Maquetación 1 Ibérica 36 (2018): 93-118 ISSN: 1139-7241 / e-ISSN: 2340-2784 Resumo Considerada em um âmbito mais amplo da comunicação especializada, as teorias modernas da Terminologia concebem a variação como uma propriedade inerente ao termo e, por esse motivo, passível de estudo, considerando fatores cognitivos e contextuais como evolução do conhecimento, nível de especialização, ponto de vista, entre outros. Por outro lado, embora reconhecida e estudada, a representação da variação nos dicionários ainda segue uma orientação prescritiva. Nesse sentido, neste trabalho, objetiva-se analisar o fenômeno da variação denominativa na Lexicografia em uso no Brasil e propor uma representação lexicográfica da variação em um dicionário especializado de aprendizagem de Lexicografia. Para isso, realizamos uma análise da variação denominativa explícita em um córpus de textos de Lexicografia brasileira com o objetivo de verificar as consequências cognitivas resultantes da utlização dessas variantes, bem como os possíveis fatores cognitivos que podem originar essa variação. Finalmente, propomos uma representação da variaçao na organização microestrutural do Dicionário de Lexicografia Brasileira. Palavras-chave: terminologia, variação denominativa, lexicografia brasileira, dicionário especializado. Abstract E x pl i c it te rm v a ri at io n in Br az i l i an l e x ic o g r ap h y: p ro po s al f o r it s r e p r e s e n t at i on i n th e m ic ro s t r uc tu re o f t h e B ra z i l i a n L e xi c o g ra p h y D ic tio na ry A variação denominativa explícita na Lexicografia no Brasil: pressupostos para a organização microestrutural do Dicionário de Lexicografia Brasileira1 Lucimara Alves Costa & Sabela Fernández-Silva Pontificia Universidad Católica de Valparaíso (Chile) lucimara.costa@hotmail.com & sabela.fernandez@pucv.cl 93 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 93 Ibérica 36 (2018): 93-118 L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA From a specialized communication perspective, contemporary theories of Terminology conceive variation as an inherent feature of the term. For such reason, it is plausible of analysis, taking into consideration cognitive and contextual factors such as chronological evolution, level of specialization, viewpoints, among others. Nevertheless, variation in dictionaries remains underrepresented, due to the prescriptive tradition that dominated terminology research. In this sense, the present paper aims at analyzing the phenomenon of term variation in the domain of Lexicography in Brazil and at offering a proposal for its lexicographic representation in a specialized lexicography dictionary for learners. Thus, we have carried out analysis of explicit term variation of a corpus of texts of Brazilian Lexicography with a view to observing the cognitive consequences emerging from the use of such variation, as well as the possible cognitive factors that may originate this variation. Finally, we propose the representation of term variation in the microstructural organization of the Brazilian Lexicography Dictionary. Keywords: terminology, term variation, Brazilian lexicography, specialized dictionary. 1. Introdução As teorias modernas da Terminologia2 como a Socioterminologia (Gambier, 1991; Gaudin, 1993, 2003), a Teoria Sociocognitiva da Terminologia (Temmerman, 2000) e a Teoria Comunicativa da Terminologia (Cabré, 1999) propiciaram uma nova orientação sobre o estudo dos termos, passando a considerá-los como unidades dinâmicas inseridas numa diversidade de contextos de comunicação especializada. Dessa forma, a variação é reconhecida como uma característica inerente ao termo e que pode manifestar-se em todas as àreas de especialidade, devendo, por isso, ser representada nos dicionários levando em consideração as necessidades dos usuários em situações sociais e comunicativas específicas (Fernández e Faber, 2011). Embora tenha havido um considerável desenvolvimento na produção de dicionários especializados direcionados a distintos tipos de usuários (Alcaraz & Hughes, 1993/2007/2012; Dancette & Rhéthoré, 2000; Binon et al., 2002; L’Homme, 2008; Faber & León, 2010), a Lexicografia Especializada de aprendizagem ainda necessita de maior atenção à funções ainda pouco aprofundadas, como o tratamento da variação terminológica nos dicionários (Fernández-Silva & Becerra, 2015). 94 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 94 Nesse sentido, neste trabalho objetivamos investigar sobre a variação denominativa na Lexicografia corrente no Brasil, com o intuito de observar como este fenômeno se manifesta nesse âmbito, sua motivação e como esta pode ser representada na microestrutura do Dicionário de Lexicografia Brasileira (DLB). Para o desenvolvimento da pesquisa compilamos um córpus especializado constituído por 300 textos de Lexicografia brasileira no período 1980 a 2013. Extraímos os termos e contextos definitórios com dois programas computacionais (Wordsmith Tools e Terminus) e detectamos as variantes buscando pelos marcadores de equivalência ou sinonímia. Consideramos apenas as variantes denominativas explícitas, ou seja, claramente demarcadas por meio de marcadores discursivos que veiculam equivalência (Suarez, 2004: 02) e analisamos as consequências cognitivas dessas variantes (Fernández-Silva, 2011), bem como os possíveis fatores que poderiam motivar essa variação. Nessa análise pudemos selecionar as variantes a serem incluídas na proposta do dicionário supracitado e sua representação na microestrutura dessa obra. Para melhor compreensão da proposta, após essa introdução apresentamos a fundamentação teórica a respeito da variação nas teorias modernas da Terminologia e discutimos a respeito da terminologia da Lexicografia brasileira. Posteriormente, descrevemos os fundamentos metodológicos seguidos para o desenvolvimento do trabalho e passamos aos resultados da pesquisa que, por sua vez, foram divididos em dois blocos: (i) quanto à variação terminológica na Lexicografia em uso no Brasil e (ii) quanto à sua representação na proposta do dicionário e, por fim, as conclusões. 2. A variação nas teorias modernas da Terminologia As teorias modernas da Terminologia adotam uma perspectiva descritivista em que a linguagem passa a ocupar um papel central na categorização, representação e transmissão do conhecimento especializado. Nesse novo cenário a variação terminológica deixa de ser vista como um obstáculo e passa a ser vista como um fenômeno funcional na comunicação especializada, estando presente na conceitualização e na denominação do conhecimento especializado. A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 95 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 95 Atualmente constata-se que há uma sólida e crescente preocupação no desenvolvimento de estudos sobre a variação terminológica abordando este fenômeno tanto no plano linguístico, quanto sociocomunicativo e cognitivo. No plano cognitivo observa-se que a variação está relacionada à dinamicidade dos processos de categorização e estruturação do conhecimento especializado e o caráter situado da cognição. Nesse viés destacam-se as teorias terminológicas cujos pressupostos se embasam na linguística cognitiva como a Teoria Sociocognitiva da Terminologia (Temmerman, 2000), a Teoria Comunicativa da Terminologia (Cabré 1999, 2008; Fernández-Silva et al., 2012) e a Terminologia baseada em marcos (Faber et al., 2006), com a integração de modelos semânticos provenientes das ciências cognitivas para explicar os processos de formação e estruturação dos conceitos especializados e sua denominação por meios linguísticos. Na Teoria Sociocognitiva da Terminologia, Temmerman (2000) demonstra a estrutura prototípica de algumas categorias das ciências naturais, para cuja definição não basta indicar apenas sua posição em uma estrutura lógico- ontológica e suas características distintivas, e sim considerar outros elementos estruturais como a origem da compreensão, dimensões que constituem a estrutura intercategorial e a intenção do emissor da mensagem, o que determinará os elementos informativos que serão apresentados na descrição da categoria (Temmerman, 2000:74). Já a Teoria Comunicativa da Terminologia surge como uma proposta teórica que pretende descrever a variação em toda sua dimensionalidade, propondo um modelo variacionista e textualista que permite sua descrição em todos os níveis linguísticos e discursivos (Cabré, 1999: 106). Para a autora, a diversidade está presente no processo que transcorre desde a formulação até a denominação de um conceito e, portanto, a variação se projeta em três planos da unidade terminológica: referencial, cognitivo e linguístico. Esses pressupostos cognitivos também se transladaram para a elaboração de produtos lexicográficos e terminológicos seguindo os fundamentos da Lexicografia cognitiva (Geeraerts, 2007; Ibarretxe-Antuñano, 2010; ostermann, 2012, 2015). Assim, a Terminologia baseada em marcos (Faber et al., 2006) apresenta uma proposta de representação conceitual embasada na semântica de marcos (Fillmore, 1985) destinada à criação de bases de dados terminológicos multilíngues. Segundo as autoras, é importante considerar que os produtos terminológicos devem ser elaborados de forma L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-11896 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 96 que representem o caráter multidimensional, flexível e situado da estruturação conceitual, uma vez que os modelos tradicionais não refletem a organização real dos conceitos, tampouco o dinamismo da categorização. os projetos Ecolexicon3, o projeto varimed4 e o Dicionário de arquitetura (Fernández e Faber, 2011) são exemplos de recursos elaborados considerando essa teoria. 