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Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 38 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

RESUMO
Este artigo insere-se nas discussões do Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na
América do Sul, realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo como parte
do projeto de pesquisa "Sindromes Climáticas y Pobreza en  América del Sur", financiado pela
Fundación Carolina. As consequências de fenômenos climáticos vêm afetando sobremaneira as
populações menos favorecidas da América do Sul. Para estudar essa problemática se buscou a
metodologia das Síndromes de Sustentabilidade aplicadas no âmbito da Comisión Económica para
América Latina y el Caribe - CEPAL, em oficinas de trabalho, na tentativa de se abordar questões
complexas, na busca por melhor conhecer a causalidade de padrões insustentáveis multidimensionais.
Como parte deste simpósio, propuseram-se oficinas de trabalho com a participação de profissionais
e acadêmicos de 10 países da região com a finalidade de discutir síndromes nas seguintes temáticas
de serviços essenciais: saneamento, habitação, energia, saúde e transporte. Os resultados
demonstram a potencialidade da perspectiva interdisciplinar para tratar de síndromes complexas de
sustentabilidade e a possibilidade de elencar indicadores em diversas esferas. Entretanto, após este
passo inicial demanda-se estruturar tais indicadores de modo que possam ser aplicados por diferentes
países e assim se obter um panorama dos efeitos dos fenômenos climáticos sobre a prestação dos
serviços elencados.

PALAVRAS-CHAVE: Mudanças Climáticas, Serviços Essenciais, América do Sul.

ABSTRACT
This article is part of the Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do
Sul discussions, held at the School of Public Health, University of São Paulo as part of the research
project "Sindromes Climáticas y Pobreza en  la América del Sur", funded by Fundación Carolina. The
consequences of climate change have profoundly affected underprivileged populations in South
America. Aiming to study this problem, the Sustainability Syndromes methodology applied under
the Economic Comisión for Latin America and Caribbean - CEPAL, through workshops, was chosen in
attempt to address complex issues for better understanding the multidimensional causality
relationships of unsustainable processes. As part of the symposium, workshops were arranged with
the participation of professionals and academics from 10 countries of the region in order to discuss
topics of syndromes in the following essential services: sanitation, housing, energy, health and
transport. The results demonstrate the potential of the interdisciplinary perspective to deal with
complex syndromes of sustainability and the possibility of indicators listing in different spheres.
However, after this initial step, structuring such indicators is demanded so that they can be applied
by different countries and thus making it possible to obtain an overview of the effects of extreme
weather on the selected services.

KEYWORDS: Climate Change, Essential Services, South America.

Mudanças climáticas e serviços essenciais na América
do Sul: uma experiência de reflexão coletiva

Aline Matulja
Engenheira Sanitarista e Ambiental.
Mestranda em Saúde Ambiental da
Faculdade de Saúde Pública – USP (Bolsista
CNPq).
E-mail: alinematulja@gmail.com

Ana Karina Merlin do Imperio
Favaro
Engenheira Agrônoma, Especialista em
Gestão Ambiental (SENAC). Mestranda em
Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde
Pública – USP (Bolsista CNPq).

Juliana Barbosa Zuquer Giaretta
Bióloga. Especialista em Saúde Ambiental.
Mestranda em Saúde Ambiental da
Faculdade de Saúde Pública – USP (Bolsista
INCT-EMA).

Maria Luiza Leonel Padilha
Engenheira Agrônoma. Pós-doutoranda da
Faculdade de Saúde Pública – Universidade
de São Paulo. Professora da Faculdade SENAI
de Tecnologia Ambiental.

Sonia Maria Viggiani Coutinho
Advogada. Doutoranda da Faculdade de
Saúde Pública - Universidade de São Paulo
(Bolsista CNPq).

Juliana Pellegrini Cezare
Bióloga. Mestre em Saúde Ambiental pela
Faculdade de Saúde Pública – USP.

Arlindo Philippi Jr
Engenheiro Civil e Sanitarista. Doutor em
Saúde Pública. Professor T itular da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo (USP).

Antonio Carlos Rossin
Possui graduação em Engenharia Química
(FEI) e Engenharia Sanitária (USP), mestrado
e doutorado em Saúde Pública (University
of London). Atualmente é Professor Titular
na Faculdade de Saúde Pública (USP).



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 39 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

INTRODUÇÃO

De acordo com o IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate
Change), a temperatura na América do Sul
subiu em média de 0.2 a 1.0 °C no período
de 1970-2004. A elevação da temperatura é
atribuída ao aumento da concentração de
CO

2
 (dióxido de carbono) na atmosfera

terrestre. Carbono esse  proveniente, em
grande parte, de atividades humanas (IPCC,
2007).

Os países da América do Sul,
considerados em desenvolvimento, emitem
para o seu crescimento grandes quantidades
de CO

2
. Isso se deve ao uso de combustíveis

fósseis em sua cadeia produtiva e à extração
de recursos naturais de forma insustentável.

