A imagem do Brasil no discurso do New York Times Aspectos sociais


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Palavras- chave: Jornalismo, linguagem, análise de 
discurso, ideologia.
Descritores: Press Releases. New York Times - Aná-
lise do Discurso. Brasil - Condições sociais..
Recebido: Setembro 15 de 2009
Aceptado: Fevereiro 22 de 20109

Palabras Clave: Periodismo. Lenguaje. Análisis de 
discurso. Ideología.
Descriptores: Noticias de prensa. New York Times - 
Análisis del discurso. Brasil – Condiciones sociales.
Recibido: Septiembre 30 de 2009
Aceptado: Febrero 22 de 2010

La imagen de Brasil en el discurso 
del New York Times 

Este texto presenta un análisis de las noticias publicadas 
en el periódico The New York Times, versión digital, 
entre los meses de enero y junio de 2004. Al relacionarlas 
con los aspectos sociales del Brasil se intenta ver cuál es 
la imagen que ese periódico muestra del Brasil. 

El artículo adopta como fundamentos teóricos 
y metodológicos el análisis del discurso, principal-
mente las contribuiciones de Bell (1991), Fairclough 
(1995 y 2001), Fowler (1991) y Sousa (2004),  discute 
las estrategias discursivas usadas para representar al 
Brasil y examina qué elementos escoge y los recursos 
de lenguaje que son empleados para la producción de 
los textos analizados.

A imagem do Brasil no discurso do 
New York Times

Este texto apresenta uma análise das notícias 
publicadas no jornal The New York Times, versão 
digital, entre os meses de janeiro e junho de 2004. 
Ao relacioná-las com os aspectos sociais do Brasil, 
procura-se ver qual é a imagem que esse jornal 
mostra do Brasil. 

O artigo adota como fundamentos teóricos e 
metodológicos a análise do discurso, principalmente as 
contribuições de Bell (1991), Fairclough (1995 e 2001), 
Fowler (1991) e Sousa (2004), discute as estratégias 
discursivas usadas para representar o Brasil e examina 
os elementos escolhidos e os recursos de linguagem 
empregados para a produção dos textos analisados.

Origen del artículo
Este artículo es una versión revisada y ampliada del documento presentado en el ii Congrés Online L’Obesevatori 
per a la Cibersocietat, celebrado del 2 al 14 de noviembre de 2004. Es parte de un estudio mayor que investiga 
la vida social, visión política, económica y cultural de Brasil en el New York Times, a partir de materiales publi-
cados en el periodo de enero a junio de 2004.



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Maria Inez Mateus Dota*

Introdução

E
sta análise parte da hipótese de que o 
New York Times coloca em destaque 
problemas do Brasil no campo social, em 
detrimento de projetos e ações desenvol-

vidos pelo governo brasileiro ou por organizações 
não-governamentais nessa área. Insere-se numa 
pesquisa mais ampla que se propõe a verificar 
qual é a imagem do Brasil propagada pelo 
referido periódico, no que diz respeito, além dos 
aspectos sociais, a aspectos políticos, econômicos e 
culturais (Dota, 2005, 2006 e 2007). A coleta das 
notícias objeto desta pesquisa se deu no primeiro 
semestre de 2004, momento em que o governo 
de Luiz Inácio Lula da Silva estava no segundo 
ano de seu primeiro mandato, tendo, portanto, 
já implementado suas metas de ação com relação 
aos aspectos acima citados. O foco nesse período 
se justifica uma vez que se trata de um momento 
histórico do percurso político do Brasil, ou seja, o 
desenrolar da atuação, nos dizeres do próprio New 
York Times, do primeiro presidente de esquerda e 
primeiro presidente oriundo das classes trabalha-
doras no país.

A presente análise, focada nos aspectos sociais, 
assenta-se no pressuposto de que as notícias vei-
culadas pela mídia não espelham a realidade de 

A imagem do Brasil no discurso do 
New York Times Aspectos sociais

*  Maria Inez Mateus Dota. Brasilera. Doctora en Letras de la Universidade Estadual Paulista (Araquara, SP, Brasil). Actual-
mente es profesora del programa de Posgrado en Comunicación de la Universidade Estadual Paulista (Bauru, SP, Brasil) 
y miembro del grupo de investigación “Medios y Sociedad” (Midia e Sociedade), registrado en el Consejo Nacional de 
Investigación en Brasil (Conselho Nacional de Pesquisa, CNPq). Sus áreas de interés son el lenguaje de los medios y el 
análisis de discurso. Recientemente ha publicado los artículos “O confronto de Lula e Alckmin nas eleições presidenciais 
do Brasil em 2006: a visão do New York Times” (Razon y Palabra, julio-agosto-septiembre 2009), y “Rótulos de Lula 
nas eleições de 2006: a visão do New York Times” (en: redes.com, 2009). Correo electrónico: midota@uol.com.br

forma neutra e objetiva, mas constroem versões 
da realidade, a partir de visões de mundo que se 
ancoram em crenças, valores e objetivos. Para Bell, 
“a linguagem dos meios noticiosos é proeminente e 
incisiva na sociedade, e vale a pena entender como a 
linguagem funciona, como afeta nossas percepções 
de outros e de nós mesmos, como é produzida, como 
é moldada por valores” (Bell, 1991, p. xiii).

 Na construção da notícia, muitas opções 
são feitas e as escolhas são definidas em função do 
ângulo a partir do qual se visualiza um aconteci-
mento e, consequentemente, em razão dos temas e 
subtemas que se quer colocar em destaque. Assim, 
entende-se com Fairclough, que a análise dos pro-
cessos de representação num texto deve levar em 
consideração:

 
que escolhas são feitas – o que está incluído 

e o que está excluído, o que é tornado explícito ou 

deixado implícito, o que é colocado em destaque e o 

que é minimizado, o que é tematizado e o que não é 

tematizado, que tipos de processos e categorias são 

empregados para representar os acontecimentos, 

e assim por diante. Questões sobre as motivações 

sociais para determinadas escolhas, e sobre ideolo-

gias e relações de dominação, é uma preocupação 

constante na análise de tais escolhas (Fairclough, 

1995, p. 104).



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Signo y Pensamiento 56 · Documentos de Investigación  |  pp 388-404 · volumen XXIX · enero - junio 2010

Ao interpretar as escolhas feitas na construção 
da notícia é relevante estar atento ao contexto que 
envolve o acontecimento em foco, tanto no que diz 
respeito ao jornal em que a matéria é publicada, 
quanto em relação ao seu contexto direto, que, na 
visão de Sousa envolve 

intervenientes, interessados, espectadores, 

afetados, forças que moldaram o fenômeno, conse-

quências possíveis, etc”. Estes dados dão ao analista 

pistas para, por exemplo, entender o envolvimento 

discursivo das fontes noticiosas, entender as preocu-

pações jornalísticas pela auscultação de determina-

das fontes, entender por que razão o acontecimento 

adquiriu valor noticioso, etc. (Sousa, 2004, p. 17). 