2.1. Variação terminológica conceitual e denominativa A variação terminológica pode ocorrer no plano do conteúdo (cognitivo) e no plano formal (linguístico) dando lugar à variação conceitual e denominativa. Embora diversos estudos tenham investigado essa temática, ainda não se tem uma definição consensual a respeito destes dois fenômenos. Podemos entender a variação conceitual como resultado das diferenças na concepção de uma mesma realidade. Segundo Cabré (2008), a variação conceitual ocorre quando diferentes conceitualizações originam distintos conceitos para um mesmo referente. Por outro lado, a variação conceitual pode ser entendida como a variação em um mesmo conceito. Assim, o que temos são diferentes nuances conceituais a respeito de uma conceitualização unitária. Essa variação em um mesmo conceito pode ou não ter reflexos denominativos, como aponta Freixa (2002) e Kostina (2010). Esta última autora define a variação conceitual como “um processo cognitivo que conduz a mudanças graduais em um conceito, e manifesta-se formal e semanticamente em diferentes graus de equivalência entre os sentidos de uma unidade lexical ou de suas variantes léxico-semânticas” (Kostina, 2010: 36). A variação não terá reflexos denominativos quando a alteração se projeta apenas semanticamente, como ocorre por meio de processos polissêmicos regulares e irregulares. Nesse trabalho, entendemos que a variação conceitual se processa entre diferentes traços conceituais de um mesmo conceito, por isso ela ocorre, em especial, no plano cognitivo. Se as distintas visões de um mesmo conceito motivam representações linguísticas distintas, ocorre a variação conceitual com reflexo denominativo, ou também denominada variação denominativa com consequências cognitivas. Para nós, estes dois fenômenos são o mesmo. A diferença consiste, basicamente, em uma questão de perspectiva: se partimos do conceito ou do ponto de vista A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 97 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 97 da produção, estamos diante da variação conceitual com reflexo denominativo; quando partimos da denominação e se tem em conta a recepção, estaríamos falando de variação denominativa com consequências cognitivas. Convém ressaltar que a variação denominativa não é equivalente à sinonímia linguística por dois motivos (Fernández-Silva, Freixa & Cabré, 2012): primeiro, porque a variação denominativa pode incluir mudanças formais ou estruturais (por exemplo, entre uma sigla e sua forma desenvolvida) e não apenas alterações léxicas. Segundo, porque nem sempre ocorre uma relação de sinonímia completa entre as variantes denominativas, podendo haver casos de sinonímia relativa, na qual há uma relação de inclusão, intersecção ou outra relação entre o conteúdo semântico das variantes. Para diferenciar estes dois casos, Cabré (2008) e Fernández-Silva (2011) propõem distinguir entre variação denominativa sem e com consequências cognitivas, como veremos no seguinte item. 2.1.1. Variação denominativa sem e com consequências cognitivas A variação denominativa sem consequências cognitivas ocorre quando um mesmo conceito é representado por denominações distintas, mas com o mesmo conteúdo semântico, como por exemplo, nomenclatura e nominata (listado de nomes). Ao proporcionar a mesma informação sobre o conceito, presumivelmente “ñao se associa a nenhuma intenção cognitiva por parte do emissor” (Fernández-Silva, 2011: 60). A variação denominativa com consequências cognitivas é produzida quando um conceito se expressa por meio de variantes que se diferenciam não só formalmente, mas também semanticamente pois apresentam aspectos distintos do conteúdo conceitual, como em marca de uso e marca lexicográfica que, embora sejam utilizadas como sinônimas, observa-se que ressaltam visões distintas do conceito. A primeira ressalta a função (orientar quanto ao uso) ao passo que a segunda destaca o destino, ou seja, uma marcação utlizada em obras lexicográficas. Considera-se que esse tipo de variação tem consequências cognitivas porque enfatiza algumas características do conceito, um ponto de vista particular e, portanto, incide na maneira como o receptor compreende a informação conceitual. Este tipo de variação poderia responder a uma intenção cognitiva do emissor que, de maneira consciente ou inconsciente, emprega este recurso para ressaltar um determinado ponto de vista ou determinadas características L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-11898 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 98 conceituais sobre outras em um dado contexto. Na seguinte seção veremos os fatores cognitivos que podem originar a variação denominativa. 2.2. Fatores cognitivos de variação denominativa Fernández-Silva (2011) propõe uma tipologia de fatores cognitivos de variação denominativa (ver Tabela 1) em que se distinguem fatores sistêmicos – relacionados com a natureza dos sistemas conceituais e linguísticos – e fatores contextuais, relacionados à diferenças de categorização entre indivíduos ou grupos de indivíduos, ou diferenças na abordagem de um mesmo conceito em função da situação comunicativa em que é usado. Centrando-nos nos fatores cognitivos de ordem contextual abordados nesta investigação, em primeiro lugar destaca-se a evolução do conhecimento (variação diacrônica). Em segundo temos os dialetos e culturas que também podem ser um fator de variação, pois assim como as comunidades linguísticas se diferenciam na forma como percebem e estruturam a realidade, também pode ocorrer diferenças entre as variantes de uma mesma língua. Por outro lado, a confluência de distintas áreas temáticas em um contexto interdisciplinar pode originar variação. Como apontam Gaudin (1993), Cabré (1999) e Tebé (2005), os conceitos surgidos de uma área podem ser apropriados e reinterpretados em outras, convivendo uma pluralidade de perspectivas sobre a mesma realidade, a qual se pode manifestar no emprego de distintas variantes que refletem a conceitualização particular de cada área disciplinar. A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 99 L. ALVES COSTA & S. FERNÁNDEZ-SILVA Ibérica 36 (2018): …-… um determinado ponto de vista ou determinadas características conceituais sobre outras em um dado contexto. Na seguinte seção veremos os fatores cognitivos que podem originar a variação denominativa. 2.2. Fatores cognitivos de variação denominativa Fernández-Silva (2011) propõe uma tipologia de fatores cognitivos de variación denominativa (ver Tabela 1) em que se distinguem fatores sistêmicos – relacionados com a natureza dos sistemas conceituais e linguísticos – e fatores contextuais, relacionados à diferenças de categorização entre indivíduos ou grupos de indivíduos, ou diferenças na abordagem de um mesmo conceito em função da situação comunicativa em que é usado. Fatores sistêmicos Da organização conceitual Sistema conceitual Multidimensionalidade do sistema conceitual Classe conceitual Flexibilidade do conceito Da organização linguística Sistema linguístico-cultural Fatores contextuais Diferenças de conceitualização (variação por usuários) Evolução do conhecimento Dialetos/ culturas Áreas temáticas em contexto interdisciplinar Escolas de pensamento/ ideologias Indivíduo (perspectiva individual) Diferenças na abordagem do conceito (variação por usos) Adequação ao nível de especialização Intenção, objetivo, ponto de vista Tabela 1. Fatores cognitivos de variação denominativa (adaptado de Fernández-Silva, 2011: 61-62). Centrando-nos nos fatores cognitivos de ordem contextual abordados nesta investigação, em primeiro lugar destaca-se a evolução do conhecimento (variação diacrônica). Em segundo temos os dialetos e culturas que também podem ser um fator de variação, pois assim como as comunidades linguísticas se diferenciam na forma como percebem