Atualmente, uma quantidade
expressiva de matéria-prima é exportada
pelos países do sul. Analisando o fluxo de
energia e de materiais, são percebidos os
impactos sofridos por essa região. A
exportação de alumínio pode ser utilizada
como um exemplo prático. Pa ra cada
tonelada de alumínio, são ex traídas e
transportadas grandes quantidades de
minério de bauxita, provocando devastação
do solo e da vegetação e, por fim, uma
enorme quantidade de energia é necessária
para fundir o alumínio, para que esse esteja
em condições adequadas de exportação.
(MARTÍNEZ-ALIER, 2009).

Assim, para o seu desenvolvimento a
América do Sul utiliza energia e recursos
naturais nem sempre contabilizados em seus
produtos finais, arca com os custos da
devastação e ainda sofre com os impactos
das mudanças no clima, gerados por
sobreexplotação de recursos em escala local
e global.

A América do Sul está inserida na
América Latina, que por sua vez, é uma das
regiões mais propensas a acidentes
relacionados ao clima no planeta, devido às
suas ca racterísticas geográficas e
topográficas (SAMANIEGO, 2009). Enchentes
e deslizamentos são comuns na região, além
de tempestades tropicais e furacões,
formados tanto no Oceano Atlântico quanto
no Pacífico. A variabilidade climática, que se
apresenta na forma de secas, enchentes e
fortes ventos, é constantemente agravada
pelo fenômeno El Niño (ROSSING e RUBIN,
2010) e La Niña como se verifica nos eventos.

De acordo com o relatório "World
Urbanization Prospects: The 2007 Revision"
publicado em 2008 pela ONU (Organização
das Nações Unidas), em países de baixa à
média renda, encontram-se quase ¾ da
população urbana mundial. Nessas regiões,
concentra-se a maior parte da população
urbana em grande risco, devido ao aumento
da intensidade e da frequência de
tempestades, enchentes, deslizamentos e
ondas de calor decorrentes de mudanças
climáticas. Desde a década de 1950, o
número de habitantes em áreas urbanas
sextuplicou (MOSER e SATTERTHWAITE,
2010).

No período compreendido entre 1970
a 2009, a população da América Latina e
Caribe aumentou cerca de 51%, totalizando
581 milhões de pessoas. De acordo com o
CEPAL (2008), no ano de 2010, 79% dos
habitantes dessas regiões viviam em áreas
urbanas, contabilizando 470,5 milhões de
pessoas (PNUMA, 2010).

Os habitantes da América do Sul
pagam um alto preço por tantos desastres.
Em 1999, 45 mil pessoas morreram em
inundações e deslizamentos na Venezuela.
No ano de 2004, foi registrado o primeiro
furacão no Brasi l, formado no Oceano
Atlântico que atingiu a costa sul do país.
Apesar das incertezas em relação aos
possíveis cenários futuros, estudos apontam
que o Chile se encontra em uma região com
alto risco de secas prolongadas e a Argentina,
o Peru e o Uruguai, estão em zonas com
maior risco de precipitações intensas (LA
TORRE et al., 2009).

Perante as incertezas científicas sobre
a magnitude dos eventos extremos e sua
frequência, faz-se necessária a busca por
informações que fundamentem as tomadas
de decisão em políticas públicas, integrando
dados de mudanças do clima aos objetivos
de ordem social (OMS, 2003).

Dessa forma, a problemática das
mudanças climáticas deve ser incorporada
ao planejamento governamental. Mesmo na
América do Sul, onde os recursos são
escassos, as políticas de enfrentamento são
necessárias para evitar, ou pelo menos
reduzir, as catástrofes atribuídas às
mudanças no clima e garantir, assim, a
provisão de ser viços essenciais à
manutenção da segurança, sobrevivência e
saúde da sociedade.

A Lei Federal Brasileira 7.783 de junho
de 1989 define como serviços ou atividades
essenciais aqueles indispensáveis ao
atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade. E complementa: são
necessidades inadiáveis, da comunidade
aquelas que, não atendidas, coloquem em
perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou
a segurança da população. A mesma política
pública cita os serviços de saneamento
básico, energia, transporte, assistência
médica e hospitalar, entre outros, como
sendo atividades não interrompíveis.

Este ponto de partida, análogo em
políticas de outros países da América do Sul,
permite ponderar sobre quais esferas
prioritárias as mudanças climáticas exercem
influência crescente, comprometendo o
decorrer da vida humana.

Ora, se o panorama de mudanças
climáticas na América do Sul torna explícito
que seus efeitos terão maior impacto em
populações mais vulneráveis e estas, já
sobrevivem frequentemente desprovidas de
serviços essenciais, o agravo sinérgico destas
múltiplas vias é imperativo, tanto para
populações rurais quanto urbanas.

Além da dignidade no acesso a
direitos fundamentais, refletir sobre as
interfaces entre a questão climática e
prestação de serviços essenciais significa
repensar uso e ocupação dos solos nas
cidades e no campo; fluxos migratórios; e a
necessidade de conservação da natureza
para sustentabi lidade dos ser viços
ecológicos e da sustentabilidade de seus
recursos, como se verifica em alguns
exemplos a seguir.