Para dar consecução à análise aqui empreen-
dida, constituiu-se um corpus extraído do jornal 
The New York Times em sua versão on-line dispo-
nibilizada na Internet no endereço www.nytimes.
com, compreendendo matérias publicadas de 
janeiro a junho de 2004, com ou sem a indicação 
do jornalista que as produziu, bem como aquelas 
oriundas de agências noticiosas. Essa opção se deu 
em função da importância e alcance dessa versão 
on-line do jornal no contexto midiático e também 
pela facilidade na coleta dos textos em relação à 
versão impressa. Para obter as notícias que aten-
deram ao objetivo da análise, utilizou-se o sistema 
de busca do jornal com base na palavra Brazil. A 
partir de uma primeira coleta, selecionaram-se as 
matérias que enfocavam aspectos sociais do país, 
sabendo, naturalmente, que estes tangenciam 
aspectos políticos e econômicos dentre outros. 
Obtiveram-se, dessa forma, vinte e duas notícias 
e uma reportagem, cobrindo temáticas como 
conflitos de terra, rebeliões em presídios, favela-
mento, etc, veiculadas entre os meses de janeiro 
e junho de 2004.

Uma vez delimitado o corpus, efetivou-se a 
análise de discurso das matérias selecionadas, no 
que diz respeito à linguagem verbal, apontando, 
na macro-estrutura, que aspectos o jornal sele-
cionou para serem abordados em cada uma das 
temáticas; e, especificamente, como se construiu 

a teia discursiva nessas temáticas, levando-se em 
consideração as escolhas lexicais, o implícito, a 
argumentação, a minimização ou saliência de 
determinados aspectos do tema enfocado, a ironia, 
a intertextualidade – “como um texto incorpora 
partes de outros textos” e a interdiscursividade – 
“como o discurso da mídia de jornais é constituído 
por meio da articulação particular de tipos de 
discurso e processos particulares de tradução entre 
eles” (Fairclough, 2001, p. 147).

Entende-se que esta análise se justif ica 
porque o estudo do jornalismo constitui uma 
ferramenta importante para compreender os 
sentidos que são veiculados na sociedade do 
conhecimento, principalmente quando dis-
poníveis on-line. Acredita-se que um grande 
número de pessoas constrói uma imagem do 
Brasil (e de outros países naturalmente) a partir 
da informação publicada em jornais on-line, 
principalmente num período em que a mídia 
internacional está voltada para o presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva, dado o seu histórico 
pessoal bem como o peso econômico e territorial 
do Brasil no continente americano. É, portanto, 
relevante verificar como se opera essa cons-
trução de imagem e que significados projeta, 
uma vez que “os discursos são conjuntos de 
afirmações sistematicamente organizadas que 
dão expressão a significados e valores de uma 
instituição” (Fowler, 1991, p. 42).

Análise das notícias

Procede-se à análise dividindo os aspectos sociais 
nas várias temáticas cobertas pelo New York 
Times, quais sejam, conflitos de terra, rebeliões 
em prisões, favelamento, questões decorrentes da 
pobreza ou de dificuldades econômicas do país, 
desabrigados pela chuva e união entre pessoas 
do mesmo sexo. Apresenta-se um mapeamento 
dos subtemas que foram abordados em cada uma 
das temáticas com as respectivas exemplificações 
extraídas dos textos, visando a apontar a forma 
com que cada temática foi construída. Parale-
lamente, discutem-se as estratégias discursivas 



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María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

empregadas para a construção do sentido nessas 
temáticas e sua relação com a hipótese de trabalho 
acima mencionada.

Conflitos de terra

Esse tema foi foco de seis notícias, sendo duas sobre 
o mst (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), 
duas sobre conflito entre índios e garimpeiros 
e uma sobre conflito entre fazendeiros e índios. 
Observe-se, ainda, que a questão da reforma 
agrária, bandeira do mst, foi mencionada em uma 
outra notícia analisando a atuação do presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta temática, a 
pergunta que norteou o olhar desta análise foi a 
seguinte: Que aspectos são trazidas à tona pelo 
New York Times no sentido de o Brasil solucionar 
ou complexificar os conflitos de terra?

Ocupações/invasões:

a) “Brazilian peasants occupied four more ranches on 
Thursday in a drive to speed agrarian reforms as the 
government struggled to control the natioń s biggest 
wave of land occupations in five years”. (NYTimes.
com, 2004g, p.1. Sublinhado fora do texto original)
b) “In the last month alone, the Landless Rural 
Workers Movement says it has moved nearly 100,000 
people onto rural land it claims is not being used in 
attempts to gain title to the properties”. (NYTimes.
com, 2004j, p. 2.)
c) “Ranchers blocked a main road Wednesday in Wes-
tern Brazil to protest what they said were thousands 
of squatters on their land”.(NYTimes.com, 2004a, 
p.1. Sublinhado fora do texto original)

As escolhas lexicais sublinhadas acima 
mostram duas visões diferentes oriundas de 
posições ideológicas opostas que geram formações 
discursivas diversas, acolhidas pelo jornal: de um 
lado, os militantes do mst, para quem as terras 
não-utilizadas devem ser ocupadas e, de outro, 
os fazendeiros, para quem as propriedades não 
podem ser “invadidas” ou utilizadas por “possei-
ros” (squatters). Observa-se que a opção pelo título 

da notícia em (b), Onda de Invasões de Terra Atinge 
São Paulo, o discurso dos proprietários (NYTimes.
com, 2004j), tem um impacto negativo na imagem 
que os leitores venham a fazer do Brasil e, em 
última análise, pode afugentar investidores de um 
país que precisa de capital externo.

Assassinatos

a) “Police began retrieving the bodies of 26 diamond 
prospectors killed in a mysterious clash with Indians in 
the Amazon jungle, and the staté s governor said that 
the death toll could rise”. (NYTimes.com, 2004h, p. 
1. Sublinhado fora do texto original)
b) “(…) the toll was expected to rise in one of the 
worst such massacres in South America´s richest 
diamond region”. (NYTimes.com, 2004i, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
c) “«They had no opportunity to defend themselves», 
said Firmino. «It may that in some places Indians 
are poor but these are not, they are mercenaries».” 
(NYTimes.com, 2004i, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)

 
Na hierarquização da informação, o jornal dá 

ênfase aos “assassinatos” (killings) cometidos na Ama-
zônia contra garimpeiros, em função da exploração 
de riquezas por parte destes nas terras indígenas. O 
uso da adjetivação superlativa (grifos em (b)) constitui 
o recurso a uma “linguagem expressiva” no dizer de 
Sousa e, como tal, justifica a noticiabilidade do acon-
tecimento, uma vez que se trata “de um dos piores 
massacres desse tipo na mais rica região de diamantes 
da América do Sul.” (Sousa,  2004, p. 198.)