e estruturam a realidade, também pode ocorrer diferenças entre as variantes de uma mesma língua. Por outro lado, a confluência de distintas áreas temáticas em um contexto interdisciplinar pode originar variação. Como apontam Gaudin (1993), Cabré (1999) ou Tebé (2005), os conceitos surgidos de uma área podem ser apropriados e reinterpretados em outras, convivendo uma pluralidade de perspectivas sobre a mesma realidade, a qual se pode manifestar no emprego de distintas variantes que refletem a conceitualização particular de cada área disciplinar. Quanto à variação causada por escolas de pensamento ou ideologias, constata-se que se trata de uma prática comum que, em uma mesma disciplina, distintas 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 99 Quanto à variação causada por escolas de pensamento ou ideologias, constata-se que se trata de uma prática comum que, em uma mesma disciplina, distintas escolas empreguem suas próprias denominações para referir-se a conceitos idênticos ou muito próximos, seja por diferenças na conceitualização ou pela vontade de diferenciação (Freixa, 2002). Do mesmo modo, as diferenças socioprofissionais podem ser um fator de variação na comunicação especializada. As diferenças no tratamento da língua de especialialidade e da língua geral entre grupos socioprofissionais dedicados a uma mesma atividade refletem a estratificação linguística do entorno de trabalho (Bertaccini & matteucci, 2005), a qual se manifesta, entre outros aspectos, em usos diferenciados da terminologia. Ressalta-se que a variação também pode ser causada por uma perspectiva individual, relacionada a uma motivação subjetiva do autor ao utilizar uma nova variante, geralmente impulsionado pelo fato de que nenhuma das denominações existentes reflitam sua concepção particular do conceito. Por fim, em uma última divisão se encontram os fatores cognitivos relacionados às diferentes situações de comunicação. Isso ocasiona a variação em um mesmo autor (autovariação), seja em um mesmo texto ou em textos distintos, dado o fato de que um único autor pode usar variadas variantes que refletem distintos aspectos do conteúdo conceitual, seja para adaptar-se ao nível de conhecimento da audiência, seja para enfatizar algum aspecto do conceito que considera pertinente em um contexto dado. Esses fatores cognitivos de variação foram os mesmos utilizados nessa pesquisa para analisar as possíveis motivações para a variação na terminologia da Lexicografia brasileira. 3. A terminologia da Lexicografía brasileira Segundo Krieger et al. (2009), o marco da Lexicografia brasileira se deu no século xx com as primeiras edições de dicionários no país. Entretanto, Nunes (1996) advoga que a produção lexicográfica no Brasil deve ser considerada desde as práticas textuais do período da colonização, quando as línguas indígenas mescladas à língua dos colonizadores deram origem aos neologismos (mais tarde brasileirismos), que solidificaram o português do Brasil e que começam a ser incluídos nos dicionários de língua portuguesa (em Portugal) no final do século xIx e, posteriormente no Brasil. Sobre a publicação dos primeiros dicionários brasileiros, Biderman (2003: 71) advoga que Antônio Joaquim macedo de Soares teria sido o primeiro L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118100 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 100 dicionarista a descrever o vocabulário do português brasileiro se sua obra tivesse sido publicada no século xIx; entretanto, segundo Nunes (1996: 57), os primeiros dicionários brasileiros de língua portuguesa produzidos no Brasil só apareceram por volta de 1930 e 1940 e são os dicionários de Lima e Barroso (1938) e de Freire (1939-1943). Dentre os principais acontecimentos que demarcaram e solidificaram a Lexicografia no Brasil desde as primeiras defesas das dissertações de mestrado até a atualidade, apresentamos, na Tabela 2, um breve retrospecto dos marcos considerados, a nosso ver, como principais demarcadores dessa trajetória. A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 101 L. ALVES COSTA & S. FERNÁNDEZ-SILVA Ibérica 36 (2018): …-… Dentre os principais acontecimentos que demarcaram e solidificaram a Lexicografia no Brasil desde as primeiras defesas das dissertações de mestrado até a atualidade, apresentamos, na Tabela 2, um breve retrospecto dos marcos considerados, a nosso ver, como principais demarcadores dessa trajetória. Data Marcos Autores Formação/ escola lexicográfica 1930/1940 Primórdios 1. Primeiros dicionários brasileiros de língua portuguesa produzidos no Brasil, ainda sob influência indígena e regionalista. - Hildebrando de Lima e Gustavo Barroso (1938) - Laudelino Freire (1939) brasileira 1980 a 2000 Instauração e solidificação da Lexicografia como disciplina 1. Primeiros trabalhos acadêmicos sobre na área da Lexicografia 1. Leci B. Barbisan - Maria da Graça Krieger (1980) brasileira 2. Publicação do artigo marco da Lexicografia no Brasil 2. Maria Tereza Camargo Biderman (1984) brasileira 3. Um dos trabalhos pioneiros sobre a o dicionário bilíngue 3. John Robert Schmitz (1984) inglesa 4. Um dos primeiros trabalhos enfocando a Lexicografia brasileira 4. Maria José Bocorny Finatto (1966) brasileira 5. Início da publicação da coletânea “Ciências do Léxico” 5. (1998) 2001 a 2015 Lexicografia como ciência: avanço na pesquisa e produção bibliográfica brasileira 1. Publicação de uma das principais obras sobre a Lexicografia. 1. Herbert Andreas Welker (2004) 1. alemã 2. Publicação de dois artigos reconhecidos como grande referência nos estudos sobre a trajetória da Lexicografia brasileira e a Lexicografia no século XX 2. Maria da Graça Krieger Alexandra Felderkircher Muller, Andréia Roberta da Rocha Garcia e Rosinalda Pereira Batista (2006, 2009) brasileira 2. Maria da Graça Krieger Alexandra Felderkircher Muller e Rosinalda Pereira Batista brasileira 3. Primeira tese discutindo sobre a variação terminológica na Lexicografia brasileira . 3. Lucimara Alves da Costa (2015) brasileira Tabela 2. Marcos principais da Lexicografia no Brasil (Adaptado de Costa, 2015). 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 101 Constata-se que a trajetória lexicográfica brasileira constitui-se pela mescla de diferentes línguas e tendências lexicográficas, começando com as línguas indígenas, passando pela Lexicografia portuguesa, para depois chegar à Lexicografia brasileira com os primeiros dicionários em 1938/1939. Porém, mesmo esses dicionários demarcando o início da produção dicionarística no Brasil, verifica-se que a produção lexicográfica brasileira solidificou-se fortemente influenciada pelas tendências espanhola, inglesa, francesa e alemã, conforme verifica-se com os trabalhos de Herbert Andreas Welker, John Robert Schmitz, Philippe Humblé, Felix Bugueño-miranda, entre outros autores estrangeiros significativos no panorama da Lexicografia no Brasil, não mencionados nesse recorte. Esta heterogeneidade de perspectivas, temáticas e escolas dá lugar, como veremos mais adiante, a uma terminologia pouco estabilizada com uma grande convivência de variantes terminológicas. A respeito do estudo da variação na Lexicografia brasileira, o primeiro trabalho a abordar com profundidade essa questão se deu em Costa (2015). Anteriormente, o que podíamos encontrar eram textos em que se abordava, sucintamente, essa temática e desde uma perspectiva prescritiva, como podemos ver em Barbosa (2001), ao referir-se às variações terminológicas dos termos glossário, dicionário e vocabulário. Considerando o conjunto de obras lexicográficas e terminológico- terminográficas produzidas em épocas mais recentes, diríamos que não se tem muita clareza, quanto às fronteiras conceptuais, denominativas, definicionais dos tipos desses textos, não obstante o estágio avançado em que se encontram, neste fim de século, as pesquisas das ciências da palavra, nessas áreas, não obstante, igualmente, a existência de numerosos organismos e obras de normalização terminológica em diferentes países, que não conseguiram assegurar, para certos conceitos, uma terminologia da Terminologia uniforme e consensual (Barbosa, 2001: 26). No trabalho de Costa (2015) observou-se que de fato não existe uma terminologia da Lexicografia uniforme e consensual, porém, não acreditamos que isso seja necessário e tampouco possível, devido à grande complexidade dos fatores linguísticos, cognitivos e sociais que envolvem a prática terminológica. Assim, nesta pesquisa, o que buscamos é explorar essa variação como uma contribuição a mais para o estudo da Lexicografia. variação esta que, de L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118102 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 102 forma criteriosa e estruturada, deve ser refletida na microestrutura de um dicionário especializado de aprendizagem organizado com as unidades especializadas próprias desse domínio. 