Os glaciares tropicais da América do
Sul sofreram redução comprovada e nas
últimas três décadas tiveram este processo
acelerado com o aumento de frequência e
intensidade de eventos de calor (FRANCOU
et al., 2010). Além da importância ecológica
e hidrológica que exercem, são fonte de água
para abastecimento e usinas hidrelétricas à
população andina do  Chile, Argentina, Peru,
Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela. O
desaparecimento das geleiras, hipótese
científica, poderá causar impactos como
fluxos migratórios, queda da atividade
turística, além de substancial alteração
ambiental, entre outros.

A falta de tratamento de esgotos
sanitários e consequente poluição de



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 40 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

mananciais prejudica a qualidade da água
de abastecimento doméstico e, em situações
de seca prolongada, pode comprometer
consideravelmente a prestação destes
serviços. São graves as perspectivas para
países em que o déficit em instalações
sanitárias adequadas está em torno de 75%
como a Bolívia, 30% no Paraguai e 20% no
Brasil (WHO/UNICEF, 2010).

Se os números anteriores
exemplificam o risco à saúde que
considerável parcela da população na
América do Sul está exposta, também
refletem condições de moradia a qual estão
submetidas. O caso da Colombia ilustra tal
carência: em 2008, a falta de espaços
urbanizáveis somada ao fenômeno de
transição urbana do país, bem como à alta
porcentagem de pessoas vivendo abaixo da

linha da pobreza (4 9.2% em 2005),
culminava em um déficit habitacional de
22% (UN-HABITAT, 2008).

A urbanização, se não planejada,
pode agir sinergicamente a fatores
climáticos na produção de prejuízos à saúde,
conforme o quarto relatório do IPCC (2007).
Assentamentos humanos precários estão
geralmente localizados em áreas de risco a
enchentes, deslizamentos e outros desastres
naturais, assim como são também mais
vulneráveis a vetores de doenças, como às
veiculadas pela água. Ainda, a possibilidade
de alteração na ecologia de vetores de
doenças decorrentes das mudanças em
padrões climáticos influencia a prestação de
atendimentos hospitalares e mais do que
isto, muda massivamente a dinâmica de
saúde pública intimamente associada a

questões culturais.
No setor de energia não é diferente.

A insuficiência atual pode ser agravada
devido aos baixos investimentos em
eficiência energética. No gráfico 1, que
apresenta a evolução da intensidade
energética (razão entre consumo energético
e PIB) no mundo entre 1980 e 2005, é
possível verificar a estagnação da América
Latina e Caribe em relação à considerável
redução nos EUA e União Europeia.
Ademais, a dependência de uma matriz
energética concentrada em fontes naturais
não renováveis, como é o caso das
termoelétricas argentinas, compromete
metas de redução da emissão de gases de
efeito estufa para mitigação das mudanças
climáticas.

A questão dos transportes configura
relação importante à capacidade de
mitigação de mudanças climáticas em
centros urbanos da América do Sul. Há uma
incoerência entre o modelo de mobilidade
sustentável discutido em âmbito
internacional e iniciado em países
desenvolvidos e o modelo praticado em
cidades como São Paulo. Segundo dados do
Departamento Estadual de Trânsito de São
Paulo, entre 2008 e 2010, a frota de carros
cresceu aproximadamente 13%, enquanto

a de ônibus, somente 4,5%. De todos os
problemas associados a tal realidade,
destacam-se dois no contexto deste artigo:
i) tal dinâmica pode contribuir à geração de
ilhas de calor pelo acréscimo na emissão de
gas es de efeito estufa (apesar do
crescimento da frota movida a etanol) e ii)
é excludente da parcela da população que
segue sem acesso a compra e manutenção
de veículos individuais.

Impasses como esses apenas ilustram
algumas discussões que motivaram a

organização das oficinas de trabalho do
Simpósio Internacional de Mudanças
Climáticas e Pobreza na América do Sul, pois
apontam à complexidade da questão da
prestação de serviços essenciais na região,
considerando a existência de singularidades
entre situações econômicas, sociais,
ambientais e culturais de cada país.

Tratou-se de um esforço inédito de
reflexão coletiva interdisciplinar sobre
pontos em comum entre as múltiplas
realidades, a fim de promover aproximação

Gráfico 1: Evolução da intensidade energética, 1980-2005 (Fonte: CEPAL, 2009).



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 41 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

entre pesquisadores e profissionais destes
países que vêm trabalhando a temática a
partir de diversos campos de conhecimento.

Neste contexto e reconhecendo a
relevância da proposição de possíveis
indicadores que permitam o monitoramento
dos avanços e dificuldades relacionados à
presta ção de serviços essenciais no
panorama de incertezas da questão
climática, este artigo tem como objetivo
relatar a experiência e os resultados das
oficinas realizadas ao longo do simpósio.

