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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

Karina Waleska 
Lopes Rossiter
Doutoranda do Programa de 
Pós‑Graduação em Engenharia 
Química na Universidade Federal de 
Pernambuco (UFPE) – 
Recife (PE), Brasil. 

Mohand Benachour
Professor do do Programa de 
Pós‑Graduação em Engenharia 
Química na UFPE – 
Recife (PE), Brasil. 

Elena Matta
Doutoranda na Universidade Técnica 
de Berlim – Berlim, Alemanha. 

Maria Manuela Queiroz 
Martins Mantero Morais
Professora do Instituto de Ciências 
da Terra (ICT) da Universidade de 
Évora – Évora, Portugal. 

Silvana Carvalho de 
Sousa Calado
Professora do Departamento de 
Engenharia Química na UFPE – 
Recife (PE), Brasil. 

Günter Gunkel
Professor titular da Universidade 
Técnica de Berlim – Berlim, 
Alemanha. 

Endereço para correspondência: 
Karina Waleska Lopes Rossiter – 
Avenida Hélio Falcão, 355, 
apto. 1.503 – Boa Viagem – 
CEP 51021-070 – Recife (PE), Brasil – 
E‑mail: karinawlr@hotmail.com

RESUMO
Para atender à demanda, a transferência de água de rios por canal é uma 
prática comum no Nordeste brasileiro. O Canal do Sertão Alagoano capta 
água do Rio São Francisco (no reservatório Apolônio Sales) para abastecer 
municípios do estado do Alagoas. O objetivo deste trabalho foi analisar a 
evolução de parâmetros físico-químicos da água (temperatura, pH, turbidez, 
condutividade, dureza, sulfatos, cloretos, nitrogênio total e fósforo total) 
ao longo dos 29 km iniciais. Foram realizadas duas coletas no período seco 
em 10 pontos. Por intermédio do teste não paramétrico Mann‑Whitney, 
evidenciou-se que temporalmente as duas coletas são significativamente 
diferentes para todos os parâmetros, mesmo tendo sido ambas desenvolvidas 
no período seco. Longitudinalmente, nas duas coletas, temperatura, pH e 
condutividade foram significativamente distintos entre o início e o fim 
dos 29 km, apresentando tendência crescente nos valores. Em termos de 
qualidade, conforme a Resolução n.º 357/2005 do Conselho Nacional de 
Meio Ambiente (Conama), a água do canal apresentou valores da classe 1, 
com exceção do fósforo total.

Palavras‑chave: qualidade de água; transposição de águas; recursos hídricos; 
Canal do Sertão Alagoano.

ABSTRACT
To provide the water demand, river water transfer per canal is a common 
practice in the Brazilian northeast. The Sertão Alagoano Canal takes water 
from the São Francisco river, into the Apolônio Sales reservoir, to supply towns 
of the state of Alagoas. This research was designed to analyze the evolution 
of physico-chemical parameters (temperature, pH, turbidity, conductivity, 
hardness, sulfates, chlorides, total nitrogen and total phosphorus) over 
the initial 29 km of the canal. Samples were taken during the dry season 
at 10 points. Through the non‑parametric Mann‑Whitney test, it became 
clear that the two samples are significantly different for all parameters, even 
though both were held in the dry season. As for the longitudinal aspect, 
in both collections, temperature, pH and conductivity parameters were 
significantly different between the beginning and the end of the initial 29 km, 
with an increasing trend in the concentrations. Considering the quality, 
under Resolution 357/2005 of National Council of Environment (Conama), 
the water from the canal presented values within the quality class 1, with the 
exception of total phosphorus.

Keywords: water quality; water transposition; water resources; Sertão 
Alagoano Canal.

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA AO LONGO 
DA TRANSPOSIÇÃO DE UM CANAL DE CONCRETO: 

UM ESTUDO DE CASO DO CANAL DO SERTÃO ALAGOANO, BRASIL
DIAGNOSIS OF WATER QUALITY ALONG A CONCRETE CANAL: 

A CASE STUDY ABOUT SERTÃO ALAGOANO CANAL, BRAZIL

DOI: 10.5327/Z2176-947820151010



Rossiter, K.W.L. et al.