4. Fundamentos metodológicos Nesta seção detalhamos a metodologia embasada em córpus seguida para a parte descritiva da pesquisa: (4.1) compilação do córpus, (4.2) extração dos termos e seleção das variantes e (4.3) análise semântico-cognitivo das variantes em relação com os contextos de ocorrência. 4.1. O córpus o córpus de análise, composto por 300 textos da área de Lexicografia (45 milhões de palabras), foi constituído pautado nos seguintes critérios: (i) Textos escritos em português brasileiro, por autores brasileiros ou estrangeiros, no recorte temporal de 1980 a 2013; (ii) Autores significativos da Lexicografia no Brasil, que fazem parte do Grupo de Trabalho em Lexicologia, Lexicografia e Terminologia (Anpoll5), ou com produções em coautoria com alguns desses autores; (iii) Relevância das publicaciones no âmbito, baseada no número de citações no Google escolar e na bibliografia obrigatória do programa de doutorado en Linguística da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)6; (iv) Textos acadêmicos de diversas tipologias textuais: capítulos de livro, artigos de revista, teses, dissertações, livros, resenhas e resumos; os 300 textos foram recuperados em sua versão digital ou, nos casos dos textos impressos ou textos mais antigos e que não estavam disponíveis on- line, eses foram digitalizados e convertidos com oCR para que pudessem ser manipulados com programas computacionais. Consideramos que o córpus é uma mostra representativa da produção lexicográfica brasileira pois, por um lado, nos preocupamos em buscar um equilíbrio entre os critérios acima mencionados e, por outro, o tamanho do córpus permite uma aproximação exaustiva do fenômeno estudado. A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 103 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 103 4.2. Extração dos termos Para a extração dos termos utilizamos o critério de frequência e de estrutura morfossintática. Em relação à frequência, por meio da ferramenta Word list (Wordsmith Tools) e a ferramenta de extração de termos e N-gramas do programa Terminus, realizamos a extração dos termos mais frequentes do córpus. Para isso estabelecemos uma média de corte que consistiu em considerar os termos que tinham a média de 0.01 na frequência relativa, o que equivale a 288 ocorrências na frequência absoluta dos termos no córpus. Quanto aos padrões morfossintáticos, consideramos unidades monoléxicas e poliléxicas de até 3 constituintes com as seguintes estruturas: N (nome: macroestrutura); v (verbo: lematizar); N+A+(A) (nome+ adjetivo+adjetivo: lexicografía infantil, dicionário escolar infantil); N+(A)+SP (nome+ adjetivo+sintagma preposicional: marca de uso; dicionário geral de língua). Essas estruturas foram selecionadas pelo fato de serem as construções mais frequentes na formação de termos. Seguindo esses critérios, extraímos uma lista provisória de candidatos a termos com os 500 mais frequentes do córpus que, posteriormente, por meio de análise comparativa entre as listas extraídas pelos dois programas, reduzimos a 200 termos-núcleo que apareciam nas duas listas e que apresentavam variantes denominativas explícitas inter e intralinguísticas. Dessas 200 unidades, selecionamos as 50 variantes denominativas intralinguísticas mais frequentes a fim de analisar como ocorria o processo de variação terminológica. 4.3. Detecção e análise das variantes Para a análise da variação terminológica no córpus selecionamos, de forma semi-automática utilizando a ferramenta Concord do Wordsmith Tools, os contextos ricos em conhecimento7 (meyer, 2001) no qual se apresentavam as variantes denominativas explícitas, ou seja, com marcadores de equivalência claramente destacados, como é o caso da Figura 1. L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118104 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 104 Uma vez detectadas as variantes, procedemos à análise semântico-cognitiva. Para isso, diferenciamos entre variantes com consequências cognitivas e sem consequências, segundo os parâmetros descritos na Tabela 3, a seguir: A continuação, analisou-se o tipo de relação sinonímica entre as variantes, o que nos permitiu diferenciá-los em: 1. Sinônimos: quando os variantes são equivalentes semanticamente. 2. Sinônimos relativos por inclusão: há uma relação de inclusão entre os significados, isto é, uma relação de composição (formar ou fazer parte de...). A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 105 A VARIAÇÃO DENOMINATIVA EXPLÍCITA NA LEXICOGRAFIA NO BRASIL Ibérica 36 (2018): …-… Seguindo esses critérios, extraímos uma lista provisória de candidatos a termos com os 500 mais frequentes do córpus que, posteriormente, por meio de análise comparativa entre as listas extraídas pelos dois programas, reduzimos a 200 termos-núcleo que apareciam nas duas listas e que apresentavam variantes denominativas explícitas inter e intralinguísticas. Dessas 200 unidades, selecionamos as 50 variantes denominativas intralinguísticas mais frequentes a fim de analisar como ocorria o processo de variação terminológica. 4.3. Detecção e análise das variantes Para a análise da variação terminológica no córpus selecionamos, de forma semi- automática utilizando a ferramenta Concord do Wordsmith Tools, os contextos ricos em conhecimento7 (Meyer, 2001) no qual se apresentavam as variantes denominativas explícitas, ou seja, com marcadores de equivalência claramente destacados, como é o caso da Figura 1. Figura 1. Contexto com as variantes denominativas palavra-entrada e lema. Uma vez detectadas as variantes, procedemos à análise semântico-cognitiva. Para isso, diferenciamos entre variantes com consequências cognitivas e sem consequências, segundo os parâmetros descritos na Tabela 3, a seguir: VARIA rtxe,soirétircsesseodniugSe estenueqsaim005somco astsilase rtena viatarpmco somrte - maicerpaaqueo elnúc ntisaticíxplesvaitnainomde s etnairav05s as omanoicelse NATIMDENOAÇÃOVARI LA NAITÍCLPX EAIV tsilamusomíar e da irósivorpa e,tenmroiertsope,suprcóod asamrgorpsiodsoelpasdaírtex praqueesatsilsduasnam seD.sacitsnguíilarntierent cistíugnilartnis avitanimoneds XE L ILSAR BO NIAFARGOIC sota soatdidcane e siálane doeimrope, 002a somziuedr,as rvamvaantesepr stenia ,sdedauni200 sass as etneuqes iams ac arriocoomocr asilanaedmfi asdesiálaneão çceteD3.4. mretoãçairavadesilánaaarPa amra odzanilituca iátmotau otnemicehnocmesocri 7 e(M ou ,saticíxplesvaitnainomde dao saco éo omc,dosacatsde onirmetoãçariavedossecropo setanivaras anoicelessupróconacigólonim oddrconoCa tenam htimrWo esrepaeslauqon) 1002r,eye quiedesedoracramomc,as 1aguriF . acigólo . imesamred,soma - sloh so, sotextnco amavatne s etnairavs entemaralcaincêlvaqui 1.a gurFi mocotxetnCo iravsasadatcetedzevaUm tnesomaicneridossiarPa arvalapsavitanimonedsetnairavsam - ada rent lánaàsomedecorp,setnai eis icnêesnocmocsetnairavert a.emle ada oticnâmes - a.vitingco mesesavitingocsai tnesomaicnerid,ossiarPa arpsoodnuegs,asciênueqsnco Ibér icnêesnocmocsetnairavert 3a elabTa nsoticresdsoretâmar 36ca ibér 810(2 ): …-… 11 mesesavitingocsai :riuegsa , L. ALVES COSTA & S. FERNÁNDEZ-SILVA Ibérica 36 (2018): …-… Variação denominativa sem consequências cognitivas Variação denominativa com consequências cognitivas Há alteração na forma (escrita) da unidade terminológica (UT), mas não há alteração no sentido. Há alteração na forma (escrita) e também no sentido. Os termos apresentam os mesmos traços conceituais. Os termos apresentam traços conceituais diferentes. Os termos podem ser considerados equivalentes sinonimicamente. Na !o ha " uma relac #a !o de sinoni "mia absoluta entre os termos, mas pode haver uma sinoni "mia relativa por inclusa !o ou por intersecc #a !o. Tabela 3. Critérios para classificação dos termos de acordo com a tipologia semântico-cognitiva (Costa, 2015). A continuação, analisou-se o tipo de relação sinonímica entre as variantes, o que nos permitiu diferenciá-los em: 1. Sinônimos: quando os variantes são equivalentes semanticamente. 2. Sinônimos relativos por inclusão: há uma relação de inclusão entre os significados, isto é, uma relação de composição (formar ou fazer parte de...). 3. Sinônimos relativos por intersecção: os significados se relacionam parcialmente, apresentando traços em comum e coincidindo de alguma forma. 4. Não sinônimos: não há equivalência semântica entre os termos, de foma que não podem ser considerados sinônimos linguísticos. 5. Resultados Nesta seção apresentamos, primeiramente, a tipologia de variação encontrada e as causas de variação e, posteriormente, a representação dessa variação na proposta de organização microestrutural. 5.1. A variação terminológica no corpus de Lexicografia Brasileira Os resultados da classificação semântica das variantes podem ser visualisados na Tabela 4. 