METODOLOGIA

As oficinas ocorreram entre 1 e 2 de
setembro de 2010 e foram coordenadas por
consultor do CEPAL (Comisión Económica
pa ra América Latina y el Cari be) que
engajou-se em projetos e cursos na América
Latina e Caribe com base na metodologia
de Síndromes de Sustentabi lidade,
desenvolvida no âmbito do Potsdam
Institute for Climate Impact Research para
o German Advisory Counci l on Global
Change.

Ao sediar as oficinas na Faculdade de

Saúde Pública da Universidade de São Paulo
(USP), campo de conhecimento
iminentemente interdisciplinar pela
diversidade de dimensões pesquisadas, a
metodologia das síndromes apresenta-se
pertinente diante da complexidade e
abrangência da temática abordada.

As síndromes podem ser definidas
como padrões funcionais insustentáveis de
inter-relações entre diversas esferas. Assim,
produzem resultados desfavoráveis e
evidenciam a pressão humana sobre o
ambiente natural. Assim, em um cenário
ideal, a falta de síndromes representaria o
desenvolvimento sustentável (RABINOVICH
e TORRES, 2004).

A metodologia apresenta vantagens,
como a proposição de: análise de questões
de alta complexidade; enfoque de interação
entre disciplinas, abordagem sistêmica;
operacionaliza ção do conceito de
sustentabilidade; discussão sobre causas das
mudanças ambientais e como se vinculam
com o crescimento e desenvolvimento
socioeconômico. Por fim, objetiva facilitar
processos de tomada de decisões e
construção de políticas integradas.

A partir do cenário de mudanças
climáticas e pobreza na América do Sul,
tema central do simpósio internacional que
teve as oficinas de trabalho em sua
programação, foram definidos os eixos
temáticos relevantes no contex to das
discussões relacionados à prestação de
serviços essenciais, visando aprofundá-los a
partir da perspectiva interdisciplinar. Os
eixos escolhidos foram: energia, habitação,
saneamento, saúde e transporte. Temas
igualmente importantes, como educação e
telecomunicações, não foram selecionados
em virtude do tempo e equipe disponíveis
para realização das oficinas.

Pa ra cada um dos temas,
propuseram-se a discussão sobre sintomas
das síndromes que se manifestam em nove
esferas elencadas a partir de experiências
anteriores de aplicação da metodologia,
suficientes para a discussão inicial e não
fechadas a inclusão de novas. O passo
seguinte foi encontrar relações de
causalidade entre os sintomas e a
circularidade com que ocorrem. A Figura 1
apresenta o esquema gráfico das esferas
utilizado.

Figura 1 - Esferas referenciadas pela metodologia

Cada grupo, composto por 10 a 12
pessoas, contou com moderadores e
relatores devidamente orientados. Os
participantes foram selecionados por meio
dos critérios: disponibilidade de presença
em todas as mesas redondas do simpósio,
experiência (acadêmica e profissional),
interesse no tema e composição

interdisciplinar do grupo. Além destes
participantes, acompanharam as oficinas
todos os palestrantes e membros da
comissão organizadora do Simpósio. Para
que os participantes pudessem inteirar-se
previamente sobre a dinâmica, lhes foi
enviada uma apostila sobre a metodologia,
disponibilizada pelo CEPAL.

Os moderadores e relatores das
oficinas tiveram papel crucial na condução
e sistematização das oficinas de acordo com
os pressupostos metodológicos. Desta forma
a escolha destes foi criteriosa no sentido de
cumprirem basicamente com: a) os passos
e tempos correspondentes; b) sintetização
das discussões de maneira gráfica de fácil



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Quadro 2 - Principais linhas de pesquisa de moderadores e relatores convidados

visualização coletiva; c) articulação
interdisciplinar e inclusiva das discussões; d)
rigor aos objetivos; e) plasticidade para
atender particularidades dos temas e da

composição do grupo. O Quadro 2 apresenta
a principal linha de pesquisa de cada um dos
moderadores e relatores convidados, entre
eles, professores de programas de pós-

graduação, mestrandos, doutorando e pós-
doutorandos.

 Saneamento Energia Transporte Saúde Habitação 

Moderadores (1) Indicadores 
de 
sustentabilidade  
(2) Saneamento 
Rural 

Planejamento 
Ambiental e 
Urbano 

Gestão 
ambiental e 
Participação 
Social 

Epidemiologia Planejamento 
Ambiental e 
Urbano 

Relatores (1) Eng. Sanitária 
e Ambiental 
 (2) Gestão e 
Saúde Ambiental 

Gestão 
Ambiental e 
Co-geração de 
Energia 

Saúde 
Ambiental e 
Participação 
Social 

Direito 
Ambiental e 
Saúde Pública 

Saúde 
Ambiental 

 