Os índios são apontados como mercenários 
na fala de um comandante da polícia, conforme 
(c) acima; esse recurso à intertextualidade, de certa 
forma, exime a responsabilidade do jornal, mas não 
deixa de atribuir aos nativos o papel de vilões. Os 
aspectos culturais que envolvem as tribos indígenas 
na defesa de seu território são mencionados, mas 
pouco espaço é dado a esses aspectos e, também, 
estes não são aprofundados no decorrer das duas 
matérias que cobrem o conflito ocorrido na Ama-
zônia. Registre-se essa menção em (d) abaixo:



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d) “Mercio Pereira Gomes, head of the government́ s 
Funai Indian agency which oversees Indian reserves, 
said the killings should be seen in the light of the 
miners invading Indian lands. «They were defending 
their territory», he said. «We have to understand that 
Indian territory is not like the private property of 
any Brazilian, it is an extension of their way of life 
so it is as if they were defending their very lives».” 
(NYTimes.com, 2004i, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)

Conflitos frequentes

a) “The Sao Paulo sit-in was the first urban protest 
this year after nearly a month of land seizures in rural 
areas by landless peasants”. (NYTimes.com, 2004j, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) “An official for the mineŕ s union said this was the 
third such clash in recent years”. (NYTimes.com, 
2004i, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

A questão dos conflitos de terra atinge dire-
tamente as elites e o poder estabelecido e, segundo 
Sousa, “os critérios de noticiabilidade não são ́ natu-
rais ,́ mas sim organizacionais, sociais, culturais, 
ideológicos e mesmo ́ mediáticos̀ ” (Sousa,  2004, p. 
23). Nessa linha, um acontecimento que vá contra 
os interesses das elites ou que causa problema para 
o poder estabelecido merece destaque na mídia e 
sua ocorrência é aqui apontada como frequente, ou 
seja, “um mês de apoderação de terras” e “o terceiro 
conflito dessa ordem nos anos recentes”, conforme 
os grifos respectivos em (a) e (b) acima.

Pressão sobre o governo

a) “«If they stay in their camps the government will 
do nothing», said mst organizer Dirce Ostroski, who 
works with families that staged the new land grabs in the 
northeastern state of Pernambuco”. (NYTimes.com, 
2004g, p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) “«These occupations wouldn t́ be necessary if 
the government did more to help us find places to 
live»,” said Roque Cuello (…)”. (NYTimes.com, 
2004j, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

c) “About 150 ranchers blocked the road that links 
Japora, where most of the ranches with squatters are, 
with the town of Iguatemi to demand police move 
to evict the squatters”. (NYTimes.com, 2004a, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)

Com o subtema apontado em 2.1.4, o New 
York Times mostra a encruzilhada em que se 
encontra o governo brasileiro: de um lado, a 
pressão do mst pela reforma agrária e, de outro, 
“o poderoso lobby dos fazendeiros que acusam o 
governo de ser muito brando com o mst” (NYTi-
mes.com, 2004g), conforme 2.1.7 (c) abaixo.  

O recurso à intertextualidade e à interdiscursivi-
dade em (a) e (b), respectivamente permite ao jornal 
trazer as vozes de duas diferentes lideranças do mst, 
para destacar a pressão exercida pelo movimento 
sobre o governo e, também, introduzir o discurso 
do mst, no sentido de apontar a inércia do governo 
com relação à reforma agrária, uma vez que este, 
implicitamente, só age quando pressionado.

Promessas do governo:

a) “The invasions have caught Brazil ś first working-
class president between promises to shrink vast wealth 
inequalities and the property rights of Brazil ś farm 
industry that  drives the nation ś economy”. (NYTi-
mes.com, 2004g, p. 1. Sublinhado fora do texto 
original)
b) “Brazil ś first elected leftist president, Luiz Inacio 
Lula da Silva, came to office 15 months ago with 
promise to redistribute property. But leaders of urban 
and rural squatter groups say his administration ś 
effort have fallen short”. (NYTimes.com, 2004j, p. 
1. Sublinhado fora do texto original)
c) “The social agenda, supposedly the greatest 
strength of the Workerś  Party, has proved to be 
its principal weakness. Though sweeping agrarian 
reform was pledged, only a quarter of the promised 
number of families were resettled”. (Rohter, 2004a, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)

Quando o New York Times faz menção às 
promessas de governo não cumpridas no campo 



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María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

social, implicitamente mostra a incoerência do 
governo federal que tem no comando “o primeiro 
presidente da classe trabalhadora” (2004g) tam-
bém “o primeiro presidente de esquerda eleito” 
(2004j) e, ainda, “o Partido dos Trabalhadores, 
cuja maior força é, supostamente, a agenda 
social” (Rohter, 2004a). A escolha lexical “supos-
tamente” (supposedly) constrói um efeito irônico, 
pois leva à leitura de que a agenda social deveria 
ser a maior força do Partido dos Trabalhadores, 
mas não o é.

Ações do governo:

a) “In March 2002, authorities forcibly removed 
some 3,000 prospectors who had invaded the 
reservation. Two months earlier, police found 
the remains of seven people suspected to be 
prospectors and arrows nearby. In January 2003, 
federal police evicted some 5,000 prospectors”. 
(NYTimes.com, 2004h, p. 2. Sublinhado fora 
do texto original)
b) “A 300-strong police force flew into the thick 
jungle in four helicopters to collect the bodies of 
miners, who were believed to have been killed 
on April 7 in confrontation with Cinta Larga 
Indians on the reserve”. (NYTimes.com, 2004i, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) Police say interest by buyers in South Africa and 
Belgium has spurred the mining. (NYTimes.com, 
2004i, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

As ações do governo apontadas pelo New 
York Times limitam-se a medidas tomadas após 
a invasão de terras indígenas por parte dos 
garimpeiros ou à busca de corpos após choques 
violentos entre os envolvidos. Não há, por parte 
do jornal, uma ênfase sobre a legislação que visa a 
inibir a entrada de garimpeiros nas reservas, prin-
cipalmente se se levar em consideração o apelo 
de “compradores de metais preciosos oriundos 
da África do Sul e da Bélgica”, uma inserção do 
discurso da economia que o jornal utiliza para 
argumentar sobre a dificuldade de se resolver o 
conflito, conforme (c).

Falta de habilidade/incoerência/leniência  
do governo:

a) “Unfortunately many other bodies will be found,” 
said Rondonia state Gov. Ivo Cassol. “This is due to 
the slowness of the federal agencies.” (NYTimes.com, 
2004i, p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) Brazil ś Agrarian Reform Minister, Miguel Ros-
setto, who backs the right of the 20-year-old MST 
to invade unused land, condemned such actions 
as “unacceptable.” (NYTimes.com, 2004g, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
c) “Rossetto and other ministers met on Thursday 
to discuss a response to invasions after powerful 
farm lobbies accused the government of being too 
soft on the mst.Inspired by the Cuban and Mexican 
revolutions, the radical organization is a long-time 
political ally of Lula and his ruling Workerś  Party”. 
(NYTimes.com, 2004g, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)

Em (a), o New York Times usa a intertextua-
lidade, trazendo o depoimento de um político de 
oposição ao governo federal – o Governador do 
Estado de Rondônia Ivo Cassol -, para afirmar 
que as mortes ocorrem porque as agências federais 
são lentas (slowness of the federal agencies) ao tomar 
providências. Dessa forma, sem se comprometer, 
o jornal aponta a leniência do governo federal. 
Pergunta-se: um político de oposição é a melhor 
fonte para avaliar uma ação do governo?