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 105 3. Sinônimos relativos por intersecção: os significados se relacionam parcialmente, apresentando traços em comum e coincidindo de alguma forma. 4. Não sinônimos: não há equivalência semântica entre os termos, de foma que não podem ser considerados sinônimos linguísticos. 5. Resultados Nesta seção apresentamos, primeiramente, a tipologia de variação encontrada e as causas de variação e, posteriormente, a representação dessa variação na proposta de organização microestrutural. 5.1. A variação terminológica no córpus de Lexicografia brasileira os resultados da classificação semântica das variantes podem ser visualisados na Tabela 4. Se identificaram 38 variantes com consequências cognitivas e 12 sem consequências cognitivas. Todas as variantes sem consequências cognitivas foram consideradas sinônimas porque estabelecem uma relação de equivalência semântica, como podemos verificar no exemplo das variantes rótulo e rubrica: Contexto 1: Nos dicionários quando os domínios específicos a que a entrada pertence aparecem no verbete, são denominados marcas de uso, rótulos ou rubricas. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. As unidades apresentadas são variantes denominativas que se distinguem formalmente, mas apresentam os mesmos traços conceituais: marcação que serve para identificar ou rotular o sentido e utilização de uma determinada palavra. Nesse caso, o uso de uma ou outra variante não apresenta incidência L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118106 A VARIAÇÃO DENOMINATIVA EXPLÍCITA NA LEXICOGRAFIA NO BRASIL Ibérica 36 (2018): …-… Tipologia Classificação linguística Qtd. Exemplo variantes com consequências cognitivas sinônimos relativos por inclusão 08 definição circular/ circularidade sinônimos relativos por intersecção 18 dicionário geral/ dicionário padrão não sinônimos 12 dicionarista/ lexicógrafo variantes sem consequências cognitivas sinônimos 12 rótulo/rubrica Tabela 4. Tipologia e classificação linguística das variantes analisadas. Se identificaram 38 variantes com consequências cognitivas e 12 sem consequências cognitivas. Todas as variantes sem consequências cognitivas foram consideradas sinônimas porque estabelecem uma relação de equivalência semântica, como podemos verificar no exemplo das variantes rótulo e rubrica: Contexto 1: Nos dicionários, quando os domínios específicos a que a entrada pertence aparecem no verbete, são denominados marcas de uso, rótulos ou rubricas. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. As unidades apresentadas são variantes denominativas que se distinguem formalmente, mas apresentam os mesmos traços conceituais: marcação que serve para identificar ou rotular o sentido e utilização deu uma determinada palavra. Nesse caso, o uso de um ou outra variante não apresenta incidência cognitiva sobre o receptor, que recebe as mesmas informações conceituais a respeito do termo definido, por isso são considerados variantes denominativas sem consequências cognitivas. A respeito do tipo de mudança formal entre as variantes sinonímicas, embasada na classificação formal de Freixa (2002), verificam-se os seguintes casos (ver Tabela 5): Tabela 5. Classificação formal das variantes sem consequências cognitivas. Observa-se que as variantes sem consequências cognitivas de nossa amostra apresentam somente variação lexical. Os casos de variação comportam alterações léxicas, tanto simples como complexas. Assim, em 2 casos se dá a variação em unidades monoléxicas (rótulo/rubrica) e em 2 casos em unidades poliléxicas (Lexicografia didática/Lexicografia pedagógica). Temos 2 casos em 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 106 cognitiva sobre o receptor, que recebe as mesmas informações conceituais a respeito do termo definido, por isso são considerados variantes denominativas sem consequências cognitivas. A respeito do tipo de mudança formal entre as variantes sinonímicas, embasada na classificação formal de Freixa (2002), verificam-se os seguintes casos (ver Tabela 5): observa-se que as variantes sem consequências cognitivas de nossa amostra apresentam somente variação lexical. os casos de variação comportam alterações léxicas, tanto simples como complexas. Assim, em 2 casos se dá a variação em unidades monoléxicas (rótulo/rubrica) e em 2 casos em unidades poliléxicas (Lexicografia didática/Lexicografia pedagógica). Temos 2 casos em que ocorre uma mudança léxica simples entre os modificadores de unidades mono/poliléxicas, e em otros 6 casos, alterações léxicas complexas, com parentesco formal (entrada/palavra-entrada) ou sem parentesco formal entre as variantes (Lexicografia especializada/ Terminografia). Em relação à variação denominativa com consequências cognitivas, identificamos três tipos de relação de sinonímia: relativa por inclusão, intersecção ou não- sinonímia, como apontamos na tabela 4. Nesses casos temos traços conceituais diferentes refletidos pelas variantes, o que faz com que tenham incidência cognitiva na forma como o conteúdo é entendido pelo receptor. Como exemplo, consideramos a dualidade a seguir: Contexto 2: definição circular, também denominada circularidade ocorre quando uma palavra-entrada é definida por um sinônimo, e vice-versa. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. Ainda que neste contexto sejam empregadas como variantes de um mesmo conceito, ao analisarmos semanticamente essas unidades vemos que a A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 107 A VARIAÇÃO DENOMINATIVA EXPLÍCITA NA LEXICOGRAFIA NO BRASIL Ibérica 36 (2018): …-… Tabela 4. Tipologia e classificação linguística das variantes analisadas. Se identificaram 38 variantes com consequências cognitivas e 12 sem consequências cognitivas. Todas as variantes sem consequências cognitivas foram consideradas sinônimas porque estabelecem uma relação de equivalência semântica, como podemos verificar no exemplo das variantes rótulo e rubrica: Contexto 1: Nos dicionários, quando os domínios específicos a que a entrada pertence aparecem no verbete, são denominados marcas de uso, rótulos ou rubricas. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. As unidades apresentadas são variantes denominativas que se distinguem formalmente, mas apresentam os mesmos traços conceituais: marcação que serve para identificar ou rotular o sentido e utilização deu uma determinada palavra. Nesse caso, o uso de um ou outra variante não apresenta incidência cognitiva sobre o receptor, que recebe as mesmas informações conceituais a respeito do termo definido, por isso são considerados variantes denominativas sem consequências cognitivas. A respeito do tipo de mudança formal entre as variantes sinonímicas, embasada na classificação formal de Freixa (2002), verificam-se os seguintes casos (ver Tabela 5): Tipo de alteração Qtd. exemplos variação lexical simples unidades monoléxicas 02 rótulo/rubrica unidades poliléxicas 02 Lexicografia didática/Lexicografia pedagógica variação (lexical) complexa com parentesco formal (mono/poli) 02 entrada/ palavra-entrada sem parentesco formal 04 Lexicografia especializada/Terminografia Tabela 5. Classificação formal das variantes sem consequências cognitivas. Observa-se que as variantes sem consequências cognitivas de nossa amostra apresentam somente variação lexical. Os casos de variação comportam alterações léxicas, tanto simples como complexas. Assim, em 2 casos se dá a variação em unidades monoléxicas (rótulo/rubrica) e em 2 casos em unidades poliléxicas (Lexicografia didática/Lexicografia pedagógica). Temos 2 casos em 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 107 primeira delas representa um tipo de definição, ao passo que a segunda equivale a uma propriedade apresentada por ela, isto é, referência de um termo a outro de forma a ocasionar uma série de consultas ao dicionário. Esta complementariedade entre os significados nos permite clasificá-los como sinônimos relativos por inclusão. Como exemplo de variantes sinônimos relativos por intersecção apresentamos a dualidade dicionário geral de língua e dicionário padrão, que embora sejam tratados como variantes (ver contexto 3), apresentam traços distintos de um mesmo conceito: Contexto 3: Em todas as taxonomias já mencionadas, há um consenso sobre a existência de un genótipo chamado por Biderman (1998, p.129) “dicionário padrao” ou “dicionário geral de lingual” [...]