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INTRODUÇÃO
A água é um recurso escasso em regiões semiáridas 
e, em função dos diversos usos requeridos, a gestão 
dos recursos hídricos não consiste em uma tarefa fá‑
cil. Além do aspecto quantitativo da água, sua quali‑
dade também deve ser considerada, pois influencia 
diretamente na saúde pública e na qualidade de vida 
da população da região (FERREIRA, 2010; SALATI & LE‑
MOS, 2006).

Entre os múltiplos usos dos recursos hídricos no Bra‑
sil, a geração de energia elétrica é bastante difundida 
no país. Para tal, foram construídas no Nordeste al‑
gumas hidroelétricas ao longo do Rio São Francisco, 
sendo necessária também a construção de barragens 
e reservatórios. Um desses reservatórios é o de Apo‑
lônio Sales, com volume útil de 180 x 106 m3 de água 
(PRUSKY et al., 2011).

Segundo um levantamento realizado pela Agência Na‑
cional de Águas (ANA) desde 2012, observa-se a gra‑
dativa e intensa redução nos índices pluviométricos 
em algumas regiões do país, ocasionando um período 
seco mais crítico e prolongado, sendo o semiárido nor‑
destino uma das áreas mais atingidas. Características 
naturais como altas temperaturas, baixas amplitudes 
térmicas, forte insolação e altas taxas de evapotrans‑
piração, além de baixos índices pluviométricos (inferio‑
res a 800 mm), resultam em rios com baixa disponibili‑
dade hídrica e até intermitentes (ANA, 2014; ROSADO 
& MORAIS, 2010).

De acordo com Rossiter et al. (2014), a preocupa‑
ção com água não se refere apenas a sua quantida‑
de, mas também à qualidade adequada ao seu uso. 
O monitoramento regular da qualidade da água é 
necessário para garantir as condições de uso, para 
fins indutriais, domésticos ou da agricultura (POO‑
NAM et al., 2013).

A transposição da água entre bacias hidrográficas 
constitui um método de manejo da água empregado 
em muitos países, porém é conflitante. Os proble‑
mas mais graves são: perda de água na bacia original, 
qualidade insuficiente da água no rio e no reservató‑
rio efluente, mudança da qualidade da água no canal 

de transporte, efeitos de bombeamento nos animais 
e microrganismos da água e invasão de espécies não 
nativas (GUNKEL et al., 2015).

Em canais abertos, como no Nordeste do Brasil, há 
grandes problemas com as reações físico-químicas 
e contaminações, em função da alta temperatura e 
incidência solar durante todo o ano. Essas reações 
são:

• aquecimento por alta incidência solar;

• alta evaporação da água em razão das elevadas 
temperaturas;

• transferência dos íons do concreto (cálcio, carbona‑
to) para a água, causando aumento do pH;

• produção primária das algas flutuantes e algas fila‑
mentosas nas superfícies;

• crescimento dos animais aquáticos como moluscos 
e mosquitos.

Ocorre ainda a contaminação no canal por fezes de 
pássaros e coliformes (que se reproduzem, situação 
agravada mais ainda pela alta temperatura) e pela mor‑
te de animais pequenos, como rãs, ratos e coelhos que 
ao caírem no canal não conseguem dele sair. 

O conhecimento de possíveis alterações na qualida‑
de da água em projetos em que esta é transportada 
através de longos canais é do interesse não apenas da 
comunidade científica e da sociedade, mas também 
do governo, para que ações gerenciais possam ser pla‑
nejadas. Vale ressaltar que, na pesquisa bibliográfica 
realizada, não foram evidenciados trabalhos em canais 
de estrutura semelhante ao Canal do Sertão Alagoano, 
para que servissem de referência.

Esta pesquisa teve por objetivo avaliar a existência 
de alterações significativas nas características físi‑
co-químicas da água quando transposta ao longo de 
um canal de concreto, tendo como base os resulta‑
dos obtidos no Canal do Sertão Alagoano durante o 
período seco. 