Oficina 1° Dia de Trabalho 

  Dinâmica Forma de trabalho Produto 

Saneamento Livre discussão sobre o tema  
 Levantamento de relações prestação de serviços de 

saneamento 
Visão geral sobre a temática 

Energia Livre discussão sobre o tema  
Análise sobre matriz energética e sua influência sobre 

a pobreza e a qualidade de vida 
Visão geral sobre a temática 

Transporte Livre discussão sobre o tema  
Escolha de problemas relacionados ao transporte 

urbano 
Mapa de relações sobre a temática 

Saúde Livre discussão sobre o tema  
Análise de cenários e fatores que contribuem para os 

agravos à saúde 
Relação dos fatores escolhidos 

Habitação Livre discussão sobre o tema  Relação dos problemas de habitação Visão geral sobre a temática 

Oficina 2° Dia de Trabalho 

  Dinâmica Forma de trabalho Produto 

Saneamento Os participantes escolheram juntos um recorte 
Definição do Cenário: 1) Escala: metrópole/ bacia 

hidrográfica. 2) Recorte: situação de seca. 

Esquema de relações de causalidade e visualização 
da circularidade dos problemas levantados nas 9 

esferas. 

Energia 
Os participantes decidiram votar na escolha de um 

recorte dentre os problemas encontrados 
Definição do Problema: Desigualdade no acesso à 

energia 
Esquema com as 9 esferas propostas na metodologia 

e a inclusão da esfera política.  

Transporte 
Os participantes aperfeiçoaram as ideias propostas 

no dia anterior 
Definição do Foco: Poluição atmosférica em 

megacidades 
Esquema com a situação da problemática da 

poluição atmosférica em megacidades.  

Saúde 
Os participantes correlacionaram as variáveis 

escolhidas 
Definição da interelação entre fatores de agravo à 

saúde 
Esquema com indicadores para cada uma das 

variáveis escolhidas como prioritárias.  

Habitação 
Os participantes analisaram os problemas ligados 

ao tema 
Definição do Problema: Regularização Fundiária 

Esquema de sintomas, fatores associados e 
indicadores.  

 

RESULTADOS

As particularidades e abrangência
dos eixos temáticos exigiram plasticidade e
autonomia na condução das oficinas em
cada um dos grupos. Entretanto, o rigor

metodológico e o foco no objetivo comum
permitiram a produção dos resultados
apresentados a seguir.

Desta forma, ao final de cada etapa
todos os grupos eram novamente reunidos,
momento em que tinham oportunidade de

falar sobre seus avanços e dificuldades,
trocar ideias e alinharem-se ao objetivo
geral. O Quadro 3 sintetiza a dinâmica, forma
de trabalho adotada e os produtos de cada
grupo no primeiro e no segundo dia de
trabalho.

Quadro 3 - Dinâmica adotada nas oficinas, forma de trabalho e produtos finais



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Quadro 4 - Indicadores propostos para a Síndrome de Aumento de frequência e intensidade situações de seca em metrópoles.

SANEAMENTO

O grupo encontrou como ponto de
convergência, entre as múltiplas realidades
da América do Sul, a seguinte questão:
Mudanças climáticas podem aumentar, em
frequência e intensidade, situações de seca
em diversas metrópoles, aumentando a
vulnerabilidade da população em situação
de pobreza. Tal questão é complexa, pois
atrela a incerteza climática ao crescimento
urbano destas cidades em um modelo de
desigualdade no acesso aos serviços de
saneamento, desperdícios, infraestrutura
insuficiente e ineficiente. O parágrafo abaixo
contém alguns destaques da discussão
sistematizada, demonstrando relações de
causalidade da síndrome trabalhada. Para
facilitar a compreensão, os nomes das

esferas estão citados no texto ou entre
parênteses.

O incremento dos fenômenos El niño
e La niña somado às alterações globais
climáticas (Atmosfera), tem efeito na
Hidrosfera, reduzindo a quantidade de água
nos mananciais e a qualidade da água
disponível. Esta alteração na qualidade da
água é causa e também efeito de possível
impacto nos ecossistemas aquáticos
(Biosfera). Tal indisponibilidade poderá
promover fluxos migratórios (População),
impactando de maneira local e regional a
esfera econômica, seja pela alteração de
oferta e demanda de mão de obra nestes
centros urbanos em crescimento, seja pela
mudança da vocação de cidades industriais,
turísticas e outras que tenham a água como
base de sua atividade. Transformações

culturais (Psicossocial) também poderão
ocorrer, visto que hábitos de consumo,
Economia, saúde pública e migração terão
efeito na intersubjetividade dos cidadãos
construída historicamente. Todos estes
sintomas da Síndrome de escassez de água
interferem significantemente na esfera de
Organização social, já populações deverão
adaptar-se para melhorar sua capacidade de
planejamento, resposta e negociar dos
novos conflitos de uso. Para tal, deverão
aliar governança à Ciência e Tecnologia
visando melhorar processos de tomada
decisão relativos à água que, em diversos
países, é um bem de domínio público. Em
seguida o Quadro 4 ilustra alguns possíveis
indicadores da Síndrome.