. Fonte: Bugueño-miranda & Farias, 2011. Devido ao caráter mais abrangente e extenso do termo dicionário geral em detrimento do caráter mais seletivo e conciso de dicionário padrão, os termos não podem ser considerados como sinônimos. No entanto, há uma relação de intersecção entre alguns traços conceituais dessas duas tipologias de dicionários, como o fato de descreverem o léxico da língua geral, serem organizados alfabeticamente e apresentarem, minimamente, informações como lema e definição, informações gramaticais, etc. Como exemplo de variantes consideradas por muitos como sinônimos, mas que apresentam traços conceituais diferentes de acordo com nossa análise, temos as unidades dicionarista e lexicógrafo: Contexto 4: Primeiro entendamos o lexicógrafo (ou dicionarista) em sentido restrito, o profissional que prepara dicionários de língua, ou seja, os dicionários que informam como é a estrutura da língua e como ela funciona (Borba, 2011). Fonte: xatara et al., 2011. A linha que diferencia os conceitos de lexicógrafo e dicionarista é bastante tênue, para alguns até inexistente, como podemos verificar no contexto apresentado. Por outro lado, para autores como zavaglia (2010), por dicionarista entende-se o profissional que elabora dicionários, mas sem formação ou preparação para isso, apenas um técnico ou um “fazedor de dicionários”, que não segue critérios científicos e tampouco se embasa em estudos lexicológicos ou metalexicógraficos para produzir seus dicionários. Nesse sentido, poderíamos entender o dicionarista como o profissional que L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118108 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 108 produz um dicionário sem ter formação específica, ao passo que o lexicógrafo seria o profissional formado em Lexicografia e que reflete, analisa e dispõe de critérios científicos para elaborar suas obras. Sendo assim, lexicógrafo e dicionarista não são variantes sinonímicas de um mesmo conceito, pois, embora contenham traços em comum, as informações conceituais veiculadas não são as mesmas. Quanto à tipologia formal das variantes com consequências cognitivas, verificam-se os seguintes casos (ver Tabela 6): verifica-se que as variantes denominativas com consequências cognitivas de nossa amostra são, em sua maioria variantes lexicais simples, em que se dá uma alteração léxica nos modificadores das unidades poliléxicas (dicionário geral/dicionário padrão), totalizando um número de 20 variantes, e apenas 08 monoléxicas. Também se registram 10 casos de variação lexical complexa, sendo 08 variantes com parentesco formal (definição circular/circularidade) e 02 sem parentesco (artigo lexicográfico/verbete). Contudo, não se constata na amostra analisada nenhum caso de variação morfossintática. 5.1.1. Fatores de variação denominativa o passo seguinte consistiu em analisar os fatores que originaram a variação nos casos analisados. Embasados na tipologia dos fatores cognitivos de variação de Fernández-Silva (2011), distinguimos três principais fatores em nosso córpus: (i) variação causada por motivação subjetiva, (ii) variação causada pela tendência ou escola de pensamento seguida pelo autor e (iii) variação cronológica relacionada à evolução do conhecimento. Estes três fatores originam tanto os casos de variação com consequências cognitivas como sem consequências cognitivas (ver Tabla 7): A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 109 A VARIAÇÃO DENOMINATIVA EXPLÍCITA NA LEXICOGRAFIA NO BRASIL Ibérica 36 (2018): …-… A linha que diferencia os conceitos de lexicógrafo e dicionarista é bastante tênue, para alguns até inexistente, como podemos verificar no contexto apresentado. Por outro lado, para autores como Zavaglia (2010), por dicionarista entende- se o profissional que elabora dicionários, mas sem formação ou preparação para isso, apenas um técnico ou um “fazedor de dicionários”, que não segue critérios científicos e tampouco se embasa em estudos lexicológicos ou metalexicógraficos para produzir seus dicionários. Nesse sentido, poderíamos entender o dicionarista como o profissional que produz um dicionário sem ter formação específica, ao passo que o lexicógrafo seria o profissional formado em Lexicografia e que reflete, analisa e dispõe de critérios científicos para elaborar suas obras. Sendo assim, lexicógrafo e dicionarista não são variantes sinonímicas de um mesmo conceito, pois, embora contenham traços em comum, as informações conceituais veiculadas não são as mesmas. Quanto à tipologia formal das variantes com consequências cognitivas, verificam-se os seguintes casos (ver Tabela 6): Tipo de alteração Qtd. exemplos variação lexical simples unidades monoléxicas 08 lexicógrafo/dicionarista unidades poliléxicas 20 dicionário geral/dicionário padrão variação lexical complexa com parentesco formal (mono/poli) 08 definição circular/circularidade sem parentesco formal 02 artigo lexicográfico/ verbete Tabela 6. Classificação formal das variantes com consequências cognitivas. Verifica-se que as variantes denominativas com consequências cognitivas de nossa amostra são, em sua maioria variantes lexicais simples, em que se dá uma alteração léxica nos modificadores das unidades poliléxicas (dicionário geral/dicionário padrão), totalizando um número de 20 variantes, e apenas 08 monoléxicas. Também se registram 10 casos de variação lexical complexa, sendo 08 variantes com parentesco formal (definição circular/circularidade) e 02 sem parentesco (artigo lexicográfico/verbete). Contudo, não se constata na amostra analisada nenhum caso de variação morfossintática. 5.1.1. Fatores de variação denominativa O passo seguinte consistiu em analisar os fatores que originaram a variação nos casos analisados. Embasados na tipologia dos fatores cognitivos de variação de Fernández-Silva (2011), distinguimos três principais fatores em nosso córpus: (i) variação causada por motivação subjetiva, (ii) variação causada pela tendência ou escola de pensamento seguida pelo autor e (iii) variação cronológica relacionada à evolução do conhecimento. Estes três fatores originam tanto os casos de variação com consequências cognitivas como sem consequências cognitivas (ver Tabla 7): 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 109 (i) variação causada por motivação subjetiva A variação originada por um fator individual e, portanto subjetiva, está relacionada a um desejo e escolha pessoal do autor. No nosso córpus esta se dá como um recurso de progressão textual, como se pode observar no seguinte contexto: Contexto 5: Apesar da tentativa de se formular uma definição seguindo os moldes da definição por gênero próximo e diferença específica, a maioria das paráfrases assume a característica do que muitos estudiosos convencionaram chamar de definição circular. […] Ao também tratar da definição circular, martínez de Souza [...] a concebe como uma “definição defeituosa onde o definido e o definiente se remetem reciprocamente”, ou seja, o segundo tipo de circularidade apontado por Landau (2001). Fonte: Brangel, 2011. Consideramos que o uso dessas variantes se dê como um recurso estilístico, por parte do autor, para evitar a repetição, pois, embora saibamos que definição circular e circularidade aportam informações conceituais distintas (a primeira um tipo de variação e a segunda uma propriedade dessa tipologia de definição), cognitivamente, para o autor do texto as duas variantes são sinônimas, podendo ser ambas utilizadas para dar maior fluência ao texto. Pode, tratar-se, nesse caso, de uma intenção consciente de ressaltar a propriedade de circularidade, pois ao reiterar a referência a esta propriedade por meio de um substantivo, atribui-le uma maior importância e se focaliza a atenção do leitor. Em outros casos essa motivaçao subjetiva pode estar condicionada por uma vontade de adaptação ao nível de conhecimento do público direcionado, como é o caso do contexto 2, que reproduzimos novamente: Contexto 6: A entrada [o mesmo que lema, cabeça de verbete, palavra-entrada] é a palavra ou expressão que encabeça o verbete, o elemento a ser definido ou explicado. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118110 L. ALVES COSTA & S. FERNÁNDEZ-SILVA Ibérica 36 (2018): …-… Fator de variação Tipologia Qtd. Exemplo motivação subjetiva com consequências 26 definição circular/ circularidade sem consequências 08 Lexicografia didática/ Lexicografia pedagógica tendência ou escola lexicográfica com consequências 12 Entrada/lema sem consequências 02 Lexicografia especializada/Terminografia evolução do conhecimento com consequências 02 macroestrutura/nomenclatura sem consequências 00 -- Tabela 7. Fatores de variação denominativa encontrados no córpus. (i) Variação causada por motivação subjetiva A variação originada por um fator individual e, portanto subjetiva, está relacionada a um desejo e escolha pessoal do autor. No nosso córpus esta se dá como um recurso de progressão textual, como se pode observar no seguinte contexto: Contexto 5: Apesar da tentativa de se formular uma definição seguindo os moldes da definição por gênero próximo e diferença específica, a maioria das paráfrases assume a característica do que muitos estudiosos convencionaram chamar de definição circular. […] Ao também tratar da definição circular, Martínez de Souza [...] a concebe como uma “definição defeituosa onde o definido e o definiente se remetem reciprocamente”, ou seja, o segundo tipo de circularidade apontado por Landau (2001). Fonte: Brangel, 2011. Consideramos que o uso dessas variantes se dê como um recurso estilístico, por parte do autor, para evitar a repetição, pois, embora saibamos que definição circular e circularidade aportam informações conceituais distintas (a primeira um tipo de variação e a segunda uma propriedade dessa tipologia de definição), cognitivamente, para o autor do texto as duas variantes são sinônimas, podendo ser ambas utilizadas para dar maior fluência ao texto. Pode, tratar-se, nesse caso, de uma intenção consciente de ressaltar a propriedade de circularidade, pois ao reiterar a referência a esta propriedade por meio de um substantivo, atribui-le uma maior importância e se focaliza a atenção do leitor. Em outros casos essa motivaçao subjetiva pode estar condicionada por uma vontade de adaptação ao nível de conhecimento do público direcionado, como é o caso do contexto 2, que reproduzimos novamente: Contexto 6: A entrada [o mesmo que lema, cabeça de verbete, palavra-entrada] é a palavra ou expressão que encabeça o verbete, o elemento a ser definido ou explicado. Fonte: Rangel & Bagno, 2006. Trata-se de um manual organizado para professores da rede estadual de ensino que tem por objetivo orientar sobre o uso de dicionários em sala de aula. Sendo assim, a variação denominativa cumpre uma função didática de viabilizar o conhecimento a um público leigo, pois ao apresentar as duas variantes o autor apresenta aspectos distintos do conceito que podem auxiliar na compreensão. 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 110 Trata-se de um manual organizado para professores da rede estadual de ensino que tem por objetivo orientar sobre o uso de dicionários em sala de aula. Sendo assim, a variação denominativa cumpre uma função didática de viabilizar o conhecimento a um público leigo, pois ao apresentar as duas variantes o autor apresenta aspectos distintos do conceito que podem auxiliar na compreensão. (ii) variação causada por tendência ou escola lexicográfica seguida Por meio de nossas análises pudemos verificar que muitas das variantes denominativas utilizadas na Lexicografia brasileira são influenciadas por tendências lexicográficas de outros países. Em sua maioria, constata-se essa variação em textos e autores distintos, porém, em alguns casos, isso pode ocorrer em um mesmo texto e autor. o fato de confluírem esses termos constantemente na produção lexicográfica do país, faz com que os mesmos se mesclem e não apresentem delimitações tão visíveis quanto à tendência lexicográfica de que se origina, o que torna natural a utilização de variantes de escolas distintas em uma mesma obra. Esses exemplos são mais visíveis com os termos próprios da Lexicografia inglesa e alemã, pois os termos da Lexicografia francesa, espanhola e portuguesa há muito se solidificaram na produção lexicográfica no Brasil, o que torna difícil delimitar de que escola se originaram. Como exemplo de variação denominativa com consequências cognitivas originadas pela influência da tendência ou escola lexicográfica, apontamos as unidades lema e signo-lema, como se mostra no contexto 7: Contexto 7: Por um lado, o usuário pode querer conhecer a significação de uma unidade léxica, ou seja, a sua estratégia de busca vai do lema (ou signo- lema) à paráfrase explanatória. Fonte: Bugueño-miranda, 2009. A unidade signo-lema foi motivada pela influência lexicográfica alemã, seguida por Bugueño-miranda (2009), ao passo que outros autores como Biderman (2003), apontem como variantes de lema as unidades entrada ou palavra- entrada, geralmente seguindo a tradição francesa. Como exemplo de variação sem consequências cognitivas originada por tendência ou escola lexicográfica, podemos analisar a dualidade Lexicografia Especializada e Terminografia, visível no seguinte contexto: A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 111 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 111 Contexto 8: Já na terminografia, também conhecida como Lexicografia especializada, está focada na análise dos termos relativos a uma linguagem especializada [...]. Fonte: Costa Filho, 2007. Como se pode observar, Costa Filho (2007) utiliza Terminografia e Lexicografia especializada como variantes, ainda que venham de disciplinas distintas com tradições separadas. Entretanto, funcionalmente se reconhece que se trata de um mesmo conceito, e que portanto se usam indistintamente como variantes. Parece-nos claro que há, na utilização desses termos, uma variação ocasionada por tendências lexicográficas distintas. (iii) variação causada por evolução do conhecimento A variação denominativa relacionada à evolução do conhecimento ocorre quando há o surgimento de uma nova denominação para um conceito pré- existente, sendo esta relacionada à ampliação ou modificação do conhecimento; isso faz com que se peceba novos matizes conceituais antes não observados e que se manifieste em uma variação denominativa, como se pode observar nos exemplos 9 e 10. Contexto 9: Um dicionário é constituído de entradas lexicais, ou lemas [...]. A lista total desses lemas constitui a nomenclatura do dicionário, a sua macroestrutura. Fonte: Biderman, 2001. Contexto 10: Também deveria ratificar o termo nominata usado por villar, pois o termo consagrado em Lexicologia/Lexicografia é nomenclatura. os teóricos do léxico também usam o termo macroestrutura que refere, porém, um conceito distinto. Fonte: Biderman, 2002. Analisando os contextos apresentados, podemos dizer que, nesse caso, se produziu uma alteração temporal na conceitualização realizada por uma mesma autora. Em 2001, Biderman não via diferenças conceituais entre nomenclatura e macroestrutura e as empregava como variantes sinonímicas, porém como resultado da evolução de seu pensamento, passou a ver aspectos que a levaram a considerá-las como unidades com conceitos distintos e, portanto, não sinônimas. 5.2. A representação da variação na proposta do Dicionário de Lexicografia Brasileira o usuário potencial do DLB foi considerado de nível médio ou alto, constituído por estudantes e especialistas dessa área, que possuem certo L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118112 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 112 conhecimento sobre a Lexicografia e que não buscaria nesse dicionário informações formais e básicas como classe gramatical, marcações de plural, concordância, etc. Em relação com a representação da variação consideramos que a microestrutura do DLB deva, primeiramente, possibilitar aos estudantes e especialistas desse âmbito: 1. Compreender as variantes apresentadas para uma mesma denominação; 2. Entender a utilização e os traços que diferenciam essas variantes por meio dos contextos definitórios, visando compreender quando seus traços semânticos se equivalem, incluem-se ou se interseccionam; 3. Compreender as possíveis causas dessa variação; 4. verificar as consequências cognitivas presentes na utilização de distintas variantes. Nesse sentido, a proposta de microestrutura do DLB foi pautada seguindo os pressupostos da terminologia cognitiva e sendo assim, não se trata de uma proposta prescritiva, uma vez que inclui informações sobre os termos e sua utilização. Apresenta todos os tipos de relações entre as variantes e não apenas as estritamente sinônimas, o que permite que se visualize a multidimensionalidade dos conceitos por meio das relações de não sinonímia e sinonímia relativa por inclusão e intersecção. o enunciado definitório considera os traços prototípicos dos termos e foi adaptada para o tipo de usuário almejado e os conceitos ativam os pressupostos cognitivos subjacentes e, portanto, mostram as relações deste conceito com outros na estrutura conceitual, o que permite uma maior compreensão do conceito e sua estruturação. Assim, a proposta de verbete do DLB contemplará as seguintes informações (ver exemplo no quadro 1): (a) entrada: apresentada em letra minúscula e negrito, seguido de ponto final; b) categoria gramatical: apresentada em itálico e abreviadas: s.m. (substantivo masculino singular), s.m.p. (substantivo masculino plural), s.f. (substantivo feminino), s.f.p. (substantivo feminino plural), adj. (adjetivo), v. (verbo); A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 113 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 113 c) definição: considerando os pressupostos da Lexicografia cognitiva procuramos apresentar uma proposta de definição mais ampla