Diagnóstico da qualidade da água ao longo da transposição de um canal de concreto: um estudo de caso do canal do Sertão Alagoano, Brasil

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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
Para aumentar a disponibilidade de água no Nordes‑
te brasileiro, o governo federal elaborou alguns pro‑
jetos, sendo um deles o Canal do Sertão Alagoano. 
Segundo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales 
do Rio São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), essa é 
a maior obra de infraestrutura hídrica do estado do 
Alagoas, captando água no reservatório de Apolônio 
Sales, para abastecimento de municípios entre Delmi‑
ro Gouveia e Arapiraca, beneficiando 42 municípios e 
mais de um milhão de alagoanos. Sua localização é 
descrita na Figura 1.

O empreendimento, com extensão total projetada de 
250 km, está em construção desde 1991, e em maio 
de 2014, 65 km estavam concluídos. Em novembro 

de 2015 foi concluído o trecho III, chegando o canal a 
93 km. A previsão de conclusão da obra não foi divulga‑
da oficialmente pelo Ministério da Integração. O canal 
aduzirá 32 m³.s‑1 em sua fase final, tendo já recebido 
da ANA a outorga prévia de 3,6 m³.s‑1 para a primeira 
etapa (FAIO & SORGATO, 2008; BRASIL; 2015).

A água é captada do reservatório de Apolônio Sales 
(latitude 9º20’36.67”S, longitude 38º12’03.91”O), 
em uma estação elevatória de água bruta (latitu‑
de 9º20’22.43”S, longitude 38º11’36.79”O) (ver Figu‑
ra 2A). Da estação elevatória a água é bombeada até 
uma estrutura de transição por meio de uma adutora 
de recalque, com 1.700 m de comprimento. Dessa es‑
trutura a água é levada por uma adutora de gravidade, 

Localização
do Canal do Sertão (AL) 

 38º1'30"W 

9º14'30"S 

9º31'0"S

Pontos de coleta
Captação

Rios e
cursos d’água
Trecho Canal
do Sertão
Rodovias

Divisão político administrativa

Delmiro Gouveia

38º15'0"W 38º10'30"W 38º6'0"W 37º57'0"W  37º52'30"W 

9º25'30"S 

9º20'0"S 

km
8420

Figura 1 – Localização do Canal do Sertão Alagoano e dos pontos de coleta, adaptada de IBGE (2016).



Rossiter, K.W.L. et al.

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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

com 2.100 m de comprimento, em tubos de aço até a 
estrutura final de transição, sendo este o km 0 do ca‑
nal (latitude 9º20’54.97”S, longitude 38º09’41.86”O) 
(Figura 2B). 

A partir do início (km 0) o canal segue sempre por 
gravidade, obedecendo um desnível de 0,12 m por 
km. O canal apresenta na maior parte da sua ex‑
tensão estrutura trapezoidal com dimensões de: 
altura 5,30 m, base maior 15,20 m e base menor 
3,30 m, sendo alguns trechos retangulares (6,60 m 
de altura x 4,15 m de largura), conforme Figura 3A. 
Ao longo do canal existem obras especiais, tais 
como: comportas, pontes‑canal, travessias para 
pedestres, travessias para veículos, travessias sob 

rodovias, pontos de derivação para abastecimento 
humano e pontos de derivação para perímetros de 
irrigação. As Figuras 3B e 3C mostram alguns tre‑
chos do canal. 

Atualmente a vazão de bombeamento é determinada 
pela variação na demanda e gerenciada pela Secreta‑
ria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídri‑
cos (SEMARH) do estado do Alagoas, sendo em média 
0,78 m3.s‑1. Ao fim do projeto serão um total de 12 bom‑
bas em regime de funcionamento, que permitirão va‑
zão total de 32 m3.s‑1 (BRASIL, 2014). Nos trabalhos de 
campo para as coletas das amostras foi evidenciada a 
retirada ilegal de água, sobretudo por tubulação, con‑
forme Figura 3C.

Figura 2 – (A) Reservatório de Apolônio Sales e estação elevatória; (B) início do canal: km 0.

A BReservatório Apolônio Sales

Estação elevatória

BA C

Figura 3 – (A) Visão da estrutura trapezoidal e retangular do canal; (B) visão geral de um trecho; 
(C) trecho do canal na rodovia BR‑432 com operação de caminhão pipa para abastecimento público.



