solo argiloso, produzindo-se bulbos de melhor qualidade quando utilizado o superfosfato triplo e o termofosfato Usifertil. O Índice de Eficiência Agronômica revelou que todos os tratamentos envolvendo aplicação de termofosfato foram inferiores ao superfosfato triplo, em ambas as doses aplicadas ao solo argiloso. ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate phosphate fertilization in the vernalized garlic culture in two types of soils: neossolo quartzarênico órtico (NQ) and latossolo vermelho distrófico (LV). The experimental design adopted was completely randomized, in split-plot scheme 2X8: two P doses and eight sources of P combinations, with or without limestone and micronutrients, and the control without P, with tree replications. The sources of P utilized were: termphosphates Yoorin Master®, Yoorin Master® with sulphur (S), Yoorin-Mg®, termphosphate Usifertil® and superphosphate triple. Soil analysis was done before experiment installation and chemical analysis of leaves in the period of differentiation of bulbs. It was not detected significant differences related to P content in the plants in both soils and between sources, only differing with the control. For doses statistic difference occurred just in the loamy soil. Bulb production presented significant difference only between phosphate doses in the loamy soil. The format index was only Efeito residual... LIMA, C. P. et al. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 1-10, Oct./Dec. 2007 9 affected by phosphate doses in loamy soils. Analyzing the agronomic efficiency index it can be noted that all the treatments with termphosphate application were inferior to triple superphosphate in both doses applied in the loamy soil. Similar results were found in the lowest dose in sandy soil, in exception of the treatment termphosphate Usifertil + micronutrients, however, for the highest dose it was observed that only treatments Yoorin Master (S) + micronutrients and temphosphate Usifertil + micronutrients obtained lower index compared with triple superphosphate+ limestone and micronutrients. KEY WORDS: Allium sativum L.. Sources of phosphate. Bulb production. Agronomic efficiency. REFERÊNCIAS ABREU, C. A. et al. Extraction of boron from soil by microwave heating for ICP-AES determination. Communications in Soil Science and Plant Analysis, New York, v. 25, p.3321-3333, 1994. BANZATO, D. A.; KRONKA, S. N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1989. 247 p. BATAGLIA, O. C. et al. Métodos de análises químicas de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 48 p. (Boletim técnico, 48). BÜLL, L. T. et al. Doses and forms of application of phosphorus in vernalized garlic. 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