Como medir quantidade e qualidade de 
água disponível?  

Balanço hídrico das bacias hidrográficas 

Índices de pluviosidade 

Índices de qualidade de água 

Análises de biodiversidade aquática e da região dos 
mananciais 

Como medir fluxos migratórios em 
escala regional? 

Taxa de crescimento/decrescimento populacional 

Como medir desigualdade no acesso 
aos serviços de saneamento? 

Índices de atendimento X índices de vulnerabilidade social 

Como medir alteração hábitos de 
consumo e perdas de água?  

Índices de consumo per capita       
Índices de Perdas (macromedição x micromedição) 

Como medir capacidade de resposta 
social? 

Número de comitês de bacia hidrográfica número de conselhos 
metropolitanos e regionais de saneamento 

Como medir capacidade de resposta 
tecnológica? 

Índices de eficiência de sistemas de distribuição de água  
índice de perdas de água 

 

ENERGIA

O setor energético ocupa uma
posição estratégica para o desenvolvimento
na América do Sul, uma vez que países em
crescimento demandam energia. Utilizando
como pano de fundo o conjunto das

mudanças climáticas e pobreza, a
problemática trabalhada foi à desigualdade
ao acesso à energia. Como os países podem
se desenvolver se sua população não tem
acesso à energia? Nesse contexto se inserem
milhares de pessoas que, em suas tarefas
diárias, não contam com as facilidades da

energia elétrica. Quais são as fontes
alternativas utilizadas? O tema escolhido
para o aprofundamento das discussões foi
os danos à saúde. De que forma essas fontes
alternativas afetam a saúde e o bem estar
das pessoas?
As nove esferas da metodologia foram



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trabalhadas no primeiro momento e o grupo
op tou por inserir a esfera Política,
complementando o quadro de esferas a
serem trabalhadas para a construção da
síndrome. A Síndrome Danos causados à
saúde pelo uso de fontes alternativas de

energia, foi escolhida pelo grupo. Dessa
forma se apresentaram os problemas de
sobreexplotação dos recursos naturais, o
limitado acesso à informação, a
contaminação local e as tecnologias
obsoletas. A linha de discussão seguiu para:

"Como medir os danos à saúde causados por
cada um desses problemas?". Uma espécie
de conjunto de indicadores para auxiliar a
busca por respostas e melhorias pertinentes
foi elaborado (Quadro 5).

Como medir os danos à saúde?  

Número e localização de domicílios que usam lenha 

Número de acidentes com fogo 

Número de casos de doenças respiratórias agudas 

Número de infecções oculares 

Número de casos de intoxicação 

Como medir a sobreexplotação dos 
recursos naturais?  

Metro cúbico de lenha utilizada por domicílio 

Como medir o acesso limitado à 

informação? 

Taxa de analfabetismo 

Taxa de analfabetismo funcional 

Como medir contaminação local? 

Índice de qualidade do ar 

Quantas vezes são ultrapassados os limites de emissão 
permitidos pela OMS 

Como medir o uso de tecnologias 

obsoletas? 
Número e localização de domicílios que usam lenha 

 

TRANSPORTE

O crescimento populacional em
espaços não planejados somado aos
processos de conurbação geram problemas
de transporte urbano. Inicialmente, foram
levantadas quatro questões: poluição
atmosférica, mobilidade, uso e ocupação do
solo e questões financeiras. Após análise das
relações entre estes fatores, a Síndrome da
Poluição do ar causada por transportes nas
megacidades foi selecionada como o foco
principal de discussão, tendo como pano de
fundo, mudanças climáticas e pobreza nos
países da América do Sul.

Deste modo, tomando por base as
nove esferas da metodologia, o grupo
escolheu prioritariamente selecionar:
População, Atmosfera, Economia, Ciência e
Tecnologia e Esfera Psicossocial. Para facilitar
a organização das discussões, o grupo
elaborou um mapa conceitual abrangendo
todas as causas e consequências da poluição
atmosférica nas megacidades. Como causas
da síndrome foram identificadas: fatores
econômicos, matriz energética, modelo
individual adotado, políticas de governo,
frota de veículos, forma urbana dispersa,
tecnologia e cultura/educação/informação
e consumo. Como consequências da

síndrome, foram identificadas:
congestionamento, aumento das emissões
de gases de efeito estufa, perda da qualidade
de vida, formação de ilhas de calor, perda
de biodiversidade e problemas de saúde
pública.

A partir deste mapa conceitual o
grupo apresentou um conjunto de possíveis
indicadores pa ra medir/quantificar/
qualificar a questão da poluição
atmosféricas nas megacidades, visando
modificar práticas insustentáveis para na
América do Sul.

Quadro 5: Indicadores escolhidos para a Síndrome de Danos causados à saúde pelo uso de fontes alternativas de energia.



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 45 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

Como medir poluição 
atmosférica? 