Diagnóstico da qualidade da água ao longo da transposição de um canal de concreto: um estudo de caso do canal do Sertão Alagoano, Brasil

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Metodologia
Após visita de reconhecimento da área, foram defini‑
dos 10 pontos de coleta, abrangendo a área de capta‑
ção (Figura 2A) e os 29 km iniciais do canal, conforme 
descritos na Tabela 1. 

A primeira coleta foi realizada de 25 a 27 de maio, e a 
segunda, de 22 a 24 de setembro de 2014, ambos os 
períodos considerados secos. Contudo houve maior 
precipitação nos dias anteriores à primeira coleta com‑
parativamente com a segunda, como pode ser visuali‑
zado na Figura 4.

As amostras de água foram coletadas na superfí‑
cie em frascos plásticos, sendo estes previamente 
lavados com água do local no momento da coleta, 
e conservadas a 4ºC. Os parâmetros de tempera‑
tura, pH e condutividade elétrica foram analisados 
in loco, por intermédio de uma sonda multipa‑
ramétrica. Os demais parâmetros — fósforo total, 
nitrogênio total, dureza total, cloretos, sulfatos e 
turbidez — foram analisados no Laboratório de En‑
genharia Química da Universidade Federal de Per‑
nambuco (UFPE), pelas metodologias especificadas 
no Standard methods for the examination of wa-

Ponto de coleta Captação PO P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Referencial espacial (km) ‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

Tempo de residência (dias) 0 0 0,4 1,3 2,6 4,8 6,5 8,7 10 12,6

Tabela 1 – Pontos de coleta no Canal do Sertão Alagoano.

Temperatura Umidade Pressão Ponto de orvalho Radiação Precipitação Direção do vento Velocidade do vento

Estação: A411 – Paulo Afonso
Zoom      tudo De:   

P
re

ci
p

it
aç

ão
 (

m
m

)

100

75

50

25

 Jul. 2014  Out. 2014
Data

Data: 21/5/2014 00:00
Precipitação (mm): 13 mm

1 anoano6 m3 m1 m out. 31, 2014aabr. 30,2014

Maio 2014  Jun. 2014 Ago. 2014  Set. 2014

Figura 4 – Precipitação diária da estação de monitoramento de Paulo Afonso (INMET, 2016).



Rossiter, K.W.L. et al.

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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

ter and wastewater, editado pela American Public 
Health Association (APHA, 2005).

Os resultados das duas coletas de cada parâmetro fo‑
ram reportados em gráficos e se procedeu a uma ava‑
liação, levando em conta os aspectos temporal (tem‑
po decorrido entre as duas coletas) e espacial (perfil 
ao longo do canal, com o distanciamento do marco 
zero). Em seguida, os resultados de cada coleta foram 
tratados estatisticamente pela aplicação do teste não 
paramétrico de Mann-Whitney, com o objetivo de ve‑
rificar para cada parâmetro analisado diferenças signi‑
ficativas entre as condições no início do canal e no fim, 
bem como se houve diferença entre as duas coletas 
realizadas no período seco.

O teste de Mann-Whitney é usado para testar se 
duas amostras independentes foram retiradas de 
populacões com médias iguais, fazendo uma com‑
paração entre suas variáveis. As duas amostras de‑
vem ser aleatórias, e as observações, independen‑
tes, tanto entre quanto nas amostras. A aplicação 
das técnicas estatísticas não paramétricas não exi‑
ge suposições quanto à distribuição da variável po‑
pulacional. Foi adotado o nível de significância (α) 
igual a 0,05, e para valores de p ≤ 0,05 as amostras 
são consideradas significativamente diferentes. 
As análises estatísticas foram efetuadas pelo pro‑
grama IBM SPSS 19.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultados dos parâmetros físico-químicos das aná‑
lises em amostras de água ao longo do canal para as 
duas coletas encontram-se representados graficamen‑
te nas Figuras 5 e 6.