Em (b), o adjetivo “inaceitáveis” (unaccepta-
ble) entre aspas dá um tom irônico ao fato de o 
Ministro da Reforma Agrária achar que tais ações, 
como a invasão de uma plantação de árvores no 
Estado da Bahia pelo mst, são inaceitáveis, uma 
vez que ele apoia o direito de o mst invadir terras 
não-utilizadas. Nesse caso a ironia não procede, 
pois o ministro assim se manifestou porque o mst 
invadiu terras produtivas. 

Em (c), também num recurso à intertextuali-
dade, ou seja, sem assumir a responsabilidade da 
fala, o jornal aponta o fato de o governo estar sendo 
acusado pelo lobby dos fazendeiros de ser muito 
“brando” (soft) com o mst. Essa posição é ratificada 



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Signo y Pensamiento 56 · Documentos de Investigación  |  pp 388-404 · volumen XXIX · enero - junio 2010

pelo jornal, na sequência, quando informa a seus 
leitores que o “radical” mst é, de longa data, um 
aliado do Partido dos Trabalhadores, que está no 
governo. Assim sendo, fica implícito que o partido 
do governo não poderia entrar em confronto direto 
com o mst.

Posição de autoridades:

a) “Silva, the countrý s first working class president, 
said Brazil ś landless are free to protest, but said the 
seizures could hurt the reform efforts that have been 
opposed by business groups, ranchers and centrist 
politicians”. (NYTimes.com, 2004j, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
b) “The judge last week ordered the Indians to leave 
the ranches or face forcible eviction from the 23,225 
acres near the border with Paraguay. But federal 
police said they needed more time to remove such a 
large number of Indians”. (NYTimes.com, 2004a, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)

Em (b), temos, de um lado, o discurso do 
judiciário, que aplica a legislação e ordena que 
índios sejam retirados de terras de propriedade de 
fazendeiros. De outro, temos o discurso da polícia, 
que analisando sua logística, diz que precisa de 
mais tempo para remover os indígenas. Já em (a) 
temos a inserção do discurso político (do presidente 
Lula) que quer atender os dois lados envolvidos no 
caso das “invasões” (seizures) do mst: o direito de 
protestar dos trabalhadores sem terra e a oposição 
de empresários, fazendeiros e políticos de centro. O 
discurso político, nesse caso, visa argumentar em 
direção ao dilema que o presidente, cujo governo 
depende do apoio de partidos de diversas facções, 
tem de enfrentar no tocante à reforma agrária.

Clima de tensão:

a) “Tensions between prospectors and Indians 
have flared often in recent years, but little was 
known about the reasons for the latest violence”. 
(NYTimes.com, 2004h, p. 1. Sublinhado fora 
do texto original)

b) “Until the 1940s, the Kaiowa and Guarani 
roamed freely over much of the state. Today, 60,000 
Indians in the two tribes are confined to small, hard-
to-farm lots comprising less than 1 percent of state ś 
area”. (NYTimes.com, 2004a, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)

Além da própria escolha lexical “tensões” 
em (a), o clima preocupante em torno dos 
conf litos de terra é construído pelo jornal 
com a apresentação de números, objetivando 
impressionar e dar um caráter de realidade ao 
problema, conforme (b): “60000 índios de duas 
tribos são confinados em pequenos lotes de 
difícil cultivo compreendendo menos de 1% da 
área do estado.” (NYTimes, 2004a)

Rebeliões em prisões

O New York Times dedicou cinco notícias para essa 
temática no período analisado. A leitura que se fez 
dessa temática baseou-se na seguinte pergunta: Quais 
as causas ou consequências enfocadas pelo jornal em 
relação às rebeliões em prisões brasileiras?

Assassinatos : 

a) “During the height of the five-day takeover, 
rioters carried out revenge killings in which at least 
one victim was decapitated and another hacked to 
death, officials said”. (NYTimes.com, 2004k, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
b) “Police found five mutilated bodies, some with 
their heads chopped off when officers entered a Bra-
zilian prison on Friday after inmates ended a bloody 
uprising”. (NYTimes.com, 2004l, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
c) “Rioting inmates in a Rio de Janeiro prison 
killed a captured guard and police could storm the 
penitentiary if talks to end the rebellion fail, Brazilian 
officials said on Monday”. (NYTimes.com, 2004n, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
d) “Relatives of inmates camped outside the deten-
tion center claimed the guard had been killed by the 
police, who mistook him for a fleeing prisoner. Rita 



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María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

de Cassia, whose son is an inmate, said she fainted 
when news emerged of the carnage inside the prison”. 
(NYTimes.com, 2004o, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
e) “The bloodshed was the worst prison violence 
in Brazil since 1992, when more than 100 inmates 
were killed by the police at São Pauló s notorious 
Carandiru prison”. (Benson, 2004, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)

O enfoque dado aos assassinatos está presente 
em todas as matérias analisadas na temática 
“rebeliões em prisões”. Isso se operacionaliza com 
a argumentação mostrando vítimas decapitadas 
(decapitated), espancadas até a morte (hacked to 
death), em (a), corpos mutilados (mutilated bodies), 
em (b), e com o uso da adjetivação superlativa em 
que “a carnificina foi a pior violência em prisão 
no Brasil desde 1992”, de acordo com (e). A essas 
imagens de violência apresentadas, acrescenta-se 
a confusão retratada pelo fato de um guarda 
também ter sido assassinado, ou pelos detentos, 
no discurso das autoridades (c), ou pela própria 
polícia, no discurso dos populares (d). Nesse 
embate de informações, retrata-se o caos da rebe-
lião. Observe-se em (d) que uma das parentas dos 
detentos é apresentada sem sobrenome - Rita de 
Cássia -, o que implica “a desvalorização simbólica 
da entrevistada” (Sousa, 2004 , p. 194). 

Falta de segurança nas prisões :

a) “As the fighting mushroomed, about 1,000 inmates 
quickly assumed control of the prison, which was 
built to hold 350”. (NYTimes.com, 2004k, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
b) “The inmates took control of the prison on 
Sunday and threw the mutilated corpses of some of 
their murdered victims from the prison walls early 
in the uprising, shocking relatives watching from the 
outside”. (NYTimes.com, 2004l, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
c) “The riot began early on Saturday after inmates 
at Benfica prison exchanged gunfire with police and 
took more than 20 guards and prison workers hostage. 

Fourteen inmates escaped during the clash. Three 
were later recaptured, police said”. (NYTimes.com, 
2004n, p. 1. Sublinhado fora do texto original)
d) “In Sao Paulo, 250 miles south of Rio de Janeiro, 
six heavily armed men marched into a detention 
center Monday and ordered the five guards to release 
the centeŕ s 188 prisoners, police said in a statement”. 
(NYTimes.com, 2004o, p. 2. Sublinhado fora do 
texto original)
e) “The police, who were still securing the prison on 
Tuesday, said that they had found at least 15 bodies 
that had been beheaded and that they feared the death 
toll would rise”. (Benson, 2004, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)

A falta de segurança nas prisões, uma das 
prováveis causas das rebeliões, também foi um 
subtema em todas as matérias. A argumentação 
é construída da seguinte forma: os detentos são 
apresentados assumindo o controle da prisão, em (a) 
e (b), trocando tiros com a polícia e fazendo reféns, 
em (c); homens armados invadem um presídio e 
liberam 188 prisioneiros, em (d); e a polícia que 
fazia a segurança de um dos presídios em foco, 
ironicamente, encontra 15 corpos decapitados. Esses 
fatos certamente dão saliência às precárias condições 
de segurança de presídios brasileiros.