Monitoramento de qualidade do ar 

Monitoramento meteorológico 

% do PIB investido por tipo de matriz energética de baixa emissão 
de poluentes  

Frota de veículos automotores não regular em inspeção ambiental 

Concentração de Gases de Efeito Estufa (GEE) em mg/l por dia 

Número de atendimentos no sistema de saúde por mês por doenças 
respiratórias 

Quantidade de espécies extintas por ano 

Como medir mobilidade? 

% do Produto Interno Bruto (PIB) investido per capita 

Número de viagens em transporte coletivo realizadas por dia 

Número de viagens em transporte ativo  (pedestres, bicicletas e 
outros veículos não motorizados) 

Número de caminhões, carros e motos circulando nas megacidades 
por dia 

Monitoramento do trânsito 

Como medir questões 
financeiras ligadas ao 
transporte? 

% da renda familiar comprometida com carro 

Número de emplacamentos por ano 

Gastos com transporte de uso coletivo 

 Quadro 6: Indicadores escolhidos para a Síndrome de Poluição do ar causada por transportes nas megacidades".

SAÚDE

No caso da saúde, a discussão na
oficina partiu da desorganização da cidade
para chegar às moradias precárias como
ponto de partida. A síndrome definida para
a discussão foi: agravos à saúde advindos
de alterações no regime térmico e
pluviométrico, tendo como reflexo os
deslocamentos populacionais em áreas

rurais e espaços desordenados em áreas
urbanas.

A partir deste cenário, e tomando por
base as nove esferas da metodologia
proposta, foram apontados fatores que
poderiam interferir na síndrome trabalhada:
violência, acidentes e stress pós-traumático
(Psicossocial), perda de biodiversidade,
cobertura vegetal e ser viços dos
ecossistemas (Biosfera), contaminação do ar

e efeito estufa (Atmosfera), deslizamento de
encostas (Pedosfera), acesso precário a
educação, serviços públicos (segurança,
saúde e saneamento), informação,
habitação e insuficiência de redes solidárias
e participação cidadã (Organização social).
O Quadro 7 apresenta possíveis indicadores
extraídos a partir da discussão acima.



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 46 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

Como medir fatores ambientais 
de exposição à saúde da 
população? 

População sem provimento de abastecimento de água potável 

População sem provimento de esgotamento sanitário 

População sem provimento de coleta periódica de resíduos 

População habitando áreas de risco (enchentes, enxurradas e 
deslizamentos) 

População em insegurança alimentar 

Monitoramento de vetores de doenças (malária, dengue, leptospirose 
etc) 

Monitoramento meteorológico 

Como medir exposição da 
população? 

Morbidade e mortalidade por doenças hidricamente veiculadas 

Morbidade e mortalidade por acidentes em eventos extremos de 
precipitação e calor 

Número de casos de estresse pós-traumático 

Como medir capacidade de 
resposta? 

Taxas de analfabetismo 

Cobertura dos  serviços de saúde à população (saúde da família, 
atenção básica, atendimentos hospitalares, etc) 

População indigente  

Existência de conselhos ativos de saúde, gestão de desastres, 
saneamento e outras instâncias de participação social. 

 Quadro 7: Possíveis indicadores selecionados para a síndrome trabalhada na oficina de saúde.

HABITAÇÃO

A questão territorial apresenta
relação direta com as mudanças climáticas,
eventos extremos relacionados e países em
desenvolvimento, como os da América do
Sul com baixa capacidade de resiliência e
que necessitam de planejamento
antecipado para lidar com o problema que
pode atingir grandes proporções por
despreparo ou descaso. O grupo optou por
encontrar particularidades entre as cidades
sul americanas em relação à habitação. Os
problemas elencados foram: ocupação de

áreas de mananciais e encostas, ocupação
de áreas de risco ambiental e a dinâmica da
expansão urbana (vazios no centro e
concentração da maioria da população nos
subúrbios). Assim, a questão central é o
problema da regularização de áreas
urbanas, incluindo seus aspectos
institucionais, políticos, econômicos,
culturais e sociais.

A Síndrome Danos causados à
população pela não regulariza ção da
habitação foi trabalhada pelo grupo. A
capacidade do governo e da sociedade na
implementação de suas políticas públicas foi

questionada e apontada como um grande
problema a ser solucionado. Os principais
efeitos da não regularização dessas áreas são
o esvaziamento dos centros e ocupação de
áreas protegidas, redução de área verde,
impermeabilização do solo, disposição
inadequada de resíduos, inundações,
incêndios e deslizamentos de encostas.
Como medir os danos causados à população
por cada um desses problemas? Indicadores
podem auxiliar a tomada de decisão em
políticas públicas em relação ao problema
da regularização da habitação, conforme
destaca o  Quadro 8.



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 47 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

Quadro 8: Indicadores selecionados para a Síndrome de Não regularização da habitação.

CONCLUSÃO

A América do Sul é caracterizada por
concentrar países em desenvolvimento. Em
busca de oportunidades nesse panorama
desenvolvimentista, grande parte da
população desses países migra para as
grandes cidades. Os países sul americanos
são detentores e fornecedores de grandes
reservas de recursos naturais para os países
considerados desenvolvidos.