O incremento da temperatura de 26 até 29ºC depende 
da insolação, da umidade do ar e do vento. A maior di‑
ferença entre a primeira e a segunda coleta foi de 1ºC 
no ponto 2 (3 km), contudo nenhum valor de tempe‑
ratura foi maior que 29ºC, o que se considera normal 
para as temperaturas típicas da região. 

A turbidez apresentou maiores valores na primeira co‑
leta para todos os pontos. Essa constatação pode estar 
relacionada a ocorrência de precipitação nos dias ante‑
riores. Verifica-se na Figura 4 que no mês de maio cho‑
veu quatro dias antes da coleta. O contrário aconteceu 
em setembro; a pouca chuva que houve ocorreu no 
início do mês, sendo a coleta apenas no dia 22 do refe‑
rido mês. Durante as chuvas o canal recebe os aportes 
dos sedimentos ao redor, pois não há nenhum tipo de 
proteção na borda do canal (ver Figura 3B), e com isso 
a quantidade de sólidos em suspensão aumenta, o que 
leva também ao aumento da turbidez.

O parâmetro de pH indicou tendência espacial de 
crescimento, sendo afetado significativamente pelo 
material de concreto do canal. O pH elevou-se de 
condições neutras (pH ~7,0) a condições alcalinas, 
com valor de 9,2 no 28 km. Para pH acima de 9,5 po‑
dem ocorrer reações tóxicas. 

A condutividade também demonstrou tendência de 
crescimento, mas em uma faixa menor, de 100 µS.cm‑1. 
O aumento da condutividade é um efeito da corrosão 
do concreto. Segundo Von Sperling (2005), leva-se em 
conta para ambientes impactados condutividade supe‑
rior a 100 μS.cm‑1. Como todos os resultados de condu‑
tividade em ambas as coletas foram menores, por esse 
parâmetro a água do canal sugere boa qualidade.

Os parâmetros de dureza (Figura 5E) e sulfato (Figu‑
ra 5F) não apontaram tendência clara, contudo foram 
maiores na segunda coleta. Isso pode estar relacionado 
com a menor quantidade de água no canal na segunda 
coleta, em função da menor precipitação nos dias an‑
teriores, tendo como consequência o efeito de maior 
concentração de sais. 

Em relação ao cloreto (Figura 6A), com exceção dos va‑
lores registrados no ponto P1 (1 km) da segunda coleta, 
todos os demais valores foram praticamente estáveis. 
Esse pico de valor pode ser atribuído a alguma fonte 
pontual, pois nesse local há um número considerável 
de pequenos agricultores próximo ao canal.

As concentrações de nitrogênio total (Figura 6B) foram 
entre 0,05 e 0,15 mg.L‑1 na primeira coleta e 0,29 e 
0,37 mg.L‑1 na segunda coleta, valores considerados 
como concentrações moderadas, sendo os da segunda 
coleta mais elevados. Esse fato pode também ser conse‑
quência do menor volume de água no Rio São Francisco 
na segunda coleta, em função da menor precipitação.



Diagnóstico da qualidade da água ao longo da transposição de um canal de concreto: um estudo de caso do canal do Sertão Alagoano, Brasil

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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

As concentrações do fósforo total (Figura 6C) em sua 
maioria foram próximas ou menores que 0,05 mg.L‑1, com 
exceção do km 1 e do km 23 na segunda coleta, o que 

pode estar ligado à contaminação externa. Verifica-se que 
todos os valores da segunda coleta foram próximos ou su‑
periores aos da primeira coleta, o que é possível de ser 

Te
m

pe
ra

tu
ra

 (o
C)

30

29

28

27

26

25

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‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

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‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

Tu
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)

8,0
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9,0

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‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

pH

80
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90
95

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‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

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‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

D
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Ca
CO

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L)

1,2
1,4
1,6
1,8
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0,8
0,6
0,4
0,6
0,0

‑4 0 1 3 6 11 15 20 23 29

 Set. 2014Maio 2014

Su
lfa

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L‑

1  S
O

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)

A

C

E

B

D

F

Figura 5 – Evolução das parâmetros de (A) temperatura, (B) turbidez, (C) pH, (D) condutividade, (E) dureza total e (F) sulfato 
ao longo do Canal do Sertão Alagoano para as duas coletas estudadas (maio e setembro de 2014, ambas em período seco).