Conflitos entre gangues rivais :

a) “The rebellion was sparked be a clash between 
rival gangs on Sunday”. (NYTimes.com, 2004k, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) “Local media reported that the inmates wanted 
members of rival drug gangs to be kept separately 
to avoid conflicts”. (NYTimes.com, 2004n, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
c) “Investigators suspect rival gangs, who routi-
nely run drug trafficking operations from inside 
Brazil´s prisons, used the chaos of the uprising 
to settle scores”. (NYTimes.com, 2004o, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
d) “It [a revolta] ended Monday night after an 
evangelical pastor persuaded inmates to release 
21 hostages in exchange for a promise from prison 



396

Signo y Pensamiento 56 · Documentos de Investigación  |  pp 388-404 · volumen XXIX · enero - junio 2010

authorities to separate detainees belonging to 
rival gangs, officials said”. (Benson, 2004, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)

Os exemplos acima apontam ou o confronto 
entre gangues rivais ((a) e (c)) ou a exigência da 
separação de gangues rivais por parte dos detentos 
((b) e (d)). Em ambos os casos, esse subtema traz à 
tona uma situação de desordem reinante em prisões 
do Brasil e a correlação de forças existente, com 
prejuízo para as autoridades. Observe-se que em (c) 
o recurso à intertextualidade na voz de investigadores 
traz, também, para o texto a interdiscursividade; 
o discurso da polícia (apontando que, no caos da 
rebelião, as gangues rivais aproveitaram para acertar 
as contas, e tentando eximir sua culpa pelas mortes), 
ao ser incorporado à notícia, desqualifica ainda mais 
a administração do presídio.

Rebeliões frequentes :

a) “The uprising should serve as «an alert, not only in 
Rondonia, but in the whole country, that the prison 
system needs to be reviewed», Moraes said”. (NYTimes.
com, 2004k, p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) “It [o presídio Urso Branco] was the scene of an earlier 
riot in 2002 when 27 inmates died”. (NYTimes.com, 
2004lp. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) “Jail riots are common in Brazil ś prison system, which 
is notoriously overcrowded and violent”. (NYTimes.
com, 2004n, p. 1. Sublinhado fora do texto original)
d) “Rebellions and jailbreaks are also common in Brazi-
lian prisons, which are often criticized by human rights 
groups for overcrowding and abuses”. (NYTimes.com, 
2004o, p. 2. Sublinhado fora do texto original)
e) “Uprisings and jailbreaks are common in Brazil ś 
prison system” (Benson, 2004, p. 1. Sublinhado fora 
do texto original)

A generalização da ocorrência de rebeliões é uma 
estratégia discursiva constante nas notícias, princi-
palmente em (c), (d) e (e), embora não se apresente 
nenhuma estatística quanto a esse problema. Essa 
indicação é feita de forma mais velada nos outros 
exemplos, pois “o sistema carcerário precisa ser revisto” 

porque, entre outros problemas, gera rebeliões (a) e, no 
caso do presídio Urso Branco (Estado de Rondônia), 
já foi palco de uma outra rebelião em 2002.

Condições desumanas :

a) “Inmates ended a rebellion that left nine people 
dead at an overcrowded Brazilian prison on Thurs-
day, after authorities agreed to improve conditions”. 
(NYTimes.com, 2004k, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
b) “The Urso Branco, or “White Bear” prison, was 
built for 360 inmates but houses more than 1,000 
prisoners”. (NYTimes.com, 2004l, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
c) “Amnesty International last week issued a 
report condemning “cruel, inhuman or degrading 
conditions” in Brazil ś prisons and youth detention 
centers, where 285,000 inmates are held in a system 
built for 180,000”. (NYTimes.com, 2004o, p. 2. 
Sublinhado fora do texto original)

Neste quesito, as prisões em foco são repre-
sentadas como “cruéis, desumanas e em condições 
degradantes” (conforme (c)); “superlotadas” (em 
(a) e (b)). Para corroborar sua posição, o jornal 
afirma que uma das rebeliões terminou “depois 
que as autoridades concordaram em melhorar 
as condições” (a), o que deixa implícito que as 
condições estão mesmo ruins.

Favelamento

Essa temática foi abordada em três matérias. A 
análise que aqui se faz tentou responder à seguinte 
questão: Como o New York Times representa o 
problema em si e como apresenta as atitudes do 
governo/autoridades e da população em face do 
problema do favelamento?

Situação de miséria:

a) “Estrutural itself is a half-hour drive from Brasília, 
the nation ś futuristic capital, built in the 1950́ s in 
the shape of an airplane, symbolically taking the 



397

María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

country off into a bright future. But as the carefully 
planned capital has grown, so has Estrutural, with its 
haphazard maze of jerry-built shanties. The yawning 
gap between the prosperous capital city and the impo-
verished slum mirrors the deeper disparities in Brazil, 
one of the world ś most unequal nations”. (Dugger, 
2004b, p. 1. Sublinhado fora do texto original)

Ao representar a favela Estrutural como um 
“acidental labirinto de barracos construídos rapi-
damente” (haphazard maze of jerry-built shanties), o 
jornal ressalta sua localização, ironicamente ao lado 
de Brasília, “a futurística capital da nação, construída 
na década de 50 na forma de um avião, simbolica-
mente conduzindo o país para um futuro brilhante”, 
conforme (a). Esse recurso à ironia, visa mostrar 
disparidades sociais do Brasil de forma bastante 
contundente. Mais uma vez a adjetivação superla-
tiva coloca o país numa posição de destaque num 
aspecto negativo – “uma das nações mais desiguais 
do mundo.” Nesse contexto, a imagem de Brasília na 
forma de um avião tem efeito contrário e aponta para 
um Brasil que não consegue levantar voo.

Falta de planejamento:

a) “Squatter settlements like Estrutural have filled 
a crying need, urban planners say. Government and 
the market economy have failed to create affordable 
housing for millions of poor Brazilians who have 
streamed from the countryside to the cities”. (Dugger, 
2004c. Sublinhado fora do texto original)
b) “But the site chosen as the proposed new home 
of the former stilt dwellers was not in Brasília Tei-
mosa itself but at an unfinished housing project an 
hour away by bus – far from the residentś  precious 
jobs as fishermen, domestic servants in rich nearby 
seafront neighborhoods and weekend vendors of 
soft drinks and beer on the beach”. (Rohter, 2004b, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) “In Rio de Janeiro, the poor have ended up with 
the breathtaking vistas of the ocean, having clustered 
their hovels onto the unstable terrain of the cliffsides. 
The value of swanky apartments down below often 
depends on whether a window faces these elevated 

slums, exposing the occupants to stray gunfire from 
warring drug gangs”. (Bearak, 2004, p. 5. Sublin-
hado fora do texto original)

Esse subtema é construído quando as matérias 
mostram a ausência de projetos consistentes do 
governo no tocante à habitação, em função do 
êxodo rural (a); a apresentação de um projeto 
para abrigar favelados bem distante de seus locais 
de trabalho (b); e a formação, aos olhos do poder 
público (não-dito, mas sabido), de favelas com 
casebres pendurados nos morros (their hovels onto 
the unstable terrain of the cliffsides) (c). Da forma 
com que o assunto é colocado, essa falta de pla-
nejamento nem sequer respeita as classes sociais, 
pondo em contato direto favelas e apartamentos 
de luxo (swanky apartments). 