e mais tangível aque apresentasse maiores informações sobre o conteúdo conceitual e permitisse que o usuário obtivesse uma maior compreensão sobre a forma com se estrutura o conceito. d) contextos “ricos em conhecimento”: apresentamos contextos que definam a palavra-entrada e forneçam mais detalhes sobre a utilização do lema em contextos de uso, apresentados por diferentes autores. e) remissivas: além da remissiva tradicional, apresentamos a explicação sobre como se dá essa remissão: sinônimo; sinônimo relativo por inclusão, sinônimo relativo por intersecção, não sinônimo e siglas. f) notas explicativas: utilizada como um recurso para elencar as observações e comentários feitos pelos autores a respeito do termo definido ou para apresentar nossas observações a respeito das definições presentes nos contextos. vejamos: 6. Conclusões No presente trabalho investigamos o fenômeno da variação denominativa na Lexicografia em uso no Brasil, com o intuito de propor uma representação lexicográfica que refletisse essa variação. Apoiamo-nos nos pressupostos das teorias modernas da Terminologia de base cognitiva, que concebem a variação terminológica como um fenômeno inerente à comunicação L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118114 L. ALVES COSTA & S. FERNÁNDEZ-SILVA Ibérica 36 (2018): …-… verbete s.m enunciado lexicográfico ou terminológico constituído pela junção da palavra-entrada e todas as informações relacionadas a ela como: classe gramatical, definição, contexto de uso, entre outras. Contexto: o verbete, ou artigo lexicográfico, é a unidade mínima autônoma em que se organiza o dicionário [...]. Fonte: Heinrich (2007). Contexto: Todo dicionário [...] consiste num estudo atomístico do léxico na medida em que considera isoladamente as palavras que servem de entradas[...]. É a partir da palavra-entrada ou lema que se organiza o verbete ou artigo lexicográfico. Fonte: Murakawa (2010). Remissivas: artigo lexicográfico s.m. (não sinônimos) Notas: Embora sejam utilizados como sinônimos ressalta-se que as unidades verbete e artigo lexicográfico ressaltam aspectos distintos do conceito. Verbete refere-se a um breve texto ou apontamento, ao passo que artigo lexicográfico além das informações sobre a natureza ou seja, texto breve, reforça o destino, pequeno texto que se insere dentro de uma obra lexicográfica. Sobre a utilização desses termos na Lexicografia brasileira destacamos que, ainda que os dois termos sejam comumente utilizados, a unidade terminológica verbete é a mais frequente e comumente aceitável na Lexicografia do Brasil, ao passo que artigo lexicográfico, consiste em uma tradução e adaptação da unidade terminológica artículo lexicografico, utilizado na Lexicografia espanhola. Quadro 1. Modelo de verbete do Dicionário de Lexicografia Brasileira (adaptado de Costa, 2015). 6. Conclusões No presente trabalho investigamos o fenômeno da variação denominativa na Lexicografia em uso no Brasil, com o intuito de propor uma representação lexicográfica que refletisse essa variação. Apoiamo-nos nos pressupostos das teorias modernas da Terminologia de base cognitiva, que concebem a variação terminológica como um fenômeno inerente à comunicação especializada, reflexo da dinamicidade dos processos de categorização do connhecimento e funcional na transmissão do conhecimento especializado e que, por esse motivo, deve ser representada nos recursos terminológicos. Nossa proposta está embasada no estudo sobre a variação na Terminologia da lexicografia brasileira. Para isso, realizamos uma análise da variação denominativa explícita em um córpus de textos de Lexicografia brasileira, e refletimos sobre as consequências cognitivas resultantes da utlização dessas variantes e os possiveis fatores cognitivos que podem originá-la. Os dados obtidos nessa pesquisa nos mostram que a variação, assim como em qualquer âmbito, está presente também na Lexicografia brasileira, podendo ser esta ocasionada por motivação subjetiva dos autores, confuencia de tendências lexicográficas distintas, ou evolução do conhecimento. A partir desses resultados, a microestrutura, que propomos para o Dicionário de Lexicografia Brasileira, aspira refletir a multidimensionalidade dos conceitos especializados e sua variabilidade denominativa. O objetivo é representar o uso da variação como uma estratégia cognitiva na produção e compreensão do discurso especializado. Por esse motivo nossa proposta pretende ser um aporte para essa linha, reconhecendo que não é a única proposta e admitindo as limitações que possa 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 114 especializada, reflexo da dinamicidade dos processos de categorização do conhecimento na transmissão do conhecimento especializado e que, por esse motivo, deve ser representada nos recursos terminológicos. Nossa proposta está embasada no estudo sobre a variação na Terminologia da lexicografia brasileira. Para isso, realizamos uma análise da variação denominativa explícita em um córpus de textos de Lexicografia brasileira, e refletimos sobre as consequências cognitivas resultantes da utilização dessas variantes e os possíveis fatores cognitivos que podem originá-la. os dados obtidos nessa pesquisa nos mostram que a variação, assim como em qualquer âmbito, está presente também na Lexicografia brasileira, podendo ser esta ocasionada por motivação subjetiva dos autores, confluência de tendências lexicográficas distintas, ou evolução do conhecimento. A partir desses resultados, a microestrutura, que propomos para o Dicionário de Lexicografia Brasileira, aspira refletir a multidimensionalidade dos conceitos especializados e sua variabilidade denominativa. o objetivo é representar o uso da variação como uma estratégia cognitiva na produção e compreensão do discurso especializado. Por esse motivo nossa proposta pretende ser um aporte para essa linha, reconhecendo que não é a única proposta e admitindo as limitações que possa apresentar. No entanto, consideramos seu aporte na tradição lexicográfica brasileira, já que todavia prevalece uma visão prescritiva sobre a variação e sua representação nos dicionários. Article history: Received 9 August 2016 Received in revised form 11 July 2017 Accepted 12 July 2017 Bibliografia A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 115 Alcaraz, V.E. e B. Hughes (2012). Diccionario de términos jurídicos Inglés- Español/Spanish- English. Barcelona: Ariel. Barbosa, M.A. (2001). “Dicionário, vocabulário, glossário: Concepções”. Caderno de Terminologia 1: 23-45. Bertaccini, F. e A. Matteucci (2005). “L’approche variationniste à la pratique terminologique d’entreprise”. Meta 50,4. [CD-ROM] Biderman, M.T.C. (2001). “Terminologia e Lexicografia”. TradTerm 07: 153-181. Biderman, M.T.C. 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Seus interesses de investigação compreendem a Terminologia, a neología a traducción especializada desde uma perspectiva cognitiva. NOTAS 1 Este trabalho é uma ampliação da pesquisa de Doutorado intitulada: Reflexões sobre a variação terminológica na Lexicografia corrente no Brasil: análises e consequências e foi realizado no decorrer da investigação de Pós Doutorado “DI PoSTDoC”, financiado pela Pontificia Universidad Católica de valparaíso - PUCv, Chile. 2 Utilizamos Terminologia (com T maiúsculo) sempre que ser referir à disciplina e terminologia (com t minúsculo) quando diz respeito ao conjunto de termos de uma disciplina ou área de especialidade. 3 http://ecolexicon.ugr.es/en/aboutecolexicon.htm 4 http://varimed.ugr.es A vARIAção DENomINATIvA ExPLíCITA NA LExICoGRAFIA No BRASIL Ibérica 36 (2018): 93-118 117 Ostermann, C. (2012). “Cognitive Lexicography of Emotion Terms”. 15th EURALEX International Congress, 493-501. Oslo, Norwegen. Ostermann, C. (2015). 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Dicionários na teoria e na prática: Como e para quem são feitos. São Paulo: Parábola Editorial. Zavaglia, C. (2010). Dicionários Infantis: Uma análise de suas microestruturas. Relatório de Pós- Doutoramento. São José do Rio Preto: UNESP. 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 117 5 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística. 6 Este programa de Doutorado foi realizado durante os anos de 2010 a 2014, sendo cursadas durante esse período 4 disciplinas de Lexicografia, o que demonstra a forte formação lexicográfica que tem esse programa e sua importância no contexto da Lexicografia no Brasil. 7 De acordo com meyer (2001) os contextos ricos em conhecimento são aqueles em que se recorre a elementos contextuais que possam auxiliar na compreensão e identificação de um item do domínio de conhecimento (meyer, 2001: 281). L. ALvES CoSTA & S. FERNáNDEz-SILvA Ibérica 36 (2018): 93-118118 04 IBERICA 36_Iberica 13 26/10/18 20:21 Página 118