Rossiter, K.W.L. et al.

152

RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

explicado também pela menor precipitação nessa época. 
A relação nitrogênio/fósforo com índices entre 1 e valores 
bem menores que 7 representam limitação da produção 
primária com nitrogênio, com grande risco de desenvolvi‑
mento de algas azul-verde e de cianobactérias. 

Avaliando tais números sob o aspecto longitudinal, 
ou seja, como os resultados evoluíram ao longo do 
eixo do canal, observa-se que a maioria dos parâme‑
tros não apresentou tendência específica de aumento 
ou descréscimo. A exceção foram os parâmetros pH e 
condutividade, já discutido anteriormente, que apre‑
sentaram tendência de leve crescimento longitudinal. 

Após a avaliação dos gráficos, foram realizados testes 
estatísticos com os dados obtidos para evidenciar se 
havia diferença significativa entre eles. 

Pela aplicação do teste de Mann‑Whitney foi comprovado 
em termos estatísticos que temporalmente as duas coletas 
foram significativamente diferentes para todos os parâme‑
tros analisados: temperatura (p < 0,05); turbidez (p < 0,01); 
pH (p < 0,05); condutividade (p < 0,05); dureza (p < 0,001); 
sulfatos (p < 0,001); cloretos (p < 0,01); nitrogênio total 
(p < 0,001); e fósforo total (p < 0,01). Isso confirma a im‑
portância dos testes estatísticos para evidenciar a variabili‑
dade nas características da água, no mesmo período seco 
no canal, fato que não ficou claro ao analisar apenas os grá‑
ficos dos dados. Tais diferenças podem estar relacionadas 
às condições meteorológicas observadas em cada uma das 
coletas, à introdução de água pluvial ou à diminuição de 
água no canal resultante, causada por retiradas ilegais ou 
pelos diferentes volumes de água descarregados.

A alta taxa de evaporação também é um fator que in‑
fluencia na qualidade da água. A área do canal estuda‑
da corresponde a 174 mil m2 (comprimento de 29 km, 
largura de 6 m), e a evaporação da região é próxima a 
2 mil mm por ano, ou seja, cerca de 6 mm por dia, o que 
representa perda de volume diário de 1.044 m3 por eva‑
poração. A vazão média do canal é de 0,78 m3.s‑1, isto 
é, 67.392 m3.d‑1. Se dividirmos o volume perdido pela 
evaporação pelo volume total até o km 29, teremos per‑
da diária de 1,54% do volume de água, o que é bastante 
significativo para a qualidade da água, manifestando-se, 
por exemplo, no aumento dos valores de condutividade.

Essas constatações conduziram à necessidade de verificar 
individualmente para cada coleta como é que os parâme‑
tros evoluem ao longo do canal. Dessa forma, para testar 

Cl
or

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10

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)

A

B

C

Figura 6 – Evolução dos parâmetros de (A) cloreto, 
(B) nitrogênio total e (C) fósforo total ao longo do Canal 

do Sertão Alagoano para as duas coletas estudadas 
(maio e setembro de 2014, ambas em período seco).



Diagnóstico da qualidade da água ao longo da transposição de um canal de concreto: um estudo de caso do canal do Sertão Alagoano, Brasil

153

RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

a existência de diferenças expressivas entre as condições 
no início do canal e no fim dos 29 km, dividiram-se os re‑
sultados em dois grupos: os primeiros seis km (primeiros 
quatro pontos); e os últimos 8 km (3 últimos pontos). Além 
disso, foi aplicado o teste de Mann‑Whitney, eliminando as 
condições intermediárias que iriam dificultar a análise das 
condições extremas (início versus condições a 29 km).

Longitudinalmente, para a primeira coleta (maio de 
2014), o resultado da aplicação do teste de Mann‑
-Whitney comprovou que as condições são significati‑
vamente diferentes para os parâmetros: temperatura 
(p < 0,05); condutividade (p < 0,05); pH (p < 0,05); e 
turbidez (p < 0,05). Para a segunda coleta (setembro 
de 2014), o resultado da aplicação do teste de Mann‑
-Whitney confirmou que as condições são significati‑
vamente diferentes para os parâmetros: temperatura 
(p < 0,05); pH (p < 0,05); condutividade (p < 0,05); e 
dureza (p < 0,05). 