Projetos atrasados /não-executados :

a) “A year later, things have not quite worked out as 
planned. A showcase project to relocate more than 
400 families from squalid seaside shacks mounted 
on stilts is bogged down in delays and controversy” 
(Rohter, 2004b, p. 1. Sublinhado fora do texto 
original)
b) “Not far from the site of the stilt houses, for exam-
ple, is the shell of a derelict fish processing plant, built 
in part with money from the World Bank and once 
visited by Robert S. McNamara, meant to help lift 
the slum form its chronic poverty”. (Rohter, 2004b, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) “The slum, which hovers over a water basin, has 
no sewage system. Residents dig holes in their dirt 
floors and put a toilet on top. The raw waste seeps 
into the ground, contaminating the water. The cost 
of installing underground sewer pipes with a city 
already in place would be high”. (Dugger, 2004b, 
p. 2. Sublinhado fora do texto original)

Questões envolvendo os favelados são alvo de 
projeto emperrado (a), projeto abandonado (b) e 
medida não-tomada em razão da dificuldade para 
a instalação de rede de esgoto na favela Estrutural, 
com a cidade já formada. Os argumentos aponta-



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Signo y Pensamiento 56 · Documentos de Investigación  |  pp 388-404 · volumen XXIX · enero - junio 2010

dos configuram, no texto, o descaso de autoridades 
com problemas sociais.

Resistência da população:

a) “In 1997 and 1998, the governor, Cristovam Buar-
que, a leader in the Workerś  Party, opposed legalizing 
Estrutural and tried to relocate the residents. The facts 
are in dispute, but Mr. Buarque said the police went 
there not to force people out but to look for criminals. 
When they rode in on horseback, however, the residents 
saw it as an assault on their right to live there. As 
many as six people were killed”. (Dugger, 2004b, p. 
2. Sublinhado fora do texto original)
b) “For Estrutural, named for the highway that 
runs alongside, the ambiguities in the process of 
urban growth are embodied in Mr. Edmar, an 
influential representative in the capital district´s  
legislative assembly. For desperately poor squatters 
like Ms. Souza, Mr. Edmar is a patron saint who has 
championed her family ś right to stay put. Federal 
prosecutors say he is a swindler”. (Dugger, 2004b, p. 
2. Sublinhado fora do texto original)

As notícias sobre favelamento mostram resi-
dentes que entram em confronto com a polícia (a) 
ou que se protegem sob a força de político vigarista 
(swindler), para permanecerem em suas moradias, o 
que delineia a complexidade do problema retratado. 
O título da notícia nos trechos acima – “Favelas Bra-
sileiras Vistas como Fantoches em Jogos Políticos” 
– corrobora essa complexidade retratada e ainda põe 
em relevo a atuação duvidosa de políticos.

Críticas a ações equivocadas ou ilegais:

a) “Instead of working closely with independent 
community groups, runs the complaint, municipal 
officials prefer to work with bodies controlled by the 
party”. (Rohter, 2004b, p. 2. Sublinhado fora do 
texto original)
b) “The United Nations Human Settlements Pro-
gram, in a report last year titled “The Challenge of 
Slums” described the phenomenon in the developing 
world, where “squatting became a large and profi-

table business, often carried out with the active, if 
clandestine, participation of politicians, policemen 
and privateers of all kinds”. (Dugger, 2004b, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)

Críticas a ações do governo federal são trazidas 
por outras vozes para o texto: líderes comunitários 
que querem ser ouvidos, ao invés de se trabalhar com 
grupos controlados pelo Partido dos Trabalhadores 
(bodies controlled by the party) (a); e um relatório 
das Nações Unidas que aponta a participação de 
políticos, policiais e particulares no rentável negócio 
de apropriação de terras (squatting), em (b).

Outras questões decorrentes da pobreza/dificul-
dades econômicas do país

Nesse item foram incluídas várias temáticas abor-
dadas pelo jornal que podem ser enquadradas 
como decorrentes da pobreza em que vive uma 
parcela significativa da população brasileira e/
ou como consequência de dificuldades econô-
micas que o país enfrenta. Seis notícias e uma 
reportagem foram aqui avaliadas e procurou-se 
responder à seguinte pergunta: Em que nível de 
pobreza e de dificuldade econômica o New York 
Times coloca o Brasil?

Desemprego:

a) “The ranks of the unemployed swelled by nearly 
a million, consumer purchasing power has declined 
by 20 percent and the economy itself has failed to 
grow”. (Rohter, 2004a, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
b) “Brazil ś recession-battered economy is virtually 
certain to enjoy a modest expansion this year, but 
that may not be sufficient to attain the government́ s 
dream of sustained growth and full employment, 
according to business groups and financial analysts”. 
(NYTimes.com, 2004e, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
c) “Meanwhile, the national Industrial Confede-
ration said manufacturers created some 300,000 
new jobs during the first two months of the year, the 



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María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

biggest leap for any two-month period since 1992”. 
(NYTimes.com, 2004e, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
d) “In its first year in office, however, the new 
government had to withstand a rising unemployment 
rate, which still hovers around the 13 percent mark, 
and a full-blown recession. Brazil ś gdp shrank in 
2003 by 0.2 percent”. (NYTimes.com, 2004e, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)

Embora o New York Times aponte, em uma das 
notícias (exemplo (c) que 300 000 novos empregos 
foram criados durante os dois primeiros meses 
de 2004, outros trechos enfatizam que as fileiras 
de desempregados beiram um milhão (a), que a 
expansão da economia não é suficiente para atingir o 
sonho do governo do pleno emprego (b) e que a taxa 
de desemprego está em ascendência (d). Os números 
apresentados nos exemplos acima ajudam a criar uma 
imagem de dificuldade no tocante a esse problema.

Trabalho escravo:

a) “Dozens of workers were found in slavelike 
conditions on a senatoŕ s ranch, the Labor Ministry 
said, as Congress debated a bill to confiscate the land 
of such employers”. (NYTimes.com, 2004c, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
b) “The workers on the senatoŕ s ranch, in northern 
Para, were not allowed to leave, worked seven days 
a week and received no pay, the ministry said”. 
(NYTimes.com, 2004c, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
c) “Remember, Brazil is a country that had slavery until 
almost the end of the 19th century. Even then, the end of 
slavery was only a law written on a piece of paper. The 
mind-set continued for many years.” (Da Silva, Lula 
[Presidente do Brasil]. Entrevistado por: Bearak, 
2004, p. 5. Sublinhado fora do texto original)

O alto nível de pobreza do país é aqui salientado 
pela existência do trabalho escravo – em condições 
precárias e, ironicamente, na fazenda de um senador 
brasileiro ((a) e (b)). A fala do Presidente do Brasil 
é inserida no texto pelo recurso à intertextualidade, 

para garantir a revelação do jornal. É como se afir-
masse: sem sombra de dúvida, trata-se de um fato 
verídico, pois o próprio presidente diz que “o fim da 
escravatura é apenas uma lei escrita num pedaço de 
papel”, conforme o trecho (c).