A possibilidade de oportunidades e
melhores condições de vida atraem a
população para grandes centros urbanos.
Entretanto, a capacidade de prestação de
serviços essenciais é insuficiente perante a
taxa de crescimento populacional, a
distribuição desigual no espaço urbano e
falta de uma política efetiva para subsídio a
pequenas propriedades rurais. Os efeitos das
mudanças no clima sobre populações com
baixa capacidade de adaptação configuram
importante discussão no tocante ao
planejamento e gestão da prestação de
serviços essenciais.

A partir de um histórico de
exploração dos recursos naturais desde a
época da colonização, a América do Sul
adotou um modelo de sobreexplotação de
seus recursos naturais no contexto da
globalização. O desenvolvimento econômico
atual nos países sul americanos é incoerente

à realidade que se apresenta, onde o
crescimento do setor produtivo é priorizado
em detrimento do desenvolvimento social
e com graves consequências ambientais.

Fundamentado em uma proposta de
discussão interdisciplinar entre profissionais
e acadêmicos, buscou-se promover uma
reflexão coletiva para o apontamento de
possíveis indicadores comuns aos países sul
americanos, por meio da aplicação da
metodologia de Síndromes de
Sustentabilidade em oficinas de trabalho.

Os resultados trazem a complexidade
de cada temática abordada, mostrando
como a circularidade dos temas interfere em
decisões a serem tomadas: um contraste à
realidade da tomada de decisão,
normalmente setorizada e limitada em
visualizar consequências de ações não
planejadas e não integradas. As oficinas de
trabalho demonstram a importância da
análise, por parte dos tomadores de
decisões, de indicadores como uma forma
de se obter um retrato de situações que
possuem diversas e complexas influências
nos serviços essenciais.

Como destaques das discussões
apresentam-se a escassez de água, por
exemplo, afetando tanto o abastecimento
público quanto a produção de energia em
alguns países. Por outro lado, em países cuja
matriz energética não é hidráulica, a

dificuldade no acesso à energia faz com que
esses uti lizem fontes dis poníveis,
geralmente poluidoras, que contribuem com
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e
consequências à saúde. O mesmo ocorre no
caso dos transportes com a priorização por
veículos automotores individuais, que
também favorece problemas c omo
congestionamento e formação de ilhas de
calor. No caso da  saúde, a ocorrência de
eventos extremos evidenciam a necessidade
de ampliar a capacidade de resposta dos
sistemas de emergência e prevenção. O
problema da habitação demonstrou-se
fortemente relacionado à gestão do
território, contemplando uso e ocupação do
solo, inclusão social e áreas de preservação,
que costumam configurar áreas de risco,
quando ocupadas.

O primeiro passo, em busca da
estruturação de um conjunto de possíveis
indicadores de sustentabilidade para o
monitoramento das síndromes relacionadas
ao acesso aos ser viços essenciais no
contexto de pobreza na América do Sul e sob
influência das questões climáticas, está aqui
registrado. A expectativa é de que esforços
de continuidade possam integrar não
somente os setores e disciplinas, mas
também pesquisadores, profissionais e suas
instituições em uma perspectiva de
dimensão continental de diálogo e

Como medir os danos á população?  

Número de mortos e atingidos por deslizamentos  

Número de mortos e atingidos por enchentes 

Número de mortos e atingidos por fortes ventos 

Morbidade ligada às ilhas de calor  

Como medir o esvaziamento nos 

centros e a ocupação de áreas 

protegidas? 

Densidade demográfica nos centros urbanos 

Densidade demográfica nas áreas periféricas 

Áreas de mananciais e encostas ocupadas 

Como medir a redução da área 

verde? 
Levantamento histórico da localidade (ex: fotos aéreas, 
sensoriamento remoto) 

Como medir a impermeabilização do 

solo? 

Proporção de pavimentação na cidade (ex: fotos aéreas, 
sensoriamento remoto) 
Vazão nas calhas dos rios 
Frequência de enchentes e inundações 

 



Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 18 - Dezembro/2010 48 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

construção coletiva.

Agradecimentos

Nossos sinceros agradecimentos a todos

que se inscreveram e participaram das

oficinas realizadas no I Simpósio

Internacional de Mudanças Climáticas e

Pobreza na América do Sul e, em especial,

ao Andrés Schuschny, coordenador geral

das oficinas e aos professores (as) Gilda

Collet Bruna, Hans Van Bellen, Sérgio

Roberto Martins, Sueli Corrêa de Faria,

Antonieta Rojas de Arias e Valdir

Fernandes, moderadores das oficinas de

habitação, saneamento 2, saneamento 1,

energia, saúde e transporte

respectivamente, por compartilhar seu

conhecimento, enriquecer as discussões e

direcionar os trabalhos.

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Dispõe sobre o exercício do direito de greve,
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