Assim, em termos longitudinais apenas os parâmetros 
temperatura, pH e condutividade foram significativa‑
mente diferentes em ambas as coletas. Parâmetros 

que, além da influência do concreto, indicam o efeito 
da evaporação por conta do aumento da temperatura, 
que por sua vez conduz ao aumento do pH e da condu‑
tividade (maior quantidade de sais dissolvidos). A mes‑
ma situação não foi observada relativamente em rela‑
ção a cloretos, sulfatos, nitrogênio total e fosfóro total, 
que não demonstraram diferenças significativas entre 
o início e os 29 km de canal em nenhuma das coletas 
estudadas. Vale ressaltar que, para o aspecto longitudi‑
nal, a avaliação apenas dos perfis dos gráficos também 
evidenciaram que os parâmetros de pH e condutivida‑
de apresentam variabilidade ao longo do eixo do canal.

Tomando ainda como base os padrões de qualidade da 
Resolução n.º 357/2005 do Conama (BRASIL, 2005) re‑
lativos aos parâmetros desta pesquisa — pH, turbidez, 
fósforo total, cloreto e sulfato —, todos os resultados 
nas duas coletas atenderam à especificação da clas‑
se 1, com exceção do fosfóro total, que exibiu valores 
de enquadramento relativos à classe 4. Isso significa 
que a água desse canal de transposição pode produzir 
condições eutróficas nos açúdes e reservatórios que 
venham a receber sua água.

CONCLUSÃO
Quanto ao aspecto temporal, as coletas realizadas 
em período seco, nos meses de maio e setembro de 
2014, apresentaram diferenças significativas para 
todos os parâmetros, utilizando o teste não paramé‑
trico de Mann-Whitney, para o nível de significância 
de 0,05, o que evidencia que na mesma época climá‑
tica os resultados da qualidade da água para a região 
podem ser diferentes. Quando avaliadas as coletas 
separadamente, considerando o aspecto longitudinal, 
os parâmetros físico-químicos que exibiram variação 
significativa em ambas as coletas foram: temperatura, 
pH e condutividade. A condutividade e o pH também 
apontaram tendência de crescimento longitudinal, 
sendo isso influência do concreto com a água. 

Para os nutrientes, o nitrogênio total da segunda coleta 
foi bem superior e o fósforo indicou comportamento 
mais estável, levando a uma relação nitrogênio/fósforo 
que representou limitação da produção primária com 
nitrogênio. Esse fator leva a um grande risco de desen‑
volvimento de algas azul-verde e de cianobactérias, 
sendo recomendáveis estudos posteriores sobre algas 
e detritos dentro do canal.

Ressalta-se que a água ao longo de todo o canal apre‑
sentou resultados que a levariam ao enquadramento 
na classe 1 pela Resolução do Conama n.º 357/2005, 
com exceção do parâmetro fosfóro total. Os resultados 
obtidos são preliminares, sendo fundamental efetuar 
um monitoramento que abranja diferentes situações 
meteorológicas, períodos secos e chuvosos, de forma a 
entender o funcionamento com mais precisão do siste‑
ma aquático artificial no canal, para com fundamenta‑
ção científica se propor medidas de proteção ao ecos‑
sistema criado e à preservação do recurso da água. 
Vale salientar que a perda de água por evaporação che‑
ga a 1,5% por dia, significando um efeito grande para 
esse tipo de transposição de águas por canais abertos.

Contudo os resultados desta pesquisa, mesmo que pre‑
liminares, podem ser utilizados para a gestão de outros 
dois canais de transposição de água na região do Rio São 
Franscisco, que estão em fase de anteprojeto: o Canal do 
Sertão Alagoano e o Canal do Sertão Baiano. Não foram 
encontradas pesquisas que avaliassem as alterações na 
qualidade de água em concreto em regiões tropicais.



Rossiter, K.W.L. et al.

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RBCIAMB | n.36 | jun 2015 | 145-154

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