Imigrantes ilegais nos Estados Unidos:

a) “A group of 277 deportees —about a quarter of 
the illegal Brazilian immigrants held in detention 
in the United States— arrived home Wednesday 
on a plane charted by the United States govern-
ment”. (Smith, 2004, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
b) “More than 5,200 Brazilians were detained in 
the United States for illegal entry between October 
2002 and September 2003”. (Smith, 2004, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
c) “Brazilians currently rank fifth among illegal 
immigrants detained as they try to enter the United 
States, trailing Mexico and three Central American 
nations”. (Smith, 2004, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)

O fato de o New York Times mostrar grande 
número de imigrantes brasileiros ilegais nos Esta-
dos Unidos ((b) e (c)) e um grupo de deportados 
(a), reforça a imagem de que o Brasil vive uma 
grave crise de desemprego. 

Venda de órgãos:

a) “When Alberty José da Silva heard he could make 
money, lots of money, by selling his kidney, it seemed 
to him the opportunity of a lifetime”. (Rohter, 2004c, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original) 
b) “Among poor men like Mr. da Silva and others 
who have migrated to slums here from Brazil ś par-
ched northeastern backlands, word of the market to 
sell their organs spread quickly”. (Rohter, 2004c, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) “The sums being offered seemed a fortune. The 
minimum wage here is barely $80 a month, and 
work is hard to find. Many men struggle to exist on 
odd jobs that pay barely a dollar a day. Initially, the 



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organ brokers paid as much as $10,000 for a kidney 
– more than a decade ś wages”. (Rohter, 2004c, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)

Um caso específico de venda de órgão por 
um cidadão brasileiro abre espaço, mais uma 
vez, para a introdução de dados sobre a situação 
de pobreza no Brasil. O valor pago por um órgão 
humano (comparado ao valor dos salários no país) 
é mostrado como um grande atrativo para a reali-
zação da venda.

Programa Fome Zero:

a) “Spending on social programs is down 8 percent 
from the level in the last year of the previous gover-
nment, according to a recent opposition study, but 
even at that, Mr. da Silvá s Zero Hunger program 
was able to spend only a third of its allotment in 
2003”. (Rohter, 2004a, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
b) “Critics of Lulá s flagship program say it has been 
wrapped up in red tape and is showing zero progress. 
But adviser Frei Betto told Reuters it was already 
helping 15 million people, although he conceded 
it would take longer than Lula promised to reach 
its goal of guaranteeing three meals a day for all”. 
(NYTimes.com, 2004f, p. 1. Sublinhado fora do 
texto original)
c) “I don´t consider it a flop. On the contrary, I 
think it́ s a huge success considering the economic 
difficulties with which we came to power,” Betto 
said”. (NYTimes.com, 2004f, p. 1. Sublinhado fora 
do texto original)
d) “Zero Hunger has been touched by scandal the 
over siphoning off of funds, but Betto – a priest and 
longtime friend of Lula – said it was a very small 
problem”. (NYTimes.com, 2004f, p. 2. Sublinhado 
fora do texto original)

Os textos das notícias que se referem ao Pro-
grama Fome Zero não o qualificam como bem 
sucedido dentro das necessidades decorrentes de 
pobreza e de dificuldades econômicas do Brasil. 
Recorrendo à intertextualidade, de forma não 

especificada, na voz dos “críticos”, afirma-se que 
o programa está “envolvido na burocracia” (wra-
pped up in red tape); faz-se, também, um trocadi-
lho como o nome do programa —Fome Zero— e 
aponta-se a sua evolução como “progresso zero” 
(b). Ao lado disso, utilizam-se números sobre a 
pequena destinação de verba para o programa 
(a), meta não-atingida (b) e desvio de fundos 
(siphoning off of funds) envolvendo essa iniciativa 
(d). As avaliações positivas apresentadas sobre o 
Fome Zero são feitas por um então membro do 
governo federal – Frei Betto, “há muito tempo 
amigo do presidente Lula” (longtime friend of 
Lula). Implicitamente, sugere-se que sua avalia-
ção é suspeita.

Programas Bolsa-Escola e Bolsa-Família:

a) “(…) break the cycle of poverty, the government 
gives the poor small cash payments in exchange for 
keeping their children in school and taking them for 
regular medical checkups”. (Dugger, 2004a, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
b) “By 2006, Family Grant will reach 11.4 million 
families – more than 45 million people, about a 
quarter  of Brazil ś population. That would be by far 
the world ś largest such program”. (Dugger, 2004a, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
c) “But the program has also won wide public 
acceptance here, surviving from government to 
government in large part because it is not simply a 
handout”. (Dugger, 2004a, p. 2. Sublinhado fora 
do texto original)
d) “Poor Brazilians, in recent interviews, made 
clear that the bits of money that seem trivial by 
rich-country standards loom large for families living, 
as millions here do, on less than a dollar per person 
a day”. (Dugger, 2004a, p. 2. Sublinhado fora do 
texto original)

Em função do nível de pobreza apontado– 
“milhões vivem aqui com menos de um dólar 
por pessoa por dia” (d) -, o governo mantém 
programas sociais como o Bolsa-Escola e o 
Bolsa-Família que passou a incorporar quatro 



401

María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

programas sociais anteriores (Bolsa-Escola, 
Bolsa-Alimentação, Vale Gás e Cartão-Alimen-
tação). Essas iniciativas, em si, são apresentadas 
de forma positiva pelo jornal, pois “quebram o 
ciclo da pobreza, mantém as crianças na escola e 
oferecem-lhes cuidados médicos” (a). Entretanto, 
ao apontar o grande número de famílias atendi-
das – 11,4 milhões – o New York Times ressalta 
o alto nível de pobreza do país.

Desabrigados pela chuva

Temática pouco explorada pelo jornal sendo alvo 
apenas de uma pequena notícia de cunho factual. 
Mostra, de um lado, a tragédia ocasionada pelas 
chuvas de verão e, de outro, a rápida ação do governo 
para resolver o problema dos desabrigados:

a) “Mudslides and floods have forced more than 
40,000 Brazilians to leave their homes and killed 84 
since heavy rains began in late December, civil defense 
authorities said on Tuesday”. (NYTimes.com, 2004b, 
p. 1. Sublinhado fora do texto original)
b) “President Luiz Inacio Lula da Silva is to visit area 
of Brazil ś usually parched northeast on Wednesday 
where entire communities have been submerged by 
rains which have caused 18 deaths nationwide since 
Friday”. (NYTimes.com, 2004b, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
c) “The government is scrambling to rescue people 
trapped in towns that have become islands, house 
people in schools and shelters and tend to dozens of 
injured”. (NYTimes.com, 2004b, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)

O fato de o New York Times destacar a pre-
sença do presidente Lula no local atingido pelas 
chuvas e o atendimento do governo aos desabriga-
dos dá uma conotação positiva à forma como essa 
tragédia foi tratada.

União entre pessoas do mesmo sexo

Abordada em duas notícias, essa temática é apresen-
tada de forma bastante positiva para o Brasil, uma 

vez que o New York Times mostra a tranqüilidade 
com que foi aceita a decisão do Estado do Rio 
Grande do Sul sobre união entre pessoas do mesmo 
sexo, exceção feita, obviamente a um membro da 
Igreja Católica, conforme (d) abaixo:

a) “A judge in the southernmost state in Brazil, 
the world ś largest Roman Catholic country, has 
authorized same-sex couples to register civil unions 
at any public office”. (NYTimes.com, 2004d, p. 1. 
Sublinhado fora do texto original)
b) “Unlike the controversy raging in the United States 
over gay marriages, a landmark judicial decision 
two months ago allowing civil unions in Brazil ś 
southernmost state has generated little tension in 
Porto Alegre. It́ s such a non-issue in South Americá s 
largest country that many people don t́ even know 
about it”. (NYTimes.com, 2004m, p. 1. Sublinhado 
fora do texto original)
c) “Although Brazilians often deride homosexuals 
in crude jokes, gays are generally tolerated. Their 
flamboyant drag parades have long been major draws 
during carnival celebrations in Rio de Janeiro and in 
the northeastern city of Salvador”. (NYTimes.com, 
2004m, p. 2. Sublinhado fora do texto original)
d) “«It́ s a pragmatic attitude which says, Ás long as I 
doń t suffer the consequences, finé  without realizing that 
this could destroy the concept of family, and confuse our 
children, especially teens, who will see this as an option», 
he [Padre Ricardo Paz, também juiz eclesiástico da 
cidade de Porto Alegre] said”. (NYTimes.com, 2004m, 
p. 2. Sublinhado fora do texto original)

A avaliação positiva com referência a esse 
subtema se ancora nos seguintes argumentos: a 
marcante decisão da justiça (b), o baixo impacto 
que a decisão gerou dentre a população (b) e a tole-
rância dos brasileiros com relação a homossexuais 
(c). Obviamente, a avaliação negativa é trazida 
intertextualmente (pelo discurso direto, na voz 
de um padre) e, ao mesmo tempo, pela inserção 
do discurso da Igreja Católica que, institucional-
mente, condena a união entre pessoas do mesmo 
sexo, considerando-a destruidora do conceito de 
família e deseducativa para crianças e jovens (d).



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Signo y Pensamiento 56 · Documentos de Investigación  |  pp 388-404 · volumen XXIX · enero - junio 2010

Considerações finais

Retomando as perguntas de pesquisa formuladas 
em cada uma das temáticas abordadas pelo jornal, 
verifica-se que a teia de significações construída 
conduz a uma visão negativa do Brasil, no 
momento específico retratado pela pesquisa, isto 
é, primeiro semestre de 2004, que está contido 
no início da atuação política de Luiz Inácio Lula 
da Silva como presidente do Brasil. No tocante 
a conflitos de terra, os subtemas abordados não 
contemplam, por exemplo, as desapropriações de 
áreas e os assentamentos de trabalhadores sem 
terra efetivados pelo governo brasileiro. Enfatiza 
a frequência dos conflitos, o descaso do governo 
brasileiro, a desordem e a violência.  

Com referência às rebeliões em prisão, as 
causas e consequências ressaltadas projetam uma 
imagem de miséria humana, e também de descaso 
do poder público, desordem e violência. No período 
analisado, o New York Times não dedica matéria, 
por exemplo, aos inúmeros presídios construídos 
nos estados de São Paulo e Paraná. 

O favelamento é representado como uma situ-
ação de miséria, sendo a ausência de planejamento 
a atitude do governo enfatizada nas notícias. O 
jornal ainda destaca a insistência da população 
em permanecer em locais de favela e a ação de 
oportunistas, que se aproveitam da situação dessas 
populações carentes para facilitar-lhes a fixação 
nessas áreas. Em nenhum momento são trazidos 
à tona os inúmeros programas da Companhia de 
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado 
de São Paulo (cdhu), o Programa Favela-Bairro do 
Rio de Janeiro ou as ações de organizações não-
governamentais em favelas do Brasil.

Com relação a outras questões decorrentes 
da pobreza/dificuldades econômicas do país, o 
New York Times apresenta um quadro bastante 
problemático para o Brasil: o alto grau de carência 
de uma grande parcela da população é ressaltado, 
caminhando lado a lado de grave crise de desem-
prego, com nuances para o trabalho escravo, de um 
lado, e para a imigração ilegal na busca por trabalho 
no exterior, de outro. Ações sociais do Estado, con-

cernentes ao Brasil no mesmo período, tais como o 
Programa Alfabetização Solidária, o Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), os Centros 
Educacionais Unificados (CEUs) da cidade de São 
Paulo, e a insistência do Presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva na discussão da pobreza em fóruns 
internacionais não foram tematizadas. 

As temáticas dos desabrigados pela chuva e 
da união entre pessoas do mesmo sexo no Brasil 
têm tratamento positivo por parte do jornal. No 
primeiro caso, a ação do governo para solucionar 
o problema é destacada; no segundo, a aceitação 
da união tanto pela justiça quanto pela população 
envolvida é ressaltada. Todavia, tais temáticas foram 
objeto de um número bem reduzido de matérias (3) 
com relação às demais abordadas (20).

Revendo as matérias analisadas e as estratégias 
discursivas empregadas, pode-se afirmar que o New 
York Times ressalta temas e subtemas negativos no 
tocante a aspectos sociais do Brasil, no período anali-
sado. Questões como conflitos de terra, rebeliões em 
prisões, favelamento e pobreza dão o tom à maior 
parte dos textos estudados. A maneira como tais 
assuntos são engendrados enfatiza, principalmente 
pelas escolhas lexicais e pela argumentação, um 
clima de violência, miséria e desorganização do 
poder público. A imagem que se projeta é, sem 
sombra de dúvida, desfavorável ao país.

A seleção de temas enfocados pelo New York 
Times remete a uma visão de mundo que não lhe 
permite enfatizar, ao lado de problemas, as inicia-
tivas tomadas por autoridades e pela população 
brasileiras, no momento enfocado, no sentido de 
minimizar as dificuldades no campo social, muitas 
delas decorrentes de problemas econômicos fora do 
âmbito de decisão do país. 

Nos dias atuais, a realidade social do Brasil 
aponta uma situação bem mais favorável do que 
essa delineada pelo New York Times, em paralelo 
ao impacto relativamente pequeno, neste país, da 
crise econômica mundial deflagrada em 2008 nos 
Estados Unidos: as diferenças entre classes sociais 
diminuíram, a classe média cresceu e o nível de 
emprego melhorou. Assim, outros quadros podem 
ser retratados se forem analisadas notícias do 



403

María Inez Mateus Dota  |  A imagem do Brasil no discurso do New York Times

referido periódico a respeito dos aspectos sociais 
do Brasil em outros períodos desde junho de 2004, 
porém tal discussão fica em aberto para futuras 
pesquisas e eventuais comparações.

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